. Acesso em: 9 mar. 2016.
Além de todas as seções destacadas, que constituem a estrutura básica do blog, devemos observar que os blogs pessoais frequentemente fazem uso de imagens (fotos, ilustrações, etc.), sons e vídeos. As imagens costumam ser associadas ao texto de um post para ilustrar algo nele tematizado.
Linguagem
O primeiro aspecto a ser destacado com relação ao contexto linguístico criado nos blogs pessoais é o fato de que seus autores têm total liberdade no uso da linguagem, que pode chegar a ser extremamente informal. Isso se deve, em parte, à relação direta e descontraída estabelecida com os leitores (reais ou hipotéticos) pelo blogueiro. Observe o trecho abaixo, extraído do texto 3, da abertura, em que a autora se dirige explicitamente a seus leitores.
“(fregueses que olham a página de eventos da livraria na internet antes de pedir informações: amamos vocês)”
Outra importante característica dos textos de blogs pessoais é o fato de o blogueiro frequentemente deixar claro quem é responsável pelos posts e pelas opiniões neles emitidas. Observe o texto a seguir.
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Antes de mais nada, deixemos uma coisa clara: meus textos não são imparciais. No blog onde publico esse texto tem uma foto minha e meu nome no topo. O endereço do blog contém meu nome e sobrenome. Todos os textos aqui são meus e assino embaixo, representam minha opinião e não tenho nenhuma intenção de ser imparcial.
Na vida você é obrigado a tomar partido. Não dá para ser neutro: ficar em cima do muro é uma decisão consciente de apoiar que as coisas não mudem.
QUINTEIRO, Diego. Comunista que joga videogame. DIEGOQUINTEIRO: pensamentos, ideias e bobagens. Disponível em: . Acesso em: 9 mar. 2016. (Fragmento).
Como o blog pessoal é um espaço criado, definido e mantido por um autor, é ele quem determina o grau de formalidade da linguagem com que os textos são escritos e se vai, ou não, estabelecer uma interlocução direta com seus eventuais leitores. Como destacou Diego Quinteiro, os posts de um blogueiro são de sua inteira responsabilidade.
O mesmo não é verdade no caso de blogs jornalísticos, por exemplo. Nesse caso, o leitor tem a expectativa de encontrar publicados textos que adotem um maior grau de formalidade, porque a finalidade do blog é informar/opinar. Não se trata mais de um espaço organizado a partir de uma perspectiva marcadamente pessoal, como é o caso dos blogs pessoais, que, como vimos, são verdadeiros diários virtuais.
Diário virtual: produção coletiva de blog pessoal
1. Pesquisa e análise de dados
Durante séculos, a escrita de um diário foi o espaço encontrado por muitos jovens para registrarem seus momentos de dúvida, de alegria, de angústia, de revolta. Tratava-se, porém, de uma escrita privada. Hoje, a tendência dos jovens que buscam um espaço de expressão de seus sentimentos tem sido a de compartilhá-los em blogs pessoais ou redes sociais.
Após tomar contato com os desafios enfrentados por alguém que vive em um contexto de guerra (imigrantes sírios refugiados no Brasil, por exemplo), converse com seus colegas sobre a possibilidade de reconhecer, na realidade brasileira, situações que desencadeiam, em vocês, sentimentos semelhantes aos de jovens que vivem em zonas de conflito.
Criem um blog coletivo no qual irão relatar e comentar experiências pessoais, positivas ou negativas, associadas a situações que revelam a realidade de desigualdades da sociedade brasileira.
A tarefa de cada um de vocês será criar um post para esse blog. Lembrem-se de escolher para o blog um nome que traduza para o leitor (outros adolescentes como vocês) a finalidade desse diário virtual.
Vocês devem, ainda, produzir um texto coletivo de apresentação do blog.
Instruções
>> Escolham uma plataforma virtual gratuita para hospedar o blog. As mais conhecidas são WordPress e Blogger.
>> Criem o nome do blog e, se julgarem interessante, escolham uma imagem para identificá-lo.
>> O primeiro texto postado deve ser o que apresenta o blog.
>> Cada post deverá ter entre 15 e 25 linhas.
2. Elaboração
>> Conversem sobre os blogs que vocês costumam ler. Se nunca tiveram a oportunidade de ler blogs pessoais, é interessante que façam isso antes de começarem a escrever.
>> Lembrem-se de que o grau de formalidade da linguagem é determinado pelo autor do blog. Decidam se vocês desejam fazer um uso mais ou menos formal da linguagem.
>> Com relação aos posts:
• Na hora de relatar e comentar a experiência escolhida, não se esqueçam de levar em consideração o perfil de leitor a quem o texto se dirige.
• Avaliem se algum recurso iconográfico, sonoro ou de vídeo deve acompanhar o texto criado para o blog.
• Lembrem que os textos postados devem ter títulos e receber, no final, a assinatura do autor.
3. Reescrita do texto
Escolha um colega para ler o seu post. Você também deverá ler o texto escrito por ele. Como todos os textos farão parte de um mesmo blog, é importante garantir que a experiência neles relatada e comentada não seja repetida e que de fato ilustre uma situação de desigualdade social. Avalie esses dois aspectos no texto de seu colega e faça sugestões para resolver eventuais problemas identificados. Considere, ainda, se o grau de formalidade da linguagem está adequado ao que foi combinado entre todos. Com base nos comentários e sugestões, todos vocês devem reescrever os textos.
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Capítulo 29 Notícia
Leitura
Hoje vivemos na era da informação. Diariamente somos bombardeados, pela televisão, pela internet, por jornais e revistas, com notícias que nos dão conta de acontecimentos importantes (e não tão importantes) ocorridos a cada instante nos quatro cantos do mundo. O texto a seguir ilustra um momento do passado recente em que os jornais escritos eram um dos espaços mais procurados pelas pessoas para a obtenção de informações sobre o que se passava no mundo.
A Lua no bolso
Noticiário elaborado com telegramas da AP, UPI e AFP
Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31 segundos (hora de Brasília), o comandante Neil A. Armstrong tocou o solo da Lua, descendo pela cabine do módulo lunar, 6h38 depois de ter pousado na superfície do satélite natural da Terra. “A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h39. Um minuto depois o astronauta vislumbrava diretamente a superfície da Lua. Lentamente, com movimentos extremamente seguros, começou a descer a escadinha do módulo, pisando sempre com o pé esquerdo. Quando alcançou o segundo degrau a televisão começou a transmitir diretamente da Lua para a Terra, focalizando perfeitamente o astronauta. Já sobre o solo lunar, Armstrong afastou-se do módulo e começou a executar suas primeiras tarefas, tornando realidade um sonho milenar do homem. [...]
Durante a descida, puxando um anel na fuselagem do módulo, Armstrong ligou uma câmera de televisão que transmitiu seu primeiro passo na Lua para a Terra.
Armstrong disse ainda que “a superfície da Lua é fina e poeirenta, como carvão em pó sob meus pés. Posso ver as pegadas que minhas botas deixam nas finas partículas”. Comunicou que recolheu a primeira amostra e disse: “Agora vou tentar pegar uma pedra. Isso é muito interessante. A primeira impressão é de uma superfície muito branda. Mas agora parece ter muita consistência. Tentarei agora obter outra amostra”.
Os médicos do Centro de Controle disseram que “a informação é boa e a tripulação lunar parece que vai bem”.
Nas imagens vindas da Lua podia-se ver como pano de fundo o escuro do espaço e luminosamente branca — em contraste — a superfície da Lua sobre a qual a imagem de Armstrong parecia um tanto difusa em branco e preto.
Caminhava como alguém que carrega um grande peso às costas.
“É algo parecido com o deserto no Oeste dos Estados Unidos. Mas é muito bonito aqui fora”, acrescentou Armstrong.
Disse que “estou achando difícil inclinar-me”, referindo-se aos movimentos que precisava fazer para apanhar as amostras, as quais começou a descrever.
“Olhando para cima, para o módulo, eu estou diretamente na sombra. Agora estou vendo Buzz (Aldrin) nas janelas. Posso ver tudo muito claro”, disse Armstrong ao primeiro minuto do dia 21, hora de Brasília.
Depois à zero e 16 minutos, Edwin Aldrin também desceu à superfície lunar.
Antes de Aldrin descer, Armstrong fez uma rápida revisão visual no módulo, declarando que estava dando para ver tudo com clareza.
“Ok, Buzz, você está pronto para descer?”, perguntou Armstrong. Aldrin, em resposta, começou a descer vagarosamente a escada. “Precisamos tomar cuidado e inclinar-nos na direção em que queremos ir”, disse um dos astronautas para o outro. “Principalmente se você quer cruzar os pés.” Às vezes eles pareciam estar realizando exercícios físicos, especialmente com os braços. “Não se afunda mais que poucos centímetros quando se caminha”, acrescentou Aldrin. Os dois se comunicavam pelo rádio, pois com seus capacetes e trajes espaciais selados não poderiam conversar doutra forma. Houve problemas de falta de foco com a câmara e certas interrupções.
Folha de S.Paulo. São Paulo, 21 jul. 1969. In: KAUFFMANN, Carlos; MOTA, Vinícius. Primeira página: Folha de S.Paulo. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 113. (Fragmento adaptado).
AP: Associated Press.
UPI: United Press International.
AFP: Agence France-Presse.
NEIL ARMSTRONG/CORBIS/LATINSTOCK
Buzz Aldrin caminha na superfície lunar. Missão Apollo 11, 20 jul. 1969.
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Análise
1. O texto da página anterior foi escrito para cumprir uma finalidade específica. Qual é ela?
> Como essa finalidade é alcançada?
2. O título do texto — “A Lua no bolso” — pode ser interpretado literalmente? Explique.
> Que relação de sentido pode ser estabelecida entre o título e o texto?
3. Releia o trecho abaixo para responder à questão.
Exatamente às 23 horas, 56 minutos e 31 segundos (hora de Brasília), o comandante Neil A. Armstrong tocou o solo da Lua, descendo pela cabine do módulo lunar, 6h38 depois de ter pousado na superfície do satélite natural da Terra. “A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h39. Um minuto depois o astronauta vislumbrava diretamente a superfície da Lua. Lentamente, com movimentos extremamente seguros, começou a descer a escadinha do módulo, pisando sempre com o pé esquerdo. Quando alcançou o segundo degrau a televisão começou a transmitir diretamente da Lua para a Terra, focalizando perfeitamente o astronauta. Já sobre o solo lunar, Armstrong afastou-se do módulo e começou a executar suas primeiras tarefas, tornando realidade um sonho milenar do homem.
> O autor do texto “A Lua no bolso” tomou o cuidado de oferecer, no primeiro parágrafo, uma série de informações que permitissem ao leitor responder a algumas perguntas: o quê?, quem?, quando?, como?, onde?, por quê?. No caderno, transcreva do texto as respostas para tais perguntas.
4. Agora, compare as informações apresentadas no primeiro parágrafo ao tipo de informação que consta dos parágrafos seguintes.
> Podemos afirmar que elas cumprem funções diferentes. Por quê?
5. As aspas foram utilizadas com frequência ao longo do texto. Observe as seguintes passagens:
“A porta está se abrindo”, disse Armstrong às 23h39.
Armstrong disse ainda que “a superfície da Lua é fina e poeirenta, como carvão em pó sob meus pés. Posso ver as pegadas que minhas botas deixam nas finas partículas”.
“É algo parecido com o deserto no Oeste dos Estados Unidos. Mas é muito bonito aqui fora”, acrescentou Armstrong.
“Olhando para cima, para o módulo, eu estou diretamente na sombra. Agora estou vendo Buzz (Aldrin) nas janelas. Posso ver tudo muito claro”, disse Armstrong ao primeiro minuto do dia 21, hora de Brasília.
> Analise o uso das aspas nas passagens acima. Pode-se afirmar que, em todos os casos, elas foram utilizadas para atribuir a autoria de uma opinião ao astronauta Neil Armstrong? Explique.
6. Em alguns momentos, podemos identificar passagens descritivas no texto. A primeira delas aparece já no primeiro parágrafo. Qual é a importância da descrição em uma notícia como essa?
De olho no filme
“Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade”
Em 1960, ao tomar posse como presidente dos Estados Unidos, John Kennedy prometeu: “Dentro de dez anos um americano estará pisando na Lua”. Era a resposta ao desafio lançado pelos soviéticos em 1957 com o primeiro satélite artificial, o Sputnik. Mas o próximo passo na maratona espacial seria dos soviéticos: Yuri Gagarin foi o primeiro homem a chegar ao espaço (1961). Quando viu pela primeira vez seu planeta natal, disse a famosa frase: “A Terra é azul!”.
Esse filme conta a história dos primeiros sete astronautas escolhidos para voar nas espaçonaves americanas.
Cartaz do filme Os eleitos, de Philip Kaufman. EUA, 1983.
REPRODUÇÃO
Notícia: definição e usos (a)
Jornais, revistas, rádio, televisão, internet. Por todos os lados, estamos cercados de notícias transmitidas das mais diversas formas. Com o avanço de várias tecnologias de comunicação, esse gênero tornou-se parte integrante da vida cotidiana.
Tome nota
A notícia é um gênero discursivo que apresenta o registro de fatos de interesse geral, sem que a opinião de quem a escreve a respeito dos acontecimentos seja explicitada. Sua finalidade é informar, por meio de um relato, as circunstâncias em que ocorreram os fatos registrados. Toda notícia apresenta os fatos a partir de uma perspectiva determinada pelo olhar de quem a escreve, pela orientação do jornal ou revista e pelo público-alvo da publicação.
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A definição deixa clara a finalidade da notícia: informar por meio do relato de fatos. Porém, não é qualquer tipo de informação ou acontecimento que vira notícia. Como o objetivo da notícia, no contexto jornalístico, é transmitir informação a um grande número de pessoas, torna-se necessário definir que acontecimentos merecem virar “notícia”.
O critério adotado é o da relevância. Por um lado, fatos que afetam aspectos da vida política, econômica, social ou cultural de um país são naturalmente considerados acontecimentos a serem noticiados. Por outro, uma ocorrência familiar cotidiana, pessoal, particular, embora possa até ser importante o suficiente para ser relatada a parentes e conhecidos, não é registrada em uma notícia, porque não apresenta relevância para as pessoas em geral.
Contexto de circulação
Durante séculos, os jornais impressos eram o único meio regular de divulgação de notícias. Com o avanço das tecnologias de transmissão de informação (rádio, televisão, internet), o contexto de circulação das notícias foi radicalmente alterado.
Um exemplo ilustra bem essa transformação. Em 11 de setembro de 2001, quando terroristas lançaram aviões contra alvos americanos, derrubando as Torres Gêmeas, em Nova York, destruindo parte do prédio do Pentágono, em Washington DC, e matando milhares de pessoas, a opinião pública acompanhou, pelas telas de computador e televisão, os dramáticos acontecimentos. Portais de notícias da internet eram atualizados minuto a minuto para transmitir com maior fidelidade o que acontecia nos Estados Unidos.
Jornais impressos não teriam condições de levar as notícias a milhões de pessoas em todo o mundo à medida que os fatos iam acontecendo.
Essa constatação nos obriga a concluir algo importante: a depender do meio em que circulam as notícias, elas assumem configurações diferentes. Uma notícia redigida para ser postada em um portal da internet provavelmente contará com menos informações do que a notícia equivalente que será publicada na edição de um jornal no dia seguinte. Isso ocorre porque, com a necessidade de informar os fatos no exato instante em que acontecem, os portais da internet não têm como garantir o tempo necessário para a apuração mais minuciosa dos detalhes do fato noticiado.
É comum, inclusive, algumas das notícias veiculadas nesses portais serem atualizadas ao longo do dia, para acréscimo de detalhes e correção das informações iniciais que se mostram inexatas.
Os jornais impressos não enfrentam essas dificuldades, porque dispõem de mais tempo e podem, assim, trazer informações mais completas e bem elaboradas.
• Os leitores das notícias
Como vimos no Capítulo 23 (A interlocução e o contexto), o perfil dos leitores costuma ser definido pela natureza da publicação. Jornais, de modo geral, trabalham com um perfil de interlocutor universal, porque são dirigidos a um público leitor muito amplo. Seções mais gerais, que tratam dos acontecimentos mais importantes no país e no mundo, são lidas por adultos e adolescentes, homens e mulheres, pessoas de diferentes classes sociais. Por esse motivo, torna-se difícil definir um perfil de interlocutor muito específico para os textos que compõem tais seções.
Isso não significa, porém, que não haja, no interior dos jornais, seções voltadas para leitores com características mais específicas. Os cadernos de esporte e economia, por exemplo, contarão com leitores interessados particularmente em tais assuntos. Nesse sentido, o perfil dos leitores das notícias será variável e corresponderá às diferentes seções especializadas de um jornal ou de um site.
Também precisamos considerar que há jornais destinados a um público com perfil bem específico. São os chamados jornais populares. Nesse caso, a imagem do público-alvo é feita com base em dados estatísticos referentes à renda média dos leitores.
Destinados a pessoas de baixa renda, os jornais populares são publicações mais baratas que se especializam em notícias sensacionalistas. Tratam de assuntos relacionados ao cotidiano, explorando o sentimento e a subjetividade nas notícias que veiculam. Sabem que os seus leitores não se interessam prioritariamente por assuntos públicos, por isso se permitem publicar notícias que apresentam o mundo de modo personalizado, singularizando ao máximo os fatos relatados. Em lugar dos acontecimentos mais relevantes para a sociedade, abordam os casos particulares, dramáticos, apresentados em textos “apelativos”.
De olho no filme
A vitória do jornalismo investigativo
Baseado em uma história real, o filme Spotlight: segredos revelados mostra como uma equipe especial de repórteres do jornal norte-americano Boston Globe conseguiu reunir milhares de documentos e provar casos de pedofilia praticados por membros da Igreja Católica na cidade de Boston. Durante anos, líderes religiosos ocultaram o caso, simplesmente transferindo lugares em vez de puni-los por esse fato.
O filme acompanha o processo exaustivo de investigação e pesquisa dessa equipe, chamada de Spotlight, que continua a ser responsável pelas reportagens especiais do Boston Globe.
REPRODUÇÃO
Cartaz do filme Spotlight: segredos revelados, de Tom os padres para outros McCarthy. EUA, 2016.
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Estrutura
Para garantir que os leitores encontrem de modo rápido as principais informações, as notícias típicas são redigidas de acordo com uma estrutura previamente determinada.
Dessa estrutura faz parte o título, que tem a função de chamar a atenção do leitor para o que será informado naquele texto. Abaixo do título pode aparecer um subtítulo, enunciado breve que destaca o aspecto principal do que será noticiado.
A primeira parte da notícia costuma seguir a técnica da “pirâmide invertida”. As informações básicas são apresentadas no início do texto, chamado de lide ou lead. Nos outros parágrafos são desenvolvidas as informações apresentadas no lide.
O lide corresponde ao primeiro parágrafo e deve responder a algumas questões básicas: o quê?, quem?, quando?, como?, onde?, por quê? Em outras palavras: o que aconteceu, com quem aconteceu, quando aconteceu, como aconteceu, onde aconteceu e por que aconteceu.
No caso da notícia abaixo, escrita para ser publicada em uma revista (e não em um jornal), o autor optou por responder a duas perguntas do lide (como? e por quê?) no segundo parágrafo. Observe.
Homem na Lua
Título: destaque para o fato a ser informado pelo texto.
MICHAEL DUNNING/GETTY IMAGES
Passeio lunar de Neil Armstrong.
Oito vezes Armstrong repetiu a lenta e dramática dança. De costas para a paisagem da noite lunar, com as mãos seguras na escada de sua águia metálica, procurava com os pés cada degrau da histórica descida. Então veio o último lance: às 23h56min de 20 de julho de 1969, Armstrong estendeu seu pé esquerdo, apalpou cuidadosamente o chão fino e poroso, pressionou-o depois com mais força e só então deixou-se ficar de pé na Lua. O grande e grotesco vulto branco, que horas antes decidiu antecipar o primeiro passeio de um homem na Lua — deveria ser às 3h16min da manhã de 21 de julho — emocionou-se: o astronauta Armstrong era, a partir daquele instante, Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua.
Sua mão ainda se apoiou alguns instantes no módulo já vazio de atmosfera. Depois, libertou-se totalmente e deu os primeiros passos.
Na Terra, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, reunidas diante dos vídeos, segundo os cálculos da NASA, ficavam fascinadas pelo duplo milagre da descida e de suas imagens. Na Lua, um homem grande e forte experimentava, naquele instante, a sensação de pesar como uma criança: 15 quilos apenas. A Terra conquistava a Lua.
Veja, jul. 1969. In: NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo: Contexto, 2003. p. 102.
A pirâmide invertida mostra como as informações básicas se concentram no início do texto.
[Adaptação para o livro acessível: Sua base compreende completamente a primeira oração do 1º parágrafo e sua extremidade oposta compreende apenas um pequeno trecho da última oração do 2º parágrafo. Dessa forma a maior parte da pirâmide está compreendida no 1º parágrafo.]
1º parágrafo: Lide da notícia:
quem – Neil Armstrong.
o quê – primeiro homem a pisar na Lua.
quando – às 23h56min de 20 de julho de 1969.
onde – na Lua.
O restante da notícia traz outras informações sobre a chegada do homem à Lua:
como – Neil Armstrong desce do módulo lunar vazio de atmosfera, pisa no solo da Lua e faz o primeiro passeio lunar humano.
por quê – para permitir a “conquista” da Lua pela Terra (pelos seres humanos).
Embora o texto não explore os desdobramentos da chegada do homem à Lua, informa que as pessoas que acompanharam as imagens (1 bilhão e 200 milhões) estavam fascinadas pelo milagre que testemunharam. Era um momento histórico.
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De olho no livro
Jornalismo e redes digitais
O livro Jornalismo de revista em redes digitais, organizado por Graciela Natansohn e publicado pela Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba), traz uma coletânea de artigos que abordam diversos aspectos da publicação de revistas digitais, entre eles as transformações da revista ao longo da história, o desenvolvimento de interfaces para web e dispositivos móveis, a rotina profissional, os modelos de negócio e a relação com o público leitor.
Linguagem
A linguagem empregada nas notícias deve obedecer às regras do português escrito culto e costuma ser definida por frases curtas, com uma estrutura sintática básica (sujeito — predicado — complemento). Por trás dessa estrutura sintática mais simples, está o princípio de “uma frase, uma ideia”, que ajuda a garantir a clareza do texto.
É evidente que isso não significa abrir mão da qualidade da escrita nem do estilo do autor, porque são importantes fatores para capturar a atenção do leitor.
Observe o início da notícia da descida do astronauta Neil Armstrong na Lua.
Oito vezes Armstrong repetiu a lenta e dramática dança. De costas para a paisagem da noite lunar, com as mãos seguras na escada de sua águia metálica, procurava com os pés cada degrau da histórica descida. Então veio o último lance: às 23h56min de 20 de julho de 1969, Armstrong estendeu seu pé esquerdo, apalpou cuidadosamente o chão fino e poroso, pressionou-o depois com mais força e só então deixou-se ficar de pé na Lua.
O autor do texto manteve-se fiel ao princípio do uso de frases curtas e termos simples, mas isso não o impediu de utilizar efeitos de estilo. O primeiro e mais interessante deles foi iniciar o texto com o número de vezes em que o astronauta repetiu um mesmo gesto, caracterizado metaforicamente como sua “lenta e dramática dança”.
O módulo lunar também foi apresentado por uma metáfora: “águia metálica”. Em lugar de começar desse modo, o jornalista poderia ter simplesmente escrito algo como: Neil Armstrong desceu os oito degraus do módulo lunar.
A diferença entre a abertura do texto e esta, mais objetiva, é bem grande: a primeira delas ajuda o leitor a criar uma imagem mais poética do histórico feito de Neil Armstrong; a segunda ficaria limitada a informar o que aconteceu no momento em que o astronauta americano desceu do módulo lunar.
O que pretendemos ilustrar, com essa comparação, é que um texto pode ser claro, preciso e informativo sem que, necessariamente, seu autor seja obrigado a abrir mão do seu próprio estilo.
Uma única bala na agulha
O jornalista Ricardo Noblat, responsável pela reforma editorial do Correio Braziliense, faz uma recomendação importante aos futuros jornalistas:
Vocês têm só uma bala na agulha para capturar a atenção dos leitores: as primeiras linhas de um texto. Se elas não forem capazes de despertar interesse, tchau e bênção. O que vocês escreveram não terá servido para nada. Porque, salvo engano, vocês escrevem para serem lidos. Os jornais publicam notícias, reportagens, entrevistas e artigos para serem lidos. Se não são, algo está errado.
O erro pode estar na escolha dos assuntos. Ou na qualidade dos textos. Ou nas duas coisas. Os assuntos podem ser atraentes. Se oferecidos por meio de textos medíocres, não serão lidos. Os textos podem ser gramaticalmente corretos e contar uma história com começo, meio e fim. Se não forem instigantes, bye, bye, leitores.
NOBLAT, Ricardo. A arte de fazer um jornal diário. São Paulo: Contexto, 2003. p. 100. (Fragmento).
Outro princípio a ser considerado no momento de redigir uma notícia diz respeito à emissão de opiniões. Os jornalistas evitam termos que traduzem parcialidade ou opinião, porque a finalidade da notícia é, antes de mais nada, informar. Justamente por esse motivo, em uma notícia, os adjetivos e os advérbios são em geral utilizados somente quando são indispensáveis para caracterizar um dado fato e raramente aparecem relacionados à expressão de opiniões.
De olho no filme
A notícia entre a ficção e a realidade
O filme O mercado de notícias: um documentário sobre jornalismo, de Jorge Furtado, alterna ficção e realidade, comédia e documentário, jornalismo e literatura, transitando entre a origem da imprensa e o papel contemporâneo do jornalismo brasileiro.
O espectador pode acompanhar criticamente as transformações do gênero notícia, pois esse documentário, além de incluir uma breve história da imprensa desde o seu surgimento, no século XVII, até os dias atuais, destaca seu papel na construção da opinião pública, bem como seus interesses políticos e econômicos.
REPRODUÇÃO
Cartaz do filme O mercado de notícias: um documentário sobre jornalismo, de Jorge Furtado. Brasil, 2014.
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Fatos do mundo real: produção de notícia
1. Pesquisa e análise de dados
Você foi encarregado de escrever uma notícia, com base nas informações apresentadas abaixo, para ser publicada no blog Registros de viagem, criado pelos alunos da sua turma para compartilhar fotos, notícias e relatos interessantes de viagens.
Local: praia em Taiwan
Acontecimento: funcionário de uma empresa de aviação encontra uma máquina fotográfica, dentro de uma embalagem à prova d’água, bastante danificada. O cartão de memória estava intacto.
Pessoas envolvidas no acontecimento: Douglas Cheng — funcionário da empresa de aviação Lindsay Scallan — dona da máquina fotográfica
Data da sessão de mergulho: agosto de 2007.
Data em que a câmera foi encontrada: março de 2013.
DOUGLAS CHENG/AFP
Máquina fotográfica que foi encontrada em 2013.
Informações gerais
> A norte-americana Lindsay Scallan aproveitou suas férias para ir ao Havaí.
> “Foi incrível. Não conseguia acreditar que ela tenha chegado tão longe, há tanto tempo, e que o cartão de memória ainda estivesse intacto”, disse Lindsay.
> Lindsay Scallan perdeu sua máquina fotográfica durante um mergulho noturno.
> A máquina foi encontrada em fevereiro em uma praia taiwanesa, por um funcionário de uma companhia aérea.
> “O mar estava muito agitado. Havia muita areia. Estava difícil de enxergar”, disse ela, em vídeo do site Hawaii News Now. Voltou à praia na manhã seguinte, mas não encontrou sua máquina e acabou desistindo.
> “Fiquei muito decepcionada, porque havia todas as fotos das minhas férias lá. Sem contar o custo da câmera.”
> Douglas Cheng identificou a paisagem do Havaí nas imagens do cartão de memória e entrou em contato com um jornal local pedindo ajuda para encontrar a dona.
> “Fiquei sem palavras ao saber que era a minha câmera e que todas as minhas fotos antigas estavam lá.”
> A história se espalhou pela internet e chegou aos ouvidos de um amigo de Lindsay.
> A companhia aérea ofereceu a Lindsay uma passagem para Taiwan para que ela recuperasse sua câmera. Ela recusou a oferta, pois havia acabado de começar um trabalho novo.
> A máquina percorreu 9977 km entre o Havaí e Taiwan.
Fontes: Link. Disponível em:
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