Avaliando a competência de área 7: Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
As atividades voltadas ao trabalho com o texto argumentativo e dissertativo-argumentativo, propostas em unidades da parte de Produção de Texto, podem servir de base para a avaliação das habilidades relacionadas a essa competência. Por exemplo, a habilidade de “reconhecer, em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos” (H2) pode ser atestada pelo maior ou menor sucesso do aluno na execução de atividades em que é solicitado a produzir textos com o objetivo de persuadir, convencer, mudar ideias, etc.
Avaliando a competência de área 8: Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
Dentro dessa competência é avaliada, entre outras, a habilidade de “relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social” (H26). O professor encontrará diversas atividades que permitem abordar esse tema ao longo dos três volumes da obra. Essas atividades trazem exemplos de uso (formal e informal) da língua em diferentes contextos e podem, dessa forma, servir de modelo para elaborar práticas de avaliação para mensurar a competência de área 8.
Como sugestão, os boxes intitulados “De olho na fala” são um excelente instrumento para subsidiar atividades que levem o aluno a descrever fatos gramaticais típicos da fala espontânea. O conteúdo dessas descrições pode indicar em que nível o aluno se encontra no desenvolvimento da habilidade de “reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de interlocução” (H27).
Avaliando a competência de área 9: Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
O desenvolvimento dessa competência requer que os alunos reconheçam “a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação” (H28). O espaço dedicado ao trabalho com diferentes gêneros discursivos na seção que fecha os capítulos da parte de Produção, já referido na abordagem de outras competências, se oferece como um modelo para práticas de avaliação em torno dessa habilida-
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de. Se o aluno for instigado a empregar os recursos disponibilizados por diferentes formas de linguagem na execução desses projetos, seu desempenho nas etapas previstas dentro da seção (Pesquisa e análise de dados, Elaboração e Reescrita do texto) permitirá atestar, dentre outros aspectos, o nível da sua habilidade em “identificar, pela análise de suas linguagens, as tecnologias de comunicação e informação” (H29).
Reflexões sobre a prática docente
Pelo exposto até aqui, podemos considerar que o professor de Língua Portuguesa tecnicamente bem preparado é aquele que revela, em sua prática docente, pelo menos três características:
I. Capacidade de investir continuamente na própria formação e no aperfeiçoamento de suas práticas de ensino, não se intimidando na busca e/ou criação de novos recursos associados a diferentes formas de linguagem para explorá-los, de forma ousada e criativa, em âmbito escolar.
II. Disposição para promover a abordagem interdisciplinar, procurando interagir construtivamente com os demais profissionais da escola e recorrendo a estratégias que permitam potencializar a contribuição de conceitos e informações trabalhados em outras disciplinas na análise de fatos da linguagem.
III. Habilidade para aplicar diferentes recursos e instrumentos de avaliação, visando a verificar tanto os erros e acertos de suas práticas quanto o nível atingido pelos alunos no desenvolvimento de competências relacionadas ao trabalho na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias.
Investir no aperfeiçoamento constante das práticas de ensino demanda a inserção do professor em espaços de produção e divulgação de saberes dos quais as universidades, com seus centros de pesquisa, são o melhor exemplo. Podemos recorrer à imagem do “professor-pesquisador” de língua portuguesa, aquele que busca e testa novas formas de abordar a linguagem para eleger aquelas que promovam resultados positivos em sala de aula.
Quanto ao esforço voltado à interdisciplinaridade, a disposição para o trabalho com esse fim passa necessariamente pelo reconhecimento de que é fundamental interagir com os demais profissionais da escola. Os professores de Gramática, Literatura e Produção de texto devem investir em uma articulação interdisciplinar que se reflita no uso de diferentes formas de linguagem para a resolução de problemas trabalhados no domínio de outras áreas. Ao mesmo tempo, essa articulação deve permitir que conceitos pertencentes ao domínio de outras disciplinas possam ser colocados a serviço de práticas que passem pelo estudo da linguagem.
Por fim, implementar formas criativas e profícuas de avaliação deve ser uma preocupação de qualquer docente que, interessado em garantir uma formação que articule ciência, cultura e trabalho, sinta a necessidade de mensurar a eficiência de suas práticas na sustentação desse tripé. Qualquer que seja a escolha do professor, sua ação não pode ser centrada em um processo que mire a simples aprovação ou reprovação do aluno: antes de mais nada, as práticas de avaliação devem desenvolver instrumentos por meio dos quais o próprio aluno possa reconhecer o nível em que encontra no desenvolvimento de uma dada competência.
Fichas para a avaliação de práticas docentes
A seguir, apresentamos modelos de ficha para guiar a avaliação de práticas docentes no âmbito da disciplina de Língua Portuguesa.
As fichas propostas trazem afirmações a respeito de diferentes práticas e resultados que devem receber uma nota de 0 (zero) a 5 (cinco): se a afirmação for totalmente verdadeira, deve receber 5; se for totalmente falsa, deve receber 0. Uma maioria de afirmações com nota alta reflete uma boa avaliação do professor a respeito de suas práticas.
Exemplificamos os dois modelos com as habilidades relacionadas à competência de área 8 da matriz de referência para o Enem 2009 e com tópicos relacionados ao estudo sobre formação de palavras, respectivamente.
Procedimentos de avaliação:
• observar o desempenho dos alunos na execução de atividades voltadas ao reconhecimento de efeitos de sentido associadas a processos de derivação e composição;
• verificar se os alunos conseguem identificar neologismos, bem como reconhecer sua função em diferentes práticas discursivas;
• atentar para o interesse e desempenho dos alunos na resolução das atividades propostas no livro didático;
• acompanhar os procedimentos aplicados pelos alunos na resolução das atividades propostas em âmbito interdisciplinar, em particular aqueles que envolvem práticas associadas ao eixo cognitivo “compreender fenômenos” e “dominar linguagens”;
• verificar se, em situações específicas (como na análise do nome de compostos químicos), os alunos conseguem se valer dos conceitos trabalhados em sala de aula para depreender os processos que entram em jogo na constituição mórfica de palavras amplamente utilizadas em um determinado campo de saber.
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Ficha para avaliação das práticas docentes
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Foi possível trabalhar satisfatoriamente todos os conceitos previstos na elaboração da aula.
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Os alunos não mostraram dificuldades com conceitos que precisaram ser recuperados para o trabalho adequado com o tema.
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A fundamentação teórico-metodológica mostrou-se apropriada para o trabalho didático com o tema em questão.
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As referências bibliográficas que serviram de apoio à preparação da(s) aula(s) contribuíram positivamente para a explicitação do tema.
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Os alunos mostraram interesse pelo tema da aula e se sentiram motivados a desenvolver as atividades sugeridas.
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Os alunos progrediram no desenvolvimento do(s) eixo(s) cognitivo(s) trabalhado(s).
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O resultado das atividades evidencia o desenvolvimento das competências e habilidades previstas no projeto da aula.
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A articulação interdisciplinar mostrou-se positiva para todas as áreas e disciplinas envolvidas.*
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Os conceitos e informações trabalhados na articulação interdisciplinar foram adequadamente compreendidos pelos alunos.
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Os instrumentos de avaliação foram eficazes na aferição das competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos.
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Os instrumentos de avaliação permitiram que os próprios alunos chegassem a conclusões sobre suas competências e habilidades.
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* Na ficha a seguir, a avaliação desse item é estendida.
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Ficha para avaliação das práticas docentes
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Todos os professores envolvidos na articulação tiveram tempo e mostraram disposição para se dedicar ao projeto.
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Houve pleno domínio, da parte dos professores de Português, dos conceitos e informações trabalhados em outros campos de saber.
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Houve pleno domínio, por parte dos outros professores, dos conceitos e informações trabalhados em Língua Portuguesa.
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Todas as instâncias da escola deram apoio ao desenvolvimento da articulação interdisciplinar.
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Não faltaram recursos materiais para desenvolver as atividades previstas no projeto.
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A falta de paralelismo programático entre os conteúdos em comum de cada disciplina não foi um obstáculo à execução do projeto.
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Os alunos foram receptivos à abordagem integrada de conceitos e informações.
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A articulação interdisciplinar contribuiu claramente para o sucesso dos alunos em práticas associadas aos diferentes eixos cognitivos.
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RESPOSTAS DAS ATIVIDADES E REFERÊNCIAS
LITERATURA
RESPOSTAS AOS EXERCÍCIOS
UNIDADE 1 Introdução à literatura
CAPÍTULO 1 Arte, literatura e seus agentes
Leitura da imagem (p. 11)
1 A artista retrata centenas de casas, coladas umas às outras, em diversos planos da tela, ocupando todo o espaço disponível. As casas, muito coloridas, parecem ser modestas (porta e janela ou duas janelas) e estão dispostas sem uma organização espacial clara.
2 A imensa quantidade de casas “amontoadas” umas ao lado das outras pode provocar uma sensação de claustrofobia, mas isso certamente é atenuado pelo colorido, que dá à obra um ar alegre.
3 Sim. A observação do quadro permite identificar as principais características destacadas no texto: uma obra intensa e vibrante, uma composição de padrão repetitivo (as muitas casinhas), com um colorido que explora uma grande variedade de tons e cria para o observador um universo “mais colorido e amigável”. Também é possível observar, na tela, o uso da espátula (e não do pincel), que espalha e mistura algumas das cores, deixando os traços mais indefinidos. Outra característica observada nessa obra é a sensação de abstração promovida pela repetição do mesmo padrão (no caso, das casas), que cria “um mar de cores alegres” na superfície da tela.
4 Espera-se que os alunos concordem com a afirmação feita, já que a representação de uma favela carioca criada pela artista não é comum e nos desafia a interpretar o que está diante de nós no quadro. Geralmente, as representações das favelas costumam destacar aspectos negativos desses verdadeiros conglomerados humanos: carência de aspectos básicos de infraestrutura urbana (rede de água, luz, esgoto), falta de segurança. As casinhas coloridas que se multiplicam pela obra de Christine Drummond nos apresentam uma imagem vibrante, positiva da favela. Essa impressão é desencadeada pelo uso das cores fortes.
5 a) As muitas casas amontoadas em diferentes planos do morro. A simplicidade de muitas dessas casas (em termos arquitetônicos, são “caixotes” com portas e janelas). As cores fortes utilizadas na pintura de algumas delas (rosa, verde, vermelho, laranja, roxo).
b) Resposta pessoal. A aglomeração espacial das casas provavelmente provoca uma sensação claustrofóbica no observador. A impressão que dá é que as pessoas vivem em espaços muito pequenos. Outra impressão que o observador pode ter é a de insegurança dessas estruturas. Como as casas estão construídas nas encostas de um morro, pode-se supor que o risco de desabamento, em caso de chuva muito forte, é grande.
6 A intenção da fotografia é registrar a realidade das edificações de uma favela carioca. Nesse sentido, a visão das casas pequenas e praticamente sobrepostas umas às outras dá ao observador da foto a informação de que a ocupação desse espaço urbano é feita de modo desordenado e sem cuidado com questões de segurança. Christine Drummond provavelmente pretendeu criar outra imagem da favela: a de um lugar alegre, colorido. O fato de ela representar as casas grudadas umas nas outras alude a uma condição real; o uso das cores fortes também evoca uma característica que se pode reconhecer na fotografia, mas a intensidade e a variedade dessas cores faz com que a tela sugira um novo sentido para uma realidade urbana que é geralmente vista de modo negativo.
7 Nos dois casos, estamos diante de textos não verbais. Podemos ler a foto e atribuir a ela significados que vão além do mero registro de um espaço urbano. Uma possibilidade, por exemplo, é denunciar as condições em que vivem as pessoas na favela, sem infraestrutura adequada, correndo o risco de verem suas casas desabarem morro abaixo. No caso da tela de Christine Drummond, é evidente a intenção da autora de desafiar o observador a atribuir um sentido positivo às favelas. Um novo olhar que considere outros aspectos dessas comunidades, geralmente associadas a tudo o que não têm: qualidade de vida, segurança, etc.
Leituras (p. 13)
1 a) Ao fazer tal afirmação, o surrealista René Magritte alude ao fato de que a obra de arte propõe uma representação da realidade. Assim, embora tenhamos, no quadro, a figura de uma maçã, ela não é real, mas uma representação da maçã real.
b) Resposta pessoal. O aluno pode responder a essa questão de maneira afirmativa ou não. Seria importante que o professor recapitulasse, neste momento, as definições de arte, discutindo a noção de que a arte pode ser definida como um processo de transformação da matéria oferecida pela natureza. O artista não copia o real, transforma-o em representação, que revela não só o seu olhar, mas também todas as influências históricas e culturais que o formaram. O estranhamento provocado pela representação “fiel” de uma maçã associada à frase, que nega, em princípio, aquilo que é visto, deve ser enfatizado para que o aluno perceba a maneira como o artista decidiu se expressar.
2 a) Gregor Samsa parece ser um homem simples e de poucas posses. A referência à sua profissão e a descrição de seu quarto como “um pouco pequeno demais” sugerem uma condição social modesta. Tem-se, ainda, a impressão de que vive só, já que a fotografia no porta-retrato é de uma revista. Não há referência a elementos pessoais no quarto de Samsa.
b) Sim. A descrição apresentada, com ênfase em uma caracterização mais “grotesca” da visão que Samsa tinha de si mesmo (“suas costas duras como couraça”, “seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas”, “suas numerosas pernas, lastimavelmente finas” que “tremulavam desamparadas diante dos seus olhos”), leva à aceitação do adjetivo “monstruoso” para caracterizar a personagem.
c) Resposta pessoal. É importante que o aluno perceba, pelos indícios apresentados no próprio texto, que a primeira sensação da personagem é de incredulidade (“O que aconteceu comigo?”). Depois, a personagem se dá conta de que não está sonhando, pois se encontra em um ambiente conhecido e real: seu quarto. É possível pensar no pânico que a visão de si mesmo causaria a Samsa, já que temos a caracterização de sua figura como a de um “monstruoso inseto”.
3 Os elementos presentes no texto que poderiam existir fora do universo da ficção são o quarto de Gregor Samsa e o ambiente que se descortina do lado de fora do cômodo: o quarto pequeno com suas paredes conhecidas, a cabeceira da mesa,
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o mostruário de tecidos, a fotografia recortada de uma revista ilustrada colocada em uma moldura dourada, a foto de uma senhora com um gorro de pele envolvida em um boá de pele, a janela, o tempo nublado e o barulho das gotas de chuva. O que não poderia, provavelmente, acontecer fora do universo da ficção é a transformação de Samsa em um inseto e, como consequência, toda a descrição da aparência da personagem.
> O que faz com que os leitores aceitem como possível a transformação da personagem em inseto é a construção da verossimilhança do universo ficcional criado. As condições que regem os acontecimentos de que trata essa narrativa permitem que o leitor aceite que, nesse mundo, a transformação de Gregor Samsa seja verossímil.
4 Resposta pessoal.
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