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CAPÍTULO 104
Tolland andava pelo laboratório enquanto esperava Xavia voltar. A possibilidade de haver algum erro nas informações sobre os côndrulos era quase tão preocupante quanto as notícias de Rachel sobre sua tentativa de contatar Pickering.

O diretor não atendeu. E alguém tentou descobrir a localização do Goya rastreando a chamada.

- Relaxem - disse Tolland. - Estamos seguros. O piloto da Guarda Costeira está observando o radar. Ele nos avisará a tempo se alguém vier nesta direção.

Rachel concordou, apesar de ainda estar tensa.

- Ei, Mike, que é isso aqui? - perguntou Corky, apontando para a tela de um computador Sparc, que exibia uma imagem psicodélica pulsando e se agitando como se estivesse viva.

- É um analisador de correntes por doppler acústico - respondeu Tolland. - Ele mostra um corte transversal das correntes e dos gradientes de temperatura do oceano embaixo do navio.

Rachel ficou olhando para a tela.

- Nós estamos ancorados sobre isso aí?

Tolland tinha que concordar que aquela imagem amedrontava. Na superfície, a água aparecia com tons verde-azulados se revolvendo, mas, olhando em direção ao fundo, as cores aos poucos mudavam para um vermelho-alaranjado ameaçador à medida que as temperaturas se elevavam. No fundo do oceano, mais de uma milha abaixo deles, o vórtice de um ciclone se agitava numa tonalidade vermelho-escura.

- É a megapluma - disse Tolland.

- Parece um tornado submarino - resmungou Corky.

- O princípio é o mesmo. Os oceanos em geral são mais frios e mais densos perto do fundo, mas aqui ocorre o inverso. A água do fundo, que está aquecida e mais leve, sobe à superfície, ao mesmo tempo que a água da superfície, mais fria e pesada, desce em espiral para preencher o vazio. O resultado são essas correntes parecidas com um escoadouro no oceano. Enormes redemoinhos.

- E essa grande protuberância bem no fundo? - perguntou Corky,

apontando para uma região onde havia uma bolha subindo em forma de domo. O vórtice estava se formando diretamente acima dela.

- Essa bolha é um domo de magma. É nesse ponto que a lava está empurrando o fundo do oceano - respondeu Tolland.

- Entendo. Como uma grande bolha de pus.

- Mais ou menos isso.

- E se ela estourar?

Tolland fechou a cara, lembrando-se do evento com a placa Juan de Fuca, em 1986, quando milhares de toneladas de magma, a uma temperatura de 1.200° Celsius, jorraram no oceano de uma só vez, amplificando a intensidade da megapluma quase instantaneamente. As correntes da superfície foram amplificadas à medida que o vórtice se expandia com rapidez para cima. O que aconteceu em seguida era algo que ele não tinha a menor intenção de contar para Corky e Rachel naquela noite.

- Os domos de magma do Atlântico não estouram - disse Michael. - A água fria que circula em torno da bolha está continuamente resfriando e enrijecendo a crosta da Terra, mantendo o magma em segurança sob uma grossa camada de rocha. Em algum momento a lava que está embaixo se resfria e a espiral desaparece. Megaplumas em geral não são perigosas.

Corky apontou para uma revista em mau estado que estava ao lado do computador.

- Então você quer dizer que a Scientific American publica artigos fictícios?

Tolland viu a capa e franziu a testa. Alguém tinha tirado aquela revista dos arquivos do Goya. Era um exemplar de fevereiro de 1999. A ilustração da capa mostrava um superpetroleiro sendo tragado por um enorme redemoinho no oceano. A manchete dizia: MEGAPLUMAS - ASSASSINAS GIGANTESCAS DAS PROFUNDEZAS?

O oceanógrafo fez uma brincadeira para disfarçar.

- Ah, isso é totalmente irrelevante. Esse artigo fala sobre megaplumas que ocorrem em zonas de terremoto. Foi uma hipótese popular sobre o Triângulo das Bermudas há alguns anos, tentando explicar o desaparecimento de navios. Tecnicamente falando, se houvesse algum cataclismo geológico no fundo do oceano, algo que nunca ocorreu aqui, o domo se romperia e o vórtice ficaria grande o bastante para... bom, vocês sabem...

- Não, nós não sabemos - respondeu Corky. Tolland deu de ombros.

- Ahn... O vórtice subiria até à superfície.

- Fantástico. Fico muito feliz que tenha nos convidado para visitar seu navio.

Xavia entrou carregando alguns artigos.

- Admirando a megapluma?

- Ah, é formidável - disse Corky, sarcástico. - Mike acabou de nos contar como sairíamos rodando num grande redemoinho se essa bolha se rompesse.

- Redemoinho? - Xavia deu uma risada. - Seria mais como descer descarga abaixo na maior privada do planeta!

Do lado de fora, no convés do Goya, o piloto do helicóptero da Guarda Costeira estava observando atentamente a tela do radar. Em seu trabalho de resgate, já tinha visto muitas pessoas com medo. Rachel Sexton estava, com certeza, em pânico quando lhe pediu para vigiar se visitantes inesperados estavam se aproximando.

Que tipo de visitantes ela está esperando? - pensou ele.

Até onde podia ver, nas 10 milhas em torno do Goya, não estava acontecendo nada atípico nem no ar nem no mar. Havia um barco de pesca a oito milhas dali. Um ou outro avião aparecia no limite do campo do radar e sumia rapidamente, seguindo alguma rota para longe deles.

O piloto suspirou e contemplou o mar, que se movia ruidosamente ao redor de todo o navio. Era uma sensação muito singular e incômoda: estar navegando a toda a velocidade apesar do barco estar ancorado.

Voltou a olhar para o radar e ficou observando, alerta.

CAPÍTULO 105
Tolland tinha acabado de apresentar Xavia a Rachel. A geóloga do navio estava cada vez mais impressionada com os passageiros ilustres diante dela no laboratório de hidrografia. Além disso, a pressa de Rachel para terminar logo os testes e sair dali o mais rápido possível a deixava nervosa.

Vá com calma, Xavia, pensou Tolland. Precisamos de todos os detalhes.

A geóloga estava explicando de forma bem direta:

- Em seu documentário, Mike, você disse que aquelas incrustações metálicas na rocha só poderiam ter sido formadas no espaço.

Tolland estava com medo do que ela diria em seguida.

- Côndrulos só se formam no espaço. Foi o que a NASA me disse.

- Mas, de acordo com estas anotações - disse a geóloga, mostrando as páginas que segurava -, isso não é inteiramente verdadeiro.

- É claro que é verdade! - irritou-se Corky.

Xavia olhou de cara feia para o astrofísico e sacudiu as anotações que trazia.

- No ano passado, um jovem geólogo chamado Lee Pollock, da Drew University, estava usando um novo tipo de robô marinho para coletar amostras em águas profundas do Pacífico, na fossa das Marianas, e conseguiu retirar de lá uma rocha solta contendo uma característica geológica jamais vista. Essa característica era muito similar, em sua aparência, aos côndrulos. Ele a chamou de "inclusões de plagioclásio por estresse" - pequenas bolhas de metal que aparentemente haviam sido re-homogeneizadas durante eventos de pressurização em grandes profundidades. O doutor Pollock ficou impressionado por ter encontrado bolhas metálicas numa rocha de origem oceânica e formulou uma teoria especial para explicar sua presença.

- Suponho que seja realmente especial - Corky resmungou.

Xavia prosseguiu, não lhe dando ouvidos.

- O doutor Pollock afirmou que a rocha fora formada num ambiente oceânico de enorme profundidade, onde a pressão extrema metamorfoseou uma rocha preexistente, fazendo com que alguns dos metais, antes separados, se fundissem.

Tolland pensou a respeito. A fossa das Marianas tinha cerca de 11 mil metros de profundidade, sendo uma das últimas regiões inexploradas do planeta. Pouquíssimas sondas-robôs tentaram descer tão fundo e quase todas foram esmagadas pela pressão bem antes de chegar lá embaixo. A pressão da água na fossa é enorme - 1.800 libras por polegada quadrada, contra míseras 14 libras na superfície do oceano. Os pesquisadores ainda tinham pouca compreensão das forças geológicas nos lugares mais profundos dos oceanos.

- Então esse tal de Pollock acha que a fossa das Marianas pode gerar rochas com características similares a côndrulos?

- É uma teoria bem pouco divulgada - disse a geóloga. - Na verdade, não chegou nem mesmo a ser publicada formalmente. Por acaso eu encontrei algumas anotações pessoais de Pollock na internet mês passado, quando estava fazendo pesquisa sobre interações entre fluidos e rochas para o nosso programa sobre megaplumas. Do contrário, eu mesma não teria ouvido falar nisso.

- Eu sei por que a teoria nunca foi publicada - retrucou Corky. - Porque é ridícula! É preciso calor para gerar côndrulos. Não vejo como a pressão da água possa reorganizar a estrutura cristalina de uma rocha.

- A pressão - devolveu Xavia - por acaso vem a ser o fator mais importante de mudanças geológicas em nosso planeta. Você já ouviu falar em rochas metamórficas? Talvez se lembre disso, de suas aulas de Introdução à Geologia.

Corky ficou calado.

Tolland percebeu que Xavia havia levantado uma questão interessante. Ainda que o calor tivesse um papel importante em parte das transformações geológicas da Terra, a maioria das rochas metamórficas era formada sob extrema pressão. As rochas que se encontram em camadas profundas da crosta de nosso planeta estão sob tamanha pressão que agem mais como um caldo espesso do que como rochas sólidas, tornando-se elásticas e sofrendo mudanças químicas no processo. Ainda assim, a teoria de Pollock parecia um pouco forçada.

- Xavia, eu nunca ouvi falar de um caso em que a pressão da água fosse o único fator na alteração de uma rocha. Você é uma geóloga... Qual a sua opinião? - perguntou Michael.

- Parece que a pressão da água de fato não é o único fator – respondeu Xavia enquanto olhava suas anotações. Ela encontrou o trecho que estava procurando. - Vou ler textualmente o que Pollock escreveu: "A crosta oceânica na fossa das Marianas, que já se encontra sob enorme pressão hidrostática, pode ser ainda mais comprimida por forças tectônicas das zonas de subdução da região."

É claro, pensou Tolland. A fossa das Marianas, além de estar sob a pressão de uma coluna d'água de 11 mil metros, era uma zona de subdução - uma linha de compressão onde as placas do Pacífico e do Índico se moviam uma contra a outra e colidiam. As pressões combinadas no interior da fossa deveriam ser enormes, mas, como o acesso ao local era difícil e perigoso, se houvesse côndrulos por lá, dificilmente alguém saberia.

A geóloga continuou a leitura:

- "As forças combinadas das pressões hidrostática e tectônica têm o potencial de forçar a crosta até que ela atinja um estado elástico ou semilíquido, permitindo que elementos mais leves se fundam em estruturas similares a côndrulos, que até agora acreditávamos ocorrerem apenas no espaço."

Corky revirou os olhos, impaciente.

- Isso é impossível.

O oceanógrafo voltou-se para o amigo:

- Há alguma outra explicação para os côndrulos na rocha encontrada por Pollock?

- Fácil - disse Corky. - Pollock encontrou um meteorito. Eles caem no oceano o tempo todo, vocês sabem disso. Talvez ele não tenha suspeitado que se tratasse de um meteorito porque a crosta de fusão poderia ter sido erodida devido aos muitos anos que a rocha esteve sob a água, fazendo com que se parecesse com uma rocha normal. – O astrofísico virou-se para Xavia: - Por acaso esse tal doutor Pollock se lembrou de medir o conteúdo de níquel? Ou seria pedir muito?

- Na verdade, ele mediu, sim - respondeu ela prontamente, já procurando em seus papéis. - Eis o que Pollock diz: "Fiquei surpreso ao descobrir que o conteúdo de níquel da amostra recaiu nos níveis intermediários que geralmente não são associados às rochas terrestres."

Tolland e Rachel trocaram olhares espantados. Xavia continuou lendo:

- "Ainda que a quantidade de níquel não recaia exatamente nos níveis intermediários normalmente aceitos para determinar que uma rocha é um meteorito, encontra-se muito próxima desse patamar."

Rachel estava bastante inquieta.

- Quão próxima? É possível que essa rocha oceânica possa ser confundida com um meteorito?

Xavia sacudiu a cabeça.

- Não sou especialista em petrologia, mas, até onde posso entender, há muitas diferenças químicas entre a rocha que Pollock encontrou e meteoritos de verdade.

- Quais são as diferenças? - perguntou Tolland, com um sentido de urgência na voz.

Ela olhou para um gráfico em seus papéis.

- De acordo com isto aqui, uma diferença importante está na estrutura química dos côndrulos em si. Parece que as proporções titânio/zircônio são diferentes. Os côndrulos da amostra proveniente do oceano possuíam pouquíssimo zircônio. - Ela olhou para Tolland. - Apenas duas partes por milhão.

- Duas ppm? - disse Corky, subitamente. - A taxa encontrada nos meteoritos é milhares de vezes maior.

- Exato. E foi por isso que Pollock concluiu que os côndrulos de sua amostra não vieram do espaço.

Michael inclinou-se e falou baixinho para Corky:

- Por acaso a NASA mediu as proporções de titânio/zircônio na rocha encontrada em Milne?

- Claro que não! - respondeu Corky em voz alta. - Ninguém iria medir isso. É como olhar para um carro e resolver medir o conteúdo de borracha dos pneus para confirmar que de fato se trata de um carro!

Tolland respirou fundo e virou-se para Xavia novamente:

- Se lhe dermos uma amostra de rocha contendo côndrulos, você conseguirá fazer um teste para determinar se essas incrustações são côndrulos de origem meteórica ou... uma dessas "coisas" resultantes da compressão em oceano profundo que Pollock descreveu?

Ela pensou um pouco.

- Suponho que sim. O microscópio eletrônico é suficientemente preciso. Mas aonde vocês querem chegar com isso, afinal?

- Corky, dê a amostra para ela.

O astrofísico pegou relutantemente o fragmento do meteorito em seu bolso e estendeu-o para Xavia.

Ela olhou para o disco de pedra, franzindo o rosto. Observou a crosta de fusão e depois o fóssil na rocha.

- Meu Deus! - exclamou. - Isto aqui não é parte do...?

- É sim - respondeu Tolland. - Infelizmente.



CAPÍTULO 106
Sozinha em sua sala, Gabrielle Ashe ficou olhando pela janela, pensando no que faria a seguir. Menos de uma hora antes, tinha saído da NASA animada e ansiosa por contar logo ao senador os detalhes da fraude do PODS que Chris Harper lhe revelara.

Agora tinha dúvidas.

De acordo com Yolanda, dois repórteres da ABC suspeitavam que Sexton estava recebendo propinas da SFF. Além disso, Gabrielle tinha acabado de descobrir que Sexton soubera que ela havia entrado em seu apartamento durante a reunião com a SFF e, ainda assim, não comentara nada a respeito com ela.

O táxi de Gabrielle já havia partido há algum tempo. Claro, ela poderia chamar outro rapidamente, mas sabia que tinha algo a fazer antes.

Não acredito que vou tentar esta maluquice. No entanto, não restavam muitas opções. Já não sabia em quem acreditar.

Saiu de sua sala, atravessou a recepção e foi para um corredor largo do outro lado. No final estavam as grossas portas de carvalho do escritório de Sexton, ao lado das quais havia duas bandeiras: à direita, Old Glory, como é carinhosamente conhecida a bandeira dos EUA; e, à esquerda, a bandeira do estado de Delaware. Suas portas, como as da maioria das salas dos senadores naquele prédio, eram reforçadas com chapas de aço e trancadas por chaves convencionais.

Além disso, era preciso digitar um código num terminal numérico para desativar o sistema de alarme.

Se ela conseguisse entrar, teria todas as respostas. Andou em direção às portas altamente seguras, mas não tinha a menor pretensão de passar por elas. Seus planos eram outros.

A três metros do escritório de Sexton, ela virou à direita e entrou no banheiro feminino. As luzes fluorescentes se acenderam automaticamente. Gabrielle parou diante do espelho e ficou se olhando, enquanto se acostumava à claridade. Como de hábito, suas feições pareciam mais suaves do que ela gostaria. Quase delicadas. Ela sempre se sentia mais durona do que aparentava ser.

Você está certa de que vai mesmo fazer isso?

A assessora sabia que o senador estava esperando ansiosamente sua chegada para ouvir os detalhes sobre o PODS. Infelizmente, ela compreendera que tinha sido manipulada por Sexton naquela noite. E Gabrielle não gostava de ser controlada. O senador havia propositalmente ocultado informações importantes. A questão era quanto ele havia escondido. As respostas estavam na sala do outro lado da parede daquele banheiro.

"Cinco minutos", disse ela em voz alta para si mesma, reafirmando sua decisão.

Andou em direção ao quartinho de suprimentos do banheiro, estendeu o braço e passou a mão por cima do batente da porta. Uma chave caiu no chão. Os encarregados da limpeza do edifício de gabinetes do Senado eram funcionários públicos e sumiam toda vez que havia uma greve em qualquer setor, deixando o banheiro sem papel higiênico nem absorventes. Cansadas de serem pegas de surpresa, as mulheres que trabalhavam no escritório de Sexton decidiram dar um jeito naquilo e fizeram uma cópia da chave do quartinho de suprimentos para essas "emergências".

Esta noite certamente é uma emergência, pensou Gabrielle, entrando na pequena despensa.

O interior estava abarrotado de material de limpeza, vassouras, esfregões e prateleiras com papel sanitário e papel-toalha. Há cerca de um mês, Gabrielle tinha aberto aquele mesmo quartinho, procurando papel-toalha, quando fez uma descoberta inusitada. Como não estava conseguindo alcançar a prateleira mais alta, ela havia usado a ponta de um cabo de vassoura para tentar derrubar um rolo da prateleira. Ao fazer isso, bateu, sem querer, numa das placas que revestiam o teto.

Quando subiu nas prateleiras para recolocar a placa no lugar, ficou surpresa ao ouvir a voz do senador em alto e bom som. Pelo eco, percebeu que Sexton devia estar falando consigo mesmo enquanto estava em seu banheiro pessoal, aparentemente separado do banheiro feminino apenas por algumas placas de revestimento removíveis.

Agora lá estava ela buscando um pouco mais do que papel-toalha. Gabrielle tirou os sapatos, subiu nas prateleiras, empurrou a placa e se enfiou pela abertura. Que se dane a segurança nacional, pensou, imaginando quantas leis estaduais e federais estava prestes a quebrar. Saindo do outro lado, dentro do banheiro pessoal do senador, ela apoiou os pés na pia fria de porcelana e então pulou para o chão.

Prendendo a respiração, entrou no escritório de Sexton.

Seus tapetes orientais eram macios e aconchegantes.

CAPÍTULO 107
A 30 milhas de distância, um helicóptero Kiowa de ataque, preto, cruzava o céu sobre os pinheiros do norte do estado de Delaware.

Delta-Um verificou as coordenadas que estavam programadas no sistema de navegação automática.

Tanto o dispositivo de transmissão a bordo do navio onde estava Rachel quanto o celular de Pickering eram codificados para proteger suas comunicações. No entanto, ao rastrear a chamada vinda do mar, a Força Delta não queria interceptar o conteúdo da conversa. O objetivo era mais simples: determinar a localização do emissor. Os sistemas de GPS e as triangulações calculadas por computadores indicavam com precisão as coordenadas de transmissão, uma tarefa bem mais simples do que decodificar o conteúdo de uma mensagem.

Delta-Um achava curioso o fato de que, em geral, os usuários de celulares não tinham sequer idéia de que, toda vez que faziam ou recebiam uma ligação, um posto de escuta do governo poderia detectar, com uma margem de erro de apenas três metros, a posição do aparelho em qualquer lugar da Terra. Um pequeno "detalhe" que as companhias de celular não faziam muita questão de anunciar. Naquela noite, após ter obtido acesso às freqüências de recepção do celular de Pickering, a Força Delta determinou rapidamente as coordenadas das chamadas recebidas.

Voando em linha reta rumo ao alvo, estavam agora a 20 milhas de distância.

- A proteção está pronta? - perguntou, virando-se para Delta-Dois, que manejava os sistemas de radar e armamentos.

- Afirmativo. Aguardando perímetro de cinco milhas.

Cinco milhas -, pensou Delta-Um. Tinha que penetrar na área de alcance do radar do Goya antes que pudesse usar as armas do Kiowa. Provavelmente alguém a bordo do navio estaria observando os céus com apreensão, e, como a tarefa atual da Força Delta era eliminar o alvo sem dar qualquer chance de alguém pedir socorro pelo rádio, ele sabia que tinha que se aproximar de forma discreta.

Quando ainda estava a 15 milhas de distância, fora do alcance do radar, Delta-Um virou o Kiowa 35 graus para oeste, subiu a 900 metros - a altitude usual para pequenos aviões - e ajustou a velocidade para 200 quilômetros por hora.

No convés do Goya, o radar do helicóptero da Guarda Costeira emitiu um bipe quando um novo objeto entrou em seu perímetro de 10 milhas. O piloto sentou-se, examinando a tela. O contato parecia um pequeno avião de carga indo para oeste, seguindo a costa.

Provavelmente Newark.

Mantendo a trajetória, o avião passaria bem perto do Goya. Ainda que isso parecesse mera casualidade, o piloto, vigilante, ficou olhando o ponto na tela percorrer lentamente sua linha, a 200 quilômetros por hora, em direção ao lado direito de seu visor. No ponto mais próximo do navio, o avião estava a umas quatro milhas de distância a oeste.

Conforme o esperado, a aeronave continuou em sua rota, afastando-se deles.

4, l milhas. 4,2 milhas.

O piloto respirou aliviado.

Então uma coisa muito estranha aconteceu.


- Proteção ativada - informou Delta-Dois, fazendo o sinal de "positivo" diante do painel de controle de armas no Kiowa. - Barragem, ruído modulado e pulso de cobertura estão ativos e operando.

Delta-Um respondeu à indicação fornecida por seu companheiro e puxou o helicóptero abruptamente para a direita, colocando-o em rota direta para o Goya. Essa manobra seria completamente invisível para o radar do navio.

- Bem melhor que folhas de alumínio! - disse Delta-Dois.

Delta-Um concordou. As técnicas de bloqueio de radar foram inventadas durante a Segunda Guerra Mundial, quando um esperto aviador inglês começou a lançar de seu avião vários fardos de feno enrolados em folhas de alumínio durante missões de bombardeio. Os radares alemães detectavam tantas superfícies reflexivas que as baterias antiaéreas não sabiam em que direção atirar primeiro. As técnicas tinham sido substancialmente aperfeiçoadas desde então.

O sistema de bloqueio de radar do Kiowa usava uma "cobertura de elétrons", um dos sistemas eletrônicos de defesa mais eficazes. Ao transmitir uma cobertura de ruído de fundo sobre um determinado conjunto de coordenadas de superfície, o Kiowa conseguia eliminar os olhos, os ouvidos e a voz de seu alvo. Há pouco minutos, todas as telas de radar a bordo do Goya teriam ficado em branco. Quando a tripulação notasse que precisava transmitir um pedido de socorro, já não poderia mais fazer isso. Em um navio, todas as comunicações se baseavam em rádio ou microondas, já que não havia linhas físicas de telefone. Se o Kiowa estivesse próximo o bastante, todos os sistemas de comunicação do Goya iriam parar de funcionar totalmente, pois seus sinais de portadora estariam encobertos pela nuvem invisível de ruído térmico transmitida pelo Kiowa, como uma luz ofuscante.

Isolamento absoluto, pensou Delta-Um. Estão indefesos. Seus alvos tiveram uma enorme sorte ao conseguir escapar de forma engenhosa da geleira Milne, mas aquilo não iria se repetir. Ao trocar a segurança da terra firme por uma embarcação no meio do mar, Rachel Sexton e Michael Tolland haviam feito uma grande besteira. Seria a última decisão errada de suas vidas.


No interior da Casa Branca, Zach Herney sentia-se meio zonzo, sentado em sua cama, segurando o telefone.

- Agora? Ekstrom quer falar comigo agora?

Ele olhou para o relógio ao lado da cama: 3h17 da manhã.

- Sim, senhor presidente - respondeu o oficial encarregado de comunicações. - Ele diz que é uma emergência.



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