Português 8º ano


Observe, agora, esta outra tira. Fig. 2 (p. 25)



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2. Observe, agora, esta outra tira.

Fig. 2 (p. 25)

Mafalda, de Quino.

Joaquín Salvador Lavado (QUINO) Toda Mafalda – Martins Fontes, 1991

Q1: COMO FOI NA ESCOLA FILIPE? JÁ TE ENSINARAM A ESCREVER?
E VOCÊ QUERIA QUE ME ENSINASSEM A ESCREVER NUMA AULA SÓ?

Q2: MAS… VOCE FICOU LÁ O DIA INTEIRO!


É MAS ANTES A GENTE TEM QUE FAZER TRAÇOS, LETRAS, SÍLABAS E UM MONTE DE OUTRAS COISAS E…

Q3: … LEVA MESES PRA ENSINAREM A GENTE A ESCREVER!


MESES?!

Q4: MALDITOS BUROCRATAS!

a) No primeiro quadrinho, a expressão de Mafalda revela entusiasmo e expectativa. Que sentimentos a menina parece expressar no segundo e no terceiro quadrinhos?

No segundo quadrinho, a menina parece surpresa e desapontada; e, no terceiro, verdadeiramente indignada.

b) Qual é a causa dessas mudanças?

2b. O entusiasmo inicial liga-se à expectativa que Mafalda tinha de que Filipe já tivesse aprendido a escrever. Sua surpresa e desapontamento decorrem de isso não ter acontecido, apesar de ele ter passado “o dia inteiro” na escola. Sua indignação deve-se à descoberta de que o aprendizado da escrita demora meses para acontecer, e ela culpa a burocracia por essa demora.

c) Que recurso foi usado na tira para indicar quem deveria ter ensinado Filipe a ler e a escrever?

Mafalda emprega o sujeito indeterminado (te “ensinaram”), e, em suas respostas, Filipe a acompanha nessa opção (me “ensinassem”, “ensinarem”).



ANOTE

Nos textos, a indeterminação do sujeito pode ser motivada por mais de um fator. Ela pode estar relacionada ao desconhecimento de quem executa a ação; à falta de interesse em mencionar um agente que poderia ser conhecido; à intenção deliberada de ocultar um agente (para proteger sua identidade ou provocar surpresa posterior); a um discurso que pretende fazer generalizações a respeito de um grupo social. Sua utilização provoca, portanto, diferentes efeitos de sentido, de acordo com as intenções de quem produz o enunciado.



Página 26

LEITURA 2

Conto de terror

O que você vai ler

Fig. 1 (p. 26)

Edgar Allan Poe (1809-1849), escritor estadunidense. Fotografia de cerca de 1830.

Ablestock/ID/BR

O escritor estadunidense Edgar Allan Poe é um dos mais importantes autores de contos de enigma, considerado o criador do gênero. Ele também escreveu obras-primas em outros gêneros, como o poema “O corvo” e os contos de terror “O barril de Amontillado” e “A queda da casa de Usher”.

O terror, para Poe, é antes de tudo psicológico, incluindo, muitas vezes, elementos sobrenaturais, como você vai comprovar a seguir em um conto famoso desse autor.

Ao ler os dois primeiros períodos da narrativa, observe que algumas palavras são típicas dos contos de terror e preparam o leitor para encontrar algo assustador.

• .Sabendo que a história é de terror, imagine a que se refere o título “O retrato oval”.



O retrato oval

O castelo onde meu criado aventurara-se a forçar nossa entrada, em vez de permitir que eu passasse a noite, ferido como eu estava, ao relento, era uma daquelas construções lúgubres e grandiosas que há tempos debruçam-se por sobre os Apeninos, não apenas de fato como também na imaginação da sra. Radcliffe. O lugar dava a impressão de ter sido abandonado havia pouco tempo, em caráter temporário. Instalamo-nos em um dos aposentos menores e mais humildes. O quarto ficava em um torreão afastado. A decoração era sofisticada, mas antiga e maltratada pelo tempo. As paredes estavam cobertas por tapeçarias e ornadas com troféus de armas; ademais, havia um número incomum de pinturas modernas muito agradáveis com molduras de arabescos dourados. Essas pinturas, que pendiam não apenas das paredes amplas, mas também dos inúmeros recônditos que a arquitetura bizarra do palácio fazia necessários – essas pinturas, talvez em virtude de um delírio incipiente, despertaram-me um profundo interesse, de modo que solicitei a Pedro que fechasse as pesadas cortinas daquele cômodo – uma vez que já era noite –, que acendesse os pavios de um candelabro alto que estava junto à cabeceira da minha cama e que abrisse, tanto quanto possível, as cortinas franjadas de veludo negro que envolviam a cama. Fiz esse pedido para que eu pudesse me entregar se não ao sono, pelo menos à contemplação daqueles quadros e à leitura de um pequeno tomo encontrado sobre o travesseiro, que se propunha a fazer críticas a eles e a descrevê-los.

Por muito – muito tempo eu li – e concentrado, absorto, eu contemplava. As horas passaram céleres e agradáveis até que a meia-noite escura se instaurou. A posição do candelabro aborrecia-me e, preferindo fazer um esforço a importunar meu criado, que dormia, estiquei o braço e ajustei-o de modo a obter mais luz sobre o livro.

Fig. 2 (p. 26)

Marcelo d’Salete/ID/BR



Página 27

Mas esse ato teve consequências de todo inesperadas. Os raios das inúmeras velas (pois havia muitas) iluminaram um nicho do quarto que até então permanecera envolto na densa sombra de uma das colunas da cama. E assim vi, iluminado, um quadro que até então me passara despercebido. Era o retrato de uma menina em que despontavam os primeiros sinais da mulher. Observei a pintura por alguns instantes e logo fechei os olhos. O que me despertou esse impulso era algo que a princípio eu mesmo não compreendia. Mas, enquanto as pálpebras permaneciam-me fechadas, vasculhei meus pensamentos em busca do motivo para fechá-las. Um movimento impulsivo deu-me tempo para pensar – para ter certeza de que os olhos não me haviam logrado – para serenar meus devaneios e lançar à tela um olhar mais sóbrio e mais preciso. Passados alguns instantes, olhei mais uma vez para o retrato.

Que naquele instante eu o via de modo objetivo estava além de qualquer dúvida; pois o primeiro clarão das velas sobre a tela parecia ter dissipado o estupor onírico que aos poucos dominava meus sentidos e me reconduzido, de sobressalto, à vigília.

O retrato, conforme descrevi, era o de uma jovem moça. Era um simples busto, executado com a técnica que se costuma chamar de vignette; o estilo era muito semelhante ao das famosas cabeças de Sully. Os braços, o colo e até mesmo as pontas do cabelo radiante fundiam-se de modo imperceptível na sombra vaga e mesmo assim densa que constituía o segundo plano da obra. O quadro tinha uma moldura oval, dourada com grande esmero e filigranas à mourisca. Como obra de arte, nada poderia ser mais admirável do que a pintura em si. Mas não fora nem a execução do trabalho nem a beleza imortal daquele semblante o que me comovera de maneira tão súbita e tão contundente. Também seria impensável que minha fantasia, já desperta de seu cochilo, houvesse tomado o retrato por uma pessoa real. Percebi de imediato que as particularidades da composição, do estilo vignette e da moldura haveriam de ter afastado essa ideia no mesmo instante – haveriam de ter impedido que fosse sequer matéria de consideração. Ocupado com esses pensamentos, permaneci, talvez por uma hora inteira, meio sentado, meio reclinado, com o olhar fixo no retrato. Por fim, ao deslindar o segredo de seu efeito, deitei-me. Descobri que o encanto do quadro residia na perfeição absoluta da expressão naquele rosto que parecia vivo e que, a princípio tendo-me assustado, logo pôs-me perplexo, subjugou e aterrorizou-me. Sob a influência de um espanto profundo e reverencial, recoloquei o candelabro em seu lugar. Com a causa da minha agitação fora de vista, debrucei-me com avidez sobre o volume que discorria sobre as pinturas e suas histórias. Ao buscar o número que identificava o retrato oval, li as obscuras e peculiares palavras que seguem:



Fig. 1 (p. 27)

Marcelo d’Salete/ID/BR



Página 28

“Era uma donzela de rara beleza, e só não era mais amável do que alegre. Numa hora infeliz ela viu, amou e desposou o pintor. Ele, arrebatado, estudioso, rigoroso, já tendo a Arte por esposa; ela, uma donzela de rara beleza, e só não era mais amável do que alegre; toda luz e sorrisos, brincalhona como os filhotes de corça, amava e apegava-se a tudo; detestava somente a Arte, que era sua rival; temia apenas a palheta e os pincéis e outros instrumentos indesejáveis que a privavam de ver o rosto do amado. Assim, para a moça, era uma coisa terrível ouvir o pintor falar sobre o desejo de retratar sua jovem esposa. Mas ela era humilde e dócil, e posou por semanas a fio em um torreão escuro onde a luz que iluminava a tela vinha apenas de cima. Mas o pintor comprazia-se naquele trabalho, que se estendia hora após hora, dia após dia. Ele tinha uma alma apaixonada, indomável, suscetível, e era dado a devaneios; assim, não percebia que a terrível luz que se filtrava pelo torreão solitário abatia a saúde e o ânimo da esposa, que definhava à vista de todos, menos da sua. Mesmo assim ela seguia sorrindo, sem queixar-se, porque notava que o pintor (que era muito renomado) sentia um prazer imenso ao desempenhar a tarefa, e trabalhava dia e noite para retratar a mulher que tanto o amava, mas que a cada dia ficava mais desanimada e fraca. E na verdade algumas pessoas que viam o retrato comentavam a semelhança à meia-voz, como se falassem de um milagre, e de uma prova não só da habilidade do pintor como também do profundo amor que ele nutria pela modelo que retratava com tanta maestria. Mas, à medida que o trabalho chegava ao fim, o acesso ao torreão foi vetado, pois o pintor tomara-se de arrebatamento e mal despregava os olhos da tela, mesmo que fosse para olhar o rosto da esposa. E ele não percebia que as cores espalhadas sobre a tela vinham das faces daquela que sentava ao seu lado. E ao cabo de várias semanas, quando faltavam apenas alguns retoques – uma pincelada nos lábios e um sombreado no olhar –, o ânimo da esposa mais uma vez bruxuleou como a chama no interior do lampião. E foi dada a última pincelada, e logo o sombreado estava completo; então, por um instante, o pintor ficou em transe diante da obra que executara; mas no momento seguinte, ainda olhando a pintura, ficou pálido e começou a tremer; horrorizado, gritou: ‘Isso é a própria Vida!’ e virou-se para contemplar a amada: Ela estava morta!”.

Edgar Allan Poe. O gato preto e outros contos. São Paulo: Hedra, 2008. p. 65-69.

GLOSSÁRIO
À mourisca: ao estilo mourisco; estética originária de povos árabes do norte da África, cujo trabalho em relevo privilegia formas geométricas e arabescos.
Apeninos: cordilheira do norte da Itália.
Arabesco: ornamento inspirado na arte islâmica.
Arrebatado: que se deixa levar pelos sentimentos.
Bruxulear: mover-se fracamente.
Candelabro: grande castiçal de vários braços.
Célere: ligeiro, acelerado.
Comprazer: sentir satisfação.
Contundente: que não admite dúvidas, categórico, definitivo.
Deslindar: descobrir, resolver.
Estupor: espanto, assombro.
Filigrana: espécie de renda de metal.
Incipiente: inicial, que está na origem.
Logrado: enganado, iludido.
Lúgubre: escuro, sinistro, medonho.
Maestria: perícia na execução de uma obra.
Nicho: cavidade feita na parede para colocar estátuas, livros, etc.
Onírico: relativo aos sonhos.
Palheta: chapa sobre a qual os pintores colocam e misturam tintas.
[Anne] Radcliffe: romancista inglesa (1764-1823), autora de romances de horror e mistério.
Recôndito: lugar oculto.
[Thomas] Sully: pintor estadunidense (1783-1872), em cuja obra se destacam os retratos.
Torreão: torre larga em castelo.

Fig. 1 (p. 28)

Marcelo d’Salete/ID/BR



Página 29

Estudo do texto

Responda sempre no caderno.

Para entender o texto

1. Esse conto pode ser dividido em duas partes, e em cada uma se narra uma história passada em um tempo diferente.

a) Quais são os principais acontecimentos de cada uma das partes?

1a. Primeira parte: um homem ferido se abriga em um castelo abandonado, onde vê um retrato e, em um livro que trata das pinturas expostas nas paredes do castelo, lê a história dessa pintura. Segunda parte: uma bela jovem casa-se com um pintor que coloca a arte acima de tudo. Ela aceita posar para um retrato. À medida que a pintura do retrato avança, a jovem vai perdendo a saúde, mas o marido se recusa a perceber isso. Quando ele dá a última pincelada e constata que há vida na pintura, percebe que a amada está morta.

b) Qual é a mais antiga e qual é a mais recente?

A segunda é mais antiga; a primeira, mais recente.

2. Releia o início do conto.

a) O que se informa sobre a identidade do narrador e sobre a circunstância que o levou a abrigar-se no castelo?

2a. Quase nada, mas pode-se deduzir que o narrador seja um homem rico, pois viaja com um criado, e que a viagem seja pelos montes Apeninos, na Itália.

b) Que sentidos essas informações ou a falta delas acrescentam a essa narrativa?

A falta de detalhes sobre o narrador e sobre os motivos de sua estada no castelo ajuda a criar o clima de mistério que está presente em toda a narrativa.

3. O narrador é um elemento importante para marcar as duas histórias. Como esse recurso aparece no conto?

3. O primeiro narrador é o homem ferido que pernoita no castelo. Sua narrativa em primeira pessoa soa como um depoimento, um relato. O segundo é um narrador em terceira pessoa, desconhecido, e sua narrativa é o registro escrito de uma história que teria se passado.



4. Na narrativa, ocorre um fato inusitado.

a) Que fato é esse?

A jovem perde a vida ao mesmo tempo que seu retrato ganha vitalidade.

b) Em qual das duas histórias se passa esse fato?

Na segunda história.

c) Por que ele pode ser considerado inusitado?

Porque há elementos irreais, como a transferência da vida da moça para o retrato.

ANOTE

Os contos de terror têm por objetivo despertar no leitor sensações de medo e horror diante da morte, da loucura e do mal que se esconde na mente humana. Para atingir esse objetivo, alguns contos apresentam ao leitor elementos sobre os quais não se deixa dúvida: são sobrenaturais. Assim, as personagens são assombradas por fantasmas e monstros e vivem experiências extraordinárias. Em outros, a causa do terror encontra-se na mente da personagem.



5. Em “O retrato oval”, uma combinação de fatores cria o suspense, elemento fundamental em seu enredo. Um desses fatores é a forma de apresentar o espaço ao leitor.

a) Com base nas palavras do narrador, indique as características do castelo.

Antigo, comum nos Apeninos, grandioso, sombrio, abandonado.

b) Copie o quadro abaixo no caderno e complete-o com as características do quarto.



Fig. 1 (p. 29)

Marcelo d’Salete/ID/BR



Quarto

Caracterização geral

Localizado em um torreão afastado do castelo, menor que os demais

Paredes

paredes cobertas por tapeçarias

Quadros

quadros pesados, com molduras de arabescos dourados

Forma de iluminação

iluminação a vela

Cama

cama envolvida por um cortinado de veludo negro arrematado por franjas

ID/BR

c) Em geral, quais os traços predominantes nesses espaços?

Predominam, no castelo e no quarto, a escuridão e um ambiente pesado, soturno.

Página 30

Responda sempre no caderno.

6. Qual é a importância do trecho “As horas passaram céleres e agradáveis até que a meia-noite escura se instaurou” para acentuar o clima de mistério do conto?

No imaginário dos leitores, a meia-noite é um horário carregado de sentido. Em diversos contos, é a hora em que os feitiços se desfazem ou em que um encantamento se inicia.



ANOTE

Nos contos de terror, espaço e tempo são recursos importantes para criar suspense.



Fig. 1 (p. 30)

Marcelo d’Salete/ID/BR



7. Outro elemento que contribui para construir o suspense nesse conto é a forma de apresentar o retrato ao leitor.

a) Pela visão até a compreensão do efeito que o retrato produz no narrador, quanto tempo se passou? Quais são os parágrafos que narram esse acontecimento?

7a. Desde a percepção até a compreensão do efeito que o quadro lhe causava, transcorre cerca de uma hora, segundo o narrador. Esse processo é narrado do parágrafo 3 ao 5.

b) Como o quadro e sua imagem são descritos na narrativa: de uma vez ou de modo gradual? Que efeito isso gera?

O quadro e a imagem são apresentados aos poucos: primeiro, os aspectos gerais; depois, os detalhes. O leitor demora a saber o que causa sobressalto na personagem.

8. A personagem, em determinado momento do conto, admite seu estado de delírio.

a) O que causou impressão tão forte na personagem que ela julgou ser um delírio?

A extrema perfeição da expressão do rosto retratado, chegando a confundi-lo com o de uma mulher real.

b) Por que, para a coerência do conto, essa informação é importante?

Ao final do conto, revela-se que a imagem do rosto era tão perfeita que o retrato sorvera a vida da moça que retratava.

ANOTE

Outro recurso muito presente para criar suspense em contos de terror é a apresentação de pequenos indícios que revelam ao leitor um perigo iminente ou a presença de um mal que ronda as personagens.



9. A personagem principal pode mencionar, com suas palavras, o conteúdo do que tinha lido no livro. No entanto, sua opção por transcrever o trecho tem uma função. Explique-a.

A transcrição contribui para a verossimilhança interna do conto, pois confere autenticidade ao relato.



10. A segunda história tem um papel na construção da narrativa como um todo. Qual é o papel dela no esclarecimento dos fatos?

Ela esclarece a história do quadro que causa espanto no narrador. Com a morte da jovem, sua vida parece ter sido entregue ao quadro, o que, em princípio, justificaria a impressão do observador do retrato.



O texto e o leitor

1. Logo que vê o quadro, a primeira reação do narrador foi fechar os olhos.

a) Por que ele fez isso?

Porque o quadro o impressionara tanto que ele fechou os olhos para poder entender as emoções que sentia.

b) O leitor tem as mesmas condições que a personagem de assimilar o fascínio exercido pelo retrato? Por quê?

1b. Não, pois o leitor não tem como observar o quadro e expor-se à impressão que ele causa, uma vez que a emoção provocada por um quadro deve-se a estímulos de cor e forma, que são perceptíveis pelo olhar.

c) De que forma o leitor pode perceber o impacto que a personagem sentiu ao ver o quadro?

1c. Quando a personagem relata a passagem do estado de torpor onírico à vigília. Dessa forma, o leitor pode perceber a intensidade das impressões que o quadro causara.

2. A forma de apresentar a ação da personagem ao leitor também está a serviço da criação do suspense.

a) Copie o quadro da página seguinte e complete-o para esquematizar a sequência da atitude visual da personagem em relação ao retrato.

Fechar os olhos. / Lançar outro olhar. /6 / Cravar os olhos. / 7

Página 31


Parágrafo

Atitude visual em relação ao retrato

3

Olhar.




Manter as pálpebras cerradas.




Fixar o olhar.










Tirar do campo de visão.

ID/BR

b) Qual é o efeito que essa forma de apresentar as ações cria para o texto?

O leitor acompanha detalhadamente as ações, como se estivesse no espaço da narrativa.

ANOTE

Para produzir o suspense, é necessário retardar algumas revelações. Para isso, a narrativa detalha a descrição da cena, as reações das personagens e omite algumas informações.



3. Ao tomar conhecimento da história do quadro, o leitor do conto tem a dimensão do que a visão do retrato significou para o narrador. Esse efeito é obtido por meio de alguns recursos.

a) A descrição das duas personagens citadas é bastante detalhada. Escreva as características de ambas.

3a. Jovem: rara beleza / amável / alegre / toda luz e sorrisos / brincalhona como os filhotes de corça / humilde / dócil. Pintor: arrebatado / estudioso / rigoroso / tinha uma alma apaixonada / indomável / suscetível / era dado a devaneios.

b) Indique dois adjetivos que caracterizam o pintor e sua esposa.

3b. Pintor: egocêntrico, disciplinado.

Esposa: frágil, delicada.



Fig. 1 (p. 31)

Marcelo d’Salete/ID/BR



4. A mudança na jovem é gradual. Que relação há entre a descrição da personagem e a criação de expectativa no leitor sobre o mistério do conto?

A expectativa do leitor aumenta à medida que a personagem é caracterizada.



Comparação entre os textos

1. Nos dois contos do capítulo, o suspense é um recurso importante para a construção do texto. Como o suspense aparece em cada narrativa?

1. No conto de enigma, o suspense é um elemento que deixa o leitor curioso para saber como o crime será desvendado. No conto de terror, o suspense contribui para a criação do clima assustador, que é característico do gênero.



2. Compare as personagens dos dois contos que você leu. De que modo a descrição da personagem contribui para a caracterização dos contos de enigma e de terror?

2. As personagens do conto de enigma apresentam características muito particulares: o detetive, o criminoso, a vítima, os suspeitos. As personagens da segunda narrativa são mais misteriosas e nem todas as suas características são apresentadas, o que contribui para o clima de mistério desse gênero.



3. Em qual dos contos o espaço tem um papel fundamental? Por quê?

Na segunda narrativa, o espaço contribui para a atmosfera de mistério. No primeiro texto, as ações são mais importantes do que o espaço.



Sua opinião

1. Muitos jovens gostam de contos de enigma e de terror. Em sua opinião, que elementos desses gêneros atraem esses leitores?

Resposta pessoal. MP



Ser artista

A personagem da narrativa “O retrato oval”, de Edgar Allan Poe, tinha uma relação muito forte com a Arte.

E você? Qual é o seu envolvimento com a pintura, a música, a literatura, a dança, etc.? Converse com os colegas e o professor sobre estas questões.

I. Que importância você dá à Arte e por quê?

II. Como seria o mundo sem a Arte?

Página 32

PRODUÇÃO DE TEXTO

Conto de terror

AQUecimento

Retardar uma revelação ajuda a criar suspense em uma narrativa. Leia, a seguir, um trecho de um conto muito conhecido, “O horla”, de Guy de Maupassant. A história gira em torno de um homem comum que começa a sentir-se observado dentro de casa. Um dia, ele descobre que a garrafa de água que costuma deixar em seu quarto está completamente vazia, sem que ele a tenha bebido. Aos poucos, vai descobrindo que a realidade é muito mais aterradora do que se pode imaginar.

Eu o vi finalmente.

Os senhores não me acreditarão. Vi-o, no entanto.

Eu estava sentado diante de um livro qualquer, não lendo, mas espreitando [...], espreitando aquele que eu sentia perto de mim. Certamente que ele estava ali. Mas onde? Que fazer? Como alcançá-lo?

[...]


Então, eu fingia ler para enganá-lo, pois ele me espiava também, e de repente senti, estava certo de que ele lia por cima do meu ombro [...].

Guy de Maupassant. O horla. Em: Histórias fantásticas. São Paulo: Ática, 1996. v. 2 (Coleção Para Gostar de Ler).

No conto original, entre o terceiro e o último parágrafos, o narrador descreve o cenário. Essa interrupção na apresentação do ser misterioso também aumenta o suspense.

• Crie, no caderno, um parágrafo que descreva o quarto da personagem tal como você o imagina. Sua descrição deve ser coerente com a dos outros trechos do conto e contribuir para criar suspense.

Resposta pessoal.

Professor, no conto original, a passagem é: “Diante de mim, minha cama, uma velha cama de carvalho, com colunas. À esquerda, a porta, que eu fechara com cuidado. Atrás de mim, um vasto armário, de espelho, de que me servia todos os dias para barbear-me, para vestir-me, onde tinha o costume de olhar-me dos pés à cabeça toda vez que lhe passava diante”.



Fig. 1 (p. 32)

Fabiana Salomão/ID/BR



Proposta

Você vai escrever um conto de terror com base no texto “O retrato oval”, de Edgar Allan Poe, supondo que ele será lido por alunos de outras classes do 8º ano.

No conto de Poe que você leu na Leitura 1, um retrato confunde e aterroriza o narrador. Outro objeto muito comum nos contos de terror é o espelho. Em seu conto, crie uma narrativa em que o narrador sinta terror diante de um espelho, como o mostrado ao lado.

Fig. 2 (p. 32)

Envision/Corbis/Latinstock



Planejamento e elaboração do texto

1. Você deve criar duas histórias, como em “O retrato oval”: a história em que o narrador vê o espelho e uma história remota e aterradora, relacionada aos antigos donos desse espelho.

O narrador deve ser em primeira pessoa. Planeje os demais elementos respondendo às questões do esquema da página seguinte no caderno.



Página 33

Narrador Em primeira pessoa.

Espaço Onde o narrador verá pela primeira vez o espelho?
Onde se passará a história envolvendo os antigos donos do espelho?

Tempo Quando/em que momento do dia o narrador se assustará ao ver o espelho?
Quando se passaram os fatos mais antigos?

Personagens Há outras personagens além do narrador?
Quem viveu a história relacionada ao espelho?

ID/BR


2. Defina o enredo.

a) Que situação levará o narrador ao local onde está o espelho?

b) Que sequência de ações o levará a ver o espelho?

c) Como ele reagirá a essa visão?

d) De que forma o narrador ficará conhecendo a história vivida pelos primeiros donos do espelho? Ele lerá essa história em algum lugar? Alguém lhe contará?

e) Qual será a história assustadora? Como terminará?



3. Veja algumas possibilidades para criar suspense e atrair a atenção dos leitores para o mistério do conto.

a) Descreva um ambiente sombrio e antigo, no qual o leitor acredite que possam ocorrer fatos assustadores.

b) Estenda-se na descrição de certos detalhes: explique como eram os cheiros, os sons e as cores nesse lugar.

c) Anuncie o momento em que o narrador vê o espelho, mas não conte o fato logo em seguida, ou não o conte de uma vez só.

d) Deixe os leitores na dúvida: O narrador tinha plena consciência da realidade? Ele deixou-se levar por um instante de loucura? O narrador sofria de alguma insanidade mental?

Fig. 1 (p. 33)

Fabiana Salomão/ID/BR



4. Dê um título para o conto.

5. Se preferir, escolha uma imagem que ilustre o seu conto de terror. Imprima da internet, recorte de revistas, etc., ou desenhe uma.

Avaliação e reescrita do texto

1. Troque seu conto com o de um colega e avalie a produção dele de acordo com o quadro a seguir, que deve ser copiado e preenchido no caderno.




Sim

Não

A história tem narrador em primeira pessoa?







Há duas histórias: A história em que o narrador se sobressalta ao ver o espelho e a história vivida pelos antigos donos do espelho?







O espaço e o tempo são adequados a um conto de terror?







O suspense do conto mantém a atenção dos leitores?







ID/BR

2. Mostre ao colega sua avaliação e leia a que ele fez de seu conto. Reescreva o que for necessário e entregue o texto ao professor.

Página 34

REFLEXÃO LINGUÍSTICA

Revisão: o verbo e seus complementos

1. Leia a tira.

Fig. 1 (p. 34)

Dik Browne. O melhor de Hagar, o Horrível. Porto Alegre: L&PM, 2010. v. 1.

Dik Browne © 1982 King Features Syndicate, Inc./Ipress

Q1: VOCÊ NÃO É COMO OS OUTROS MENINOS VIKINGS.

Q2: VOCÊ É GENTIL... EDUCADO... POLIDO

Q3: MAS GOSTO DE VOCÊ ASSIM MESMO!

a) Que características os meninos vikings parecem ter geralmente?

Parecem ser rudes, mal-educados.

b) Qual a função do verbo ser nos dois primeiros quadrinhos?

Ligar o sujeito a suas características.

c) Observe o verbo gostar. Que palavras completam o sentido dele?

De você.


Os verbos têm funções diferentes nas orações. Em algumas situações, eles ligam a característica ao sujeito. Em outras, eles expressam ações e podem precisar de complemento ou não. Na tira, o verbo ser é um verbo de ligação, e o verbo gostar, transitivo.

2. Releia este trecho do texto “O retrato oval”.

Por muito – muito tempo eu li – e concentrado, absorto, eu contemplava. As horas passaram céleres e agradáveis até que a meia-noite escura se instaurou. A posição do candelabro aborrecia-me e, preferindo fazer um esforço a importunar meu criado, que dormia, estiquei o braço e ajustei-o de modo a obter mais luz sobre o livro.

a) Identifique entre os verbos destacados aqueles que são intransitivos.

Verbos intransitivos: li, contemplava, dormia.

b) Aponte entre os verbos destacados os que são transitivos e classifique-os em transitivo direto e transitivo indireto, indicando seus objetos.

2b. Transitivos diretos: importunar (meu criado), estiquei (o braço); ajustei (o); obter (mais luz sobre o livro). Transitivo indireto: aborrecia (me = a mim).

Os verbos importunar e esticar são transitivos, pois precisam de complemento para integrar-lhes o sentido. A expressão meu criado completa o sentido do verbo importunar, sem auxílio de preposição. O termo me completa o sentido do verbo aborrecer, com auxílio da preposição implícita a (equivale a dizer a mim).

O verbo passar é um verbo de ligação que une o sujeito As horas com o complemento céleres e agradáveis (“As horas passaram céleres e agradáveis”).



ANOTE

Os verbos transitivos necessitam de complemento para completar-lhe o sentido. Os complementos podem ser ligados diretamente ao verbo (objeto direto) ou por meio de uma preposição (objeto indireto).

Os verbos intransitivos têm sentido completo e não precisam de complemento verbal.

O verbo de ligação tem como função ligar um atributo (característica, estado, qualidade) ao sujeito. A palavra ou expressão que revela esse atributo recebe o nome de predicativo do sujeito.



Relacionando

Em textos literários, para evitar a repetição de objetos diretos e indiretos, usam-se frequentemente pronomes pessoais do caso oblíquo. Releia este exemplo extraído do conto “O retrato oval”: “Mas, enquanto as pálpebras permaneciam-me fechadas, vasculhei meus pensamentos em busca do motivo para fechá-las”.



Página 35

REFLEXÃO LINGUÍSTICA Na prática



Responda sempre no caderno.

1. Leia esta tira.

Fig. 1 (p. 35)

Fernando Gonsales/Acervo do artista

Fernando Gonsales. Níquel Náusea: vá pentear macacos! São Paulo: Devir, 2004. p. 42.

Q1: MEU VIDEO GAME QUEBROU!


O QUE EU FAÇO AGORA?

Q2: POR QUE VOCÊ NÃO BRINCA COM O SEU CACHORRO?


BOA!

Q3: NEM PENSAR‼ VOCÊ QUEBROU O SEU, VAI QUEBRAR O MEU!


EGOÍSTA!

a) A mãe sugeriu que o garoto fosse brincar com o cachorro. O que o leitor pode supor que o menino fará?

Sugestão: Jogar bola para o cachorro pegar, passear com o cão, etc.

b) O último quadrinho surpreende o leitor. Por que isso ocorre?

Porque o leitor provavelmente imaginava outro tipo de brincadeira.

c) Retire do primeiro quadrinho uma oração que tenha um verbo com sentido completo. Classifique-o sintaticamente.

“Meu video game quebrou.” Quebrou: verbo intransitivo.

d) Como se classifica sintaticamente o verbo brincar no segundo quadrinho da tira? Explique por que é assim classificado.

Verbo transitivo indireto. É transitivo porque é um verbo que necessita de um complemento para integrar seu sentido. É indireto porque esse complemento se liga a ele por meio de uma preposição.

e) Quais são as formas verbais presentes na fala do cachorro?

Pensar, quebrou, vai quebrar.

f) Classifique esses verbos quanto à transitividade.

Pensar: verbo intransitivo; quebrou: verbo transitivo direto; quebrar: verbo transitivo direto.

g) Observe o verbo quebrar no primeiro e no último quadrinhos. Por que o mesmo verbo tem classificações sintáticas diferentes?

Dependendo do contexto, um mesmo verbo pode ter sentido completo ou não; por isso, para classificá-lo sintaticamente é preciso observar em que situação ele está empregado.

2. Leia este fragmento.

[...]


O meu amigo mora, quer dizer, morava no apartamento aqui em cima. Eu ia lá jogar gamão com ele, a gente conversava, e ele tinha um relógio de parede que batia hora e meia-hora também. O meu pai e a minha mãe reclamavam “ô, mas que coisa mais enjoada essa bateção!” e a minha irmã me perguntava “será que o teu amigo nunca vai se esquecer de dar corda no relógio não?”

Mas cada um é de um jeito, não é? e eu gostava demais de ouvir o relógio batendo. De noite ainda mais. [...]

Pra mim, ouvir o relógio batendo era que nem ouvir o meu amigo andando. [...]

Lygia Bojunga. O meu amigo pintor. 22. ed. Rio de Janeiro: Casa Lygia Bojunga, 2004.



Acervo PNBE

Fig. 2 (p. 35)

Marcos Guilherme/ID/BR

3
6
9
12

a) Retire trechos do texto que exemplifiquem a linguagem informal.

2a. “ô, mas que coisa mais enjoada essa bateção!”; a expressão “a gente”; “se esquecer de dar corda no relógio não?”; “ouvir o relógio batendo era que nem ouvir meu amigo andando”.

b) Identifique o verbo do primeiro período do trecho e classifique-o.

Mora/morava: verbo intransitivo. Professor, explique que aqui o termo que acompanha o verbo só indica o lugar, onde ele morava.

c) Quais são os complementos verbais do verbo jogar? Classifique-os.

“Gamão”: objeto direto; “com ele”: objeto indireto.

d) Como é classificado o verbo conversar nesse fragmento?

Verbo intransitivo.

e) Retire do trecho uma oração que contenha um verbo transitivo direto e outra com um verbo transitivo indireto.

“[...] ele tinha um relógio de parede que batia hora e meia-hora também.” / “e eu gostava demais de ouvir o relógio batendo.”.

Página 36

3. Leia a tira.

Fig. 1 (p. 36)

Hagar, o Horrível, de Chris Browne.

Chris Browne © 2006 by King Features Syndicate, Inc./Intercontinental Press

DEIXE-ME ENTRAR HELGA! BÁRBAROS ESTÃO ME PERSEGUINDO E ELES JÁ ESTÃO QUASE AQUI‼!
VOCÊ VAI TER QUE ESPERAR! A CASA TÁ UMA BAGUNÇA!

a) Que informações aparecem no quadrinho que indicam a chegada dos bárbaros?

As setas.

b) Quais verbos ou locuções verbais fazem referência aos bárbaros?

Estão perseguindo; estão.

c) O verbo estar, na fala de Hagar, pode ser classificado como de ligação, transitivo ou intransitivo? Por quê?

Na locução verbal “estão me perseguindo” ele acompanha um verbo transitivo. Na frase “eles já estão quase aqui!!!”, é intransitivo.

d) Crie uma frase sobre a tira em que o verbo estar exerce a função de verbo de ligação.

Sugestão: Hagar está assustado.

e) Que termo foi usado por Helga para caracterizar a casa dela?

“Bagunça”.

f) Como esse termo pode ser classificado sintaticamente?

Predicativo do sujeito.

4. Leia uma notícia que faz parte de um conto de Edgar Allan Poe chamado “Os crimes da rua Morgue”.

[...]


Muitas pessoas têm sido interrogadas com relação a este caso extraordinário e terrível, mas nada transpirou até agora para lançar alguma luz sobre ele. Publicamos abaixo o material fornecido pelas testemunhas:

[...]


Pierre Moreau, vendedor de fumo, depôs que costumava vender pequenas quantidades de fumo e de rapé a Madame L’Espanaye, havia quase quatro anos. Nasceu na vizinhança e sempre morou ali. A vítima e sua filha moravam na casa onde seus cadáveres foram achados havia mais de seis anos. Antes o lugar era ocupado por um joalheiro, que sublocava os cômodos superiores a várias pessoas. A casa era propriedade de Madame L’Espanaye. Ela ficara insatisfeita com as ações do seu inquilino e daí mudou-se para lá, recusando-se a alugar qualquer parte. A velha senhora era caduca. A testemunha viu a filha umas cinco ou seis vezes durante esses seis anos. As duas viviam uma vida bastante retirada – tinham reputação de estar bem financeiramente.

[...]


Edgar Allan Poe. Os crimes da Rua Morgue. Em: Histórias de crime e mistério. 2. ed. São Paulo: Ática, 2002. p. 20-21.

Fig. 2 (p. 36)

Marcos Guilherme/ID/BR

CRIMES NA RUA MORGUE

a) Que termos utilizados no texto acima remetem ao universo do conto de enigma? Identifique-os e registre-os no caderno.

“Pessoas têm sido interrogadas”; “caso extraordinário e terrível”; “testemunhas”; “depôs”; “vítima”; “cadáveres”; “testemunha”.

b) Identifique e classifique o sujeito dos verbos destacados no texto.

4b. Depôs: sujeito simples (Pierre Moreau); havia (verbo impessoal): oração sem sujeito; nasceu: sujeito desinencial (ele = Pierre Moreau); moravam: sujeito composto (a vítima e sua filha); sublocava: sujeito desinencial (ele = um joalheiro); era: sujeito simples (a velha senhora).

c) Classifique os verbos destacados quanto à predicação.

Depôs: VTD; havia: VI; nasceu: VI; moravam: VI; sublocava: VTDI; era: VL.

d) Encontre no trecho um predicativo do sujeito.

“Caduca”.

Página 37

LÍNGUA VIVA

Responda sempre no caderno.

A transitividade verbal e a precisão da informação

1. Leia o texto abaixo, de autoria de Millôr Fernandes.

A vaguidão específica

– Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.

– Junto com as outras?

– Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do outro dia.

– Sim senhora. Olha, o homem está aí.

– Aquele de quando choveu?

– Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.

– Que é que você disse a ele?

– Eu disse pra ele continuar.

– Ele já começou?

– Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde quisesse.

– É bom?


– Mais ou menos. O outro parece mais capaz.

– Você trouxe tudo pra cima?

– Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe porque a senhora recomendou para deixar até a véspera.

– Mas traga, traga. Na ocasião nós descemos tudo de novo. É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na outra noite.

– Está bem, vou ver como.

Millôr Fernandes. Trinta anos de mim mesmo. Rio de Janeiro: Desiderata, 2006.



Fig. 1 (p. 37)

Marcos Guilherme/ID/BR

a) Quem, provavelmente, são as pessoas que estão conversando?

Parecem ser uma dona de casa e a empregada.

b) Sobre o que elas parecem falar?

Sobre as tarefas cotidianas de uma casa.

c) Apesar de o diálogo não ser preciso, há uma comunicação entre elas. Por que isso ocorre?

Porque elas estão se referindo a um universo conhecido delas. Cada uma sabe a respeito do que a outra fala.



2. Releia o primeiro parágrafo do texto.

– Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.

Na frase, o verbo pôr está acompanhado por complementos. Por que, então, o enunciado soa tão esvaziado de sentido?

2. Porque tanto o objeto direto (isso) quanto o adjunto adverbial de lugar (lá fora em qualquer parte) são inespecíficos, indefinidos. Apenas alguém que esteja no contexto da conversação pode lhes atribuir sentido.



3. Nos outros parágrafos, também há palavras que contribuem para a imprecisão da informação. Copie duas delas e justifique sua escolha.

3. Sugestões: “– [...] Senão pode vir alguém e querer fazer coisa com elas.”; “– Você trouxe tudo pra cima?”; “– Não senhora, só trouxe as coisas.” As palavras alguém, tudo, coisa(s) não especificam a que se referem. Só é possível entender seus sentidos pelo contexto.



4. O texto que você leu simula uma conversa informal. Que relação se pode fazer entre a falta de precisão do texto e o fato de ele imitar a fala?

4. Na linguagem oral, em situações informais, muitas vezes não precisamos falar com muita exatidão, pois o contexto complementa as informações que não foram ditas.



5. O título “A vaguidão específica” é adequado ao texto? Justifique.

5. Sim. O texto é exatamente um diálogo entre pessoas que fazem referências vagas aos objetos em questão, mas se entendem perfeitamente bem. Vaguidão diz respeito ao teor vago da conversa; específica, por se tratar de um universo determinado.



ANOTE

Na oralidade, os complementos verbais podem ser selecionados com bastante liberdade, uma vez que sua compreensão é facilitada pelo contexto de interação. Na escrita, a seleção semântica adequada dos objetos direto e indireto é importante para a precisão da informação.



Página 38

QUESTÕES DA ESCRITA

Responda sempre no caderno.

Vírgula entre os termos da oração

1. Leia a tira.

Fig. 1 (p. 38)

Jim Davis © 1978 Paws, Inc. All Rights Reserved/Dist. by Atlantic Syndication/Universal Press Syndicate

Jim Davis. Garfield em grande forma. Porto Alegre: L&PM, 2006. p. 55.

Q1: OS GATOS SÃO MAIS MEIGOS!


MAS UM CÃO É MELHOR PARA NOS PROTEGER.

Q2:


Q3: DETESTO VER UM HOMEM CHORANDO.

a) Por que o amigo de Jon está chorando?

1a. O amigo acreditava que um cão protegia muito mais as pessoas do que um gato; porém, Garfield demonstrou o contrário, ao correr atrás do cão de Jon.

b) Observe as frases da tira. Quais foram as pontuações utilizadas?

1b. Ponto de exclamação e pontos-finais.

c) A vírgula pode ser usada nessas frases? Por quê?

1c. Não, porque não se separa com vírgula o sujeito de seu predicado, nem o verbo de seus complementos.

Não se usa vírgula entre o sujeito e o predicado, mesmo quando o sujeito é longo ou está depois do verbo. Isso também acontece entre o verbo de ligação e o predicativo do sujeito e os verbos transitivos e seus complementos.



ANOTE

Não se emprega a vírgula entre os termos essenciais da oração: sujeito + predicado. Também não se emprega a vírgula entre o verbo e seus complementos.

Veja agora situações em que o uso da vírgula é obrigatório.



Berna, 21 de abril de 1946.
Helena, Fernando, Paulo, Oto,
Berna,
nome de lugar
21 de abril de 1946.
data
Helena, Fernando, Paulo, Oto, vocativos

esta carta em conjunto parece discurso – é que eu desejaria contar a cada um de vocês um pouco da viagem e acabaria no artifício de não repetir fatos ou palavras... [...]

Clarice

Fernando Sabino; Clarice Lispector. Cartas perto do coração. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.



Ao colocar a cidade e a data na carta, a autora fez uso da vírgula. Portanto, emprega-se vírgula para isolar nomes de lugar, quando antepostos à data.

Observe também que todos os destinatários da carta, chamados de vocativos, foram separados por vírgula. Logo, emprega-se vírgula para isolar o vocativo do restante da frase.

Leia a frase.

O meu tio trabalha, quer dizer, trabalhava na rua de trás.


quer dizer expressão explicativa

Expressões explicativas, como quer dizer, por exemplo, isto é, ou seja, ou melhor, etc., devem vir sempre isoladas por vírgula.



Página 39

Observe outro exemplo de uso da vírgula.



O advogado, o réu, o promotor, os jurados e o público levantaram-se diante do juiz.
O advogado, o réu, o promotor, os jurados e o público sujeito composto

Na oração acima, o sujeito composto apresenta cinco núcleos. Para separar esses elementos que têm a mesma função sintática na oração, empregamos a vírgula.



ANOTE

Emprega-se a vírgula para separar nomes de lugar, quando vêm antepostos a datas; para separar palavras que têm a mesma função sintática na oração; para isolar expressões explicativas.



2. Nos trechos abaixo, foram retiradas, propositadamente, algumas vírgulas. Transcreva-os e coloque a vírgula, se necessário. Justifique o uso.

a) Era uma vez uma família de ursos: o Pai Urso a Mãe Urso e o Pequeno Urso. Os três viviam no meio da floresta, em uma bela casinha.

Era uma vez uma família de ursos: o Pai Urso, a Mãe Urso e o Pequeno Urso. Separar palavras com a mesma função sintática.

b) Manaus 7 de abril de 2008.

Manaus, 7 de abril de 2008. Para isolar nomes de lugar, quando antepostos à data.

Entreletras

Desvendando o mistério

1. Leia a notícia a seguir.

Recuperadas: as pinturas O Grito e Madonna, as mais famosas do expressionista norueguês Edvard Munch. As obras foram roubadas em 2004 do Museu Munch, em Oslo. Juntas, valem 100 milhões de dólares.

A polícia norueguesa não revelou como as localizou. [...]

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