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A crença da discórdia psicanalítica



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A crença da discórdia psicanalítica

Nadiá Paulo Ferreira

A crença, que permanece até hoje em torno da auto-análise, está

diretamente ligada à história da psicanálise. Tudo começou com a

intensa amizade entre Sigmund Freud e o otorrinolaringologista

Wilhelm Fliess, atestada na vasta correspondência entre ambos. O

primeiro encontro aconteceu em outubro de 1887, portanto um ano

após o casamento de Freud com Marta, quando Fliess, de passagem

por Viena, é apresentado a Freud por Josef Breuer. Os temas dessa

correspondência, além do que se convencionou chamar de auto-

análise, eram os mais variados: problemas domésticos, estudos, pro-

jetos, casos clínicos, leituras, etc. A técnica para a auto-análise,

sustentada por uma interpretação das cartas de Freud, aconselha a

interpretação dos próprios sonhos, esquecimentos, atos falhos e a

análise de sintomas, tais como estado depressivo, dores de cabeça,

dores de barriga e etc.

O fato de Freud ter acreditado na auto-análise não significa

que tenha mantido essa crença para o resto de sua vida. Em 14 de

novembro de 1897, numa carta dirigida a Fliess, temos o testemu-

nho desta mudança. Inicialmente ele diz: Antes da viagem de féri-

as, eu lhe disse que o paciente mais importante para mim era eu

mesmo; e então, de repente, depois que voltei das férias, comecei

minha auto-análise, da qual não havia nenhum sinal na época.



Entretanto, no final dessa mesma carta, temos a constatação: Minha

auto-análise continua interrompida. Apercebi-me da razão que só


posso me analisar com o auxílio de conhecimentos objetivamente

adquiridos (como uma pessoa de fora). A verdadeira auto-análise é


impossível, caso contrário, não haveria doença [neurótica].

Por que os pós-freudianos fabricaram o mito da auto-análise,

tornando, inclusive, a análise interminável? Foi preciso surgir um

jovem médico, que não reconheceu neles a marca da letra freudiana

e, justamente por isso, deu início a um ensino, pautado pela reto-

mada dos textos freudianos, para desmistificar a auto-análise. Seu

nome era Jacques Lacan.


Psicanálise e Nosso Tempo

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