Português 8º ano

. Acesso em: 28 maio 2015.

O autor

O baiano Alfredo de Freitas Dias Gomes (1922-1999) revelou seu talento para a dramaturgia aos 15 anos de idade, quando escreveu A comédia dos moralistas. O auge de sua carreira deu-se em 1960, com O pagador de promessas. Escreveu também romances, roteiros para programas de rádio, novelas e seriados televisivos, dentre os quais se destacam Roque Santeiro e O bem-amado. Seus textos costumam abordar questões políticas e sociais. Dias Gomes ocupou a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras.

O texto

O pagador de promessas apresenta a história de Zé-do-burro, um homem simples que vive com sua mulher em uma pequena propriedade rural. Seu burro Nicolau é atingido por uma árvore, em um dia de tempestade, e Zé promete doar parte de sua terra e levar uma cruz até a igreja de Santa Bárbara, caso o animal se salve. Quando isso acontece, ele se empenha em pagar a promessa, indo a pé até Salvador carregando a pesada cruz de madeira. Porém, Zé enfrenta a irredutibilidade do padre, que não permite sua entrada na igreja pelo fato de o beneficiário ser um animal e por a promessa ter sido feita em um terreiro de candomblé.

Antes de ler

• Apresente para os alunos breves informações biográficas sobre o autor, comentando a importância de seu trabalho para a dramaturgia brasileira, tanto no teatro quanto na televisão.

• Solicite-lhes que façam antecipações com base no título e nos conhecimentos prévios sobre o gênero: qual é o objetivo do texto e do que ele tratará?

• Leia com eles o início do texto, até o subtítulo “Primeiro ato”. Comente que os elementos apresentados são marcas do gênero que orientam a leitura, pois apresentam informações importantes para a contextualização do enredo: quantas e quais são as personagens, o local e a época em que se passa a história.

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Durante a leitura

• Solicite aos alunos que observem a estrutura do texto. Há trechos descritivos ou narrativos? Apenas diálogos? Outro tipo de comentário?

• Peça a eles que procurem identificar trechos em que se fazem indicações para os atores e demais profissionais envolvidos com a montagem da peça: diretor, cenógrafos, iluminadores, etc.

• Chame a atenção para o tempo e para o espaço da história: tudo se passa em um dia e em um único local.

Depois de ler

• Comente a estrutura do texto, destacando os diálogos (falas) e as rubricas, cuja finalidade é orientar o ator sobre o tipo de movimento que deve fazer (“Aponta para a cruz”); a expressão facial (“Apura a vista”); ou comportamento (“Como se tivesse sido surpreendido em falta”).

• Apresente as características do gênero e as partes em que se divide um texto dramático: atos, quadros e cenas. Esses elementos serão estudados mais adiante.

• O texto pode ser lido em voz alta para a classe. Escolha quatro alunos para representar os papéis.

• Na hora da leitura oral, lembre os alunos que eles não precisam representar. Basta prestar atenção ao modo como as personagens se expressam.

Atividades de ampliação

• Selecione um trecho do filme O pagador de promessas para ver com os alunos. Antes, pergunte-lhes como imaginam o cenário da história e as características físicas das personagens. Oriente-os a fazer anotações em uma folha de papel. Destaque que o texto dramático apresenta, principalmente nas rubricas, elementos que tornam possível ao leitor imaginar cada cena. Após assistir a um trecho do filme, peça-lhes que comparem a cena vista com o que haviam imaginado.

• O pagador de promessas. Direção: Anselmo Duarte. Brasil, 1960.

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• Ainda que o trecho escolhido para leitura apresente elementos cômicos, é importante destacar que O pagador de promessas não é uma comédia, mas, sim, um drama. A história trata da persistência de um homem simples em cumprir sua promessa, a despeito das dificuldades que se apresentam. Apresente a seus alunos as informações sobre o texto fornecidas nesta página do Manual.

• No item 2c, observe que o ato de retardar a revelação sobre o beneficiário da promessa cria uma ambiguidade que torna o texto um tanto cômico. Esse recurso é muito utilizado em comédias.

• Na questão 2e, espera-se que os alunos respondam que a reação do padre não será positiva e que ele se surpreenderá.

• Ao abordar a questão 1 de Elementos do texto dramático, reforce o fato de que, pela ausência da narração, as características psicológicas das personagens e suas relações interpessoais (a humildade de Zé-do-Burro e a intransigência do padre) são evidenciadas apenas pelas falas e rubricas.

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• Ao apresentar o primeiro boxe Anote, comente que no trecho lido há um curto monólogo da Beata, seguido pela utilização exclusiva da técnica do diálogo. Peça aos alunos que identifiquem os trechos de monólogo e os de diálogo no trecho lido. Peça-lhes também que procurem identificar algum aparte.

• Na questão 2b, solicite aos alunos que voltem ao texto e destaquem as expressões que deixam subentendidas as ações anteriores. Ajude-os a construir essas inferências.

• Na questão 4b, evidencie que as rubricas costumam indicar aos atores o que e como fazer. O que fazer é expresso pelo verbo e seus complementos, e como fazer, por advérbios e adjetivos.

Vale a pena destacar

• A subdivisão em quadros e cenas remonta ao modelo clássico de teatro, desenvolvido na Grécia Antiga. Trata-se de um atributo do gênero que ainda é utilizado pelo teatro moderno. Entretanto, nem todas as características do teatro clássico grego se perpetuaram, a exemplo do coro. Ele era formado por personagens que, agrupadas, teciam comentários sobre o desenrolar dos acontecimentos, numa espécie de intervenção em apoio ou reprovação à conduta de determinadas personagens.

Sugestão para o professor

Para ler

• FEIST, H. Pequena viagem pelo mundo do teatro. São Paulo: Moderna, 2008.
Nesse livro, a autora apresenta os autores mais significativos da história do teatro ocidental. Mostra alguns edifícios usados para apresentações teatrais ao longo dos séculos e um pouco de cada etapa necessária para a criação de um espetáculo. Professor, esta pode ser também uma sugestão de leitura complementar para seus alunos.

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• Na questão 1 de O contexto de produção, destaque que nas peças de Dias Gomes são frequentes personagens comuns do cotidiano — como Zé-do-Burro, homem humilde, cujo nome vincula-o ao afeto que tem por seu animal — e personagens-tipo, isto é, personagens estereotipadas que representam modelos sociais típicos da cultura local — como

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a Beata e o Sacristão, identificados por uma característica e não por seus nomes.

• Na questão 2, mostre aos alunos que a representação teatral é produto de um trabalho em equipe e que o texto dramático comunica-se com esses diversos agentes, dando-lhes orientações nas rubricas.

• Ao responder à questão 2b, é possível que os alunos deem respostas como “a pessoa que cuida do som”, “a pessoa que desenha as fantasias”, “a pessoa que faz o cenário”. Aproveite para apresentar o vocabulário específico da área: diretor, produtor, sonoplasta, maquiador, figurino, figurinista, cenógrafo, coreógrafo, etc. Se necessário, no site