Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 2 mar. 2016.

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EXPOSE/SHUTTERSTOCK

KANUS/ULLSTEIN BILD/GETTY IMAGES

Unidade e diversidade da língua portuguesa

Presente em diferentes países e continentes, a língua portuguesa apresenta uma enorme diversidade em termos da maneira como é utilizada em diferentes regiões e por diferentes grupos sociais. Há variações em termos fonológicos, morfossintáticos e lexicais. Apesar das muitas diferenças, os vários povos que falam português percebem-se como falantes de uma mesma língua.

Essa visão define tais países como “irmãos” linguísticos, membros da comunidade dos lusofalantes, e lhes dá identidade cultural. Por esse motivo, vários encontros mundiais têm sido promovidos pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa — CPLP (constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) para estreitar os laços culturais e garantir a preservação da identidade linguística de seus membros.
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BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL

ARQUIVO NACIONAL DA TORRE DO TOMBO, PORTUGAL

Timor Leste: um país reaprende a falar português

uma imagem contendo céu, água, ao ar livre, chão

JACK MALIPAN TRAVEL PHOTOGRAPHY/ALAMY/LATINSTOCK

Praia em Dili, capital do Timor Leste, 2012.

Colônia portuguesa até 1975, quando foi invadido pela Indonésia, o Timor Leste reconquistou sua independência em 1999 por meio de um referendo popular organizado pela ONU. Uma das decisões tomadas no mesmo referendo foi a de banir a língua dos invasores e estabelecer o português e o tétum como línguas oficiais. Hoje, o português é falado por pouco mais de 20% dos timorenses. Professores de Portugal e do Brasil foram enviados ao Timor, em 2002, para auxiliar a população a reaprender uma das línguas que definem sua identidade cultural.



Para navegar

Muitas outras informações úteis sobre a formação da língua portuguesa e sua presença em diferentes países do mundo podem ser encontradas nos sites abaixo.



http://www.museudalinguaportuguesa.org.br

Portal do Museu da Língua Portuguesa, inaugurado na Estação da Luz (São Paulo, SP) em 2006. Além de trazer vários textos que explicam a história da formação do português e que discutem as diferenças entre a língua falada e a língua escrita, o portal também conta com um glossário de definições e termos técnicos.



http://www.instituto-camoes.pt/cvc/hlp/index.html

Parte do site do Instituto Camões é dedicada à apresentação da história da língua portuguesa. Há textos informativos sobre os diferentes crioulos de base portuguesa falados na África e na Ásia, bem como discussões sobre os diferentes dialetos utilizados em Portugal e no Brasil.



http://iilp.cplp.org/

Site do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, criado em 1989, quando os países de expressão portuguesa se reuniram, em São Luís do Maranhão, para pensar as bases de uma comunidade lusófona. Traz links interessantes para o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), com os vocabulários de cada um dos países da CPLP, e também para a revista Platô.

Devido à natureza dinâmica da internet, com milhares de sites sendo criados ou desativados diariamente, é possível que algum dos indicados não esteja mais disponível. Alertar os alunos sobre isso. Os sites indicados foram acessados em março de 2016.
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Capítulo 19 A estrutura das palavras

As palavras e sua estrutura

Leia atentamente a charge abaixo para responder às questões de 1 a 3.



Dalcio

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© DALCIO/CORREIO POPULAR

DALCIO. Correio Popular. Campinas: 30 jun. 2012.

1. O sentido da charge é construído pela oposição de dois termos. Quais são eles? Explique o sentido de cada um.

2. O que está sendo criticado pelo autor da charge?

3. A crítica é construída pela mudança do significado de uma palavra obtida por uma pequena alteração de sua forma. Como essa alteração modifica o sentido dessa palavra?

> Escreva no caderno alguns exemplos de palavras que tiveram seu sentido original modificado pelo mesmo processo.

O aluno não precisa, ao responder a essas questões, fazer uso dos termos específicos. Em lugar de “prefixo” e/ou “radical”, ele pode fazer referência a “parte” ou “pedaço”.

Na charge de Dalcio, o efeito de sentido é obtido por meio de um jogo de palavras que consiste no acréscimo de um elemento capaz de modificar o sentido do termo original.

Para nós, falantes, as palavras são unidades linguísticas muito importantes, pois traduzem as significações básicas a partir das quais construímos o sentido dos textos.

Tome nota

Palavra é uma unidade linguística de som e significado que entra na composição dos enunciados da língua.

Embora vejamos a palavra como um todo, é possível reconhecer as unidades menores que entram na sua formação. Por isso, no caso da charge, atribuímos mudança de sentido à palavra quando se acrescenta ao substantivo gelo um elemento que o modifica (des-).



Existe também a variante desgelo, na qual o prefixo des- aparece na sua forma original.
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Neste capítulo, vamos conhecer melhor como o sentido das palavras pode ser modificado pela alteração de sua estrutura interna.

No caso do exemplo, o prefixo des- atribui um sentido de negação ou falta ao radical.

Os elementos mórficos

Os falantes de qualquer língua conhecem e usam um número enorme de palavras ao longo de sua vida. Essas palavras constituem o léxico de cada falante, ou seja, o repertório total de palavras que ele conhece.

Algumas palavras fazem parte do léxico de todos os falantes, como pai, mãe, água, dia, medo, etc. Outras, no entanto, fazem parte do repertório de algumas pessoas apenas, pois se referem a objetos ou a conceitos que não estão presentes na vida de todos. Alguns exemplos: pipeta, sintagma, epistemologia, deflação, etc.

As palavras podem ser, na maioria das vezes, divididas em elementos menores, dotados de significação. Esses elementos são chamados de morfemas.



Tome nota

Morfemas são unidades mínimas de significação.

Observe os exemplos deste conjunto.



pedra, pedrinha, pedregulho, pedreiro, pedregoso

nado, nadamos, nadam, nadei, nadaram, nadaria, nadasse, nadar

O primeiro aspecto estrutural que chama a nossa atenção, nas palavras acima, é o fato de apresentarem algumas partes idênticas, portadoras de um significado básico: pedr e nad-. Essas partes que se repetem são os morfemas que recebem o nome de radicais.



pedr- é um radical de origem grega que significa “rochedo, rocha”;

nad- é um radical de origem latina que está associado à ideia de “flutuar, ser levado pela água”.

Agora, observe os exemplos do próximo conjunto de palavras.



descontrolar, desobrigar, desrespeitar, desfazer, desmentir

recentemente, calmamente, furiosamente, lentamente, rapidamente

Os morfemas des- e -mente foram acrescentados ao radical de diferentes palavras, modificando o sentido básico desse radical. Esses morfemas recebem o nome de afixos.



Tome nota

Afixos são os morfemas que, somados aos radicais, formam novas palavras. Quando acrescentados antes do radical são chamados de prefixos e, adicionados após o radical, de sufixos.

O prefixo des- atribui ao radical um sentido de negação ou falta. O sufixo -mente forma advérbios e acrescenta ao radical a ideia do modo como uma determinada ação ocorre.

Existem também palavras constituídas de um único morfema. Alguns exemplos são: feliz, mar, que, sempre, papel.

Tome nota

Os morfemas são classificados em lexicais e gramaticais.

Os morfemas lexicais fazem referência a seres ou conceitos da realidade objetiva ou subjetiva (Paulo, dia, ar), ou seja, possuem referentes extralinguísticos.

Os morfemas gramaticais têm uma significação interna ao sistema linguístico, porque atuam para estabelecer relações entre palavras ou para marcar categorias como gênero, número, modo, pessoa, etc.



Os diferentes tipos de morfema

Observe a separação dos elementos constitutivos da palavra felizes.



Radical (morfema lexical)

Vogal de ligação

Morfema de plural (morfema gramatical)

feliz

-e-

-s

Esses elementos têm características diferentes. O radical feliz é considerado uma forma livre, pois também pode ocorrer isoladamente, sem os demais morfemas. Esse radical serve de base para a formação de várias outras palavras da língua, como felic + -i- + -dade, felic + -itar, feliz + -mente.

Os outros elementos mórficos (a vogal de ligação -e- e o morfema de plural -s) são formas presas, porque nunca ocorrem isoladamente. Como sempre desempenham a mesma função morfológica, aparecem na constituição de várias outras palavras do português: audaz + -e- + -s, capaz + -e- + -s.



Elementos mórficos formadores das palavras

Quando várias palavras são formadas a partir de um mesmo radical, elas são chamadas de cognatas. É o que ocorre no caso dos exemplos abaixo.



casa, caseiro, casario, casal, casada

estudar, estudante, estúdio, estudioso

Entre os morfemas que formam as palavras, cumprem função diferente as desinências, as vogais temáticas, os afixos e as vogais e consoantes de ligação. A seguir conheceremos melhor cada um desses morfemas.



Explicar aos alunos que as vogais de ligação não são morfemas. São elementos fonológicos que simplificam a estrutura silábica após o acréscimo de morfemas, evitando a formação de hiatos e encontros consonantais.
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Desinências

Algumas palavras da língua assumem uma forma diferente para indicar uma variação de gênero (masculino e feminino), número (singular e plural), modo, tempo e pessoa. Os elementos mórficos responsáveis pela marcação dessas variações são as desinências.

O estudo das desinências faz parte da chamada morfologia flexional.



Tome nota

As desinências são os sufixos que indicam as flexões das palavras variáveis.

As flexões podem ser de gênero e de número nos nomes (substantivos, adjetivos e pronomes), indicadas pelas desinências nominais, e de modo-tempo e número-pessoa nos verbos, indicadas pelas desinências verbais.

Desinências nominais: menina, meninas, cansada, cansadas, esta, estas.

Desinências verbais: namorar, namoramos, namorávamos, namorassem, namoraríamos.

Vogal temática

Podemos observar, em nomes e verbos do português, a ocorrência de determinadas vogais que criam “famílias” de temas. São as vogais temáticas.

Não apresentam vogal temática as palavras que têm a última sílaba tônica, como sofá, café, cipó, amor, papel, feliz.



Tome nota

A vogal temática é uma vogal que se acrescenta a determinados radicais antes das desinências (sufixos flexionais). O conjunto formado por radical + vogal temática recebe o nome de tema. Os temas podem ser nominais e verbais.



Vogais temáticas nominais

Somadas aos radicais nominais (paroxítonos ou proparoxítonos), as vogais átonas finais (-a, -o e -e) atuam como vogais temáticas nominais e formam as classes de palavras de tema em -a (artist-a), -o (caval-o) e -e (inteligent-e).

As vogais temáticas nominais não indicam o gênero gramatical, porque podem ocorrer tanto em palavras de gênero masculino como de feminino: o artista, o poema, a virago, a corte.

A desinência nominal indicadora de gênero feminino (-a) é acrescentada aos temas nominais constituídos de radical + vogal temática -o: o menino (radical: menin-; vogal temática: -o)  a menina (radical: menin-; desinência nominal de gênero feminino: -a).



Vogais temáticas verbais

Somadas aos radicais verbais, as vogais -a, -e, -i atuam como vogais temáticas verbais e definem as conjugações. Observe.



Caso os alunos estranhem o fato de o sufixo -o, em menino, não indicar uma flexão de gênero, lembrar o que foi explicado sobre as vogais temáticas nominais nos dois primeiros parágrafos desta seção.

Primeira conjugação

Segunda conjugação

Terceira conjugação

Vogal temática

-a

am-a-r

am-a-va


am-a-rão

am-á-ssemos



Vogal temática

-e

com-e-r

com-e-rá

com-e-ssem

com-ê-ramos



Vogal temática

-i

fug-i-r

fug-i-rmos

fug-i-rem

fug-i-remos



Afixos

Os afixos, como vimos, são morfemas que atuam na formação de novas palavras. Seu estudo faz parte da chamada morfologia derivacional. Conheceremos agora os prefixos e os sufixos.



Prefixos

Os prefixos são afixos que se acrescentam antes do radical, modificando seu sentido básico. Veja.



impaciência, descompensar, contradizer, expor, opor, semicírculo
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Frank & Ernest

Bob Thaves

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FRANK & ERNEST, BOB THAVES © 2014 THAVES/ DIST. BY UNIVERSAL UCLICK

THAVES, Bob. Frank & Ernest. O Estado de S. Paulo. São Paulo, 26 ago. 2014.

Na tira, observamos um senhor que conversa com um gerente de banco sobre um financiamento para a compra da casa própria. Da sua fala, podemos concluir que o valor a ser pago é alto, já que ele afirma: “Este financiamento da casa própria certamente me deixará ‘imóvel’!”. O termo imóvel é formado pelo acréscimo de um prefixo (in-) à palavra móvel.

O autor da tira faz um jogo de palavras para explorar dois sentidos diferentes do termo imóvel, que, como adjetivo, indica algo sem movimento; como substantivo derivado desse adjetivo, significa edificação, bem fixo (qualquer tipo de propriedade).

Sufixos

Os sufixos são afixos que se acrescentam depois do radical, modificando o seu sentido básico ou a classe gramatical a que pertence originalmente o radical.



Armandinho Alexandre Beck

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© ALEXANDRE BECK

BECK, Alexandre. Armandinho. Disponível em:


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