O trabalho e as conquistas da cidadania
A esfera do trabalho é primordial para o exercício da cidadania no capitalismo,
por corresponder ao espaço de sobrevivência material do ser humano. Ela
envolve a produção econômica, o mercado de trabalho, a geração e a
apropriação da renda.
Foi longo o processo de reconhecimento do trabalho como condição para a
cidadania. O sociólogo francês Robert Castel (1933-2013) analisou a
constituição da sociedade salarial na França e indicou que, no século XX, os
trabalhadores assalariados passaram à condição de cidadãos reconhecidos
como sujeitos sociais, com garantias e direitos. Nos séculos XVIII e XIX,
receber salário - um modo de remuneração do trabalhador em recompensa
dos serviços prestados - era garantia de reconhecimento no conjunto social,
mas não evitava que o trabalhador vivesse em uma situação de pobreza e
dependência. Para Castel, isso indicava uma espécie de subcidadania.
Apenas no século XX o fato de "ter salário" passou a ser uma espécie de
requisito para exercer a cidadania. Na sociedade industrial moderna,
principalmente nos grandes centros urbano-industriais, a condição de
assalariado tornou-se uma vantagem, permitindo o acesso ao consumo para
além dos bens e gêneros estritos de sua sobrevivência e de sua família - por
exemplo, produtos industrializados fabricados em massa.
A obtenção de alguns direitos foi decisiva nesse processo, como o direito ao
trabalho, à greve e à livre organização dos trabalhadores em sindicatos,
associações e grêmios. O trabalho com direitos garantidos por lei possibilita a
fruição de bens e propriedades, conferindo identidade à pessoa, que se sente
valorizada e reconhecida.
LEGENDA: Manifestação grevista de trabalhadores da área da saúde,
realizada em Salvador (BA), em 2015.
FONTE: Raul Spinassé/A Tarde/Futura Press
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