um ano, muitos dos dias são imprevisíveis assim para este homem de 46 anos,
cabelo ralo e olhos pequenos e vivos. Trabalha em uma distribuidora com um
"contrato de zero hora", uma modalidade na qual o empregador não garante ao
trabalhador um mínimo de horas de carga por mês e, portanto, tampouco um
salário mínimo. A fórmula não é nova, mas se espalhou paulatinamente no
Reino Unido desde que começaram a ser sentidos os efeitos da crise fi
nanceira, em 2008. Há quatro anos, menos de 1% dos trabalhadores afi rmava
ter como fonte única de rendimentos um contrato de zero horas; hoje, eles
representam 2,3% da força de trabalho do país - cerca de 700 mil pessoas -,
segundo o Escritório Nacional de Estatísticas britânico (ONS, na sigla em
inglês). As mulheres, os jovens com menos de 25 anos e os idosos com mais
de 65 anos são os perfi s mais comuns sob esse sistema, de acordo com o
ONS. Empregados com contratos precários que trabalham, em média, 25 horas
por semana e ganham cerca de 7 libras por hora (ou pouco mais de 32 reais),
enquanto o salário mínimo é de 6,50 libras (ou quase 30 reais). [... ]
A cidade
litorânea de Liverpool (com 500 mil habitantes) é uma das que registra mais
contratos de zero horas: eles representam mais da metade do que se oferece,
sobretudo nos setores de restauração, lazer e serviços. No entanto, a fórmula
se aplica em todo o país e em empresas de todo tipo: multinacionais de
diversos setores empregam um bom número de trabalhadores com esses
contratos fl exíveis, segundo análises dos sindicatos.
LEGENDA: Cerca de 250 mil pessoas saíram às ruas de Londres, Reino Unido,
para protestar contra a política de "austeridade" do governo e práticas
trabalhistas como os contratos de "zero hora". Foto de junho de 2015.
FONTE: Michael Kemp/Alamy/Latinstock
SAHUQUILLO, Maria R. Trabalhadores ultraflexíveis. El País, 3 maio 2015.
Disponível
em:
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/05/01/internacional/1430504838_853098.ht
ml. Acesso em: 30 jul. 2015. Texto adaptado.
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