Lacan a introduzir na psicanálise o Nome-do-Pai. É na tradição
judaica que irá encontrar a relação entre o Nome-do-Pai e a Lei.
No Antigo Testamento, “Êxodus”, 3, quando Deus aparece para
Moisés, numa chama de fogo, que saía do meio duma sarça,
depois de se apresentar como sendo o Deus de Moisés, o Deus de
Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacó e o Deus de Israel, diz
que sabe do sofrimento dos seus filhos e que enviará Moisés para
salvá-los da opressão dos egípcios.
funções do Nome-do-Pai, que é a nomeação. É a palavra do pai,
enquanto garantia da verdade, que determina o lugar de filho es-
colhido para uma missão. O desejo de Moisés é o desejo do Pai-
Todo-Poderoso. O Nome-de-Deus, como nome impronunciável,
aponta para uma falha, expressa no provérbio: pater semper
incertus est. A função do pai como nome remete para a impossibi-
lidade de saber a verdade sobre a paternidade. O que não implica
a desistência do homem em procurar esta verdade. Trata-se de
uma questão de fé. Hoje, com o avanço da ciência, pode-se dizer
quem não é o pai. Mas um exame de DNA não tira ninguém da
orfandade do amor paterno. Quem quer ser filho de um
espermatozóide? O mistério do Nome-de-Deus vem recobrir o que
permanece velado e sem decifração para todo ser falante. Desta
impossibilidade advêm os nomes do pai.