se o trabalho ainda detinha uma posição central na organização da sociedade.
Para alguns, como o alemão Jürgen Habermas (1929-), conceitos como
trabalho e capital perderam espaço para outros como informação e
conhecimento. Habermas considera que é o plano do simbólico (propiciado
pela comunicação) que organiza a vida social na contemporaneidade,
Essa posição foi rejeitada por autores como o sociólogo brasileiro Ricardo
sendo responsável pela produção tanto de riquezas (apropriadas pelos
As transformações decorrentes das novas tecnologias também provocaram
alguns pensadores a questionar o futuro do trabalho material. Os autores
italianos Antonio Negri (1933-) e Maurizio Lazzarato (1955-) e o norte-
flexíveis de produção (que veremos em detalhes no Capítulo 5) permitem a
libertação do trabalho material. Para eles, nas formas flexíveis o trabalhador,
sem a incumbência de tarefas mecânicas, poderia intervir diretamente no
processo de trabalho e recuperar sua autonomia.
Vale destacar as duas principais críticas a essa visão. A primeira, feita por
pensadores marxistas, é a de que o trabalhador flexível é mais explorado e
gera mais-valia maior para o capitalista. A segunda é a de que nem mesmo nos
países do capitalismo central, como os Estados Unidos, o Japão e os da
Europa Ocidental, o trabalho material está perto de desaparecer - setores como
o da construção civil mostram isso.
O trabalho é um dos principais fatores estruturantes das relações sociais e
compartilha essa condição com outras dimensões da vida, como o consumo e
o lazer.
115
O trabalho em crise
É fato que a sociedade contemporânea se estrutura, em parte, pelo trabalho
organizado socialmente. O desenvolvimento de tecnologias de automação,
comunicação e de informática reduziu o emprego do trabalho humano nas
tarefas, mas não o substituiu. Em alguns casos, gerou a necessidade de novas
funções assalariadas, como nas áreas de tecnologia da informação (TI),
informática e serviços, mas continuamos a ser uma sociedade produtora de
mercadorias, bens e serviços que são trocados continuamente.
Persiste, no entanto, a preocupação com o futuro do trabalho. Basta notar o
crescimento das formas de contratação flexíveis (por tempo determinado,
terceirizados, temporários, etc.) em vários contextos. Relatório da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) sobre desemprego, de 2013, mostra que
apenas um quarto da população trabalhadora no mundo tem uma relação
estável de trabalho e prevê que "até 2019, o desemprego vai atingir 213
milhões" e "o número de pessoas sem uma ocupação deve se manter
globalmente [em média] no nível atual de 6% até 2017" (Global Employment
Trends 2013. International Labour Office, Genebra).
Enquanto o tempo de trabalho se estende para uma parcela de trabalhadores
multifuncionais (isto é, que desempenham múltiplas tarefas), milhões de outros
indivíduos ficam desempregados. Como viverão as pessoas que não
encontrarão emprego? No gráfico a seguir, podemos acompanhar as taxas de
desemprego em diversas regiões do mundo.
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