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səhifə | 39/88 | tarix | 03.01.2022 | ölçüsü | 1,42 Mb. | | #47502 |
| Amor cortês IV
O jogo sexual do trovador
Nadiá Paulo Ferreira
Falei das Leis do Amor com a função de interditar o objeto
amado e de tornar o amor impossível. Vou retomá-las como técni-
cas eróticas, na medida em que estão a serviço da retenção, da
suspensão, enfim do amor interruptus.
Freud, em Três ensaios para uma teoria da sexualidade, 1905,
afirma que todas as circunstâncias que dificultam ou afastam a
realização do fim sexual favorecem a tendência para permanecer
nos atos preparativos, convertendo-os em novos fins sexuais.
O trovador para atingir o grau de amador (Drut) tinha que pas-
sar pelos seguintes estágios: Aspirante (Fenhedor), o que se conso-
me em suspiros e Suplicante (Precador), o que ousa pedir. No ritual
provençal, quando a Dama aceitava a corte do trovador, oferecia-
lhe um anel de ouro e ordenava que se levantasse e lhe beijasse a
fronte. Daí em diante, os amantes estavam unidos pelas leis da cor-
tesia: inibição do sexual, a vassalagem e a consagração do amor.
Esses estágios não exerceriam a mesma função que os prazeres
preliminares têm no ato sexual, na medida em que acabam se trans-
formando num fim em si mesmos? O trovador, depois de conseguir
o grau de amador, iria fazer parte de uma Escola literária, cujas leis
visavam a impor barreiras ao próprio amor. Estamos diante de uma
versão sobre o amor que coloca em cena um jogo. Existe coisa que
mais explicite uma invenção pela palavra do que o jogo?
Naquele tempo, os trovadores sabiam jogar... E, justamente
por isto, sabiam amar o amor.
Nadiá P. Ferreira & Marina M. Rodrigues
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