inconsciente — fala. Quando alguém procura um psicanalista, é
porque está sofrendo com seu corpo e com seus pensamentos. O
inconsciente faz com que alguma coisa da ordem do desejo venha
cutucar, incomodar, chatear mesmo, revelando que as coisas não
andam bem. É pela via do mal-estar, tomando conta do corpo, que
o sintoma do homem — como ser de linguagem — se revela.
tos. É bom, então, perguntar: o que é um afeto? Sentir o disparar
das batidas do coração; um frio no estômago; as lágrimas corre-
rem pela face, porque as palavras ficaram engasgadas na gargan-
ta e a boca ficou muda; descarregar adrenalina num ataque de
cólera, não são sensações vividas com o próprio corpo?
o jogamos para o alto. Isto é, por não querermos saber dele, o
retiramos de cena, fazendo com que seja deslocado da consciên-
cia. Mas o que é esquecido volta para ser lembrado. É a insistên-
cia do reaparecimento do que não se quer saber que aponta para a
existência do inconsciente. Como isto acontece? Nos sonhos, nos
equívocos que cometemos em nossa fala, quando dizemos alguma
coisa que não queríamos e não tínhamos a intenção de dizer. A
existência do inconsciente não aponta para uma caixinha de se-
gredos escondidos e sim para o dizer. Quando se fala mal, o corpo
fala pela boca. Os afetos ligados aos desejos, que não queremos
saber, nos fazem adoecer. Então, ficamos tristes, perdemos a von-
tade de comer, de existir, etc. Estamos, assim, afetados pelo dese-
jo. E, justamente por isto, o desejo recusado pela consciência rea-
parece cifrado nos sonhos e escrito na carne.