Sabbat, mas uma boa maioria utilizava
os mesmos para "fuga e esclarecimentos", tal como os "viajantes" atuais
de LSD. Os feiticeiros que aplicavam o bálsamo deitavam-se e passavam suavemente para a esfera do inconsciente; acreditando-se capazes de voar,
participavam em cerimônias rituais e também se entregavam a orgias. Se não fosse possível estar realmente presente ao
Sabbat, os "unguentos mágicos"
eram sem dúvida a melhor coisa a seguir.
Lenda ou verdade, a tradição trouxe até nós, famosa receita de como fazer uma bruxa voar.
Tomar a gordura de uma criança pequena e ferver com água em uma vasilha de bronze, reservando a camada espessa que permanece no fundo;
guardar e conservar até uma ocasião oportuna para usá-la. Juntar
ecleoselinum, aconitum, frondes populeas, e soote. Ou tomar
sium, acarum vulgare, pentaphyllon, sangue de um morcego,
colanum somniferum e
oleoum. Triturar tudo isto junto e então esfregar todas as partes do corpo vivamente até
ficarem vermelhas e bem quentes. Assim, quando os poros se abrem, sua carne fica livre e acessível. Assim, juntar gordura ou óleo que com a força do
unguento abre caminho para dentro — e seu efeito será mais intenso. Por meio disso, em uma noite de lua parece que são levados a voar.
Acônito é o ingrediente mais importante nesta receita, porque é um veneno muito poderoso e a raiz contém cerca de 4% de alcaloide (1/15 de
grão de um alcaloide é dose letal).
NÃO É FÁCIL E NÃO TEM MOLEZA. A DEDICAÇÃO DA JOVEM APRENDIZ DE FEITICEIRA É TOTAL E INDISCUTIVEL. HA QUE SE SUBMETER AO RIGOR DO RITUAL DE APRENDIZAGEM. A CENA (DE GOSTO ERÓTICO) MOSTRA VELHA BRUXA EMPUNHANDO UMA ESPONJA EMBEBIDA DE LIQUIDO MAGICO NO ATO DE MASSAGEAR A ROLIÇA COXA DA JOVEM, QUE EXIBE BELA E PROVOCANTE NUDEZ Esfregando-se com o unguento, produz-se uma sensação de formigamento que, sem seguida, é de letargia na região do corpo onde foi aplicado.
As emanações derivadas dos outros ingredientes conduzem a delírios e visões.
A segunda receita consiste em canabrás d'água, cálamo, cinco-em-rama (farinha das rosáceas), sangue de morcego e óleo.
A canabrás d'água, cicuta ou cicuta d'água, é uma erva venenosa, e sua combinação com os outros ingredientes poderia causar grande excitação
quando esfregada na pele — em verdade bem que poderia levar ao delírio, O sangue de morcego é absolutamente inócuo.
Na receita final encontramos a gordura de uma criança pagã. Embora isto não tenha absolutamente qualquer efeito o que foi amplamente
registrado nesta fórmula. As instruções dizem: gordura de criança, suco de canabrás d'água, acônito, potentila, meimendro ou beladona e óleo.
Beladona é, naturalmente, um veneno poderoso e catorze frutos produzirão a morte. Metade desta quantidade causará uma excitação selvagem e
delírio. (O princípio ativo da planta, atropina, tem um efeito poderoso também nos olhos). É possível que as emanações produzidas pelos outros
componentes pudessem ter algum efeito numa pessoa suscetível, mas essencialmente são empregadas para acrescentar por outro lado um toque de
mistério à preparação, em verdade muito simples.
Experiências realizadas já em nossos dias provaram a eficácia das poções que encontramos nos livros de feitiçaria.
Na categoria de unguento e poções, f
e
iticeiros costumam guardar seus segredos com extremo cuidado, anotando de modo geral as fórmulas com
símbolos e códigos só por eles conhecidos. Foi possível decifrar alguns destes, outros infelizmente perderam-se, uma vez que seus autores não
deixaram a
chave de seus segredos. Tentativas de interpretação não foram de grande ajuda.
Uma vez que grande número de poções contêm substâncias altamente perigosas, não resta dúvida de que os praticantes das artes negras são
peritos na utilização de venenos. Mas ainda assim, com o arsenal especializado em derrotar o inimigo e fazer respeitar sua própria vontade, parece
um.tanto surpreendente saber que os necromantes têm que recorrer ao envenenamento simples em ocasiões extraordinárias.
Com toda certeza, o fazem usando sua habilidade para ocultar o veneno. Nesta área da bruxaria bastaria dizer que certos trabalhos são inventivos
e, sem dúvida, muito eficientes!
No campo dos entorpecentes encontramos três tipos de drogas preferidas dos bruxedos sempre a serviço do mal — o ópio, meimendro negro e
figueira do inferno.
De acordo com o texto francês, um bom número de feiticeiros europeus na Idade Média utilizava nas reuniões satânicas o pó de ópio, ou a
seguinte sugestão acerca de como "tomar dois gramas de suco seco da cápsula ainda verde da flor da papoula, pulverize com cuidado. Misture isto com
vinho e água e desfrute até o máximo".
O manuscrito também informa que alguns feiticeiros chegaram a tomar até mais de vinte gramas de ópio por dia e "isto esclarece por que alguns
se desgastaram antes do tempo".
Meimendro negro