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Desenvolvimento capitalista e meio ambiente
Quando as Ciências Sociais se referem a desenvolvimento econômico ou de
outra natureza, em geral remetem-nos à trajetória do sistema capitalista de
produção, sua difusão e força política em se manter e se transformar. O
desenvolvimento se realiza no espaço global, mas de modo descontínuo nas
diversas nações e regiões do mundo. Por trás da imagem de um mundo unido
pela globalização, há, na realidade, um mundo dividido, no qual o contraste
entre ricos e pobres aumenta cada vez mais.
Nesse contexto de crescimento da população nos países mais pobres,
globalização da economia e degradação ambiental, o desenvolvimento do
capitalismo assume uma hegemonia global: alguns países detêm considerável
poder de dominação sobre outros. Desse arranjo econômico-político entre os
países configura-se uma divisão internacional do trabalho em que o perfil de
cada país é determinado em relação ao que produz, seja matéria-prima
(madeira, grãos, minérios, etc.), sejam produtos industrializados, que
empregam mais ou menos tecnologia na sua produção, com mão de obra
qualificada ou não. Os benefícios do desenvolvimento capitalista, porém, não
se estendem da mesma maneira a todos os povos e países, pois uma parte
considerável da população mundial não tem acesso a eles.
LEGENDA: Trabalhadores carregam carvão vegetal produzido de madeira
extraída ilegalmente no município de Rondon do Pará, 2012. O carvão é usado,
entre outras coisas, na produção de aço pela indústria siderúrgica. O setor
carvoeiro é um dos líderes em denúncias de condições de trabalho análogas às
de escravidão.
FONTE: Mario Tama/Getty Images
Os países mais desenvolvidos costumam ser os maiores poluidores,
consumidores e exploradores de recursos naturais, quando realizado o cálculo
per capita. O cientista político Elmar Altvater (1938-) mostra como isso se
desdobra no que diz respeito a padrões de consumo e de exploração dos
recursos. Por um lado, o pequeno grupo de países desenvolvidos consome,
proporcionalmente, um volume muito grande de recursos naturais; boa parte
desses recursos é fornecida pelos demais países, que ao fim acabam tendo um
acesso muito mais limitado a eles. Para Altvater, o desafio não é apenas o de
democratizar o acesso a esses recursos, pois isso ampliaria ainda mais os
problemas ambientais enfrentados atualmente. Seria necessário, então,
promover uma mudança radical nos hábitos de produção e consumo e investir
cada vez mais em recursos renováveis e não poluidores.
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