Para Durkheim a solidariedade dá liga a vida social, é a responsável pela sua coesão.
Para o autor os tipos de solidariedade exercidos em uma sociedade estão ligados ao que
denomina de divisão do trabalho social. Segundo Durkheim os membros de uma sociedade
possuem funções sociais, essas funções são mais, ou menos, variáveis de acordo com o tipo
de solidariedade predominante.
O conceito de solidariedade em Durkheim não é aquele da simples bondade. Embora
muito dessa ideia faça parte do que o autor entender por solidariedade. A solidariedade gera
uma dependência mútua, uma reciprocidade de obrigações e interesses coletivos. Sem a
solidariedade os indivíduos se alienam da sociedade e entram no que o autor chama estado de
anomia. Com ausência dela a vida social passa a ser um estado de guerra constante, aonde os
membros não sofrem coerção, não foram socialmente educados, por isso passam a não
Durkheim separa o conceito de solidariedade em dois tipos distintos: mecânica e
orgânica. Entende a solidariedade como mecânica quando liga diretamente o indivíduo à
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sociedade a qual é membro, sem nenhum intermediário, um conjunto mais ou menos
organizado de crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo: é o que o autor
chama de tipo coletivo. A moral cívica é realizada de perto, os membros da sociedade são
mais parecidos, não há muito espaço para a personalidade e as atividades sociais são
praticamente as mesmas para todos os que integram o grupo. Nesse tipo de sociedade a
divisão do trabalho social é pouco acentuada. A denominação de mecânica vem da metáfora
do funcionamento de um relógio. O autor coloca que as engrenagens de um relógio
(mecânico) fazem o mesmo movimento, tem praticamente as mesmas atividades.
Com a multiplicação das relações sociais, que acontece quando a sociedade se
expande em número de membros, e se torna complexa, intensifica-se a divisão do trabalho.
Dessa forma há uma interdependência entre as diversas atividades sociais. Em situações desse
tipo há um número significativo de grupos secundários (membros de um clube, sindicatos,
grupos de apoio etc.). Esses grupos expressam os diferente interesses de membros
organizados, e o mais importante para o autor, os une. Tais grupos secundários os mantêm
com relações estreitas, exercendo coesão, solidariedade, mas agora que autor denomina como
orgânica. Eles ali se encontram para reafirmar seus valores, para intensificá-los, ou mesmo
apenas mantê-los vivos. A metáfora é referente a função de um organismo vivo, aonde cada
órgão, cada membro, possui uma tarefa. Assim como nesse organismo, em uma sociedade
complexa, expandida, as funções são interdependentes. O corpo não funciona sem o coração,
mas também precisa dos pulmões, rins, fígado etc. O corpo social precisa que cada grupo, que
cada indivíduo exerça seu papel para que a sociedade continue a existir de forma coesa. De
acordo com o autor será preciso, aos poucos, fazer um vínculo dos homens às suas vidas
profissionais, concretizar os grupos desse gênero, será preciso que o dever profissional
assuma, para os membros da sociedade, o mesmo papel que o dever doméstico desempenhou.
Durkheim argumentava que cada vez mais as atividades em uma sociedade de
acentuada divisão do trabalho, iriam se profissionalizar. As funções sociais se tornariam
profissões no sentido de trabalho metódico exercido de maneira constante e constiente.