Uma pincelada em sua biografia
(A partir de entrevistas com Áurea Albana e o próprio autor.)
Foi em Ourolândia – Bahia que, após os galos tecerem a manhã, José Carlos Conrado da Silva saiu do enegrecido ventre de sua mãe Marinalva Catarina da Silva para ser entregue aos braços da luz acolhedora. Essa luz que o acolheu foi a mesma que o feriu. Aos 2 anos de idade sentiu na pele a dor do abandono. A sua mãe que antes era casada com o Sr. Erasmo Conrado da Silva, resolveu sair de casa numa noite de chuva e trovoadas em busca de novas terras com o seu novo homem. O pai de Carlos que, do berço da pobreza era filho, teve que dar um rumo diferente a cada criança. O menino mais velho teve a sorte de viver com ele. Já as outras crianças... Foram divididas em diferentes partes do sertão baiano. Nessa distribuição, dois ficaram na cidade do Morro do Chapéu. Já o Carlos Conrado... Certo dia o velho decide dar um rumo diferente para esse, com o sonho de que o moleque possa ser (alguém), ele o leva para uma cidade um pouco mais evoluída dentre aquela região. Ao sair de casa com um bocapiu (sacola de feira feita com fibra de coqueiro) no ombro, dentro deste algumas roupinhas, poucas balinhas e um pacote de macarrão, ele procura desesperadamente, como quem quer livrar-se de um peso, alguém que se sensibilize com a situação do garoto. Peregrinando pelas ruas de Jacobina, ele vai passando de porta em porta fazendo sempre a mesma pergunta.
- Com licença, meu senhor e minha senhora, por acaso alguém poderia criar esse menino?
Nessas andanças pelas ruas, apenas uma senhora de coração puro e nobre ficou
sensibilizada com a situação de Carlos. Como todo começo pode ser variado, ora pode ser calmo e ora pode ser turbulento, o seu começo nessa nova família não foi nem um tanto positivo.
Nosso poeta foi levado por essa senhora até o seu novo lar. Era um apartamento no centro da cidade. Naquele dia toda a família estava reunida para o almoço. Não era sempre assim, mas aquele era um dia muito especial. Era Dia dos Pais. Quando pôs o seu pequenino pé para dentro do apartamento, bocas ficaram entreabertas, olhos arregalados e algumas pessoas paralisadas. Diante daquele espírito de surpresa e espanto, o menino que mal caminhava, mal entendia o que estava acontecendo. Sujo e mal vestido, despertou em algumas pessoas o preconceito. Mesmo assim, a sua nova mãe não se intimidou, encarou a todos com muita coragem.
Com seis anos foi à escola, inda trocando as pernas, estudou num colégio paroquial mantido por uma paróquia do município. Teve tudo para ser um sacerdote leal ao catolicismo. Mas aos 12 anos, após sair da escola, ele vai à procura de alegria nas ruas. Diante delas, descobre um vasto mundo de novidades. Entrou no mundo das drogas, passando pouco tempo nessa fase. Perdeu um dos seus melhores amigos nessas buscas pelo êxtase da mente através de entorpecentes. Sofrendo, decidiu isolar-se por uns tempos, procurou a cura de sua dor através do silêncio. Foi a partir dessa fase que surgiu o seu dom pela arte de desenhar, pintar e escrever. Com um comportamento autista, passava horas na frente da TV fotografando tudo aquilo que era do seu real interesse. Aos 13 anos, participou pela primeira vez de um concurso de poesias, obtendo, por mérito, o 1º lugar. Aos 14, mudou-se para Aracaju-SE. Estudou a maior parte do seu ginásio no Colégio de 1º e 2º Graus Dom Luciano José Cabral Duarte. Desenvolvendo vários projetos na parte política e artística. Aos 16, participou do XIII Salão dos Novos, Galeria Álvaro Santos – Aracaju - SE. Nesse mesmo ano, deixou-se enfraquecer aos domínios da depressão que o levaram a tentar suicídio pela primeira vez, e mergulhou também no mundo da escuridão -sua fase negra, que o levou a adorar deuses das trevas, e a viajar na
melodia do equívoco. Ao perceber o grande atraso que dera em sua vida, ele decide buscar a libertação. Iniciou-se nos estudos de novas religiões, que deram a ele uma nova visão sobre a deidade suprema. Desligou-se do Cristianismo - em especial do Catolicismo, e mergulhou de coração no paganismo. Passou pelo Candomblé, Umbanda, colheu frutos no Budismo. Mais tarde, exercitando e adorando somente a magia branca, aproximou-se dos deuses do panteão céltico, Danna e Kernunnos se transformaram em seus guias espirituais.
Coordenou junto a outras mentes brilhantes, grandes movimentos pagãos no estado: os encontros pagãos do PNT (Pega-no-Tranco), a criação do Coven Belo Caminho, alguns grupos de estudos e também Grupos Virtuais de discussão. Ainda no correr do ano, ampliou seus dons para as artes cênicas. Estudou por 3 anos na Escola Municipal de Artes da Funcaju – Fundação de Cultura e Arte. Estreou o seu primeiro espetáculo, Um Dia Daqueles, no Teatro Atheneu em Aracaju. Atuou no espetáculo O Cordeiro da Lã Dourada, também pela Funcaju. Aos 17, entrou para o Grupo Imagem. Ajudou no cenário do Espetáculo O Romance do Sol com a Lua, atuou na Peça Busca e trabalhou como fotógrafo oficial do grupo. No Grupo Vitral, foi coautor do texto O Mundo em Busca, o qual, também encenou. Aos 18, ingressou na Arcádia Literária Estudantil, ocupando a cadeira de nº35 cujo patrono é o dramaturgo Dias Gomes. Aos 19, voltou a aceitar Cristo através da Doutrina Espírita Kardecista, ingressou na ASAP (Associação Sergipana de Artistas Plásticos) ficando no cargo de Diretor de Comunicação. Na mesma época, o seu poema “Deus e a América” foi agraciado pelo 3º lugar no Concurso Interno de Poesias da Arcádia. Participou de várias coletivas de Artes Plásticas em Aracaju: Festa dos Arteiros, Coletiva de Esculturas do CULTART (Centro de Cultura e Artes), Coletiva da ASAP-CULTART e Tribus Visuais 2005 - Galeria Jenner Augusto- Sociedade Semear. Aos 20, foi um dos Fundadores da Casa do Poeta Brasileiro em Aracaju exercendo o cargo de Diretor de Eventos. Participou de outras marcantes exposições como a Mostra Sem Fronteiras- Intercambio Bahia e Sergipe - Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana. Aos 21, sua idade atual, ingressou no CPL - Clube de Poetas do Litoral - Baixada Santista-SP. Falar de Carlos foi um dos meus grandes desafios. Espero que eu não o tenha magoado expondo um pouco de sua trajetória. Agradeço ao espaço cedido e digo: “Amigo, você é um presente para a cultura brasileira”.
Marcelo Farias Lasena. 20/04/2007
Critico Literário e Ensaísta.
Comentário Sábio
O poeta vê com a luz do coração, entremeado pelo fulgor da mente que direciona o pensamento com as palavras, dando a elas o poder necessário para que expressem para o mundo o sentido da emoção que o movimenta. Somos anjos com duas asas, uma é a mente e a outra é o coração, se estivermos em desequilíbrio jamais conseguiremos voltar pelos campos da vida e ficaremos reféns das dores do mundo, sem conseguir superar os nossos obstáculos e vivenciar as nossas experiências físico - espirituais.
- Rick Steindorfer -
Filósofo, poeta e ativista cultural
Fortaleza – Ceará.
Querido Conrado,
Um mensageiro das trevas acendeu em mim à chama da vida. Afogo-me no fogo do prazer enquanto deleito-me com esse sabor sublime.
Viajo através de seu enigmático sorriso e fico hipnotizada diante de seus olhos que não falam, mas tudo expressam.
Uma força mais poderosa que eu convida-me a unir nossas almas através do proibido. Sinto-me atraída a compartilhar o único momento em que todos os submundos são ofuscados pelo brilho da luz.
Uma voz abafada sussurra no meu ouvido:
- Ele é o anjo da salvação e não importa se veio trazer a luz ou despertar as trevas. Pode devolver a chance de agarrar novamente a esperança que havia jogado fora.
Ana Paula Nascimento
05/03/2005.
Aracaju-SE
A Conrado
Estou à porta de teus olhos
Se tu não permitires que eu entre,
Continuarei sentada na obscuridade castanha
De tuas retinas...
Se não permitires a minha entrada,
Morrerei leiga ao teu olhar de abandono...
Continuo na porta de teus olhos,
Esperando que toda a angústia neles
Se desfaça em lágrimas...
Continuo na porta estreita
De mãos dadas com a obscuridade de teu ser,
Que tem um olhar doce e infantil
Que neste mesmo olhar à porta que estou estagnada,
Estagnada na melancólica e gasta vida
Que teus olhos vivem...
Ainda estou à porta estreita de teus olhos.
Thais de Siqueira
Árcade Imortal – Carlos Drumond de Andrade.
Aracaju - SE
09/05/04
Aracaju, 5 de outubro de 2004.
Querido pai,
Envergonho-me diante da impossibilidade de estar próximo a ti. Às vezes, quando sou presenteado com um tempo, uso-o para refletir e, diante desta longa viagem pela lembrança, vêm-me nítidas recordações de uma relação entre pai e filho altamente superficial e artificial. Gostaria de Vê-lo sempre, gostaria de tornar concreto os meus desejos e sonhos. Quando criança eu me recriminava, concordando com o fato de não podermos viver fraternalmente. Há muito tempo guardei dentro de mim um mal que corroía o meu coração e, como bem sei, este mal nada mais era que a tua própria ausência.
Tu não participaste do meu crescimento, eu não me queixo, graças ao teu desequilíbrio paterno que no meu caso se mostrou positivo, tive a sorte de viver numa família estruturada no sentimental e financeiro.
Acho que herdei algumas virtudes de ti, como: a postura certa para variadas situações; a seriedade; a serenidade e a simplicidade. Quanto aos teus defeitos meu pai... procuro não segui-los.
Lembro-me vagamente das poucas cenas que passamos juntos, a tua disposição para o trabalho era demasiada. Tu tinhas nesta terra um chão altamente venerado. A tua pessoa era motivo de orgulho para mim, somente nestas horas. Devo reconhecer também que, quando estávamos juntos, a nossa relação era intensa e comovente.
Gostaria de obter informações sobre os meus irmãos, por onde vivem e como vivem. Quando conheci Marcelo, o teu primogênito, percebi que um laço bastante forte de amizade iria nos ligar... e assim se fez. Quanto aos outros irmãos, me parece que algo fico vagando pelo ar alienadamente, ou seja, a nossa relação era fria como gelo, talvez fosse pelo contato demasiado regrado.
Este teu filho, um dos mais novos, hoje está crescido e com saúde. Lembra-se daquela aptidão que eu tinha com as artes? Pois bem, hoje é uma fonte de renda. Estou vivendo nesta cidade como artista plástico e digo ao senhor que não foi fácil obter este título. Além das artes, venho desenvolvendo também uma paixão pelas letras. Ingressei no ano passado numa espécie de Academia de Letras, a Arcádia Literária. Esta paixão eu uso como fonte de reconhecimento. Sou colaborador de alguns jornais e revistas desta capital.
Se tu queres notícias de D. Aurinha eu te informo: ela está super bem!
Quero enviar-lhe os meus mais sinceros abraços e, quanto a nossa família, informar-lhes que lutarei, farei o possível para estar aí em dezembro.
Assim despeço-me.
Carlos Conrado
Para o meu amigo e irmão Danilo.
Morto no dia 28 de abril de 2007
por policiais da cidade de São Paulo.
Queria poder colocar o tempo como vilão,
Queria poder te abraçar meu nobre irmão...
Queria ainda ter a tua companhia
Para fazermos dos tediosos dias
Belos cenários da nossa fiel harmonia...
Queria poder contar meus segredos adultos,
Não mais aquelas fantasias de criança...
Queria neste momento poder contar com a
Esperança... Que pena! Assim como tu,
Ela não está mais em cena...
Queria lavar teu sangue e tirar-te as balas,
Queria trazer-te de volta a matéria
Que os homens da justiça da cidade de pedra,
Tiraram de ti sem pedir licença...
Amigo Danilo aceita,
A luz como a tua nova companhia...
Deixa que os braços de Deus
Te enlace e proteja. Que assim seja!
Carlos Conrado
Nota sobre as traduções
O meu interesse pela língua germânica começou cedo, mais precisamente aos 17 anos, influenciado pelo poeta Thiago Amorim que me apresentou as primeiras lições. Anos mais tarde, descobrir Tobias Barreto, e achei nele um símile interesse pelo germanismo. A partir de Tobias, fiz meus primeiros ensaios na escrita. O que apresento neste caderno de anexos, é um breviário de todo o conhecimento que vim adquirindo ao longo deste tempo. Camarada leitor, desejo que a cultura germânica também te enlace.
bis zum nächsten!
Wunsch
(Prazer)
Ich biete Wollen Ihnen
Diese Poesie verurteilt,
Mit gutem Dosen von Opium
Und ein paar Gramm Elend ...
Sehen Sie? In der Nacht wir angehören,
Wir werden unsere konkrete Handlung,
Nichts falsch zu machen, solche Tests durchzuführen,
verflucht ist unsere Liebe ...
Wir sind die Verkörperung von Leid,
Die Dunkelheit Form unserer Szenario,
Gehen Sie, meine Verkostung gut,
Die Würmer, links
Eine Gesellschaft vergesslich
In der Ecke des Speise ...
Spüren Sie den Geschmack der Intoleranz
brennen in Ihrer Sprache,
Was ist die Hoffnung
Wenn wir Blutbad als Dessert?
Löschen Sie diese Kerzen
Ich Strippen ihn in der Dunkelheit,
Ich liebe Ihres Körpers abgedunkelten ...
Ich möchte hören Sie sich Ihre Wünsche
Während Ihrer Reise in Kurven,
Ich möchte, dass die Beweglichkeit von Ihren
Händen,
Ich verbraucht der Genuss ...
vibrieren zu dringen über mein Schwert,
Lieferung Sie Lust,
engagiert zu handeln,
Vergessen Sie die Herzen.
Von Carlos Conrado in der Poesia Condenada
Tradução. O autor.
Das Ende einer Doktrin
(O Fim de uma Doutrina)
Kill der Papst auf eine Nacht der Regen,
Sputum in Ihrem Robe
die Verachtung imitierten,
töten die überwältigende Heuchelei,
Rid der Erde von etwa Übel und Sünden...
zerstören Kirchen, Klöster blies,
Hang Priester, Nonnen, und
befreit die Seminaristen
Zu lernen die wahrheit
über die Doktrin, dass die Recruiter ...
Verbrannt Seiten der Bibel
in der Glut von Marihuana
dass meine behindert werden...
organisierte Gruppen,
Site Vatikan
Um ihr von der Landkarte und...
Gott sah alles und blieb stumm.
Von: Carlos Conrado in der Poesia Condenada.
Tradução: O autor.
Desenhos Condenados
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