Português: contexto, interlocução e sentido

. Acesso em: 11 fev. 2016. (Adaptado).

Título: antecipa para o leitor a questão que será analisada no texto (consequências da baixa qualidade do ar para a saúde da população mundial).

Subtítulo: explicita o aspecto específico da questão tematizada que será explorado no texto (a preocupação da OMS com a questão do ar contaminado). A presença de um subtítulo não é frequente em editoriais.

1º parágrafo: introdução da questão central. A citação de uma autoridade em questões de meio ambiente abre o texto e cumpre a função de tornar evidente a importância da questão tematizada no texto. Deve-se observar que, de certa forma, essa citação atua como um argumento indireto para a defesa da necessidade de as autoridades governamentais se preocuparem com a garantia da qualidade do ar (a “saúde” econômica dos países não é suficiente para assegurar o bem-estar da população).

2º parágrafo: início do desenvolvimento da linha argumentativa do texto. As informações oferecidas permitem que o leitor se dê conta de que o problema da baixa qualidade do ar é um fenômeno mundial. Informa-se também qual o impacto dessa baixa qualidade para a saúde das pessoas. O parágrafo termina com um argumento para a necessidade de ação imediata (o impacto negativo é maior do que se costuma supor).

A contextualização do problema explicita para os leitores a razão da preocupação da OMS com a questão da qualidade do ar: dados científicos sugerem que 7 milhões de mortes anuais estão relacionadas a esse problema.

3º parágrafo: continuação da linha argumentativa do texto. Novas informações revelam que os índices de mortalidade associados ao câncer de pulmão não podem ser totalmente atribuídos ao fumo. É importante observar que os dados numéricos constituem os argumentos básicos do texto. Como números, estatísticas e percentuais não têm uma interpretação óbvia, o autor do texto precisa explicar, em sua análise, o que significam. A impossibilidade de as pessoas deixarem de respirar o ar contaminado evidencia a diferença entre esse agente como provocador do câncer de pulmão e o fumo, antes visto como único responsável por essa doença.

4º parágrafo: conclusão da argumentação e do texto. O último dado informado reforça o argumento de que não há como ignorar o impacto da baixa qualidade do ar na saúde das pessoas (96% da população urbana da União Europeia está exposta ao problema). A análise do significado desse percentual explicita a razão da preocupação da OMS e permite introduzir a explicitação da posição do jornal sobre a questão abordada.

Estratégias argumentativas

Quando os números falam por si: o argumento por comprovação

Dados, percentuais e estatísticas são frequentemente utilizados como argumentos para convencer os leitores da validade de uma tese. Essa estratégia argumentativa é conhecida como argumento por comprovação e baseia-se no princípio de que informações objetivas são percebidas como “prova” irrefutável de uma determinada afirmação. Por esse motivo, o uso de dados numéricos pode ser um interessante recurso, desde que correspondam, de fato, à verdade e que seu significado seja claramente explicado no texto.

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Linguagem

O editorial é um texto explicitamente formal. Representa o periódico no qual circula e, por esse motivo, deve garantir que a imagem que dele fazem os leitores seja a melhor possível. No caso da linguagem, isso significa adotar como referência o padrão culto da língua escrita.

Outra observação importante diz respeito ao caráter impessoal dos textos desse gênero discursivo. Por ser um texto de caráter objetivo e sem autoria explícita, o editorial não apresenta marcas de estilo individual.

Em defesa de um ponto de vista: produção de editorial

1. Pesquisa e análise de dados

A escola em que você estuda decidiu participar de um desafio proposto por um grande jornal: produzir uma edição de um caderno semanal dedicado à tecnologia e voltado para adolescentes, com o tema O impacto das novas tecnologias na vida dos nativos digitais.

Você e seus colegas ficaram encarregados de escrever um editorial sobre o tema: o impacto das redes sociais nos modos de relacionamento entre os jovens. Como ponto de partida para a reflexão sobre esse tema, considere os textos a seguir.

>> O importante é ter um milhão de amigos

Quadrinhos ácidos

Pedro Leite

© PEDRO LEITE

LEITE, Pedro. A internet aproxima as pessoas. Quadrinhos ácidos. Disponível em: . Acesso em: 11 fev. 2016.
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>> A visão de um sociólogo sobre as redes sociais

A sensação de que tudo é cada vez mais passageiro se deve, em boa medida, à expansão acelerada do mundo virtual. Na internet, o verbo “conectar-se” solapou o comprometer-se. E isso mudou as regras dos relacionamentos. “Um viciado em Facebook gabou-se de que havia feito 500 amigos em um só dia. Minha resposta foi que eu tenho 86 anos, mas não tenho 500 amigos. Então, provavelmente, quando ele diz amigo e eu digo amigo não queremos dizer a mesma coisa”, conta Bauman.

Na juventude, ele conheceu o sentido das palavras “laço” e “comunidade”. Por isso, olha com desconfiança para as redes sociais como [...] Facebook. “A atratividade do tipo de amizade do Facebook está na facilidade de se conectar. Mas o maior atrativo mesmo é a facilidade para se desconectar. Você só pressiona excluir, e pronto! Ao passo que romper relações reais, olho no olho, é sempre um evento traumático”, compara o intelectual. Essa nova dinâmica, ele afirma, “mina os laços humanos”. Em contrapartida, tal cenário virou terreno fértil para a proliferação de relações superficiais e efêmeras. “Os laços só precisam ser frouxamente atados, para que possam ser outra vez desfeitos, sem grandes delongas, quando os cenários mudarem — o que, na modernidade líquida, decerto ocorrerá repetidas vezes”, ele escreve na obra Amor Líquido. [...]

MELLO, Raphaela C. Zygmunt Bauman: um poço de lucidez. Disponível em: