Português: contexto, interlocução e sentido


> Resposta pessoal. Leituras (p. 14)



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> Resposta pessoal.

Leituras (p. 14)

1 a) A paisagem é árida, representada sem muitos detalhes que chamem a atenção para ela, ao contrário da Mona Lisa, retratada de modo minucioso, revelando o cuidado do pintor em caracterizar a roupa que veste, cheia de dobras e enfeites. Além disso, a Mona Lisa está em primeiro plano, no centro do quadro, e a luz se concentra em seu rosto. O fato de ocupar o primeiro plano faz com que a relação de tamanho entre a paisagem (longínqua e ao fundo) e a figura humana (grande e central) chame a atenção do observador para esta última.

b) A paisagem do lado esquerdo força a vista para baixo, enquanto a paisagem do lado direito força a vista para cima. Com isso, a Mona Lisa parece estar mais alta em um lado do que no outro e a própria expressão de seu rosto (os seus lábios parecem se mexer) muda com esse deslocamento do olhar.

c) As estradas curvas, as águas no fundo, o aqueduto (lado direito do quadro, na altura do ombro da Mona Lisa).

2 a) O principal elemento é a mulher retratada que, apresentando pose, sorriso e cabelos semelhantes àqueles da Mona Lisa, imediatamente faz com que nos lembremos do quadro de Da Vinci. É interessante observar, porém, que esses elementos marcam, ao mesmo tempo, a semelhança e a diferença entre as duas obras. São semelhantes o suficiente para provocarem o reconhecimento do “diálogo”, mas diferentes para nos fazerem perceber que se trata de uma releitura e não de uma cópia... Além da figura central, é possível identificar também uma paisagem, sugerida principalmente do lado esquerdo do quadro (retratada em apenas algumas pinceladas), que evoca a paisagem do original.

b) O estilo do pintor (“nervoso”, com pinceladas que remetem ao grafite, à pichação), o texto (muitos alunos podem não ter visto a nota de 1 dólar americano, mas reconhecerão alguns elementos que permitem identificá-lo como tendo sido copiado de uma nota monetária), os riscos que deformam a mulher retratada.

c) Resposta pessoal. Espera-se que o aluno perceba que o fato de ele ter escolhido uma imagem tão usada e popular pode servir para várias interpretações: homenagem irreverente a Da Vinci, “modernização” de uma imagem desgastada, ato de rebeldia contra a arte tradicional, crítica à comercialização da arte, etc.

d) Resposta pessoal.



3 Pelo fato de ter uma técnica que lembra o grafite (a arte das ruas) e de conter elementos de uma nota (1 dólar, o menor valor), a obra supõe um público urbano, inquieto, questionador, voltado para as formas mais radicais de manifestação artística e que simpatize com a arte de vanguarda.

Texto para análise (p. 17)

1 O foco narrativo desse conto está em 3ª pessoa (“Ela abriu o jornal, bocejando.”), é uma “voz” que conta o que se passa com a personagem principal: a menina de 15 anos que lê o jornal. O aluno já deve ter aprendido, no Ensino Fundamental, o que é foco narrativo onisciente. Talvez seja interessante aproveitar para relembrar, em linhas gerais, o que caracteriza um foco como esse.

a) A única personagem apresentada no conto é uma adolescente que lê o jornal (embora haja uma referência ao pai da garota, ele não é personagem da narrativa). Pelas informações do narrador sobre a protagonista, sabe-se que ela tem 15 anos, não gosta de ler jornal, mas faz um esforço diário nesse sentido para agradar ao pai. Ficamos sabendo também que essa adolescente, ao contrário do que se possa imaginar inicialmente, encontra grande prazer na leitura, mas de textos literários (em especial, romances).

b) Não há informações explícitas sobre o cenário e o tempo em que a ação narrada ocorre, porque esses elementos não desempenham uma função importante na estrutura do conto transcrito. Toda a história se centra na notícia que a menina lê no jornal e na reflexão que é desencadeada depois dessa leitura. Por isso, o conto apresenta apenas alguns indícios de que, provavelmente, a menina lê o jornal de manhã (ela está bocejando) e em sua casa.

2 A protagonista leu a notícia de que um grupo francês se preparava para lançar uma cápsula do tempo contendo mensagens da Terra. Essa cápsula, com mensagens gravadas em discos de vidro à prova de radiação e amostras de natureza diversa sobre o mundo na atualidade, ficaria na órbita da Terra e seria programada para reentrar em nossa atmosfera depois de cinco mil anos.

a) O fato logo chama a atenção da garota, principalmente pela diferença entre o projeto descrito na notícia e outros semelhantes, pois o objetivo dele seria reenviar as mensagens para a humanidade, no futuro, em lugar de lançá-las no espaço para serem descobertas por outras civilizações. A reflexão da garota é gerada por dois fatores que se relacionam: o tempo para que essas mensagens retornassem à Terra (cinco mil anos) e o questionamento sobre o que terá acontecido com o mundo e com a humanidade até lá. A partir desse momento, a adolescente faz importantes perguntas a si mesma (Haveria ainda mar ou ele estaria completamente contaminado? A nossa civilização ainda existiria ou teria sido dizimada em guerras?) e se entristece por imaginar que talvez os seres humanos possam provocar seu próprio fim no futuro. Essa tristeza, no conto, é simbolizada por uma única gota que cai sobre o jornal e leva a protagonista a pensar que a cápsula deveria também conter uma lágrima.



b) As expressões destacadas revelam a mudança de postura da garota depois que lê a notícia. Ela fica atenta ao que está lendo: ajeita-se na cadeira e debruça-se mais sobre o jornal (antes ela bocejava e cumpria, com enfado, uma tarefa que considerava obrigação); e fica tensa (aperta com força as bordas do jornal).

3 Nessa passagem, o narrador alude à possibilidade de, por meio da leitura de textos literários, vivermos experiências apenas imaginadas, que em muito diferem da realidade que nos cerca. Nesse sentido, a leitura pode transformar-se em uma verdadeira “viagem”, na qual o leitor embarca munido apenas de sua imaginação, alimentada pelo livro que lê. A mera fruição do texto pode representar, para muitos leitores, o descanso de uma realidade mais dura. É o que acontece com a protagonista do conto: ao ler romances, ela se sente transportada para outros mundos, “mais fáceis de lidar do que o mundo real que a circundava”; e, mesmo após o término da leitura, guarda consigo a lembrança das personagens, de suas ações e seus comportamentos e até mesmo “interage” com elas. Seria interessante que o professor discutisse com os alunos a função do texto literário referido nesta questão. É importante que eles percebam que o prazer provocado pela experiência da leitura de um bom texto não significa alienação do real. Pode-se, em um primeiro momento, “viajar” para outros mundos e realidades sugeridos pelo texto, sem que isso inviabilize, em um segundo momento, a análise e a identificação de vários pontos de contato com o real.
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4 Em certo sentido, sim. No caso desse conto, vemos que um fato banal (a leitura de uma notícia de jornal) afeta a protagonista e leva-a a refletir sobre o futuro da humanidade. A partir da leitura da narrativa, poderíamos ser tomados da mesma sensação e fazer uma reflexão semelhante, pois, quando lemos, constatamos, no comportamento das personagens, em suas histórias e sentimentos, o espelhamento de situações que podemos já ter vivido, estar vivendo ou vir a viver. É desse modo que a literatura e as demais formas de arte levam o ser humano a refletir sobre as angústias e alegrias da própria existência, a compreender a realidade ou a encará-la sob outra perspectiva.

5 Resposta pessoal. Espera-se que o aluno responda que também seria afetado pela notícia e que, assim como a protagonista do conto, seria levado a refletir sobre as mensagens ou amostras que poderiam estar na cápsula do tempo e como o mundo e a humanidade estariam daqui a cinco mil anos. Seria interessante que o professor discutisse oralmente com os alunos a resposta a esta questão e, se possível, promovesse um pequeno debate sobre as questões despertadas pela leitura do conto. Assim, os alunos teriam a oportunidade de fazer um produtivo exercício de reflexão também sobre a relação entre a realidade e a ficção e sobre como as leituras que fazemos nos afetam.

CAPÍTULO 2

Literatura é uma linguagem

Leitura da imagem (p. 18)

1 O que se vê é uma estrada deserta que se estende em direção ao horizonte. O céu está carregado de nuvens. A vegetação dos dois lados é composta de arbustos baixos. No centro da imagem, a aproximação entre estrada e céu faz com que se tenha a sensação de afunilamento do caminho, que prossegue até a linha do horizonte.

2 O efeito inicial é o do caminho que se estende até o infinito. Uma estrada que descortina, para quem a vê, a possibilidade de ir ao encontro do desconhecido. O céu de nuvens carregadas cria uma atmosfera um pouco assustadora, prenúncio de uma tempestade.

3 Resposta pessoal. Trata-se, aqui, de uma interpretação livre, já que cada um pode reconhecer diferentes sentidos na foto. De modo geral, alguns sentidos podem imediatamente ser associados à imagem da estrada sem fim: pode ser a estrada da vida, que deverá ser percorrida por todos nós; o céu tempestuoso pode ser associado aos inúmeros obstáculos e dificuldades a serem enfrentados ao longo da vida; também é possível “ler”, nas marcas da estrada, uma jornada pessoal que pode se traduzir em uma grande transformação do indivíduo que a empreende. Como a imagem é pouco definida, uma outra associação possível é com o inconsciente, com o sonho, etc.

Da imagem para o texto (p. 19)

4 a) O narrador faz referência à estrada por onde viajam, à velocidade do carro (170 quilômetros horários), às cidades do estado do Nebraska por onde passam durante a noite (Ogallala, Gothenburg, Kearney, Grand Island, Columbus). Todos esses elementos, combinados, dão ao leitor a possibilidade de confirmar que se trata da história de uma viagem.

b) As passagens mais sugestivas da busca da liberdade dos jovens são: “me parecia algo perfeitamente normal voar a 170”; “Ah, homem, essa barca é um sonho [...]. Pense no que poderíamos fazer se tivéssemos um carro assim. [...] Curtiríamos o mundo inteiro num carro como esse, você e eu, Sal, porque, na verdade, a estrada finalmente deve conduzir a todos os cantos do mundo”.



5 As vírgulas criam um ritmo mais ágil, porque promovem o encadeamento de várias cenas do que vai sendo deixado para trás à medida que o carro “voa” pelas estradas do Nebraska. Como o narrador apenas registra essas cenas, sem qualquer explicação, o leitor é levado a reconstruir, mentalmente, as imagens sugeridas.

6 Dean refere-se ao caminho escolhido por Sal para a própria vida. “Estrada”, nesse texto, ganha o sentido de escolha, de trajetória pessoal, caminho a ser trilhado ao longo da vida.

7 “[...] nós sacamos a vida, Sal — sabemos como domá-la, e sabemos que o negócio é continuar no caminho, pegando leve, curtindo o que pintar da velha maneira tradicional.”

> Nessa fala, vemos Dean defender a ideia de que é preciso viver a vida de acordo com o momento, sabendo “curtir” o que aparecer, “pegando leve”. De certo modo, a ideia do prazer imediato, do descompromisso com o futuro são marcas de um comportamento associado à juventude.

8 Segundo Dean, sua filosofia de vida pode ser resumida da seguinte forma: “vou seguindo a vida para onde ela me levar”.

> Essa filosofia de vida sugere que devemos estar abertos a novas possibilidades, em lugar de tentar controlar todas as opções que a vida nos apresenta.

Texto para análise (p. 22)

1 a) O texto trata da exploração do trabalho infantil na fabricação de bolas de futebol em uma aldeia do Paquistão.

b) Em primeiro lugar, a apresentação da personagem: o menino paquistanês Mohammed Ashraf, de onze anos, que não vai à escola e trabalha desde os cinco. Em segundo, a descrição da dura rotina de trabalho do garoto na fabricação de bolas de futebol. Esses elementos, além do título “Mão de obra”, permitem que o leitor relacione o texto com a exploração do trabalho infantil.



2 A imagem presente em “Desde que sai o sol até que a lua apareça” sugere a quantidade de horas ininterruptas que Mohammed, um garoto de onze anos, trabalha. O encadeamento de orações compostas dos verbos que explicitam a sequência de ações realizadas pelo menino ao montar uma bola de futebol (“ele corta, recorta, perfura, arma e costura bolas de futebol”) contribui para reforçar a sensação do quanto é penosa a tarefa executada pelo menino diariamente.

3 O último parágrafo do texto sugere que, muitas vezes, as ações de combate à exploração do trabalho infantil não são eficazes, pois Mohammed, que tem apenas onze anos e que não sabe ler nem mesmo em sua própria língua, é obrigado a grudar nas bolas que confecciona a inscrição Esta bola não foi fabricada por crianças.

4 A função de denunciar a realidade. No texto, o autor expõe um fato que lhe parece estar em desacordo com as condições de dignidade do ser humano: a exploração do trabalho infantil.

5 a) No trecho “As empresas aqui estão ficando sem novos funcionários desde que o trabalho infantil foi abolido. Os compradores ocidentais de bolas de futebol feitas à mão podem ter a consciência tranquila, mas as crianças de Sialkot agora trabalham à exaustão nas olarias locais”.

b) Sim. Se, em 2010, Shaukat tinha 20 anos, em 2002, quando iniciou o trabalho na produção de bolas, tinha 12 e, portanto, de acordo com a lei de 1997, não poderia participar desse processo.

c) Os valores da remuneração paga para Shaukat pelo trabalho indicam claramente um processo de exploração, por serem extremamente baixos, sugerindo uma situação de quase escravidão.

d) Tanto Mohammed quanto Shaukat são vítimas da difícil realidade do Paquistão que propiciou (e provavelmente propicia ainda hoje) a exploração do trabalho infantil como prática comum na indústria de fabricação de bolas de futebol feitas à mão. Além disso, ambos enfrentam uma exaustiva rotina de trabalho: de acordo com os textos, Mohammed trabalha de manhã até a noite e Shaukat, oito horas por dia.


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6 As informações são apresentadas de forma direta, clara e objetiva, já que se trata de um texto cuja função é informar e, por meio dessas informações, levar a sociedade a refletir sobre a necessidade de combater a exploração do trabalho infantil.

7 Possibilidade: O texto 1 tem perspectiva subjetiva, função estética e uma linguagem predominantemente conotativa; o texto 2 tem perspectiva objetiva, função utilitária e uma linguagem predominantemente denotativa.

> O texto 1 caracteriza-se como literário porque nele se observa a perspectiva subjetiva adotada pelo narrador ao contar a dura rotina de trabalho do menino Mohammed. O texto transcrito integra um livro de pequenos contos que tratam de temas diversos. Dentre eles, está a história do menino paquistanês. O texto 2 caracteriza-se como não literário porque tem um caráter fortemente informativo. Veiculado em um site de notícias, o texto traz informações sobre a função exercida por pessoas como Shaukat, que trabalha desde criança em uma fábrica paquistanesa produzindo bolas de futebol feitas à mão.

CAPÍTULO 3

Literatura é gênero I: o épico e o lírico

Leitura da imagem (p. 24)

1 Pela foto, vê-se que Frodo está sujo, machucado, com os cabelos em desalinho e as roupas sujas e rasgadas.

> Sua aparência sugere que a jornada cumprida pela personagem foi muito árdua e perigosa. O herói traz, no próprio corpo, as marcas das dificuldades que teve de superar para alcançar o seu objetivo.

2 Na foto, vemos o olhar de Frodo inteiramente concentrado no Um Anel. De um lado, portanto, temos o herói e, do outro, o objeto de tentação que procura seduzi-lo e desviá-lo do caminho do bem. A missão de Frodo é destruir o Um Anel, mas sua grande luta é resistir ao desejo de conquistar todo o poder que esse Anel lhe “promete”. Nesse sentido, a foto nos mostra o embate entre o bem (representado pela resistência do herói) e o mal (simbolizado pelo Anel).

Da imagem para o texto (p. 24)

3 Além de identificar sua origem — Frodo é um hobbit —, Elrond preocupa-se em destacar sua coragem, dizendo que poucos enfrentaram perigos maiores ou dedicaram-se a missão mais urgente para chegar até a terra dos elfos (Valfenda).

4 Além da coragem de enfrentar “perigos maiores” para chegar até Valfenda, Frodo também assume a missão de levar o Um Anel até a Montanha da Perdição, apesar de não saber sequer qual caminho seguir. Mostra, com isso, que está disposto a arriscar a própria vida em nome do bem comum. Ele se dispõe a enfrentar o desconhecido, mesmo sentindo um “grande pavor” e “um desejo incontrolável de descansar e permanecer em paz”. Com esse gesto, Frodo qualifica-se como herói, porque ignora sua própria vontade, supera seus medos interiores e sacrifica-se em nome da sobrevivência de diferentes povos.

5 “É chegada a hora do povo do condado, quando deve se levantar de seus campos pacíficos para abalar as torres e as deliberações dos Grandes.”

6 Quando Elrond se pronuncia, após ouvir a declaração de Frodo (“Levarei o Anel”), deixa claro que apenas ele tem condições de cumprir essa missão: “penso que essa tarefa é destinada a você, Frodo; e que, se você não achar o caminho, ninguém saberá”.

7 As palavras de Elrond sugerem que, além de predestinado, ele precisa, também, demonstrar seu valor, passando por uma série de provações. Apesar de a tarefa ser difícil e ele saber que pode falhar, o herói a assume livremente. Nesse sentido, explicita-se sua noção de dever, porque reconhece caber a ele enfrentar o desafio de realizar uma tarefa tão pesada.

Texto para análise (p. 28)

1 Dantès é tomado pela solidão e pelo desespero. Ao se ver só, considera a possibilidade de suicidar-se, mas desiste da ideia quando se recorda da vingança que ainda tem de praticar contra os responsáveis pela ruína de sua vida.

2 O trecho a ser copiado é o seguinte: “— Morrer!... oh! não, não! — exclamou; — não valia a pena ter vivido tanto tempo, padecido tanto, para morrer agora! Morrer era bom, quando o resolvi em outro tempo, há muitos anos; mas hoje seria realmente auxiliar muito o meu miserável destino. Não, quero viver; quero lutar até ao fim; quero reconquistar a ventura que me foi roubada. Antes de morrer esquecia-me de que tenho de vingar-me dos meus algozes, e talvez, quem sabe? de recompensar alguns amigos”.

a) Dantès quer viver, “lutar até o fim” e reconquistar aquilo que lhe foi roubado: sua “ventura”. Além disso, deseja vingar-se daqueles que o traíram e também recompensar alguns amigos.

b) Ao afirmar que deseja viver para lutar, mas também para vingar-se de seus inimigos, o herói deixa clara a sua dimensão pessoal: sua missão é recuperar o que lhe foi tirado, mas, principalmente, vingar-se. O fato de mostrar sua fraqueza deixando-se dominar por sentimentos negativos (o desejo de vingança) garante a humanidade do herói.

3 O suicídio seria uma saída fácil demais e jamais poderia ser aceita pelo herói. Como o próprio Dantès afirma, seria ajudar o “destino miserável” que lhe foi reservado. Ao herói, só cabe uma atitude: recusar tal saída e enfrentar as adversidades, superando todos os obstáculos que se apresentarem no seu caminho. Ao fazê-lo, evidencia sua dimensão heroica.

4 A fuga de Dantès é espetacular e praticamente milagrosa: depois de ser atirado às águas, com uma bola de ferro atada aos pés, ele se liberta e vence os perigos do mar. Vemos o herói, aqui, superando a si mesmo e aos elementos da natureza. Toda a cena é cheia de ação e suspense, com a vitória de Dantès sobre todas as dificuldades de uma situação que o coloca próximo da morte.

Texto para análise (p. 32)

1 Os versos que, explicitamente, tratam do preconceito racial são: “Da favela, da humilhação imposta pela cor”; “Sou um oceano negro, profundo na fé,”; “Trazendo comigo o dom de meus antepassados, / Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado.”

> O eu lírico manifesta, no poema, o seu “canto” de resistência. “Eu me levanto.”

2 O eu lírico enfrenta o preconceito sem jamais se deixar derrotar. Podemos associar o seu comportamento a uma série de qualidades positivas: força, resistência, perseverança. Na última estrofe, surgem duas outras marcas do seu comportamento: o orgulho por sua origem afrodescendente e a esperança de alcançar “um novo dia de intensa claridade”.

> Resposta pessoal. O título do poema e a expressão “eu me levanto” (e suas variações), repetida ao longo do poema, podem ser associados diretamente aos sentimentos de força, resistência e perseverança do eu lírico. O sentimento de esperança (e também de orgulho por sua origem e seu povo) poderia ser associado a alguns versos da última estrofe do poema (“Em direção a um novo dia de intensa claridade”, “Trazendo comigo o dom de meus antepassados”, “Eu carrego o sonho e a esperança do homem escravizado”).

3 Possibilidade: alguém que faça as afirmações e acusações que aparecem no poema deve ter sofrido discriminação racial, ou seja, deve ser o negro que foi humilhado, que teve seus antepassados escravizados e que carrega, hoje, o “sonho e a esperança” dos povos afrodescendentes.

> Resposta pessoal. O aluno pode se valer, para construir a imagem do eu lírico, daquilo que é afirmado no próprio poema sobre a discriminação dos negros e sobre o seu passado de sofrimento. Pode ainda recorrer ao seu conhecimento de
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mundo sobre a escravidão e a discriminação racial que ainda hoje ocorrem em inúmeras sociedades.



4 Podemos perceber, no poema, um recurso mais evidente: a repetição da expressão “eu me levanto” para marcar a resistência do eu lírico diante dos preconceituosos. Além disso, é importante perceber que essa expressão é utilizada depois de uma sequência de ações desse interlocutor para “quebrar” a força do negro.

5 As ideias de fé e de expansão que podem ser reconhecidas em “Sou um oceano negro, profundo na fé, / Crescendo e expandindo-se como a maré” reafirmam a crença do eu lírico na força de seu povo. Essa ideia é ainda mais reforçada nos outros versos em que “dia de intensa claridade” se opõe a “noites de terror e atrocidade”, revelando o otimismo do eu lírico quanto a seu futuro pessoal e o de seu povo.

6 O tema abordado no poema é o ofício do poeta e, mais especificamente, o fato de escrever sobre o sofrimento amoroso e dedicar seus versos aos amantes que “enlaçam as dores dos séculos”.

> O título antecipa o tema que será desenvolvido no poema. Ao longo do texto, o eu lírico caracteriza o seu ofício de poeta, explicitando para quem escreve (os amantes). O eu lírico também deixa claro o momento em que exerce esse ofício: durante a noite silenciosa, tendo como “companhia” apenas a luz que ilumina seus versos. Ele define sua arte como “taciturna” (discreta, silenciosa) e não espera reconhecimento por seu trabalho, já que aqueles para quem escreve ignoram o que ele faz e não o pagam ou elogiam.

7 a) “Trabalho junto à luz que canta / [...] Mas pelo mínimo salário / De seu mais secreto coração.”

b) O eu lírico se vale de duas negações para explicitar aquilo que não se constitui como “motivos” para o seu trabalho: “Não [trabalho] por glória ou pão” / “Nem por pompa ou tráfico de encantos”. Por meio desse recurso, fica claro que o eu lírico não escreve para obter reconhecimento e fama (“glória”, “pompa” e “tráfico de encantos”) ou ganhar o seu sustento. O que ele deseja, como atestam os dois versos finais, é atingir o “coração” daqueles a quem dedica seu trabalho (os amantes que sofrem).



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