Português: contexto, interlocução e sentido



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Dominar linguagens

Dominar uma determinada linguagem pressupõe saber operar os diferentes recursos na base de sua estrutura e funcionamento. No trabalho voltado a esse eixo, os professores de Literatura, Gramática e Produção de texto assumem um importante papel na detecção de conceitos e dados, trabalhados em outras áreas, para alimentar a construção de redes conceituais.

A título de exemplo, podemos citar a noção de representação, que perpassa as mais diferentes disciplinas: a Química se vale de representações geométricas no trabalho com as propriedades de estruturas moleculares; a Geografia recorre à linguagem cartográfica para representar aspectos naturais,
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humanos e econômicos identificados em uma determinada região; a História pode recorrer a linhas do tempo para representar uma cadeia de fatos que conduziram à emergência de um determinado contexto. Para não deixar de fora as disciplinas no campo da Linguagem, a Gramática pode se valer de representações variadas (árvores, diagramas, fluxogramas, etc.) para mostrar relações hierárquico-estruturais entre termos da oração; e a Literatura se ocupa das diferentes formas de representação artística por meio da linguagem verbal (em especial, a escrita). A noção de representação é, portanto, um exemplo de categoria que prontamente se presta a integrar uma rede conceitual no âmbito do eixo “dominar linguagens”.

Como sugestão para aproveitar os conteúdos deste volume no trabalho interdisciplinar associado a esse eixo, citamos como exemplo o tópico Editorial, direcionado no Capítulo 32. Após a apresentação das principais propriedades desse gênero, é sugerida uma atividade em que os alunos são incentivados à produção de um editorial sobre o impacto das redes sociais nos modos de relacionamento entre os jovens. São estabelecidas três etapas: 1. Pesquisa e análise de dados; 2. Elaboração; 3. Reescrita do texto.

Considerando as especificidades do gênero editorial, o trabalho a ser elaborado pode ser desenvolvido com o suporte de informações estatísticas a serem apresentadas por meio de gráficos. Com o apoio de professores da área de Matemática e suas Tecnologias, a instrumentação estatística pode ser explorada como um recurso adicional à língua escrita para incrementar a elaboração do projeto. Se tiverem acesso a computadores, os alunos poderão empregar recursos disponíveis em softwares como o Excel, que permite, de forma simples, traduzir para a linguagem gráfica informações numéricas e não numéricas. Para isso, eles precisam ser incentivados a levantar dados que possam ser apropriadamente quantificados (por exemplo, o tempo que os jovens passam conectados nas redes sociais) e inseridos no Excel.

A segunda etapa deve envolver a escolha de padrões gráficos. Programas como o Excel apresentam um “assistente de gráfico”, que permite ao usuário escolher o tipo de gráfico mais apropriado ao que se quer mostrar. Aqui, os alunos terão a oportunidade de visualizar diferentes padrões (gráficos em linha, em coluna, em barra, em pizza, etc.) e decidir por aquele(s) que seja(m) mais adequado(s) ao seu projeto.

Atividades desse tipo proporcionam aos alunos o trabalho simultâneo com diferentes formas de representação, contribuindo para o desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas ao eixo “dominar linguagens”. Ao lado da linguagem verbal, da qual naturalmente fazem uso em práticas de literatura, de gramática ou de produção de textos, os alunos devem ser incentivados a explorar recursos associados a sistemas de comunicação e informação trabalhados em outras áreas para potencializar os ganhos alcançados nas atividades que realiza dentro da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Neste volume, o professor encontrará várias oportunidades para desenvolver, com o apoio de profissionais das outras áreas, abordagens interdisciplinares com esse objetivo.



Compreender fenômenos

Para atuar na promoção de práticas interdisciplinares voltadas ao eixo “compreender fenômenos”, o profissional da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias deve ter em mente que fenômenos de natureza diversa, abordados por campos disciplinares de diferentes áreas, podem convergir em determinados aspectos e, por extensão, levar à emergência de conceitos e informações que poderão ser trabalhados de uma ótica interdisciplinar. Dessa perspectiva, professores de Língua Portuguesa podem, a partir do diálogo com docentes de outras áreas, investir na identificação de diferentes fenômenos que, quando sobrepostos, deem origem a conceitos ou ideias passíveis de tratamento sob diversos ângulos e impactem positivamente sobre o conteúdo de diferentes disciplinas.

Como exemplo, apresentamos os capítulos voltados ao estudo da estrutura e formação de palavras: o Capítulo 19 (A estrutura das palavras), o Capítulo 20 (Formação de palavras I) e o Capítulo 21 (Formação de palavras II). Valendo-se de uma certa abstração, é possível associar os conceitos de átomo e molécula, estudados na disciplina de Química, aos de morfema e vocábulo, respectivamente.

Assim como os átomos se combinam para formar o que chamamos de moléculas, os morfemas também se combinam para formar o que chamamos de vocábulos. Os morfemas podem ser compreendidos como “átomos lexicais”, a menor unidade que comporta sentido no interior de uma palavra: assim como temos substâncias formadas de um único átomo (por exemplo, o gás argônio – Ar), de dois átomos (por exemplo, o cloreto de sódio – NaCl), de três átomos (por exemplo, a água – H2O), e assim por diante, podemos ter vocábulos formados de um único morfema (por exemplo, o adjetivo feliz), de dois morfemas (por exemplo, infeliz: in- + feliz), de três morfemas (por exemplo, desinfeliz: des- + in- + feliz), de quatro morfemas (por exemplo, desinfelicidade: des- + in- + feliz + -(i)dade), e assim por diante.

Da mesma forma como os alunos são apresentados, na disciplina de Química, à classificação das substâncias quanto ao número de átomos (monoatômica, diatômica, triatômica, etc.), o professor de Gramática pode levar esses mesmos alunos a pensar sobre como seria uma classificação que considerasse o mesmo critério no tratamento dos vocábulos. Se entende-
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rem o conceito de morfema, é possível que os alunos sugiram algo como vocábulos monomorfêmicos, dimorfêmicos, trimorfêmicos e polimorfêmicos. Nessa mesma linha, oposições como “palavras primitivas × palavras derivadas” e “palavras simples × palavras compostas” podem encontrar paralelo em oposições do tipo “substâncias puras × misturas” e “substâncias simples × substâncias compostas”, respectivamente. Diante desses paralelismos conceituais, o raciocínio necessário à compreensão de fenômenos comumente estudados na disciplina de Química seria, nesse caso, o mesmo que o explorado para compreender um fenômeno gramatical (a formação de palavras).

Para completar a prática, os alunos podem ser incentivados a montar um corpus com nomes de compostos químicos (por exemplo, maleato de dexclorfeniramina) para analisá-los morficamente, da perspectiva gramatical: que morfemas (ou átomos lexicais) entram na formação do nome desses compostos? Que noções esses morfemas traduzem? Que processos entram em jogo na sua combinação?

Enfrentar situações-problema

Um problema se diferencia de um exercício pelo fato de requisitar aos alunos que apresentem soluções para uma questão inusitada, apartando-se do padrão que envolve a aplicação automática de procedimentos. Ao lhes ser apresentada uma situação-problema, os alunos se veem diante de uma questão com a qual não haviam lidado até então, e, por isso, só terão sucesso em sua resolução se recorrerem à reflexão, à pesquisa e à argumentação aliadas a uma boa dose de intuição, ousadia, criatividade e persistência.

Se for elaborada em uma perspectiva interdisciplinar, a situação-problema deverá levar os alunos a selecionar, relacionar e aplicar conceitos de diferentes áreas. Espera-se que, com dados e informações provenientes de dois ou mais campos disciplinares, ampliem-se as chances de sucesso dos alunos na tentativa de resolver um problema inusitado.

Ao longo deste volume, o professor encontrará inúmeras propostas de atividades em que os alunos se verão diante de situações-problema. Várias dessas propostas podem ser trabalhadas em uma perspectiva interdisciplinar, levando os alunos a aliarem conceitos desenvolvidos no âmbito da Literatura, da Gramática ou da Produção de textos a informações trabalhadas em outras disciplinas.

A título de sugestão, o Capítulo 9 traz uma proposta de atividade em torno de um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha que se abre a uma articulação com disciplinas da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. A questão 3, da seção Texto para análise, por exemplo, apresenta perguntas que evidenciam o ganho propiciado por essa articulação: “Que elementos do texto indicam a visão de um homem europeu que desconsidera a cultura indígena? É possível explicar o processo de aculturação dos índios a partir dessa visão do mundo do colonizador? Por quê?”. Para desenvolver uma resposta que leve em conta tanto a “visão de um homem europeu” quanto “a cultura indígena”, os alunos terão de ativar informações que são trabalhadas em outros campos disciplinares. O professor de Literatura pode, nesse caso, incentivar os alunos a buscarem subsídios junto a professores de História e Sociologia, no intuito de analisar o contexto social, econômico e cultural da época em que a Carta foi escrita, bem como para buscar informações sobre elementos da cultura indígena no século XVI.

Os ganhos dessa articulação ultrapassam os limites da questão 3. Em “Literatura e contexto histórico”, nesse mesmo capítulo, por exemplo, os alunos são convidados a discutir se “há contradição entre as ações autorizadas por Portugal nessa data (1549) e o projeto de salvação dos indígenas pela fé católica”; e, no capítulo seguinte, que se ocupa do Barroco, os alunos terão de conhecer em que consistiram a Reforma e a Contrarreforma, também deflagradas no século XVI.

A articulação interdisciplinar em torno de reflexões e temas dessa ordem permite, portanto, integrar informações exploradas em diferentes campos de estudo na resolução de situações-problema que requeiram a análise do contexto histórico-social na interpretação de um texto.

Construir argumentação

Os três volumes que compõem esta obra trazem inúmeras atividades nas quais os alunos são instigados a explorar habilidades relacionadas ao eixo “construir argumentação”: explicar seu ponto de vista, justificar sua resposta, motivar uma determinada ideia ou visão, validar uma análise ou opinião, etc. Dentre os temas tratados especificamente neste volume, citamos como um espaço privilegiado para a criação e o aperfeiçoamento dessas habilidades os capítulos que compõem a Unidade 5, em que se estudam as relações entre linguagem e sentido. Dentre os tópicos de que essa unidade se ocupa, um deles envolve um conceito fundamental em qualquer abordagem interdisciplinar: a noção de contexto.

No trabalho com o dado apresentado no Capítulo 16, por exemplo, em que se recorre a um cartum do Angeli para abordar a função crítica da ironia, é necessário explorar informações normalmente trabalhadas na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias para que se depreenda adequadamente o papel do contexto na construção de sentido. Por que, afinal, a palavra democracia está sendo utilizada para mostrar que apenas os sócios podem entrar num lugar identificado como “Clube Brasil”? Que fatores históricos, econômicos e sociais garantem ou fomentam o sur-
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gimento de uma verdadeira democracia? Que fatos recentes da história do Brasil autorizam o cartunista a explorar o conceito de democracia na elaboração de sua crítica? Que conceito de democracia emerge a partir da leitura do cartum? Por que se emprega a palavra sócios para designar aqueles que estão autorizados a entrar na festa?

Respostas a perguntas desse tipo, que exigem reconhecer o contexto de produção da tira, podem ser enriquecidas se, apoiado em temas normalmente trabalhados em História, Geografia, Sociologia ou Filosofia, o professor de Língua Portuguesa desenvolver uma abordagem que forneça aos alunos subsídios para defender seu ponto de vista e argumentar em favor ou contra a visão por trás da ironia que vemos no cartum.

Cabe destacar que a Unidade 10, que apresenta o último capítulo de Produção de texto deste volume, é destinada ao trabalho com argumentação, explorando o gênero editorial (Capítulo 32). Os recursos apresentados nessa unidade podem ser explorados não apenas por professores de Português, mas também por professores de outras áreas que queiram promover, junto aos alunos, práticas de argumentação no programa da sua disciplina.



Elaborar propostas

Por meio de atividades desenvolvidas em torno do eixo “elaborar propostas”, é possível avaliar se o aluno é capaz de responder a diferentes expectativas da sociedade pelo recurso simultâneo às mais variadas habilidades que, espera-se, terá desenvolvido ao longo do Ensino Básico.

Trata-se, talvez, do único eixo que, por seu apelo agregador, não pode dispensar o trabalho interdisciplinar: o incentivo à elaboração de propostas (desde o projeto inicial até sua execução) deve envolver docentes de diferentes áreas, sem o que o desenvolvimento de uma percepção mais realista, por parte dos alunos, daquilo que terão de enfrentar no espaço pós-escolar corre o risco de não ser alcançado.

Dentre as sugestões de atividades com potencial para o trabalho interdisciplinar em torno desse eixo, podemos citar as propostas no Capítulo 30, que é inteiramente voltado ao trabalho com reportagem. Nele, os alunos são motivados a criar uma reportagem sobre lendas urbanas. O passo a passo apresentado para a execução dessa atividade pode ser aplicado como modelo para preparação de outras reportagens, nas quais os alunos possam explorar conceitos e informações provenientes de diferentes áreas e disciplinas.

Por exemplo, uma reportagem sobre a importância da boa alimentação pode ser elaborada com o apoio de informações normalmente trabalhadas na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias. Os professores de Biologia são os indicados para orientar os alunos na busca de informações sobre diferentes alimentos que são responsáveis pelo bom ou mau funcionamento das células. Os professores de Química, por sua vez, poderão auxiliar no reconhecimento das propriedades de substâncias que entram na composição de diferentes alimentos, bem como dos efeitos provocados por tais substâncias em nosso organismo.

Outro exemplo interessante está na realização de uma reportagem sobre o uso responsável da energia elétrica. O papel do professor de Física pode ser fundamental em uma reportagem desse tipo, no sentido de orientar os alunos a buscar e compreender informações sobre como controlar o tempo de uso de diferentes aparelhos domésticos para consumir menos energia ou sobre como detectar problemas elétricos que elevam o valor das contas de luz.

Nesse caso, o papel do professor de Língua Portuguesa será o de orientar os alunos na materialização da reportagem, ajudando-os a identificar os melhores recursos verbais (por exemplo, seleção de vocábulos e estruturas linguísticas adequadas à reportagem) e recursos não verbais (gráficos, infográficos, fotos, etc.), bem como incentivá-los a buscar, em diferentes áreas de conhecimento, conceitos e informações que guiarão o trabalho a ser desenvolvido.

A avaliação no processo de ensino-aprendizagem

Os recursos empregados para mensurar as competências e habilidades desenvolvidas pelo aluno devem ser uma forma de trazer para o espaço da escola uma oportunidade de ele mesmo refletir sobre sua formação nos campos profissional, científico e cultural. Nesse sentido, todo processo de avaliação deve propiciar ao aluno reflexões do seguinte tipo:

• Estou adquirindo as competências necessárias para exercer a profissão que almejo?

• As habilidades que estou desenvolvendo podem ser colocadas a serviço do avanço científico-tecnológico, para melhorar minha vida e a vida das pessoas ao meu redor?

• Estou em condições de lidar com diferentes formas de manifestação cultural, aceitando a diversidade social e contribuindo para preservar o patrimônio histórico da comunidade em que estou inserido?

Os processos de avaliação devem, além disso, ser considerados um momento privilegiado para que o próprio avaliador realize um autodiagnóstico, de modo a verificar se suas ações têm colaborado positivamente para o sucesso dos alunos.


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Também não se pode perder de vista que uma das funções da avaliação é permitir ao professor verificar, após o cumprimento de uma determinada etapa, qual é o nível atingido pelo aluno na aquisição ou no desenvolvimento de diferentes competências e habilidades. A ação do professor não deve ser norteada pela prática do “avaliar para aprovar ou reprovar”, mas avaliar para, dentre outros objetivos, ajudar o aluno a identificar os aspectos necessários para que atinja um nível de formação compatível com o que dele se espera no período escolar e pós-escolar.

Diante dessa visão, qual deve ser a ação do professor de Língua Portuguesa na busca de formas, possibilidades, recursos e instrumentos de avaliação a serem utilizados no processo de ensino-aprendizagem? Essa ação pode ser guiada pelo investimento em estratégias que permitam avaliar o quanto as competências relacionadas ao trabalho com gramática, literatura e produção de texto foram satisfatoriamente desenvolvidas, em atendimento aos objetivos a serem alcançados em uma determinada etapa da vida escolar.

Apresentamos a seguir sugestões de estratégias de avaliação, levando em conta algumas competências relacionadas à área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na matriz de referências para o Enem 2009. Procuramos explorar o próprio conteúdo desta obra didática para trazer exemplos de práticas que poderão subsidiar diferentes processos de avaliação.



Avaliando a competência de área 1: Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.

As linguagens verbais (fala e escrita) podem ser tratadas como tecnologias da comunicação. Os alunos devem, portanto, ser avaliados quanto à habilidade de aplicar socialmente os recursos que essas tecnologias põem a sua disposição no ato da comunicação. As partes de Gramática e Produção de Texto que compõem esta obra didática são espaços apropriados para a avaliação da competência de área 1, bem como das habilidades a ela relacionadas.

No plano gramatical, o professor pode recorrer ao modelo de reflexão e atividades propostas nas seções Usos de... e Pratique. A seção Usos de... analisa como um determinado aspecto linguístico participa da estrutura de textos representativos de diferentes gêneros. A seção Pratique traz propostas para que os alunos ponham em prática o que foi observado na análise do aspecto linguístico, sendo solicitado a criar um texto ou a aplicar a mesma análise em outro texto. O desempenho em atividades dessa seção pode indicar quão satisfatória é a atuação do aluno na tentativa de aplicar recursos de expressão associados a uma importante tecnologia de comunicação no mundo contemporâneo: a língua escrita.

Na parte de Produção de texto, as diferentes atividades sugeridas no final dos capítulos podem dar base a um modelo de avaliação das habilidades associadas à competência de área 1. Por exemplo, a habilidade de “recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais” (H2) pode ser mensurada pela observação da ousadia e criatividade do aluno na seleção de diferentes recursos linguísticos para executar o projeto proposto.



Avaliando a competência de área 4: Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.

A introdução dos capítulos que compõem a parte de Literatura trazem atividades que são uma excelente oportunidade para avaliar habilidades atreladas a essa competência. Nessas atividades, o aluno é colocado diante de imagens e textos cuja análise pressupõe, muitas vezes, reconhecer características definidoras de diferentes manifestações artísticas (não apenas a literatura) e associadas a estéticas específicas. O grau de dificuldade demonstrado pelo aluno nesse trabalho de reconhecimento pode evidenciar em que nível ele se encontra no desenvolvimento de certas habilidades, como a de “analisar as diversas produções artísticas como meios de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos” (H13).



Avaliando a competência de área 5: Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.

A avaliação dessa competência exigirá do professor de Língua Portuguesa buscar estratégias para verificar o sucesso do aluno no enfrentamento de desafios que entram em jogo na leitura de textos representativos dos mais diferentes gêneros, como aqueles pertencentes à esfera literária. Uma possibilidade de trabalho nessa linha é fazer avaliações que solicitem ao aluno o desenvolvimento de atividades que objetivam levá-lo a organizar as informações trabalhadas em um determinado capítulo a partir de uma questão específica. Apresentamos a seguir um exemplo de uma atividade desse tipo, voltada à reflexão sobre temas trabalhados no Capítulo 9 deste volume. Para essa prática de avaliação, é necessário fornecer orientações (“identifique...”, “releia...”, “compare...”) para que o aluno não se perca no desenvolvimento da questão.


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• Leia o excerto abaixo para desenvolver a atividade que segue.

Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tal qual eram, a selvageria e a civilização. Suas concepções, não só diferentes, mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. Os navegantes, barbudos, hirsutos, fedentos de meses de navegação oceânica, escalavrados de feridas de escorbuto, olhavam, em espanto, o que parecia ser a inocência e a beleza encarnadas. Os índios, vestidos de nudez emplumada, esplêndidas de vigor e de beleza, tapando as ventas contra a pestilência, viam, ainda mais pasmos, aqueles seres que saíam do mar.

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 44. (Fragmento).

• Redija um parágrafo argumentativo em que você demonstre como os textos da literatura de viagens podem ser lidos como o registro do enfrentamento de duas civilizações: a europeia e a indígena.

Antes de o aluno desenvolver seu parágrafo, sugerimos que ele realize as seguintes tarefas:

1. Identifique, nos textos dos viajantes, a imagem que fazem dos índios e a imagem que fazem de si mesmos.

2. Identifique a imagem que Darcy Ribeiro faz dos índios e dos portugueses.

3. Compare as representações de índios e de portugueses feitas pelos relatos dos viajantes e por Darcy Ribeiro.

4. Explique como os relatos de viajantes e o texto de Darcy Ribeiro aplicam de modo diferente os conceitos de “selvageria” e de “civilização”.



Avaliando a competência de área 6: Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.

As muitas atividades deste volume que, na parte de Gramática, requerem a resolução de situações-problema ou questões voltadas à compreensão de fenômenos linguísticos em diferentes níveis de análise podem subsidiar adequadamente a avaliação dessa competência. Particularmente no que diz respeito à habilidade de “identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos” (H18), a avaliação em torno de tópicos gramaticais deve levar em conta o trabalho com produção textual. Nesse sentido, as reflexões e atividades sugeridas nas seções Usos de..., Pratique e na seção que fecha o capítulo, já referidas na avaliação da competência de área 1, podem ser o momento ideal para mensurar a competência de área 6 e suas respectivas habilidades.



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