eleições, quando surge a denúncia de que o presidente molestou,
sexualmente, uma menina de mais ou menos 13 anos. Conrad Brean
não quer saber se o Presidente é culpado ou inocente. Imediata-
mente, vai procurar Stanley Motss para lhe propor a invenção de
uma guerra contra a Albânia. Quando é anunciado o fim da guer-
ra, voltam as acusações contra o presidente. Stanley Motss inven-
ta um refém americano. Um prisioneiro, condenado por estuprar
uma freira, é entregue para representar este papel. Entretanto, por
um descuido da equipe, este prisioneiro tenta estuprar uma velhi-
nha, sendo assassinado pelo marido dela. Melhor é impossível.
Morto, terá um funeral com todos os rituais dignos de um herói
nacional. O filme termina sem mostrar o rosto do presidente. O
grande espetáculo, que atingiu o coração do povo americano até
as lágrimas, está a serviço de um império de reis sem faces. A
autoria e o compromisso com o que se diz e o que se faz foram
substituídos pelo comércio das almas, cuja perversão exige o ano-
nimato. Em troca de uma grande quantia de dinheiro, é oferecido
um gozo que exige a renúncia à autoria. Mas Stanley Motss usu-
frui de todos os luxos que o dinheiro pode proporcionar no capita-
lismo. Ele quer a autoria do seu trabalho. O feitiço se volta contra
o feiticeiro. Assassinado, terá sua morte anunciada como se tives-
se tido um infarto fulminante. Nesta engrenagem há um preço a
pagar: renuncia ao desejo, excluindo, assim, a singularidade de
cada um, em torno da qual se constrói a ética da psicanálise.