simpósio de psicanálise, em Petrópolis, promovido pela Intersecção
Psicanalítica do Brasil. O tema escolhido para o encontro foi o
Nome-do-Pai. Esta expressão Lacan foi buscar na tradição cristã.
O Nome-do-Pai, como equivalente do Nome-de-Deus, nos leva a
duas questões primordiais: qual é a verdade? O que é um pai?
Nenhuma destas perguntas podem ser respondidas integralmente.
Alguma coisa em torno da verdade e da paternidade permanece
velada, reaparecendo sempre como um enigma sem decifração.
Este enigma nos é apresentado pelo discurso cristão sob a forma
do dogma da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. A
verdade do três em Um é obscura e inquestionável. É preciso ter
fé. É preciso, também, a submissão ao preceito fundamental do
cristianismo, que é o amor. O cristianismo é a religião do amor.
Deus ama, incondicionalmente, todos os homens e estes devem
amar seus semelhantes como amam a si mesmos.
amar o outro como se fosse eu mesmo? Em primeiro lugar, é
preciso eliminar a diferença do outro para, só depois, pregar a
tolerância com ele. Ingressamos, assim, no reino da Igualdade. Se
tenho alguns defeitos, o outro também pode ter os seus. Todos
podem cair em tentação. Mas existem princípios universais, ele-
vados à categoria de essência, que não podem ser violados. Todo
aquele que transgride esses princípios tidos como naturais não
pode ser considerado um semelhante. Um corpo “sem alma”
pode ter uma aparência humana mas não será aceito como tal.
Será sempre o Outro: a bruxa, o herege, o homossexual, o judeu,
o negro, o burguês, etc. O Outro, como diferente, deverá ser sub-
jugado ou exterminado. Alguns momentos da história possibilita-
ram a convocação ao extermínio, como foi o caso da Inquisição,
do Nazismo e do Stalinismo. Outros, através dos mecanismos de
impunidade, propiciam a violência contra o próximo. Moro em
Ipanema e estou assistindo aos efeitos cruéis desta impunidade.