. Acesso em: 3 ago. 2012.
O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para
a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.
b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.
c) provocar a reflexão sobre essa realidade.
d) propor alternativas para solucionar esse problema.
e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.
2. (Uerj)
O direito à literatura
Chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos folclore, lenda, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das grandes civilizações. Vista deste modo a literatura aparece claramente como manifestação universal de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado. O sonho assegura durante o sono a presença indispensável deste universo, independentemente da nossa vontade. E durante a vigília a criação ficcional está presente em cada um de nós, como anedota, história em quadrinhos, noticiário policial, canção popular. Ela se manifesta desde o devaneio no ônibus até a atenção fixada na novela de televisão ou na leitura seguida de um romance. Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito. Podemos dizer que a literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. Deste modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente. Cada sociedade cria as suas manifestações ficcionais, poéticas e dramáticas de acordo com os seus impulsos, as suas crenças, os seus sentimentos, as suas normas, a fim de fortalecer em cada um a presença e atuação deles. Por isso é que nas nossas sociedades a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo.
CANDIDO, Antonio. Adaptado de Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.
Fabulação: ficção.
O autor afirma que a literatura é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade. Cite dois argumentos que ele apresenta no texto para chegar a essa conclusão.
3. (UEM-PR)
Além de ter produzido ao longo de sua história ferramentas que facilitassem sua vida, permitindo superar suas limitações físicas, o homem também criou artefatos que, aparentemente, não possuíam qualquer utilidade prática. A chamada produção artística, no entanto, não está isolada das demais atividades humanas, do modo de produção da vida de uma civilização.
A respeito da arte como uma expressão cultural indissociada do modo de vida de um povo e de uma época, é correto afirmar que
01) o ciclo da borracha, que enriqueceu as cidades do Norte do Brasil, proporcionou o desenvolvimento de uma arquitetura requintada na região.
02) uma cadeira não pode ser classificada como uma obra de arte, pois, por ser um objeto utilitário, não pode ser considerada uma expressão cultural.
04) a religião permeava toda a vida no Egito antigo. Dessa maneira, a arte egípcia, desde a escultura até a arquitetura, era orientada em função da crença religiosa.
08) durante o período em que morou no Taiti, Gauguin impressionou os habitantes das ilhas com sua pintura que reproduzia cenas da vida noturna parisiense.
16) durante o Renascimento, com seu caráter marcadamente religioso, a produção pictórica era fundamentalmente anônima, pois o artista sempre expressava o divino.
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Jogo de ideias: mesa-redonda
Nesta unidade, você viu que literatura não é apenas uma linguagem, mas também é gênero e expressão de uma época. Observou, ainda, que ela desempenha diferentes funções, uma das quais é nos ajudar a refletir sobre comportamentos e emoções humanas. É o que fazemos, por exemplo, quando lemos algumas narrativas e analisamos os feitos heroicos de uma determinada personagem.
Essa função pode ser desempenhada também por outras linguagens artísticas, como o cinema e as histórias em quadrinhos, que nos oferecem oportunidades para refletir sobre desafios, sacrifícios e valores, principalmente quando nos apresentam como modelos personagens heroicas.
Para compreender melhor como o cinema e as HQs cumprem esse papel semelhante ao da literatura, propomos que você e seus colegas, em equipe, pesquisem filmes e revistas em quadrinhos protagonizados por super-heróis, organizem uma mesa-redonda e analisem o perfil de herói dessas personagens.
Filmes como Homem de Ferro (de Jon Favreau, 2008), Capitão América (de Joe Johnston, 2011), Thor (de Kenneth Branagh, 2011) e Batman Begins (de Christopher Nolan, 2005), entre outros, seriam algumas possibilidades. Os quadrinhos do Batman, do Lanterna Verde, do Superman e do Demolidor também podem ser escolhas interessantes.
1ª etapa: preparação da mesa-redonda
> Divisão da sala em grupos. Cada grupo deverá escolher um filme ou revista em quadrinhos e identificar as características heroicas do protagonista. Ao analisar o filme e a caracterização do protagonista, o grupo pode partir das seguintes questões:
• Que tipo de ação ou que tipo de comportamento do protagonista pode ser considerado heroico? Por quê?
• Que aspectos (físicos, emocionais, sociais) o diferenciam ou o aproximam dos perfis de herói “clássico” ou “moderno”? Por quê?
2ª etapa: organização da mesa-redonda
> Composição da mesa. Cada grupo deverá escolher um representante para compor a mesa-redonda. Caberá aos representantes apresentar, em tempo estipulado previamente, breve análise do filme ou da HQ escolhido(a) pelo grupo com relação às características e aos comportamentos do herói protagonista e exemplificar tais características. Caso desejem, podem apresentar um trecho do filme ou da HQ.
> Seleção dos debatedores. O professor sorteará um integrante de cada grupo para atuar como debatedor. Durante a apresentação da análise dos filmes e HQs pelos representantes da mesa-redonda, os debatedores deverão anotar os aspectos que desejarem discutir, depois, no debate. Por exemplo, podem questionar afirmações feitas pelos colegas, complementar a análise de algum dos filmes, tirar dúvidas sobre pontos que não ficaram claros, etc.
> Sorteio do mediador. Caberá a ele apresentar os participantes (tanto os representantes quanto os debatedores), definir a ordem e o tempo de fala dos membros da mesa, assim como informar qual será o tema em discussão. Também é função do mediador orientar a plateia, antes do início das apresentações, no que se refere ao modo de participação no debate: deverão ser feitas perguntas por escrito, com identificação do(a) autor(a), e depois encaminhadas à mesa. Na hora em que for realizado o debate, o mediador deverá organizar as perguntas da plateia, antes de repassá-las para os membros da mesa após a conclusão do debate.
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LITERATURA
UNIDADE 2 Origens europeias
Foram os gregos, e depois os romanos, que lançaram as bases de toda a tradição cultural do Ocidente. Da Idade Média ao Renascimento, essa tradição gerou, na Europa, um conjunto de obras decisivo para nossa civilização. A produção artística, que se concentrava nas mãos da Igreja, sai dos mosteiros, ganha as cortes e as ruas. As cantigas, o teatro, a poesia renovam suas formas e se multiplicam nas páginas geradas pela invenção de Gutenberg.
Toda essa produção continuará inspirando o futuro das artes. Saiba, nesta unidade, como isso aconteceu.
Capítulos
6. Literatura na Idade Média, 52
7. Humanismo, 66
8. Classicismo, 76
BRIDGEMAN IMAGES/KEYSTONE BRASIL- IGREJA DE SÃO DOMÊNICO, BOLONHA
MICHELANGELO. Anjo com candelabro. 1495. Mármore.
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Diálogos literários: presente e passado
O tema do amor como sofrimento e devoção à mulher amada é constantemente revisitado e reformulado pela música popular e pela poesia contemporânea. Ele ecoa nas vozes dos artistas que se identificam com a ideia de que o amor é intensificado e valorizado pela presença de obstáculos à sua realização, o que gera sofrimento e enobrece aquele que o sente, ao mesmo tempo que acentua a perfeição daquele que é o alvo do sentimento.
Essa visão do amor, porém, não é recente. Guilherme IX, na Idade Média, deu início à longa tradição que permanece viva até hoje: o amor cortês, em que um eu lírico masculino assume uma posição suplicante e fala do sofrimento provocado pelo amor que sente por uma mulher idealizada e inacessível. No século XVI, essa tradição é retomada por Camões, que em sua poesia lírica idealiza platonicamente a mulher amada e expressa o sentimento ambíguo de dor e êxtase da contemplação amorosa. A poesia romântica, no século XIX, associa frequentemente o amor à morte: as mulheres são apresentadas como seres angelicais e inacessíveis cuja recusa amorosa provoca no eu lírico tristeza e frustração.
Antes de conhecer melhor o tratamento medieval dado ao tema do amor que inaugurou essa longa tradição literária, você verá, nesta seção, como alguns autores modernos e contemporâneos também enalteceram o amor servil e devotado a uma mulher colocada numa posição superior.
EDMUND BLAIR LEIGHTON - COLEÇÃO PARTICULAR
LEIGHTON, E. B. A acolada. 1901. Óleo sobre tela, 182,3108 cm. A cena representa a cerimônia em que uma donzela arma o cavaleiro.
Dante Milano e a idealização da mulher
Olhar absorto
Ao ver
Teu transparente olhar eu descubro a existência
Oculta do teu ser.
Sorris
Ao meu olhar absorto em teu olhar que exprime
O que só o olhar diz.
Ninguém
Mais que tu, tem no olhar essa luz interior
Que só os olhos têm.
Olhar
Que convida a morrer por não mais suportar
A ventura de amar.
[…]
Sem ti
Como cego vivi, até que abri o olhar
No dia em que te vi.
Tu és
A imagem de uma Santa amparando entre as mãos
Um homem a seus pés.
Mortais
Rogamos que ao morrer um de nós, o outro morra,
Abraçados os dois.
Depois
Ajoelhados no chão imploramos perdão
Para os que amam demais.
MILANO, Dante. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira⁄Núcleo Editorial da UERJ, 1979. p. 182-183. (Fragmento).
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Paulo Leminski e a vassalagem amorosa contemporânea
Amar você é coisa de minutos
Amar você é coisa de minutos
A morte é menos que teu beijo
Tão bom ser teu que sou
Eu a teus pés derramado
Pouco resta do que fui
De ti depende ser bom ou ruim
Serei o que achares conveniente
Serei para ti mais que um cão
Uma sombra que te aquece
Um deus que não esquece
Um servo que não diz não
Morto teu pai serei teu irmão
Direi os versos que quiseres
Esquecerei todas as mulheres
Serei tanto e tudo e todos
Vais ter nojo de eu ser isso
E estarei a teu serviço
Enquanto durar meu corpo
Enquanto me correr nas veias
O rio vermelho que se inflama
Ao ver teu rosto feito tocha
Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha
Sim, eu estarei aqui.
LEMISNKI, Paulo. Toda poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. p. 356.
O amor ideal na música brasileira
Virtual
Sempre tão perto de você
E há tanto tempo sem te ver
Sinto você no vento
Vejo você por dentro
E eu sem você
O pensamento faz sentir
Pode criar e destruir
Pesadelo medonho
Ou inventar um sonho
Para seguir
Segui tanto sonho até acreditar
No instante maior que essa vida fugaz
Te ver é vertigem, pensar é miragem
Se o tempo parasse guardava essa imagem
Mas ele acabou de passar
Se existiu eu já não sei
Se foi real ou viajei
Se foi o meu desejo
Que viu e eu não vejo
Eu te inventei
Sempre tão perto de você...
WISNIK, José Miguel; RUIZ, Alice. Intérpretes: José Miguel Wisnik e Jussara Silveira. In: São Paulo Rio, 2000. Salvador: Maianga Produções e Promoções. Disponível em:
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