A juventude do ponto de vista das correntes geracional e classista
A corrente geracional adota a noção de juventude referida a uma fase de vida,
e enfatiza o seu aspecto unitário. Para esta corrente, em qualquer sociedade
há várias culturas, que se desenvolvem no sistema dominante de valores. Ela
discute a continuidade e descontinuidade dos valores intergeracionais, bem
como as relações entre as gerações, tendo por central, na análise da
juventude, a problemática da reprodução social.
Para a corrente classista, a reprodução social é fundamentalmente vista em
termos da reprodução das classes sociais. Seus trabalhos são críticos em
relação ao conceito de juventude como uma "fase de vida" e entendem-na por
uma categoria social que, em última instância, acabaria dominada por
"relações de classe". Mesmo as culturas juvenis seriam "soluções de classe" a
problemas compartilhados por jovens de determinada classe, e os estilos mais
exóticos de alguns seriam uma "forma de resistência" a contradições de classe.
O "cabelo à punk", os "lábios pintados de roxo", os "medalhões" ou os
"remendos nas calças" seriam, nesta ordem de ideias, signos de "cultura
juvenil" utilizados para desafiar a ideologia dominante. As culturas juvenis
teriam sempre um significado "político". As distinções simbólicas entre os
jovens (de vestuário, hábitos linguísticos, práticas de consumo) são vistas
como diferenças entre as classes e raramente como diferenças dentro das
classes.
Adaptado de: PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude -
alguns contributos. Análise Social, v. XXV, 1990. p. 157-159. Disponível em:
www.ics.ul.pt/rdonweb-docs/Jos%C3%A9%20Machado%20Pais%20-
%20Publica%C3%A7%C3%B5es%201990,%20n%C2%BA2.pdf. Acesso em:
20 jul. 2015.
FONTE: Filipe Rocha/Arquivo da editora
Fim do complemento.
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