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João do Rio - entre a fama e o preconceito



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João do Rio - entre a fama e o preconceito

Mariângela Monsores Furtado Capuano

João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (1881-

1921), jornalista e escritor do início do século XX, adotou o pseu-

dônimo de João do Rio, entre outros (em torno de 12 ou 13), e com

ele tornou-se conhecido.

Sua “vida vertiginosa”, no dizer de Raimundo Magalhães

Júnior, seu biógrafo, foi marcada pelo preconceito. Cedo, tornou-se

um jornalista respeitado e famoso, porém essa fama custou-lhe muito.

Mulato, obeso e homossexual, João do Rio, em vida, enfrentou um

grande preconceito, fato este que praticamente o impediu de chegar

à ascensão social que desejava. Mesmo assim, foi membro da Aca-

demia Brasileira de Letras e conhecido internacionalmente, princi-

palmente em Portugal, onde era muito lido e querido.

Este escritor, com uma grande força de trabalho, retratou de

forma apaixonada a vida cotidiana carioca da Belle-Époque, atra-

vés de seu estilo eclético. Foi crítico, cronista, contista; autor de

novelas, romances, peças teatrais e tradutor, sendo a sua paixão

pelas ruas o elemento detonador de toda sua obra.



Figura controvertida, durante sua vida e principalmente nos seus

últimos anos, recebeu numerosos ataques à sua imagem de homem,

jornalista e escritor, através da imprensa. Até mesmo um atentado à


sua casa ele sofreu. Todos estes fatos possivelmente o abalaram, cul-

minando num ataque cardíaco que o levou à morte em junho de 1921,

no auge de sua popularidade.

João do Rio foi mais uma vítima de uma sociedade conservado-

ra e hipócrita, que não consegue conviver e aceitar o outro, ainda

mais em se tratando do diferente, nem tampouco confirmar seu va-

lor. Durante sua vida contraiu grandes afetos e inúmeros desafetos.

Ao mesmo tempo que por uns era muito amado, por outros era

mortalmente odiado. Talvez a razão pela rápida obscuridade que se

formou em torno de seu nome, logo após sua morte, tenha sido fruto

de inveja e desagrado por parte de jornalistas não tão bem sucedi-

dos; de inimigos políticos, contrários às suas idéias de reformas

sociais e, principalmente, pelo preconceito que girava em torno de

sua cor e de sua condição de homossexual.



João do Rio, recentemente despertado de seu silêncio, revela-

nos, através de sua obra, a paixão que sentia por sua Frívola City,


Nadiá P. Ferreira & Marina M. Rodrigues

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como ele mesmo intitulava a cidade do Rio de Janeiro, a mesma que

o escondeu e o silenciou por muitos anos.




Psicanálise e Nosso Tempo

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