Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 7 mar. 2016.

1. O escritor Pedro Gabriel produz poesias visuais em um suporte inusitado: guardanapos de papel.

> No texto acima, o autor recorre a uma imagem para definir o mar. Qual é essa imagem?

2. Se levarmos em conta a realidade, podemos afirmar que a imagem criada é contraditória.

a) Explique por que é possível fazer essa afirmação sobre a imagem.

b) Para que essa contradição deixe de existir, como o leitor deve interpretar essa imagem?

Considere, agora, outro poema visual do mesmo autor.



0174_002.jpg

© PEDRO GABRIEL/HTTP:WWW.EUMECHAMOANTONIO.COM

GABRIEL, Pedro. Eu me chamo Antônio. Disponível em: . Acesso em: 7 mar. 2016.

Singra: navega, segue caminho sobre as águas.

3. Mais uma vez, uma definição está na base do poema visual. Nesse caso, o que está sendo definido?

> Que elementos não verbais aparecem no poema?

4. Nos dois poemas, Pedro Gabriel recorre a diferentes procedimentos para elaborar as definições dos termos mar e partir. Qual é a diferença entre os dois procedimentos?

5. Considere a seguinte imagem do segundo poema: “a saudade sangra”. De que modo ela deve ser entendida pelo leitor?

6. Qual é a importância da criação de imagens para a construção dos poemas visuais de Pedro Gabriel?

Como vimos no Capítulo 12, a linguagem não tem uma existência em si, desvinculada do seu uso. Ela é uma atividade humana. Por esse motivo, podemos manipulá-la em função de objetivos específicos: comunicar-nos, expressar emoções, impressionar, persuadir, etc. Para que esses objetivos possam ser alcançados, precisamos aprender a utilizar recursos que criem efeitos de sentido variados. Para produzir certos efeitos, utilizamos as figuras de linguagem.


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Tome nota

Figuras de linguagem são recursos estilísticos utilizados no nível dos sons, das palavras, das estruturas sintáticas ou do significado para dar maior valor expressivo à linguagem.



Figuras sonoras

Em contextos diferentes, os falantes sentem a necessidade de explorar sons para produzir efeitos de sentido. O uso mais frequente de alguns desses efeitos sonoros fez com que passassem a designar figuras de linguagem específicas. Veremos, a seguir, algumas delas.

Onomatopeia

Chamamos de onomatopeia as palavras especiais criadas para representar sons específicos (“vozes” de animais, ruídos associados a determinadas emoções e comportamentos humanos, barulhos da natureza, etc.). Observe.



Esclarecer aos alunos que, em inglês (língua em que a tira foi escrita originalmente), o termo flip-flops significa sandália de dedo.

Zoé & Zezé

Rick Kirkman e Jerry Scott

0175_001.jpg

© 2016 KING FEATURES SYNDICATE/IPRESS

SCOTT, Jerry; KIRKMAN, Rick. Zoé & Zezé. O Globo. Rio de Janeiro, 16 jun. 2001.

Todo o trabalho de humor, na tira, parte da representação dos sons feitos pelos chinelos das crianças enquanto o pai, ainda sonolento, toma seu café da manhã. Para atender à solicitação da filha (“Adivinha o que estamos usando?”), o pai recorre a uma onomatopeia que reproduz o som das sandálias de borracha (flip-flop). O curioso é que, no último quadro, a menina pergunta ao irmão de onde o pai tira “essas palavras”. Ora, a “palavra” em questão é justamente a onomatopeia criada para representar o som, aparentemente insuportável, produzido pelas sandálias de borracha.

Aliteração

Você já deve ter observado que um dos recursos utilizados em poemas ou letras de música é a repetição de um mesmo som consonantal. Veja o texto do primeiro quadrinho, em que Calvin supostamente tenta criar um haicai.



Se julgar necessário, explicar aos alunos que haicai é uma forma poética oriental composta segundo regras muito precisas. Todo haicai deve ser formado por 17 sílabas distribuídas em versos de 5 a 7 sílabas métricas. Também deve conter um termo referente a uma das estações do ano (kigô). A “composição” feita por Calvin não tem tais características, apesar de ele afirmar que fez um “haicai aliterado”.

Calvin

Bill Watterson

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CALVIN & HOBBES, BILL WATTERSON © 1990 WATTERSON/DIST. BY UNIVERSAL UCLICK

WATTERSON, Bill. Calvin e Haroldo: deu “tilt” no progresso científico. São Paulo: Conrad, 2009. p. 115.

A fala de Calvin é construída a partir da repetição do fonema consonantal /f/. A intenção do menino parece ser, com a enumeração de uma série de adjetivos e substantivos iniciados pelo mesmo som, evocar as características positivas do seu tigre Haroldo, que acaba despertando com o falatório de Calvin.

A repetição de fonemas consonantais é chamada de aliteração. É frequentemente introduzida em um texto para provocar efeitos sensoriais.
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Assonância

É possível também criar um efeito semelhante ao da aliteração a partir da repetição de sons vocálicos. Observe.

Lira

esta lira conspira


com a palavra proibida
e pela vida mantém o seu arsenal

ginga a própria ira


quando delira com seu punhal
esta lira conspira
com os segredos do berimbau.

CUTI. Cadernos negros: poemas afro-brasileiros. São Paulo: Quilombhoje, 2004. v. 27, p. 27.

A assonância é a repetição de sons vocálicos em sílabas acentuadas. No poema, observamos a assonância do /i/.

Paronomásia

Em alguns casos, os textos exploram uma semelhança sonora e gráfica entre palavras de significados distintos (parônimos). Observe o exemplo.

Meus Patos Donald

Adão Iturrusgarai

0176_001.jpg

© ADÃO ITURRUSGARAI

ITURRUSGARAI, Adão. Disponível em:


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