O autor da tira acima cria um efeito de humor ao atribuir à personagem Armandinho uma hipótese equivocada sobre a estrutura da palavra malharia. Para o menino, a terminação ia que integra o radical da palavra academia seria um sufixo formador de substantivos que indicam local ou estabelecimento. Assim, a academia seria o local onde se reúnem acadêmicos, e malharia, por analogia, deveria designar o local onde se reúnem pessoas que desejam malhar (praticar exercícios físicos).
Em alguns casos, a ligação entre radicais e sufixos é feita por meio de elementos mórficos que não têm significação gramatical própria, cumprindo apenas a função de vincular duas partes constitutivas de uma mesma palavra. São as vogais e as consoantes de ligação.
Vogais de ligação
Costumam ocorrer entre um radical oxítono terminado em vogal e um sufixo iniciado por vogal. A inserção de consoantes de ligação evita a formação de hiatos. Observe:
Leia atentamente a charge abaixo para responder às questões de 1 a 3.
. Acesso em: 2 mar. 2016.
1. Para obter um determinado efeito de sentido, o chargista empregou um jogo de palavras. Qual é esse jogo de palavras?
> A diferença de sentido entre essas palavras é determinada por sua estrutura morfológica. Explique como os elementos mórficos determinam o sentido dessas palavras.
2. Agora, observe as imagens apresentadas na charge. O que representam e quais são os termos relacionados a elas?
3. Qual é a crítica feita na charge?
As questões de 4 a 7 referem-se ao texto a seguir.
Uma parede no fundo
RIO DE JANEIRO — Entro na farmácia e peço um remédio. A moça do balcão nem vacila. Volta-se para um computador à sua frente, digita o nome do produto e me informa: “A importação desse medicamento foi descontinuada”. Foi interrompida, ela quis dizer. Des + continuar = interromper. Não é uma sorte que alguns de seus clientes saibam um pouco de português?
Um dos ambientes mais desagradáveis hoje no Brasil são as farmácias. Quando se entra numa, atravessam-se longos corredores formados por estandes, os quais exibem fartas opções de xampus, sabonetes, desodorantes. Os outros setores são igualmente bem servidos. [...] Os bochechos bucais vêm em embalagens que permitem a um cidadão passar seis meses gargarejando sem parar um segundo. Mas nada supera o estoque de fraldas descartáveis — haja bebês para ensopar aquilo tudo.
Tudo isso é formidável, exceto que o setor de remédios resume-se a uma parede no fundo da farmácia, e, em 90% dos casos, está desabastecido do medicamento que você procura. Não precisa ser algo complicado, como um dentifrício especial para boca seca, um anticonvulsivante que exige receita médica ou uma pomada para hemorroidas. Remédios muito mais simples, de fabricação nacional, vivem em falta. É lógico — não há capital que chegue para manter em dia o sortimento de fraldas.
[...]
CASTRO, Ruy. Folha de S.Paulo. São Paulo, 12 set. 2012. Disponível em: . Acesso em: 2 mar. 2016. (Fragmento).
4. Qual é a situação retratada no texto?
5. Essa situação faz com que o autor dê início a uma reflexão crítica a respeito de determinados estabelecimentos comerciais. Por quê?
6. “A importação desse medicamento foi descontinuada”. Diante da resposta dada pela atendente com relação ao remédio que procurava, o cronista faz um comentário irônico: “Não é uma sorte que alguns de seus clientes saibam um pouco de português?”. O que, na resposta dada, provoca a ironia do autor?
7. No segundo e no terceiro parágrafos, Ruy Castro recorre a palavras de estrutura semelhante a descontinuada. Que palavras são essas? Transcreva-as no caderno.
a) Quais elementos mórficos constituem essas palavras?
b) O prefixo identificado tem o mesmo sentido em cada um dos termos? Justifique.
Página 204
Capítulo 20 Formação de palavras I
Composição e outros processos
Leia atentamente a tira abaixo para responder às questões de 1 a 4.
Macanudo
Liniers
© LINIERS
LINIERS. Macanudo. N. 2. Campinas: Zarabatana Books, 2009. p. 31.
1. No primeiro quadrinho, a pergunta feita ao homem de chapéu é motivada pelo significado de determinada palavra. Que palavra é essa?
> Qual é o seu significado?
2. Por que a personagem de camisa listrada imagina que o livro fantástico teria sido escrito pelo homem de chapéu?
3. Vendo que seu interlocutor não compreende por que seria lógico concluir que o livro deveria ter sido escrito por ele, o homem de camisa listrada apresenta uma explicação. Transcreva-a no caderno.
a) Além da explicação, o homem de camisa listrada oferece um exemplo para confirmar seu raciocínio. Que exemplo é esse?
b) Tanto a explicação quanto o exemplo fundamentam-se no que essa personagem supõe ser o significado da palavra autoajuda. Explique por quê.
4. Por que o significado atribuído pelo homem de camisa listrada à palavra autoajuda é equivocado?
Todo o texto da tira gira em torno do significado de uma palavra formada pela junção de dois radicais: auto + ajuda. Em grego, autós significa “si mesmo”, ou seja, é um radical que, quando combinado a outros, faz referência a uma ação direcionada para a própria pessoa. O efeito de humor da tira é construído pela interpretação particular que o homem de camisa listrada faz da palavra autoajuda.
Tome nota
Quando uma palavra resulta da combinação de dois radicais, dizemos que ela é formada pelo processo de composição.
Neste capítulo, estudaremos os diferentes tipos de composição e alguns outros processos de formação de palavras da língua portuguesa.
Página 205
Composição
Como dissemos, a composição ocorre todas as vezes que são associados dois radicais para a formação de uma nova palavra. É importante destacar que, quando esse processo ocorre, a palavra resultante tem um sentido diferente do sentido de cada um dos radicais que a compõem.
Pense, por exemplo, na maneira como se formou, em português, a palavra composta cachorro-quente (tradução do inglês hot dog). A partir dos radicais cachorro e quente, formou-se uma terceira palavra, que dá nome a um sanduíche feito com um pão alongado e salsicha quente.
Em português, há dois tipos de composição, a depender da forma da palavra resultante. Veremos, agora, as características de cada um deles.
• Composição por justaposição
Observe o título e o lide (texto que resume a matéria jornalística) abaixo.
Os caça-assombrações
Eleita pelos americanos como a melhor série do gênero e renovada para uma sexta temporada, Supernatural caminha para o seu clímax
Monet, n. 84, abril 2010. p. 76.
Para chamar a atenção do leitor da revista, o autor do título da matéria recorre à composição e cria a palavra caça-assombração. Formada pela junção de um verbo e um substantivo, o novo termo traduz de modo preciso a atuação dos protagonistas de uma série de TV por assinatura chamada Supernatural: os irmãos Dean e Sam Winchester passam a vida caçando e destruindo fantasmas e demônios. Caça-assombração é uma palavra composta por justaposição.
Tome nota
A composição por justaposição se define pela combinação de dois (ou mais) radicais que não sofrem alteração na sua forma fonológica (não há mudança nos fonemas originais e cada radical mantém o seu acento tônico).
São exemplos de palavras formadas por justaposição: amor-perfeito, guarda-livros, bem-me-quer, cachorro-quente, quarta-feira, passatempo, girassol, madrepérola, entre outras.
Radicais gregos e latinos participam da formação de muitas palavras da língua. Conhecer o significado de alguns desses radicais nos ajuda a compreender melhor o sentido das palavras de cuja formação eles participam.
• Composição por aglutinação
Tome nota
A composição por aglutinação é definida pela combinação de dois (ou mais) radicais que sofrem alteração na sua forma fonológica (há mudança nos fonemas originais e no acento tônico dos radicais envolvidos no processo).
Observe os seguintes exemplos:
pernalta (perna + alta), embora (em + boa + hora), aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto), pernilongo (perna + longo).
Outros processos de formação de palavras
Além dos processos de derivação (que estudaremos no próximo capítulo) e composição, o português também faz uso de outros processos para a formação de novas palavras. Vamos conhecer alguns deles a seguir.
Página 206
• Redução ou abreviação
Observe a tira abaixo.
Gaturro
Nik
GATURRO, NIK © 2005 NIK/DIST. BY UNIVERSAL UCLICK
NIK. Gaturro. N. 1. São Paulo: Vergara & Riba Editoras, 2008. p. 59.
Quando ouve a professora apresentar o tema da aula, Gaturro pensa: “Que moderninha a profe!”. A palavra profe é uma forma reduzida, ou abreviada, do substantivo professora.
Tome nota
A redução (ou abreviação) é o processo pelo qual se forma uma nova palavra por eliminação de parte de uma palavra já existente.
Veja alguns exemplos: foto (fotografia), pneu (pneumático), neura (neurose), Sampa (São Paulo), Floripa (Florianópolis), moto (motocicleta), quilo (quilograma).
Esse processo é muito frequente na linguagem coloquial.
• Criação de siglas (siglonimização)
Outro processo de redução que dá origem a novas palavras na língua é aquele que transforma determinadas sequências vocabulares (geralmente títulos ou designações várias) em uma sigla. Esse processo é também conhecido por siglonimização.
São inúmeros os exemplos de siglas que foram incorporadas à língua como palavras independentes: ONU (Organização das Nações Unidas), FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), CPF (Cadastro de Pessoas Físicas).
As siglas costumam ser rapidamente incorporadas ao vocabulário dos falantes e são percebidas como palavras da língua, o que explica o fato de que passam também a submeter-se aos mecanismos normais de flexão e derivação. Por isso, ouvimos frequentemente referência aos Ets, compramos CDs, assistimos a DVDs e assim por diante.
Página 207
Se julgar interessante, chamar a atenção dos alunos para a falta da preposição na fala do primeiro quadrinho. A omissão dessa preposição é um fenômeno cada vez mais frequente na modalidade coloquial do português do Brasil. Se considerarmos as relações de regência, o correto seria: “... assistir a uma performance espetacular”.
• Onomatopeia
Observe a tirinha.
Grump
Orlandeli
© ORLANDELI
ORLANDELI. Grump. Disponível em:
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