Silvia Maria de Araújo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi Motim


  Em   linhas   gerais,   qual   é   o   conteúdo   desse   documento   e   quais   países participaram desse acordo? 2



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Silvia Maria de Ara jo · Maria Aparecida Bridi · Benilde Lenzi M.docx

1.  Em   linhas   gerais,   qual   é   o   conteúdo   desse   documento   e   quais   países

participaram desse acordo?



2. É correto afirmar que ele representa um avanço parcial para a humanidade

no despertar da consciência ecológica? Por quê?



3. Você acha que esse protocolo incentivou pesquisas tecnológicas em busca

de alternativas energéticas e do uso sustentável dos recursos? Dê exemplos

encontrados em sua pesquisa.

A construção da natureza

A Antropologia contemporânea também contribuiu para o estudo recente das

causas   e   consequências   da   intervenção   humana   ao   apresentar   estudos

questionando   a   própria   definição   do   que   é   natureza.   Trabalhos   como   o   da

antropóloga britânica Marilyn Strathern (1941-), por exemplo, mostram que a

divisão entre natureza e cultura que a sociedade ocidental costuma realizar não

tem um correspondente exato em outras sociedades. Ou seja, a própria ideia

do que seja natureza é uma criação.

Outros   antropólogos   notam   que,   na   sociedade   ocidental,   costuma-se

considerar   a   natureza   como   algo   a   ser   dominado,   e   são   frequentes   as

associações   entre   natureza   e   grupos   sociais   dominados.   Disso   derivam

consequências   ambientais   como   as   que   vimos   até   aqui,   mas   também

consequências   sociais   -   por   exemplo,   as   desigualdades   produzidas   entre

homens e mulheres, estudadas por Sherry Ortner (1941-), ou entre diferentes

povos.

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Para o filósofo e antropólogo Bruno Latour (1947-), a ciência é o centro da

cosmologia da sociedade ocidental e precisa ser estudada pelos antropólogos

de   maneira   similar   àquela   que   eles   adotam   para   estudar   a   cosmologia   de

outras sociedades. Ao separar natureza e cultura (ou natureza e sociedade), a



sociedade ocidental atribuiu o estudo de tudo o que fosse considerado não

humano à ciência, como se esta fosse separada da política. Aquilo que é não

humano é visto como sem história, obedecendo a regras imemoriais. Assim,

acredita-se   que   a   ciência   produz   verdades   inquestionáveis,   quando,   na

realidade, ela se fundamenta em acordos entre seus "porta-vozes autorizados"

-   a   comunidade   de   cientistas.   Esses   consensos   resultam   de   pesquisas   de

laboratório   e   são   apresentados   como   se   os   fatos   falassem   por   si   próprios,

embora a própria situação  de laboratório seja construída fora de condições

ditas naturais.

LEGENDA:   A   produção   das   verdades   científicas   em   laboratório   reforça   a

construção da ideia de separação entre seres humanos e natureza. Porém, é

em   si   mesma   contraditória,   por   se   tratar   de   uma   reprodução   de   aspectos

"naturais" em um ambiente construído - é um exemplo do que Latour classifica

de híbrido. Na foto, de 2013, bióloga manipula bactérias em laboratório em

Nijmegen, Holanda.

FONTE: Dominik Asbach/laif/Glow Images

Os cientistas fizeram valer, por sua autoridade, um entendimento a respeito do

que   é   natureza   e   de   como   ela   funciona,   e   isso   fez   com   que   as   pessoas

passassem a identificar a natureza como algo separado delas, e não como algo

do qual fazem parte. Por meio dessa diferença de entendimento, os chamados

modernos tentam se diferenciar das sociedades vistas como não modernas,

nas quais a separação e a submissão da natureza pela cultura não estavam

colocadas nesses termos.

O antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro (1951-) vai um passo além

e   considera   a   progressiva   separação   e   criação   de   desigualdades   entre   o

humano e o não humano - e, depois, entre outros grupos humanos - um fator

de exclusão e destruição. Assim, tentar compreender as diferenças entre os

modos como cada  sociedade considera os diferentes  seres é um  ponto de

partida para as sociedades ocidentais alterarem suas próprias formas de agir.

O ser humano não somente se relaciona com o meio ambiente, mas é parte

dele.   Para   alguns   cientistas   sociais,   seria   mais   correto   pensarmos   em

natureza-cultura como uma única coisa.





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