Encontro com cientistas sociais
Em diferentes momentos do desenvolvimento capitalista, novos maquinários
foram instituídos na produção e, consequentemente, novas exigências foram
adicionadas ao trabalho. A divisão do trabalho de tipo manufatureira, por
exemplo, parcelou as tarefas de modo a simplificar as operações realizadas
pelos trabalhadores e, ao transferir a coordenação e o controle do trabalho
para a gerência, garantiu a apropriação centralizada dos frutos do trabalho pelo
capitalista, segundo o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883). Com a introdução
das máquinas nas primeiras indústrias e o crescimento da produção capitalista,
estabelece-se uma relação de dependência entre o trabalhador e a máquina
que ele opera:
LEGENDA: Trabalho infantil em moinho na Carolina do Norte, Estados Unidos,
por volta de 1907.
FONTE: Lewis W. Hine/Akg-Images/Latinstock
Tornando supérflua a força muscular, a maquinaria permite o emprego de
trabalhadores sem força muscular ou com desenvolvimento físico incompleto,
mas com membros mais flexíveis. Por isso, a primeira preocupação do
capitalista ao empregar a maquinaria foi a de utilizar o trabalho das mulheres e
das crianças. Assim, de poderoso meio de substituir trabalho e trabalhadores, a
maquinaria transformou-se imediatamente em meio de aumentar o número de
assalariados, colocando todos os membros da família do trabalhador, sem
distinção de sexo e de idade, sob o domínio direto do capital. O trabalho
obrigatório para o capital tomou lugar dos folguedos infantis e do trabalho livre
realizado em casa, para a própria família, dentro de limites estabelecidos pelos
costumes.
MARX, Karl. O capital. 3ª ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 1975. v. 1. p.
449-50.
· Estabeleça um paralelo entre as mudanças técnicas e organizacionais que
ocorreram no momento histórico descrito por Marx (Europa de meados do
século XIX) e as mudanças propiciadas pelas novas formas de organização do
trabalho com o advento da microeletrônica. A máquina seria ou não redentora
do trabalhador?
Fim do complemento.
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Mudanças e novas configurações do trabalho
O controle do tempo de trabalho agora está incorporado aos equipamentos e
às máquinas, nas empresas e fora delas. Os trabalhadores podem ser
chamados a qualquer momento para tarefas de emergência, disponibilizando
seu tempo livre para o trabalho. Essa nova modalidade emergiu com o advento
dos computadores e da internet e a popularização das linhas telefônicas
móveis: é o teletrabalho.
A ideia de trabalho eletrônico a distância data dos anos 1970, quando a crise
do petróleo impôs a necessidade de economizar combustível e a preocupação
com os deslocamentos para o local da empresa. O teletrabalho era
apresentado com as vantagens de maior convivência familiar.
Por demandar competências específicas do trabalhador, alterações nas formas
contratuais, no horário e no tempo de trabalho, e não apenas no local, o
teletrabalho apresenta-se como a flexibilização por excelência, sobretudo do
vínculo do emprego e de suas garantias. Diversas pesquisas analisam as
vantagens e as desvantagens dessas "novas" formas de trabalho.
As tecnologias informacionais favoreceram novas formatações de empresas
em seu intento de reduzir custos com mão de obra, transferindo a produção
para outros tipos de empresa.
Em grandes polos de produção de vestuário no Brasil, por exemplo, multiplica-
se a terceirização por meio do trabalho em domicílio, aquele realizado na
casa do trabalhador e cuja remuneração é por peça ou por lote. Se o
trabalhador adoece e não consegue trabalhar, está à margem da proteção.
Esse tipo de prática pela indústria de vestimentas e acessórios pode dar
espaço à utilização de mão de obra de diversos membros da família, inclusive
crianças, nessas pequenas empresas. Esse, contudo, não é o único setor com
esse tipo de trabalho.
Boxe complementar:
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