partir dos anos
1970)
· Ampliação da inserção da mulher no espaço
produtivo industrial, de serviços, no comércio e no
sistema financeiro. As tarefas domésticas ainda
estão restritas à mulher: família operária patriarcal =
marido provedor e mulher provedora complementar
e
dona
de
casa.
· Há divisão sexual desigual do trabalho (funções
ditas femininas e masculinas).
Século XXI
· Avanços dos direitos das mulheres, sobretudo a
partir das últimas décadas do século XX, mas ainda
não
há
igualdade
plena.
· A mulher ocupa postos de trabalhos mais
precários, e as desigualdades de diversas ordens se
mantêm.
FONTE: Elaborado com base em: NOGUEIRA, Claudia Mazzei. As
metamorfoses da divisão sexual do trabalho. In: NAVARRO, Vera Lucia;
PADILHA, Valquíria. Retratos do trabalho no Brasil. Uberlândia: Edufu, 2009.
125
LEGENDA: Cartum de Mike Flanagan.
FONTE: Mike Flanagan/cartoonstock.com
No século XVIII, o trabalho de mulheres e crianças era utilizado nas fábricas da
Europa, assim como o dos homens, mas o valor da remuneração delas era
inferior. Embora sempre tenham trabalhado, principalmente as mais pobres, foi
apenas no século XX que as mulheres entraram maciçamente no mercado de
trabalho, especialmente no período entre as duas guerras mundiais, para suprir
a escassez de mão de obra, e após a década de 1970, com o crescimento da
indústria e dos serviços e o surgimento de novas tecnologias.
Contribuíram também para essa inserção os movimentos feministas e a
chamada liberação feminina, propiciada, entre outros fatores, pelo uso da pílula
anticoncepcional, que permitiu o planejamento familiar. Dados do Banco
Mundial mostraram que, em 2014, as mulheres já eram 39,6% da mão de obra
no mundo e que essa proporção era maior nas famílias com rendas mais
baixas, em razão da necessidade de melhorar suas condições de vida.
As mulheres representam mais da metade da população do Brasil. De acordo
com o Censo 2010, 37,3% das famílias têm mulheres como responsáveis,
embora elas ainda recebam, na média, salários inferiores aos dos homens.
LEGENDA: Marido e esposa dividem afazeres domésticos, em Itaporã, Mato
Grosso do Sul. Cenas como essa ainda são pouco comuns nos lares
brasileiros, de acordo com dados da Pnad 2011. Foto de 2012.
FONTE: Wesylle Santana Silveira/Acervo do fotógrafo
LEGENDA: Agricultores quilombolas colhem feijão-branco na zona rural de
Cabo Frio (RJ). Foto de 2015.
FONTE: Cesar Diniz/Pulsar Imagens
126
Além de desvantagem na remuneração, as mulheres geralmente enfrentam o
problema da dupla (ou tripla) jornada, pois trabalham fora, trabalham em casa
(cuidando dos filhos e dos afazeres domésticos) e, muitas vezes, frequentam
cursos com vistas a melhorar sua carreira e remuneração. A desigualdade na
distribuição das tarefas domésticas ainda é enorme: dados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), de 2011, mostram que, entre as
mulheres acima de 18 anos empregadas no mercado de trabalho, 89,4%
também se ocupavam dos afazeres domésticos, enquanto apenas 47% dos
homens empregados se ocupavam com tarefas do lar. Entre os homens
desempregados, 45,5% se responsabilizavam por algumas atividades
domésticas.
FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora
Algumas profissões são consideradas, pelo senso comum, "tipicamente"
femininas: trabalhadoras domésticas, enfermeiras, costureiras, profissionais
responsáveis pelo atendimento ao público, cuidadoras de crianças e de idosos,
por exemplo. No entanto, é preciso destacar que homens e mulheres podem
desempenhar com competência essas funções. Trata-se de um equívoco
afirmar que habilidades como coordenação motora fina, paciência,
concentração, boa observação, dedicação, atenção e exercício simultâneo de
várias tarefas seriam características típicas do gênero feminino. Isso é um mito,
pois tais habilidades podem ser desenvolvidas por qualquer um e foram
adquiridas nas relações sociais históricas entre homens e mulheres, a partir de
suas experiências de vida e de trabalho, como mostram estudos da
Antropologia.
As mulheres têm ocupado também cargos mais baixos em profissões
valorizadas, como nas áreas da saúde e do direito, entre outras, e seu número
ainda é reduzido nas posições de comando ou diretoria em grandes empresas,
embora a participação em cargos de chefia tenha crescido. A desigualdade não
acontece somente em termos de cargos e funções, mas também em relação à
remuneração.
De modo geral, é maior o desemprego entre as mulheres do que entre os
homens. Segundo a Pnad 2014, elas compunham 56,7% da população
brasileira desocupada, ou seja, sem trabalho. A pesquisa ainda indica que a
desocupação entre mulheres era de 8,8%, enquanto entre homens era de
5,3%, taxa que era, tanto para homens como para mulheres, mais alta entre a
população negra. Esses dados refletem uma tendência geral no mercado de
trabalho. No ano de 2014, por exemplo, os indicadores mostravam que as
taxas de desemprego das mulheres eram mais elevadas em todas as regiões
do Brasil.
LEGENDA: Linha de produção de ovos de Páscoa em fábrica de chocolate, em
São Paulo (SP), na qual predomina a mão de obra feminina. Foto de 2009.
FONTE: Moacyr Lopes Junior/Folhapress
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