Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 7 mar. 2016.

3. Quais são as duas personagens do cartum e o que representam?

> Que situação é protagonizada por essas personagens?

4. Qual é o recurso estilístico utilizado pelo Cérebro para deixar clara sua condenação ao comportamento do Coração?

> Considere o título, a natureza das personagens e o recurso estilístico presente no cartum. De que modo Guilherme Bandeira utiliza esses elementos para criar o seu cartum?

Enem e vestibulares

1. (Fuvest)

Leia a seguinte mensagem publicitária de uma empresa da área de logística:



A gente anda na linha para levar sua empresa mais longe

Mudamos o jeito de transportar contêineres no Brasil e Mercosul. Através do modal ferroviário, oferecemos soluções logísticas econômicas, seguras e sustentáveis.



a) Visando a obter maior expressividade, recorre-se, no título da mensagem, ao emprego de expressão com duplo sentido. Qual é essa expressão? Explique o efeito produzido por ela.

b) Segundo o anúncio, uma das vantagens do produto (transporte ferroviário) nele oferecido é o fato de esse produto ser “sustentável”. Cite um motivo que justifique tal afirmação.

2. (Fuvest)

Ditadura/Democracia

A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que acha de seu país, ele responde, sem hesitação: “Não posso me queixar”.

FERNANDES, Millôr. Ditadura/Democracia. Millôr definitivo: a bíblia do caos. São Paulo: L&PM Editores, 2014.

a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da ambiguidade? Justifique sua resposta.

b) No caderno, reescreva a segunda parte do texto (de “Mas” até “queixar”), pondo no plural a palavra “cidadão” e fazendo as modificações necessárias.
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Usos dos recursos estilísticos

Em textos mais subjetivos ou intimistas, as figuras de linguagem aparecem como importantes recursos estilísticos. Elas ajudam o autor a traduzir emoções e sentimentos para seus leitores, por meio de imagens muitas vezes inesperadas.

No texto a seguir, o alpinista Mark Jenkins compartilha com seus leitores uma experiência marcante: a tentativa de alcançar o cume do Hkakabo Razi, a montanha mais alta do Sudeste Asiático, localizada ao norte de Mianmar, na fronteira com o Tibete.

Fim da linha

Como um pico escondido nas selvas de Mianmar quase exterminou um grupo de escaladores de elite

[...] Renan e eu aguardamos, encolhidos no vento. Batemos os pés, estapeamos nossas mãos enluvadas. A distância não nos permite conversar. Ficamos ali, juntos, mas solitários, na face do penhasco rebocado de neve a 5 quilômetros do chão. Após meia hora começamos a congelar. Uma hora depois perdemos a sensibilidade dos dedos das mãos e dos pés. “Não aguento mais”, grita Renan por trás da barba congelada. “Meus pés dormiram. Tenho de começar a avançar.”

A antítese que inicia o texto reflete a intensidade do desafio a ser enfrentado pelo grupo de escaladores. A metáfora é usada para descrever a aparência do penhasco e a dificuldade encontrada para fixação durante a escalada. Os hipérbatos (que terminam com os elementos da gradação) contribuem para criar a tensão no leitor: a cada instante, um problema maior surge para os alpinistas. A metáfora na fala de Renan traduz o desconforto provocado pelo frio.

Não sabemos o que Cory está fazendo lá em cima, mas o frio é tanto que isso não importa. Renan começa a escalar, e logo eu o imito. Estamos ligados pela corda, por isso é crucial que nenhum de nós caia. [...]

Renan e eu paramos em uma pequena reentrância na rocha voltada para a face norte da montanha. Através da neve soprada pelo vento, vemos Cory percorrendo outro trecho. Será perigoso demais se Renan e eu continuarmos a avançar. Temos de esperar de novo. Ficamos bem próximos, mas ainda congelando. O vento redemoinha em torno do nosso corpo, uiva e morde como uma hiena invisível. “Meus pés não suportam mais o frio”, reclama Renan. Ele quer dizer que estão prestes a gangrenar pelo gelo.

Nessa passagem do texto, o hipérbato enfatiza a dificuldade encontrada pelos escaladores em razão das condições naturais. Em meio ao que parece ser uma tempestade de vento e neve, destacada pela comparação, ganha maior destaque o uso que Renan faz de um eufemismo para falar da condição dos seus pés: o narrador esclarece que os pés do amigo estão prestes a gangrenar.

No mínimo pela décima vez nessa expedição, eu me pergunto se é o fim da tentativa de escalar o pico mais alto de Mianmar – aventura que nos levou aos limites físicos e emocionais. Bem abaixo de nós, as demais pessoas do nosso grupo nos incentivam mentalmente. Taylor Rees, administradora do acampamento-base, está nos pés da montanha. No dia anterior, deixamos Hilaree O’Neill e Emily Harrington no acampamento 3, uma barraca aninhada em uma crista onde nosso exausto grupo teve uma discussão feia para decidir quem tentaria subir ao cume.

Nesse relato pessoal de uma experiência marcante, podemos identificar o grande planejamento e preparo necessários para enfrentar os desafios da natureza. Um hipérbato e uma catacrese chamam a atenção do leitor para a distância entre o ponto do acampamento-base e o local em que se encontram os alpinistas. A tentativa de se incorporarem à montanha é expressa pela metáfora utilizada para se referir ao acampamento: como pássaros, os humanos se aninham a uma crista da gigantesca pedra.

[...] Enfim, quando Cory contorna uma rocha, avançamos. Uma hora depois nos reagrupamos em uma saliência estreita. Nosso objetivo continua acima de nós: o topo da crista oeste, cintilante como um fio de espada. [...]

O hipérbato, nesse trecho do relato, destaca os obstáculos a serem vencidos a cada instante. A comparação final enfatiza o grande perigo em que se encontram o narrador e seus companheiros de aventura.

JENKINS, Mark. Fim da linha. National Geographic. Setembro 2015. p. 82-83. (Fragmento).

Legenda
Figuras de palavra (cor azul): metáfora, comparação e catacrese.


Figuras de sintaxe (cor verde): hipérbato.
Figuras de pensamento (cor vermelho): antítese, gradação e eufemismo.

Para descrever a situação de risco em que se encontrava o grupo de alpinistas durante uma perigosa aventura, Mark Jenkins adota um tom bastante pessoal para seu relato. Isso se explica pela intenção do autor de levar o leitor a experimentar a sensação de perigo e de risco iminente de morte enfrentados pelo grupo. Os diferentes recursos estilísticos desempenham papel importante para alcançar esse propósito. Uma descrição objetiva das características da montanha e


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das condições climáticas não seria suficiente para traduzir os riscos ocorridos nos momentos mais difíceis da escalada.



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CORY RICHARDS/NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE

Hkakabo Razi, a mais alta montanha de Mianmar, na Ásia, 2015.

A análise do texto revela que era importante para Mark Jenkins narrar a expedição de modo envolvente. Por isso, criou imagens que pudessem aproximar o leitor dos sentimentos e das impressões que teve enquanto participava da arriscada escalada. Em contextos como esse, figuras de palavra (como a metáfora, a comparação e a catacrese), de sintaxe (como o hipérbato) e de pensamento (como a antítese, o eufemismo e a gradação) permitem que o leitor se aproxime da experiência vivida pelo autor do texto.



Pratique

Veja orientações no Guia de recursos.

Com base no que você aprendeu sobre os recursos estilísticos, faça uma análise do texto transcrito a seguir de modo semelhante ao que foi feito no relato de Mark Jenkins. No caderno, transcreva os trechos em que ocorrem as figuras de linguagem, especificando as figuras de palavra, de sintaxe ou de pensamento utilizadas pelo autor do texto.



Eu sou o melhor no que faço, mas o que faço não é nada bonito

Meu pai me chama de Wolverine. É o nosso apelido secreto.

Não tenho o queixo quadrado e a baixa estatura do desenho da Marvel Comics. Muito menos a suíça e o cabelo alvoroçado do ator Hugh Jackman, que interpreta o herói no cinema. A referência física não contribui para nossas semelhanças.

Ele me compara ao personagem pelo meu alto poder de cicatrização. Eu me desespero e logo me [sic] ressuscito, eu caio e logo levanto.

Não morro de uma única vez. Não desisto. Não me entrego mesmo quando não vejo a saída. Quando não há porta, eu espero no escuro até ser a porta.

A ansiedade que me enerva acaba por aumentar minha vontade de ver de novo a luz.

Tenho fúria de viver.

Não há perda que seja total. Alguém pode me machucar terrivelmente, mas não me leva. [...] sei cavar a terra por dentro da terra. Penso nos filhos, penso nos amigos, penso na literatura e sigo adiante. Cambalear ainda é caminhar. A chuva lava minha ferida e o vento seca.

A carne da memória se recompõe de algum jeito. Talvez seja um excesso de sofrimento na infância que me preparou para o pior no futuro.

Eu sobrevivi a tanta coisa.

[...]

Sobrevivi, vou sobreviver, mesmo que não acredite na hora.



Só não entendia onde meu pai enxergava as garras retráteis de Logan:

— E as garras das mãos, pai?

— São as palavras, meu filho. Você se defende com a linguagem ou se agarra nela para não morrer.

CARPINEJAR, Fabrício. Me ajude a chorar. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 35-37. (Fragmento).


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Gramática

UNIDADE 6 Introdução aos estudos gramaticais

Qual é a origem dos estudos gramaticais? Essa não é uma pergunta comumente feita por quem estuda gramática, mas é importante conhecer não só a resposta para ela, mas também quais são os níveis de descrição gramatical da língua.

Nesta unidade, você conhecerá a resposta para essas duas questões. Também aprenderá que as palavras têm uma estrutura interna e conhecerá os elementos que constituem tal estrutura. Aprenderá ainda quais são os processos de formação de palavras característicos da nossa língua e perceberá que, como falantes, recorremos intuitivamente a esses processos quando criamos novas palavras.

Capítulos

18. A gramática e suas partes, 192
• Todas as línguas têm uma gramática

19. A estrutura das palavras, 199
• As palavras e sua estrutura

20. Formação de palavras I, 204
• Composição e outros processos

21. Formação de palavras II, 209
• A formação de novas palavras por prefixação e sufixação
• Outros processos de derivação
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Capítulo 18 A gramática e suas partes

Todas as línguas têm uma gramática

Todos os anos, a definição do reajuste do salário mínimo é motivo de discussão entre os brasileiros. Os cartunistas muitas vezes aproveitam o tema como inspiração para seus desenhos. Foi o que fez Jean, no cartum abaixo.



Jean

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JEAN GALVÃO/FOLHAPRESS

JEAN. Folha de S.Paulo. São Paulo, 5 jun. 2004.

1. Que situação é representada no cartum?

2. O título do cartum é Mínimo. De que modo os comentários feitos relacionam-se a esse título?

3. Para entendermos a crítica feita no texto, precisamos compreender o que está por trás do jogo de palavras presente nas duas falas. Que jogo de palavras é esse?

> De que modo essa “brincadeira” com as palavras promove uma crítica ao novo valor do salário mínimo?

4. A primeira fala manifesta uma opinião negativa sobre o reajuste do mínimo. Que termo sugere essa posição negativa?

a) Explique, com base na estrutura da palavra, seu sentido negativo.

b) Você conhece outras palavras cujo sentido negativo é estabelecido da mesma maneira? Quais?

No cartum, os comentários feitos pelos dois homens chamam nossa atenção para uma característica dos falantes de línguas naturais: todos temos um conhecimento intuitivo da estrutura da língua que falamos. Esse conhecimento, na verdade, é construído no momento em que aprendemos a falar essa língua.

Quando o segundo homem decompõe o verbo comemorar em dois outros verbos (comer + morar), ele demonstra reconhecer a possibilidade de analisar as palavras em diferentes níveis. Está, intuitivamente, fazendo uma análise gramatical do verbo comemorar. Nesse caso, a situação é artificial, porque foi criada por um cartunista para expressar sua visão crítica sobre o reajuste do salário mínimo, mas podemos encontrar, em cenas cotidianas, ocorrências semelhantes.

A origem dos estudos gramaticais

Dionísio, o Trácio (cerca de 170 a 90 a.C.), foi o precursor dos estudos gramaticais na época helênica. O termo que utilizou para dar nome ao estudo da língua — grammatiké, ou seja, “a arte de ler e escrever” — revela como essa área do conhecimento era entendida: dizia respeito à língua escrita e, mais especificamente, aos textos literários.

É interessante observar que a origem dos estudos gramaticais tem uma relação direta com o confronto de culturas observado no período helênico. Para que o helenismo pudesse ser divulgado, a língua grega precisava ser ensinada e preservada. Tornou-se necessário, portanto, descrever sua estrutura, nos vários níveis.

Tome nota

Ao longo dos tempos, e com o desenvolvimento dos estudos gramaticais, surgiram duas concepções de gramática que coexistem até hoje. Quando a preo cupação dos estudos gramaticais volta-se para a descrição e organização das formas da língua, temos uma gramática descritiva. Quando a análise é feita com o objetivo de determinar as formas “corretas” e excluir as consideradas “erradas”, temos uma gramática normativa.



Os níveis da descrição gramatical

Os estudos gramaticais dedicam-se a analisar os diferentes níveis de organização das línguas naturais. Cada uma das partes da gramática corresponde ao estudo de um dos seguintes níveis:


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1. Fonológico. Estuda os fonemas da língua, suas possibilidades de combinação em sílabas e a relação que eles mantêm com as letras na escrita alfabética.

2. Morfológico. Estuda as classes de palavras, suas flexões e processos de formação.

3. Sintático. Estuda as funções e relações das palavras nas sentenças da língua.

4. Semântico. Estuda o significado das palavras, as relações de sentido que entre elas se estabelecem e sua organização em um léxico.

5. Pragmático. Analisa a relação entre o sentido dos enunciados e o contexto em que são usados.

Os níveis de descrição das línguas naturais devem ser vistos como um procedimento metodológico que permite analisar as estruturas próprias dessas línguas. O conhecimento que temos, como falantes, das estruturas linguísticas não se manifesta de modo compartimentado. Quando usamos a língua, processamos simultaneamente informações referentes a esses vários níveis. Observe o exemplo a seguir.

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FNAC/OFF PUBLICIDADE E PROPAGANDA

OFF Publicidade e Propaganda. Disponível em:


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