próprias condições sociais e econômicas que o geraram, o Estado liberal não dava
mais conta da realidade e das interesses da burguesia. A partir da Primeira Guerra
Mundial, surgiram duas novas formas de organização estatal: o Estado fascista e o
O Estado fascista foi organizado nas décadas de 1920 e 1930, primeiro na Itália
diferenças. O Estado soviético decorreu da primeira experiência socialista, iniciada
em 1917, na Rússia. Por meio dela procurava-se fazer frente às condições precárias
de vida das classes trabalhadoras. É bom lembrar que as idéias socialistas já
naquele momento com a Revolução Russa. '
O que distinguia basicamente os regimes fascista e soviético, no início, era o
projeto político que cada um apresentava. No Estado fascista, a participação política
significava plena adesão ao regime e a seu líder máximo, ou seja, ninguém podia
fazer qualquer crítica ou oposição ao governo. Na Rússia pós-revolucionária, o
desafio era criar mecanismos efetivos de participação dos camponeses, operários e
(1939-1945). No final do conflito, os vitoriosos dividiram-se em dois blocos: o
socialista, liderado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), e o
capitalista, sob o comando dos Estados Unidos. Os dois haviam se aliado para
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estavam ligados ao Partido Comunista. Não havia possibilidade de participar
politicamente se não
fosse nesse partido, pois somente ele era permitido.
Vários outros países da Europa adotaram essa forma de organização do poder:
Polônia, Hungria, Iugoslávia, Tchecoslováquia e a chamada Alemanha Oriental.
Fora da Europa, outros Estados socialistas foram criados mediante processos
revolucionários, como a China continental (1949) e Cuba (1959), adotando o regime
socialista proposto pelo modelo de Estado soviético.
Com o processo de globalização crescente e em decorrência de problemas
internos, a partir de 1985 a URSS entrou em processo de dissolução. O Estado
soviético começou a ruir nos países que o adotavam. A queda do Muro de Berlim,
em 1989, assinalou de modo emblemático o fim do Estado soviético e o
questionamento do poder concentrado num só partido. Essa forma de organização
estatal continua vigente, com variações, em Cuba, no Vietnã, na Coréia do Norte e
na China, com a manutenção de um partido único e a planificação central da
economia.
O Estado do Bem-estar social. O bloco dos países capitalistas, após a Segunda
Guerra Mundial, tentou reconstruir a economia ocidental com novas bases. Dis-
seminou-se então a forma de organização estatal chamada de Estado do bem-estar
social ou simplesmente Estado social. Esse modelo permitia enfrentar, por um lado,
os movimentos de trabalhadores que exigiam melhores condições de vida e, por
outro, as necessidades do capital, que buscava alternativas para a construção de uma
nova ordem econômica mundial diante do bloco socialista.
As bases teóricas do Estado do bem-estar foram apresentadas na década de 1930
pelo economista inglês John Maynard Keynes (1883-1946), em seu livro Teoria
geral do emprego, do juro e da moeda (1936). Como forma de organização estatal, a
teoria começou a ser esboçada quando o governo estadunidense estabeleceu políticas
para sair da profunda depressão desencadeada pela crise de 1929. No período
posterior à Segunda Guerra Mundial, ela se consolidou nos Estados Unidos e em
boa parte dos países da Europa.
O Estado do bem-estar tinha como finalidade e característica básica a
intervenção estatal nas atividades econômicas, regulando-as, subsidiando-as,
executando grandes investimentos e obras, redistribuindo rendimentos, visando
sempre, pelo menos teoricamente, ao bem-estar da maioria da população. A idéia
era romper com o centenário princípio do liberalismo, que rejeitava qualquer função
intervencionista do Estado. Com base nesse conceito, os capitalistas modernos
propunham moradia digna, educação básica pública, assistência à saúde, transporte
coletivo, lazer, trabalho e salário, seguro-desemprego, enfim, um mínimo de bem-
estar econômico e social. Isso foi feito com investimentos maciços por parte do
Estado, que redimensionava suas prioridades para proporcionar trabalho e algum
rendimento à maior parte da população, a fim de que ela se tornasse consumidora e,
assim, possibilitasse a manutenção da produção sempre elevada. Configurou-se o
que alguns chamam de "cidadania do consumidor", ou seja, a cidadania entendida
como um mecanismo de mercado.
Enquanto isso, nos países periféricos, como os da América Latina, o que se viu
foi uma variedade de formas governamentais, entre as quais as ditaduras que se
implantaram por meio de golpes militares. Esses golpes eram deflagrados como se
fossem constitucionais, isto é, como se estivessem de acordo com a lei. Uma vez no
poder, os golpistas exerciam todo o controle sobre os indivíduos e os grupos
organizados da sociedade.
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