Português: contexto, interlocução e sentido


Um olhar para a literatura (metodologia)



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Um olhar para a literatura (metodologia)

Para sermos capazes de ler sentimentos humanos descritos em linguagem humana precisamos ler como seres humanos — e fazê-lo plenamente. [...]

Lemos Shakespeare, Dante, Chaucer, Cervantes, Dickens, Proust e seus companheiros porque nos enriquecem a vida. Na prática, tais escritores tornaram-se a Bênção, no sentido primeiro conferido por Jave, “mais vida em um tempo sem limites”. Lemos, intensamente, por várias razões, a maioria das quais conhecidas: porque, na vida real, não temos condições de “conhecer” tantas pessoas, com tanta intimidade; porque precisamos nos conhecer melhor; porque necessitamos de conhecimento, não apenas de terceiros e de nós mesmos, mas das coisas da vida. Contudo, o motivo mais marcante, mais autêntico, que nos leva a ler, com seriedade, o cânone tradicional (hoje em dia tão desrespeitado) é a busca de um sofrido prazer. [...] Exorto o leitor a procurar algo que lhe diga respeito e que possa servir de base à avaliação, à reflexão. Leia plenamente, não para acreditar, nem para concordar, tampouco para refutar, mas para buscar empatia com a natureza que escreve e lê.

BLOOM, Harold. Por que ler?. In: Como e por que ler. Tradução de José Roberto O’Shea. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 24-25. (Fragmento).

Em um livro que procura responder a duas importantes questões (Como e por que ler), o crítico literário norte-americano Harold Bloom toca em um aspecto essencial da leitura de textos literários: precisamos aprender a ler esses textos como seres humanos. Que sentido tem tal afirmação? Para Bloom, devemos abraçar nossa condição humana, definida por emoções e sentimentos, para podermos compreender de que modo esses aspectos nos são apresentados pelos grandes autores.

Essa é uma dimensão importante do trabalho com a literatura que, curiosamente, vem sendo relegada a uma posição secundária nas aulas do Ensino Médio. É frequente observarmos uma grande preocupação em enfatizar o trabalho com a linguagem ou a discussão dos valores estéticos dos textos literários, mas nem sempre o aluno é convidado a reconhecer ou analisar de que modo tais textos nos falam sobre seres humanos ou nos revelam a humanidade de seus autores.

Uma breve análise das opções metodológicas que têm norteado o trabalho com a literatura no Ensino Médio nas últimas décadas aponta diferentes ênfases para o trabalho com o texto literário. A literatura já foi apresentada principalmente como uma história, como uma arte, como uma linguagem. O problema é que cada uma dessas abordagens, ao privilegiar determinado aspecto do texto literário, deixa outros tantos na sombra ou não os articula entre si de modo suficiente.

O desafio que enfrentamos, nesta obra, foi o de identificar uma abordagem que ampliasse esse espectro, revelando como as diferentes dimensões do texto literário se articulam para dar forma a um projeto literário específico. Por esse motivo, optamos por tratar a literatura como um discurso.

Quando Harold Bloom afirma que devemos ler como seres humanos, ele resgata um aspecto essencial dos textos literários: eles foram escritos por seres humanos para seres humanos. Acreditamos que reconhecer a literatura como um discurso significa devolver a ela essa dimensão. Vamos explicar por quê.

A literatura como um discurso

No âmbito dos estudos da linguagem, a análise do discurso emprega o termo discurso para fazer referência ao uso da língua em um contexto específico. Segundo essa visão, em lugar de tratar somente dos fatores linguísticos (aspectos morfológicos e sintáticos, recursos estilísticos, etc.), a análise do discurso interessa-se pela relação entre os usos da língua e os fatores extralinguísticos presentes no momento em que esse uso ocorre. Nesse sentido, tratar da língua que está em uso pelos seres humanos significa tratar da sua dimensão discursiva.

Um dos aspectos mais importantes do estudo da literatura é justamente a análise do uso que os escritores fazem da língua como “matéria-prima” da sua criação artística. Podem-se, para realizar tal estudo, focalizar as escolhas específicas (lexicais ou sintáticas, por exemplo) que caracterizam o texto de um determinado autor ou de uma dada estética. Certamente esse olhar revelará importantes aspectos do texto literário.
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O que propomos, porém, é dar um passo adiante nesse processo analítico e, uma vez identificados os usos particulares da língua que definem um movimento estético determinado (ou a obra de um autor específico), perguntar que relação os fatores extralinguísticos presentes naquele momento têm com tais escolhas. Isso significa reconhecer a literatura como um discurso.



Os agentes do discurso

Criação de um indivíduo, o texto literário é, na verdade, o resultado final de um processo que contou com a participação de diferentes agentes: o autor que o escreveu, o público para o qual foi escrito, o contexto em que foi produzido (social, político, cultural, etc.) e os meios pelos quais irá circular. Todos esses agentes interferem, em maior ou menor grau, no resultado final.

O que propomos nesta obra é buscar a articulação entre os diferentes agentes para compreender por que, em um determinado momento da história, a criação literária se realiza por meio de características específicas, seja na escolha dos temas abordados, seja no modo como a linguagem é utilizada pelos escritores.

Faz diferença, por exemplo, reconhecer os poemas dos trovadores medievais como textos de circulação oral voltados para um público de perfil muito específico: os membros das cortes onde se apresentavam trovadores e jograis. Também faz diferença saber que, naquele momento da história, era necessário encontrar uma “função” para justificar a permanência de uma classe social — a dos cavaleiros — na corte, quando não havia mais invasores a serem combatidos. Postas em relação umas com as outras, essas informações são fundamentais para compreendermos o projeto literário do Trovadorismo, que se concretiza na expressão do amor cortês: a louvação amorosa dirigida por trovadores a damas das cortes dos senhores feudais.

Em outras palavras: saber de que modo os diferentes agentes do discurso se apresentavam no momento em que nasce o Trovadorismo é o que nos permite reconhecer o projeto literário que orientou a criação artística do período. A literatura tinha a função de representar literariamente relações equivalentes às da vassalagem, para, assim, definir uma nova “função” para a classe dos cavaleiros, que, socialmente, já não era mais necessária.

A investigação dos modos de articulação entre os diferentes agentes do discurso nos auxiliará a identificar e compreender o projeto literário de cada uma das estéticas a serem estudadas ao longo do Ensino Médio.

Ao levantar informações sobre o público a que se destinam as obras produzidas em um determinado momento histórico, ao reconhecer as características do contexto no qual estavam inseridos os escritores, o estudo aqui proposto destaca as forças que determinam a eleição de algumas características estéticas, que explicam determinados usos da linguagem, que revelam as intenções dos diferentes projetos literários.

Reconhecer de que maneira a literatura descortina o passado e permite que reconheçamos a visão de mundo e o sistema de valores em diferentes momentos dá ao seu estudo um significado importante. Por meio dele, teremos contato com

[...] um sistema vivo de obras, agindo umas sobre as outras e sobre os leitores; [que] só vive na medida em que estes a vivem, decifrando-a, aceitando-a, deformando-a. A obra não é produto fixo, unívoco ante qualquer público; nem este é passivo, homogêneo, registrando uniformemente o seu efeito. São dois termos que atuam um sobre o outro, e aos quais se junta o autor, termo inicial desse processo de circulação literária, para configurar a realidade da literatura atuando no tempo.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 8. ed. São Paulo: T. A. Queiroz, 2000. p. 68. (Fragmento).

O crítico Antonio Candido pergunta ainda: que relações humanas o sistema autor-obra-leitores pressupõe ou motiva? Essa é uma pergunta instigante, porque dá vida ao estudo da literatura, humanizando-a.

Além de permitir uma visão mais articulada dos diferentes aspectos que se manifestam no texto literário, acreditamos que o método desta obra também desafie o aluno a voltar seu olhar para as relações, em lugar de associar movimentos estéticos a uma série de características aparentemente casuais ou arbitrárias. Reconhecer relações significa entender a criação artística como um processo permanente em que obras, autores e público dialogam entre si.

Nesse sentido, não importa se o autor a ser estudado viveu no século VII a.C., XIX ou XXI. Importa compreender que sentido fazia, para ele, aquilo que escrevia. Importa saber como seu texto seria lido por seus contemporâneos e como ele será lido por nós, tanto tempo depois de ter sido escrito.

A estrutura da parte de Literatura

A parte de Literatura está organizada em três unidades, compostas de um total de onze capítulos (capítulos do 1 ao 11).

A primeira unidade, Introdução à literatura, desenvolve os fundamentos necessários para a leitura de textos literários, como os conceitos de arte, representação, realidade e gênero, além de discutir as funções dos textos literários e explicar por que a literatura pode ser vista como a expressão de uma época.

As duas unidades seguintes (Origens europeias e A literatura no período colonial) tratam dos vários movimentos literários, desde a Idade Média até o Arcadismo, estéticas que serão estudadas durante o primeiro ano do Ensino Médio.


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Os capítulos da Literatura

Há essencialmente dois tipos de capítulo na parte de Literatura: aqueles que se destinam a apresentar ao aluno as “ferramentas básicas” para a leitura e a análise de textos literários e os que se destinam à apresentação das diferentes estéticas a serem estudadas ao longo do primeiro ano do Ensino Médio. Veremos, a seguir, qual é a estrutura característica desses dois tipos de capítulo.



Capítulos de introdução aos estudos literários

Como dissemos, os cinco capítulos iniciais foram pensados para apresentar algumas “ferramentas” que auxiliarão os alunos na leitura e na análise de textos literários. A estrutura desses capítulos é a mesma e contém as seções descritas a seguir.



Imagem de abertura

Traz um texto não verbal (pintura, fotografia ou escultura), reproduzido na primeira página do capítulo para observação e análise dos alunos.



Leitura da imagem

Apresenta um conjunto de questões que tem por objetivo “direcionar” o olhar do aluno para os aspectos mais relevantes da produção artística de uma estética específica, ou para elementos pictóricos que podem auxiliá-lo a compreender conceitos em torno dos quais se organiza o capítulo.



Sugestão de trabalho

As questões apresentadas podem ser utilizadas como ponto de partida para a realização de uma atividade oral em que os alunos discutam as possibilidades de leitura da imagem reproduzida. Além de motivar uma participação mais ativa dos alunos na aula, essa estratégia permitirá auxiliá-los a desenvolver as habilidades necessárias para a leitura de textos não verbais.



Da imagem para o texto

Traz um texto literário e um conjunto de questões que permitirão uma outra aproximação dos conceitos centrais a serem trabalhados no capítulo. Relacionando-se à imagem de abertura, o texto foi cuidadosamente selecionado para permitir que o professor amplie a discussão sobre como diferentes linguagens artísticas tratam os temas privilegiados em uma determinada época.

Ao promover um diálogo entre textos não verbais (imagem de abertura) e verbais (texto literário), propomos que os alunos estabeleçam relações entre formas artísticas distintas, bem como desenvolvam as habilidades de leitura favoráveis ao reconhecimento dos mecanismos presentes na relação entre diferentes linguagens (pintura, fotografia, escultura, etc.).

Sugestão de trabalho

Dadas as limitações do suporte deste material — trata-se de um livro impresso —, não havia a possibilidade de recorrermos a qualquer outro texto não verbal na abertura dos capítulos, mas seria muito interessante aproveitar o princípio da atividade proposta — reconhecer relações entre diferentes linguagens — e ampliá-lo para a apreciação de músicas ou de filmes. Certamente os alunos poderiam ser estimulados a buscar, com base nos aspectos discutidos, exemplos de músicas ou de filmes que ilustrem as características ou os conceitos discutidos.



Apresentação da teoria

Durante o desenvolvimento da teoria, procuramos utilizar uma linguagem clara e direta, que favoreça a compreensão dos alunos. Além disso, o material é organizado a partir de uma hierarquia de títulos, que traduz a subordinação dos assuntos tratados, para facilitar o aprendizado. Como essa hierarquia de títulos se mantém em toda a obra, espera-se que os alunos, uma vez familiarizados com a estrutura dos capítulos, dela se beneficiem no momento de revisar conteúdos estudados ou de procurar informações.



Texto para análise

O desenvolvimento da teoria é interrompido em alguns momentos por um conjunto de atividades para os alunos. Com essas atividades, espera-se que eles, por meio da leitura e da análise de textos literários de diferentes gêneros, sejam levados a refletir sobre os conceitos apresentados e deles se apropriem, aprendendo, na prática, a reconhecer de que modo os aspectos discutidos contribuem para a construção dos sentidos dos textos.

É importante destacar que, na formulação das questões, tomamos o cuidado de criar oportunidades para que os alunos desenvolvam diferentes habilidades. Assim, eles serão solicitados a reconhecer informações, a elaborar hipóteses, a inferir, a relacionar os diferentes aspectos observados, de tal maneira que aprendam a desenvolver uma reflexão mais abrangente e se tornem capazes de dar conta do texto estudado de modo mais completo, investigando diferentes possibilidades de interpretação.

Enem e vestibulares

Nos capítulos finais de cada unidade, antes da seção Jogo de ideias, apresentamos a seção Enem e vestibulares, com pelo menos uma questão discursiva ou de múltipla escolha proposta no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ou em algum dos diferentes exames vestibulares do país.

O objetivo é garantir que o aluno, ao mesmo tempo que confere os conhecimentos adquiridos sobre os aspectos e conceitos abordados em determinado capítulo, informe-se sobre o modo como os conteúdos
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estudados costumam ser tratados nas avaliações a que se submeterá, durante o Ensino Médio e também nos vestibulares das principais universidades públicas e privadas do país.



Jogo de ideias

Localizada no final de cada unidade, essa seção foi pensada para permitir que os alunos reorganizem o que aprenderam e discutam de que modo os conceitos e as características apresentadas ao longo dos capítulos que compõem cada unidade podem se relacionar a manifestações artísticas em diferentes linguagens. O objetivo desta seção é criar um espaço para que aconteça aquilo que está anunciado no título: o jogo de ideias, a discussão que favorece a reflexão. Oferecemos um pequeno roteiro para auxiliar os alunos a discutirem o que está proposto, sem perderem de vista o foco escolhido para nortear o momento dessa atividade.

Foram feitas propostas que recorrem, em sua maioria, a gêneros da oralidade (mesa-redonda, debate, exposição oral, entre outros). A predominância de atividades com esses gêneros pretende possibilitar uma participação mais dinâmica dos alunos e criar oportunidades para que eles desenvolvam a habilidade de argumentar e defender ideias em diferentes situações comunicativas que exijam a expressão oral em público.

Boxes

> Boxe de informação

Apresentado ao longo do capítulo, chama a atenção dos alunos para manifestações contemporâneas que se relacionam a um aspecto estudado ou amplia alguma informação apresentada na teoria.



> Tome nota

É empregado para o destaque a conceitos e definições importantes para o conteúdo estudado no capítulo.



> Lembre-se

Retoma algum conceito ou definição previamente estudado pelos alunos, para que eles possam compreender melhor alguma referência feita na apresentação teórica.



> De olho em... / Trilha sonora

Apresenta sugestões de filmes, livros, obras de arte e músicas que apresentam uma relação direta com algum aspecto estudado. Muitas vezes, além de sugerir que os alunos vejam um filme ou ouçam uma música, também propomos, em texto para o professor, alguma questão para discussão.

Como o propósito dessas sugestões é permitir o trabalho com diferentes linguagens artísticas e destacar de que modo os aspectos vistos manifestam-se no mundo contemporâneo, achamos interessante desafiar os alunos a refletirem sobre as possíveis relações entre passado e presente.

Capítulos de apresentação das estéticas literárias

Várias das seções presentes nos capítulos de introdução aos estudos literários são mantidas nos capítulos voltados para a caracterização dos diferentes movimentos estéticos: Imagem de abertura, Leitura da imagem, Da imagem para o texto e Texto para análise. Enem e vestibulares e Jogo de ideias aparecem no final das unidades.

Antes de iniciar o estudo de cada um dos capítulos, o aluno encontrará uma nova seção, Diálogos literários: presente e passado. O miolo dos capítulos ganha nova organização, pensada para favorecer o desenvolvimento didático e consolidar a abordagem metodológica por nós escolhida para a apresentação das estéticas literárias. As finalidades das novas seções estão descritas a seguir.

Diálogos literários: presente e passado

Para que os alunos possam compreender como a literatura se define por um permanente diálogo entre autores e obras de diferentes tempos e culturas, optamos por abrir os capítulos de estudo das diferentes estéticas com uma seção que destaca como a produção literária moderna e contemporânea relaciona-se com a produção anterior a ela. O critério utilizado para a seleção dos textos presentes nessa seção foi a identificação de algum tema importante para a estética que será estudada no capítulo e que continua a ser revisitado pela produção literária atual.

Pretendemos, por meio da leitura inicial de textos modernos e contemporâneos de autores brasileiros, portugueses e africanos, orientar o olhar dos alunos para perceberem que o passado permanece vivo e contribui para gestar o futuro, caracterizando a criação artística como um processo ininterrupto que se realiza por meio do diálogo entre as produções artísticas de diferentes períodos.

Para ampliar o trabalho com os textos apresentados e, assim, estimular os alunos a perceberem o estabelecimento de uma relação intertextual que vai muito além da simples retomada de temas, a seção se encerra com a sugestão de uma atividade que propõe uma relação entre diferentes linguagens.

Em alguns casos, os alunos são orientados a fazer uma pesquisa para identificar diversas manifestações artísticas contemporâneas (filmes, canções, pinturas, textos literários, etc.) que sugerem ou retomam o diálogo revelado na seção, para depois discuti-los com os colegas. Em outros, eles deverão fazer uma apresentação oral ou realizar um debate, expondo para a turma as reflexões feitas durante a análise dos textos/imagens pesquisados e as conclusões a que cada aluno/grupo chegou a respeito do assunto tematizado na atividade.
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Há também atividades em que apresentamos imagens (pinturas, cartuns, tiras, fotos, etc.) e canções para que os alunos discutam de que forma a relação estabelecida na seção se manifesta nessas produções artísticas. Em algumas das atividades propostas, depois dessa reflexão, os alunos deverão produzir um texto em um determinado gênero discursivo (um comentário, um post informativo, etc.) ou elaborar slides (que servirão de base a uma exposição oral) para destacar aspectos específicos da relação apresentada.

Acreditamos que, por meio de atividades assim, os alunos serão levados a refletir sobre os modos como diferentes manifestações artísticas do passado e do presente retomam e redefinem questões, terão a oportunidade de perceber qual é o verdadeiro sentido da intertextualidade e, sobretudo, refletir sobre os recursos e temas explorados por diferentes linguagens.

Contexto histórico

A seção que trata do contexto histórico é iniciada por títulos relacionados a acontecimentos históricos (como “Tensão no mundo da fé”, no Capítulo 10, uma referência à disputa religiosa entre católicos e protestantes no século XVI). Tem por objetivo destacar para os alunos os principais fatores que definem o contexto histórico no qual uma determinada estética irá ganhar forma. Como o conhecimento desse contexto é essencial para que o aluno compreenda como se deu a articulação dos agentes do discurso na definição de um projeto literário específico, decidimos apresentá-lo de duas maneiras diferentes: por meio de um texto e de modo mais esquemático.

O texto revela de que modo aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais criam uma formação discursiva que privilegia determinados temas, focaliza determinadas questões.

> Literatura e contexto histórico/político...

Presente nos capítulos de apresentação das estéticas literárias, esta vinheta traz uma questão que irá solicitar a retomada de informações ou de fatos significativos de natureza diversa (histórica, social, política, cultural, etc.) e a reflexão sobre as possíveis relações entre essas informações e fatos e as características estéticas estudadas. O objetivo desse tipo de questão é propor reflexões de natureza interdisciplinar e, dessa forma, levar o aluno a perceber e compreender as relações entre acontecimentos em diferentes áreas do conhecimento (política, ciências, artes, etc.) que caracterizam o contexto de uma determinada época e a produção literária e artística desse período.



Contexto estético

A seção em que é abordado o contexto estético é marcada por títulos em que aparecem o nome de uma estética e uma de suas principais características (como “Barroco: a harmonia da dissonância”, no Capítulo 10). Ela é o início da apresentação da estética literária em torno da qual se organiza o capítulo.



> Projeto literário do período

Esta seção garante a realização da perspectiva metodológica a partir da qual escolhemos estudar a literatura. Nela, focalizamos as principais intenções de uma determinada estética definidas pela relação entre os diferentes agentes do discurso.



Agentes do discurso

Apresenta informações sobre o contexto de produção e o contexto de circulação das obras literárias de um período.

Perfil do público

Optamos por destacar, entre os agentes do discurso, o perfil do público leitor das obras do período por acreditar ser essa uma informação fundamental para compreender o projeto literário desenvolvido. Há muito poucos estudos sobre o perfil dos leitores, mas essa é uma área de pesquisa que vem, aos poucos, ganhando força. Com base em dados obtidos com muito esforço, trouxemos para os alunos informações importantes que os ajudarão a formar uma representação mais completa do sistema literário (autor-obra-público) e, a partir dessa representação, compreender as escolhas estéticas feitas em diferentes momentos.



Características da produção literária

Após a apresentação do perfil do público, destacamos as principais características que definem o perfil literário da estética estudada.



Linguagem

Para finalizar o estudo do contexto estético, destacamos algum aspecto recorrente do trabalho com a linguagem no momento estudado. Queremos que os alunos aprendam a reconhecer não só o recurso linguístico destacado, mas também as razões por trás dessa escolha. Não se trata, portanto, da mera identificação de características típicas da estética A ou B. Trata-se da reflexão sobre como um uso específico da linguagem revela de que modo um projeto literário específico ganhou identidade nas obras de diferentes autores que escreviam em um mesmo momento.



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