Otto maria carpeaux



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parlamentar. É um compromisso encarnado, um inglês admi

rável.


HISTÓRIA DA LITERATURA OCIDENTAL 665

George Wither (52) não era dêstes; era puritano e bateuse pelo parlamento. Mas começou escrevendo versos eróticos como os "cavaliers" - "I loved a lass, a fair one"

e "Shall I, wasting in despair" estão em tôdas as antologias - e os seus hinos não têm nada em comum com a poesia puritana; são canções simples e sinceras que os

anglicanos adotaram, e Wither é considerado como o criador da hinografia da Igreja da Inglaterra. O mestre, porém, é Quarles (53), que tampouco é grande poeta: mas

os seus Emblemes, espécie de epigramas espirituosos de conteúdo religioso, "metaphysical poetry de lugares-comuns", tornaram-no popular, e os seus hinos são autênticas

canções eclesiásticas no sentido dos corais alemães. Com Quarles principia a evolução, dentro da Igreja aristocrática e humanista, para a religiosidade popular;

no século XVIII, a sua biografia encontrará sucessores entre os metodistas e em Cowper, o poeta religioso do pré-romantismo.

O resultado da Reforma são três Igrejas - a luterana, a calvinista, e a anglicana - diferentes não apenas pelos aspectos administrativos, dogmáticos e litúrgicos,

mas tam

bém com respeito às bases e doutrinas sociais (64). A Igre



A biografia de Hooker foi escrita por Izaak Walton, 52)

comerciante de ferragens na City de Londres e mestre 53)

imortal dos pescadores à linha. Começa a fase popular

da Igreja anglicana, "popular", porém, entre aspas: será

sempre Igreja dos que cursaram boas escolas ou são "pes
soas gradas", tais como os "cavaliers" que apóiam o rei.

51) Richard Hooker, 1554-16OO. 54)

O/ the Lawes o/ Ecclesiasticall Polity (1594-16OO).

Edição por R. W. Church e F. Paget, 3 vols., Oxford, 1888.

Modern Philology, 2O, 1921)

E. Troeltsch: Die Soziallenheren der christUchen Kirchen Gruppen. 2.a ed. Tuebingen, 1912.

As conclusões desta obra monumental precisam, após tantos anos, de certas retificações. Conforme os estudos de W. Elert (Morphologie des Luthertums, 2 vols., Berlin,

1931/1933), o conceito da separação radical entre Igreja e mundo, no luteranismo, já não pode ser mantido, ou pelo menos é susceptível de modificações.

George Wither, 1588-1667.

Faire-Virtue, the Mistress oj Philarete (1622); Hymnes and Songs o/ the Church (1624); Psalmes o/ David (1632). Edição (com introdução) por F. Sidgwick, 2 vols.,

London, 19O2. Ch. Lamb: On the Poetical Works o/ George Wither. 1818. C. H. Firth: George Wither. (In: Review of English Studies, 1926).

Francas Quarles, 1592-1644.

Divine Poems (163O-1634) ; Emblemes (1635). Edição por A. B. Grosart, 3 vols., London, 188O/1881.

A. H. Nethercott: "The Literary Legend of Francas Quarles". (In:

und

V. Staley: Richard Hooker. London, 19O7.



P. Schuetz: Richard Hooker, der Theologe des AngUanismus. Halle, 1922.

E. T. Davies: The Political Ideal o/ Richard Hooker. London, 1946.

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OTT(r) MARIA CARPEAUS



HISTÓRIA DÁ:" LITERATURA OCIDENTAL - 667

ja luterana - á dos pequenos-burgueses, camponeses e burocratas - separada da vida pública, cultivando as virtudes da vida profissional e familiar, educando cidadãos

submissos de Estados autocráticos e pensadores libérrimos de teorias audaciosas, será a Igreja das universidades e exércitos prussianos. A Igreja calvinista - a

dos burgueses e eruditos - apoderando-se da direção política, cultivando o senso prático e a vontade independente, educando democratas oposicionistas e grandes capitalistas,

será a Igreja do imperialismo e liberalismo anglo-saxônico. A Igreja anglicana - a dos aristocratas e professôres - escolheu a "via media" entre humanismo prático

e religiosidade católica. Neste sentido, a Igreja da Inglaterra é um ramo, socialmente pacificado, da "Terceira Igreja" de Erasmo. O outro ramo da "Terceira Igreja"

é o dos sectários radicais, radicais na dogmática e na revolução social. Dêstes surgirão as mil seitas do mundo anglo-americano, precursoras do livre-pensamento

e do socialismo. Mas a "Terceira Igreja" não é, por definição, protestante, e sim supraconfessional, protestante e católica ao mesmo tempo - e êste humanismo católico

teria desaparecido inteiramente do mundo do catolicismo romano?

Não desapareceu inteiramente. Por uma das famosas "ironias da história% aquêle humanismo subsiste dentro da própria Igreja romana, reformada pelo concílio de Trento.

Com efeito, ao lado das Igrejas reformadas do protestantismo, existe na Europa, ao terminar o século XVI, mais

uma Igreja reformada: a católica apostólica romana (56).

O sentido desta Reforma só podia ser uma reafirmação: a do livre arbítrio, contra o determinismo dos protestantes.

55) Na enorme biblioteca sõbre a Contra-Reforma preponderam os pontos de vista da história eclesiástica e da história política, escurecendo-se o papel do concílio

de Trento na evolução da civilização moderna. Uma interpretação mais justa iniciou-se com E. Gothein: Ignaz von Loyola uno die Gegenreformation. Berlin, 1885.

Definindo a doutrina que Erasmo tinha defendido em De libero arbitrio, a igreja romana tornou-se herdeira do humanismo, salvando-o no momento do naufrágio definitivo

dos humanistas. Está em relação íntima com isso o papel curiosamente ambíguo dos jesuítas. No momento em que a unidade espiritual do Ocidente se quebrou e a função

do latim como língua internacional começou a enfraquecer, os jesuítas salvaram pela Ratio studiorum o ensino das línguas clássicas, e com isso a sobrevivência do

humanismo. É certo que fizeram isso para salvar a unidade romana da Igreja e revivificar os restos do universalismo medieval; e neste sentido a atuação dos jesuítas

era passadista, "reacionária", em acôrdo com a sua atuação política contra as novas estruturas nacionais na França, Alemanha, Países Baixos e Inglaterra. Já se observou,

porém, o número considerável de jesuítas que desenvolveram atividades de oposição, "democráticas% como de "tribunos": os Padres Mariana e Antônio Vieira, na Península

Ibérica. Contzen na Alemanha, Skarga na Polônia. Já se observou que na graude luta entre a Companhia de Jesus e o jansenismo foram os jesuítas que defenderam os

princípios "modernos", os do livre arbítrio e da "acomodação" da religião às necessidades da vida no mundo. Essa atitude obedeceu estrita= mente às doutrinas do

concílio de Trento, na elaboração das quais os jesuítas tinham colaborado da maneira mais decisiva - os padres jesuítas Jacobus Laynez e Alphonsus Salmeron eram

legados pontifícios.

A Companhia de Jesus é uma fundação espanhola.. Laynez e Salmeron eram espanhóis. No princípio que defenderam havia uma parcela de individualismo espanhol - o tipo

de religiosidade dos Exercitia spiritualia é individualista - e uma parcela de erasmismo. A Europa contra-reformada será espanhola; compreende a Itália, Alemanha

meridional e ocidental, Áustria e Bélgica, com postos avançados na França. Os efeitos serão diferentes. Na própria Espanha, o zêlo da liberdade fomentará certo he-

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OTTO MARIA CARPEAUX



roísmo vazio, o dom-quixotismo. No resto da Europa, as

conseqüências serão outras.

A Renascença fôra a aliança da aristocracia e do humanismo. A Reforma e o Concílio de Trento colaboraram para esmagar o humanismo independente (a "Intelligentzia"

da "Terceira Igreja% odiada igualmente por protestantes e católicos), e a herança cabe a outra aliança, à aliança entre o Estado burocrático e a burguesia. É o Estado.

absolutista do Barroco que destrói os restos do feudalismo, e, embora revestindo-se de tôdas as pompas aristocráticas, serve aos desígnios econômicos da burguesia.

A política dos jesuítas em face dos Estados absolutistas era oportunista; dependia da atitude dos soberanos com relação à Igreja. Com isso, os jesuítas, defendendo

ao mesmo tempo o direito divino dos reis e o direito de resistência do povo, fomentaram a inquietação, colaborando com correntes paralelas dentro das nações protestantes.

Assim se criou uma mentalidade antitética, pondo em movimento dialético a pompa monárquica, que parecia estabelecida por Deus para tôda a eternidade. Essa mentalidade

antitética é a do Barroco.

ÍNDICE DO VOLUME I

Prefácio 13

Introdução 15

PARTE I 51

A HERANÇA

Capítulo I

c

A Literatura Grega .



Capítulo II 1O7

O Mundo Romano

Capítulo III 155

História do Humanismo e das Renascenças

Capítulo IV 199

O Cristianismo e o Mundo

PARTE II 223

O MUNDO CRISTÃO

Capítulo I

A Fundação da Europa

Capítulo II 257

O Universalismo Cristão

Biblioteca Pública `Arthttr ViSala Haroldo Maranhão

#67O OTTO MARIA CARPEAUX

Capitulo III
A Literatura dos Castelos e das Aldeias 281 Capitulo IV
Oposição, Burguesa e Eclesiástica 3O7
PARTE III

A TRANSIÇÃO

Capítulo I
- "Trecento" 327 Capitulo II
Realismo e Misticismo 363 Capitulo III
- Outono da Idade Média 393
PARTE IV

RENASCENÇA E REFORMA


Capítulo I
- "Quattrocento" 423 Capitulo II
- "Cinquecento" 459. Capitulo III
Renascença Internacional 5O7 Capítulo IV
Renascença Cristã 6O7

#w -
Este livro foi digitalizado por Raimundo do Vale Lucas, com a



intenção de dar aos cegos a oportunidade de apreciarem mais uma

manifestação do pensamento humano..
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