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As várias faces do amor

Nadiá Paulo Ferreira

Quem não sabe que o amor tem muitas faces? A mais conheci-

da de todas é o sentimento da paixão. Um olhar, uma voz, um

sorriso... Alguma coisa da ordem do encantamento captura o apai-

xonado. Trata-se de um amor sofrido, cujo desenlace é sempre a

frustração, porque o apaixonado quer ser amado do jeito que ima-

gina que deveria ser amado.

Bem, existe outra modalidade de amor, parecida com a paixão,

na medida em que coloca em cena o fascínio. É o amor de transfe-

rência. Um pouco diferente da paixão, esse associa o amor à su-

posição de saber. Chamo atenção para o fato de que não disse

reconhecimento, mas suposição de um saber. O que se supõe que

o outro saiba? A verdade. De quem? Do próprio sujeito. Uma

espécie de segredo sobre si mesmo que será revelado pelo outro.



Este amor, que é condição e obstáculo do tratamento analítico,

acontece em outras formas de relações sociais, como por exem-

plo, entre aluno e professor. Alguns se apegam ao amor de trans-

ferência para criticar o tratamento psicanalítico. Aqui, justamente

aqui, se inscreve a ética da psicanálise, cuja prática depende, ex-

clusivamente, do desejo do analista. Não se trata das aspirações

de quem ocupa o lugar de analista. Absolutamente não. Mas de

um desejo que se sustenta no relançamento do desejo. Dito de ou-

tra maneira: o ser humano sofre e paga um preço muito caro, toda

vez que renuncia ao mais próprio de si. O desejo do analista apos-

ta que todo falante é um ser desejante. A direção de um tratamento

analítico, sustentado por este desejo, se dirige para o despertar do

sujeito. Não se trata nem de alimentar, nem de recusar o amor de

transferência, mas sim de não exacerbá-lo, introduzindo o equívo-

co e redirecionando a demanda, a fim de que este amor caia por

terra e junto com ele a suposição de saber.

Só quando isto acontece, o sujeito se torna um viajante, não

esquecendo de que tem um tempo de passagem pelo mundo e um

limite que demarca o impossível.




Psicanálise e Nosso Tempo

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