Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 7 mar. 2016.
Página 179

Na discussão com o namorado, a moça recorre a uma comparação (“Você não sabe que o amor é como uma flor?”) para que o rapaz entenda a necessidade de dar a ela uma atenção constante. Quando vê que os termos (amor/flor) utilizados para a comparação não fazem sentido para Armando, troca o segundo termo da comparação para algo mais próximo dos interesses do rapaz: “O amor é como o motor do carro”. Aí sim ele compreende o que ela quer dizer.

Metáfora

A mais conhecida das figuras de palavra, a metáfora, baseia-se na transferência (a palavra grega metaphorá significa “transporte”) de um termo para um contexto de significação que não lhe é próprio. As metáforas são criadas a partir de uma relação de semelhança que pressupõe um processo anterior de comparação. Pode-se dizer, portanto, que a comparação está na base da formação das metáforas.

Jornais e revistas costumam usar metáforas em manchetes e títulos de reportagens para resumir a essência do que será dito, ou para chamar a atenção dos leitores.

SAÚDE

Prédios doentes. Ar-condicionado sem manutenção, poeira, goteiras e infiltrações. Atenção aos sintomas. Pois nesse mal quem sente as dores é você

Galileu. São Paulo: Globo, ano 2010, ed. 229, n. 229, p. 20, ago. 2010.

Meio ambiente

O semeador dos oceanos. Fabien Cousteau, neto do lendário explorador francês Jacques Cousteau, cria ONG para “plantar” espécies marítimas no mundo inteiro

Galileu. São Paulo: Globo, ano 2010, ed. 229, n. 229, p. 15, ago. 2010.

Nos exemplos, tanto a caracterização de edifícios como “doentes” (com problemas de manutenção), como a identificação de Fabien Cousteau como “semeador dos oceanos” (alguém que reintroduz espécies marítimas em diferentes oceanos) são feitas por meio de metáforas.

O uso de metáforas é tão frequente na linguagem que há até quem afirme que através delas compreendemos o mundo.

Catacrese



Os Pescoçudos

Caco Galhardo

© CACO GALHARDO/FOLHAPRESS

GALHARDO, Caco. Os pescoçudos. Folha de S.Paulo. São Paulo, 3 jan. 2002.

Como se chama a parte da caneta que se projeta para baixo a partir da tampa? Na tira acima, essa parte é chamada de “bracinho”. Poderíamos, também, pensar em perninha. Nos dois casos, reconhecemos alguma semelhança entre a parte que desejamos nomear e os conceitos de braço e perna.

A catacrese ocorre quando, na falta de uma palavra específica para designar determinado objeto, utiliza-se uma outra a partir de alguma semelhança conceitual. “Bracinho”, portanto, é um exemplo de catacrese.

Muitos casos de catacrese já estão integrados à língua, porque são comumente usados pelos falantes, que nem se dão mais conta dos mecanismos semânticos que deram origem a essas soluções: da mesa, embarcar em avião, dente de alho, barriga da perna, bico da chaleira, etc.


Página 180

Sinestesia

A sinestesia ocorre pela associação, em uma mesma expressão, de sensações percebidas por diferentes órgãos de sentido. Ela pode ser vista como uma forma específica de metáfora, na qual são relacionados diferentes elementos sensoriais.

Na manchete e no olho apresentados a seguir, a sinestesia é usada para evocar, no leitor, uma característica de Elza Soares, cantora brasileira conhecida por sua “voz rouca”.



Adorável voz torta

Elza Soares mistura ritmos e traz parcerias inusitadas em seu 29º disco



Uma. São Paulo: Símbolo, ano 3, n. 23, ago. 2002.

Essa manchete e olho constituíam uma chamada de capa para uma entrevista com Elza Soares, da qual reproduzimos a seguir um pequeno trecho em que a própria cantora diz ter “uma corda vocal meio torta”.

[...]

UMA E a história de que você tem uma corda vocal a mais, é verdade?

ELZA Não tenho uma corda a mais, tenho uma corda meio torrrrrta [risos].

Uma. São Paulo: Símbolo, ano 3, n. 23, ago. 2002. (Fragmento).

A chamada da matéria e a resposta de Elza fazem alusão à voz (audição) torta (visão) da cantora, provocando a associação entre percepções sensoriais diferentes.

Um uso intenso dessa figura de palavra foi feito pelos poetas simbolistas, ao final do século XIX.

O uso literário das sinestesias

A sinestesia é um recurso expressivo importante para a literatura, particularmente para a poesia. Os poetas simbolistas usavam com frequência as sinestesias para sugerir diferentes sensações.



ATIVIDADES

Leia a tira a seguir para responder às questões 1 e 2.



Bichinhos de jardim

Clara Gomes

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© CLARA GOMES

GOMES, Clara. Bichinhos de jardim. Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2016.

1. Na tira, a personagem Maria Joana menciona definições que seriam usadas por alguns especialistas para a vida. Transcreva-as no caderno.

a) Na base dessas definições está uma figura de palavra. Qual é essa figura?

b) Explique a relação existente entre cada um dos especialistas mencionados por Maria Joana e o modo como definem o que é a vida.

2. A visão que Maria Joana tem da vida é compatível com as outras definições apresentadas na tira? Por quê?

Leia atentamente o texto a seguir para responder às questões 3 e 4.

Quando se separou, fez questão de levar a velha máquina de escrever azul. O tempo passou e a solidão foi se assentando em gosto amargo deixado pelas noites em branco. Até que, em uma delas, ouviu um tec-tec-tec: a Olivetti havia lhe dado um poema de Neruda. Aí vieram textos de Leminski, Quintana, Cabral, Fuks… Escrevia outros de volta. Meses depois, tec-tec, um endereço. Lá chegando, um sorriso lindo abriu a porta e lhe mostrou sua Olivetti, também azul. Na manhã seguinte, ao voltar para casa, ele lançou o seu notebook pela janela.

SAKAMOTO, Leonardo. Pequenos contos para começar o dia. São Paulo: Expressão Popular, 2012. p. 29.


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3. Quais são as metonímias empregadas por Leonardo Sakamoto em seu texto?

a) Explique como elas foram criadas.

b) Qual é a importância dessas metonímias no texto?

4. Além da metonímia, Sakamoto faz uso de uma figura sonora em seu texto.

a) Qual é o nome dessa figura sonora?

b) Transcreva em seu caderno os trechos em que ela ocorre.

c) Com base em elementos do texto, explique a função dessa figura na definição do contexto do miniconto.

A charge a seguir serve de base para as questões 5 e 6.



Lute

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© LUTE


LUTE. Hoje em Dia. Belo Horizonte, 27 fev. 2014. Disponível em:
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