. Acesso em: 4 mar. 2016. (Fragmento adaptado).
Suponha que a sua escola irá organizar uma semana de discussão sobre questões ambientais. Como resultado das discussões, serão produzidas edições especiais do jornal da escola, dirigidas a interlocutores de duas faixas etárias: alunos de 10 a 13 anos e de 14 a 17 anos.
Um dos textos a serem publicados no jornal deverá trazer as informações mais relevantes acerca do aquecimento global, identificando prováveis causas e consequências.
Metade da classe fará o texto da edição para os alunos de 10 a 13 anos e a outra metade escreverá para os de 14 a 17 anos. Sua tarefa será selecionar as informações necessárias para redigir um texto informativo adequado ao perfil de alunos destinado à sua equipe.
2. Elaboração de um projeto para criação do texto informativo
>> Leia atentamente as informações apresentadas no texto e escreva em seu caderno os dados e as informações que precisam ser apresentados sobre a questão tratada.
>> Analise tais informações: elas são suficientes para o perfil de leitor para o qual o texto deverá ser escrito? Que informações e/ou explicações adicionais precisam ser introduzidas no texto?
>> Ilustrações e fotos são importantes para auxiliar o leitor a compreender informações e conceitos. Que imagens podem cumprir essa função?
>> Escolha com cuidado os termos a serem utilizados. Se julgar necessário, procure outras palavras mais simples ou crie um glossário com as definições dos termos mais complexos ou pouco conhecidos.
A tarefa proposta tem o objetivo de levar os alunos a perceberem o quanto o perfil do interlocutor afeta a estrutura de um texto. Escrever um texto para alunos de 10 a 13 anos, por exemplo, significa não só introduzir a definição de alguns conceitos (efeito estufa, combustíveis fósseis, etc.), mas também informações contextuais que não se pode supor que sejam do conhecimento de alunos dessa faixa etária. No momento de avaliar o resultado da proposta, portanto, é importante verificar se todas essas questões foram consideradas pelos alunos e se, de fato, o texto resultante das adaptações propostas seria adequado para leitores de 10 a 13 e de 14 a 17 anos.
3. Reescrita do texto
Compare o seu texto com os de seus colegas de equipe e, se for o caso, dê alguma explicação a mais sobre um termo que não esteja claro. Faça correções para eliminar eventuais problemas na linguagem utilizada.
De olho na internet
Nos sites abaixo, você poderá fazer pesquisas sobre aquecimento global e obter informações sobre fatores relacionados a essa questão:
• http://planetasustentavel.abril.com.br/especiais/aquecimentoglobal/
• http://www.onu.org.br/influencia-humana-no-aquecimento-global-e-evidente-alerta-novo-relatorio-do-ipcc/
• http://www.greenpeace.org/brasil/pt/O-que-fazemos/Clima-e-Energia/?gclid=CPKaz42a8L4CFbRj7Aod Cw8A0Q
Devido à natureza dinâmica da internet, com milhares de sites sendo criados ou desativados diariamente, é possível que alguns dos indicados não estejam mais disponíveis. Alerte seus alunos sobre isso.
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Capítulo 24 Os gêneros do discurso
Leitura
É frequente encontrarmos, espalhados por outdoors, muros e paredes das cidades, imagens que, acompanhadas de um texto curto, nos convidam a participar de campanhas, fazer doações, adquirir um produto específico. A seguir, reproduzimos algumas delas.
Texto 1
NOVA/SB COMUNICAÇÃO
Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2016.
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Texto 2
REPRODUÇÃO
Disponível em: . Acesso em: 2 fev. 2016.
Análise
1. Descreva, de modo breve, a cena apresentada na primeira imagem (texto 1).
2. No centro dessa imagem lê-se o seguinte enunciado: “Um animal de estimação pode mudar a sua vida. Adote um”. Que relação pode ser estabelecida entre esse texto e a cena representada pela ilustração que o acompanha?
> A descoberta feita pelo cãozinho deve ser interpretada de um modo figurado. Explique por quê.
3. É possível atribuir um objetivo bem específico ao texto 1. Que objetivo é esse?
> Explique por que a associação entre imagem e enunciado desempenha um papel importante para garantir que o texto cumpra sua função.
4. O que está representado na segunda imagem (texto 2)?
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5. Também no texto 2 pode ser identificada uma relação entre a imagem e o texto que aparece no boxe do canto inferior direito. Explique como essa relação se estabelece.
> Abaixo do logotipo da ONG Instituto Akatu, lê-se: “Pelo consumo consciente”. Há, na imagem, algum elemento que esteja diretamente relacionado a esse enunciado? Justifique.
6. Como pode ser definido o objetivo do texto 2?
7. Tanto o texto 1 quanto o texto 2 foram concebidos para desempenhar funções semelhantes. A comparação entre eles, no entanto, revela diferenças formais significativas. Observe atentamente as duas imagens e explique essa diferença.
> Você considera eficaz a estratégia formal utilizada pelos autores dos dois textos para persuadir seus interlocutores? Por quê?
8. Releia os textos apresentados. Quais características semelhantes podem ser identificadas neles?
Uma definição de gênero
Os textos reproduzidos na abertura deste capítulo apresentam algumas características comuns:
• em todos eles há uma imagem associada a um enunciado breve;
• todos cumprem uma mesma função: persuadir;
• com relação ao objetivo específico, os textos promovem uma campanha;
• todos são divulgados em espaços públicos nos quais há uma grande circulação de pessoas (painéis, muros e paredes).
As características comuns dizem respeito à estrutura, ao estilo, à função e ao contexto de circulação desses textos. Quando identificamos, em um conjunto de textos, uma série de elementos comuns, como acabamos de fazer, estamos diante de um gênero discursivo.
Tome nota
Os gêneros discursivos correspondem a certos padrões de composição de texto determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade, por seu contexto de circulação, etc. São exemplos de gêneros discursivos o conto, a história em quadrinhos, a carta, o bilhete, a receita, o anúncio, o ensaio, o editorial, entre outros.
Gêneros literários, como o poema e o romance, também são gêneros discursivos. Tradicionalmente, organizamos alguns dos gêneros literários em “famílias”, por isso nos referimos, de modo mais abrangente, a textos épicos, líricos e dramáticos.
As pessoas reconhecem sem dificuldade os gêneros com os quais estão familiarizadas. Não é necessário ser um médico, por exemplo, para reconhecer uma bula de remédio, ou um jornalista para reconhecer uma notícia de jornal. Isso acontece porque muitos desses gêneros estão presentes na nossa vida. Sabemos, inconscientemente, quais são as suas características (estrutura, temas abordados, contexto de circulação, finalidade) e é isso que nos faz reconhecê-los facilmente.
Textos como os que foram reproduzidos neste capítulo são encontrados principalmente ao ar livre, afixados em muros, por exemplo. São os cartazes.
Tome nota
O cartaz é um gênero discursivo que tem como finalidade divulgar uma mensagem publicitária com função persuasiva. Pode ser impresso em papel ou pintado diretamente sobre madeira, metal ou outro tipo de material. Por ser uma peça de comunicação gráfica, o cartaz apresenta uma imagem associada a um texto breve ou ao logotipo de uma marca. Os cartazes costumam ser afixados em muros, paredes, pontos de venda, etc. Os que são afixados em painéis próprios e têm grandes dimensões são chamados de outdoors.
O termo outdoor refere-se, tecnicamente, a qualquer tipo de propaganda ao ar livre. No Brasil, porém, esse termo é utilizado para designar um tipo específico de ação publicitária realizada ao ar livre: cartazes de grandes dimensões, que costumam ter um tamanho padronizado (compostos de 32 folhas), afixados em painéis próprios montados nas ruas.
A evolução dos gêneros
Qualquer texto, oral ou escrito, organiza-se em um gênero discursivo. Como estão diretamente relacionados ao uso que as pessoas fazem da linguagem em diferentes situações, os gêneros não são estáticos, pois surgem e se modificam em função de necessidades específicas.
Um bom exemplo são os gêneros que circulam na internet. Durante centenas de anos as pessoas recorreram a cartas para se comunicarem, quando distantes umas das outras. Com o aparecimento e a difusão de novas tecnologias, as cartas escritas foram, aos poucos, sendo substituídas por mensagens eletrônicas (os e-mails).
Hoje, é muito mais frequente recorrermos às mensagens eletrônicas do que às cartas. Mas esse gênero continua existindo, porque há muitas pessoas sem acesso à internet que ainda escrevem cartas e as enviam pelo correio.
Os tipos de composição
Como já foi dito, os gêneros discursivos relacionam-se com a situação comunicativa (contexto de produção, público a que se destina o texto, finalidade com que é escrito, etc.). Os textos representativos dos vários gêneros são expressos por meio de diferentes “tipos de composição”: a narração, a exposição, a argumentação, a descrição e a
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injunção. Assim, em função dos objetivos a serem alcançados por um texto, poderemos precisar narrar algum acontecimento, expor ideias, apresentar informações, argumentar, descrever alguma situação ou cena, dar instruções ou ordens. Em cada um desses casos, utilizaremos os diferentes tipos de composição mencionados.
Existem textos em que recorremos a mais de um tipo de composição. Na crônica a seguir, por exemplo, encontramos trechos de natureza narrativa, descritiva e expositiva. Observe.
Crônica de uma morte à toa
Para perder a vida no trânsito, você só precisa andar na linha
No dia em que se tornaria estatística de trânsito, Adriano da Fonseca Pereira, de 20 anos, acordou mais agitado que de costume, às seis e meia da manhã. Se sonhou, não comentou. Sentado à pequena mesa redonda da sala, de costas para a máquina de costura da mãe e de cara para a parede, engoliu o pãozinho com manteiga de todos os dias e tomou chá com açúcar. Nunca gostou de café. Sua figura alta e esguia enchia o minúsculo e mal ventilado apartamento do Conjunto Habitacional Haia do Carrão, ex-favela, ex-Projeto Cingapura, periferia da zona leste paulistana. Em menos de 24 horas Adriano estará morto, jogado no asfalto, o tronco voltado para o meio-fio, as pernas finas retorcidas para trás e os olhos abertos, vítima de mais um atropelamento em São Paulo. Em 2008, informam os gráficos frios da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), foram 7602, mais de 20 por dia, quase 30% de todos os acidentes de trânsito registrados na cidade. As tabelas também marcam 670 pedestres mortos no período (2 por dia), mas o número pode ser maior. A CET conta apenas os que perecem no local, como Adriano, não os que se vão mais tarde, no hospital.
Já vestido com a mesma camisa verde-clara com a qual encontraria o fim, naquela manhã de sábado, 29 de agosto, Adriano só pensava em estrear seu novo xodó – uma Kodak C1013R, 10 megapixel, recém-comprada no carnê das Casas Bahia: nove parcelas de R$ 97, incluindo o seguro de vida que encerra o débito automaticamente se o cliente morrer. Algo que ele certamente pagou pensando em jamais precisar, mas não teve chance de combinar isso com o produtor de eventos Fábio Melgar, de 29 anos. Às 4h20 da madrugada do sábado para domingo, ao volante de um BMW 330i prata que roncava seu motor de 231 cavalos em altíssima velocidade segundo testemunhas, Melgar ignorou o farol vermelho e surpreendeu Adriano numa faixa de pedestres da Avenida Itaquera, zona leste paulistana. Fugiu sem prestar socorro, sem querer saber o destino da camisa verde-clara que lhe espatifara o para-brisa antes de tombar no asfalto, sem desconfiar que uma testemunha ocular do atropelamento o seguia e entregaria seu paradeiro à polícia. Melgar vinha de uma festa de formatura.
CRUZ, Christian Carvalho. Entretanto, foi assim que aconteceu. Quando a notícia é só o começo de uma boa história. Porto Alegre: Arquipélago, 2011. p. 33-34. (Fragmento).
No fragmento da crônica de Christian Cruz, os trechos narrativos foram destacados em rosa, os descritivos em verde e o expositivo em azul.
Embora seja possível identificar algumas passagens descritivas e uma passagem expositiva no trecho, percebemos que há a predominância da narração, porque a intenção do autor é contar o que aconteceu no último dia de vida de Adriano da Fonseca Pereira, mais uma vítima do trânsito em São Paulo.
Ao longo desta obra, tomaremos contato com textos representativos de vários gêneros discursivos. A análise da sua estrutura permitirá identificar os tipos de composição neles predominantes.
Veja informações sobre esta atividade no Guia de recursos.
Diversidade de gêneros:
produção de painel
1. Pesquisa e análise de dados
Jornais e revistas são espaços de circulação de um conjunto de gêneros diferentes. Em equipe, vocês deverão analisar o conjunto de textos que compõem as revistas de grande circulação. O objetivo é identificar os gêneros discursivos presentes na publicação.
Deverá ser realizado um sorteio para definir que revista cada um dos grupos analisará. Após o sorteio, os membros do grupo deverão fazer a leitura conjunta e, com base nas características dos textos, separá-los, procurando agrupar aqueles que apresentam características semelhantes. Se quiserem, podem trabalhar com mais de um número da mesma revista.
Cada grupo deverá elaborar um painel intitulado Os gêneros que circulam na revista X (nome da revista analisada).
2. Elaboração
>> Organize os exemplos de texto coletados durante a pesquisa: que gêneros discursivos estão representados pelos textos selecionados?
>> No momento de analisar os textos, procurem determinar quais são suas características comuns.
• Há algo na estrutura desses textos que os identifique do ponto de vista da sua organização?
• Qual é o tipo de temática abordada?
• Qual é a finalidade desses textos?
Montagem do painel
No momento de montar o painel, sigam os passos abaixo:
>> Propor um nome para cada gênero discursivo identificado.
>> Fazer um quadro apresentando, brevemente, as características dos textos pertencentes a cada um dos gêneros exemplificados.
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Capítulo 25 Leitura e gêneros do discurso
Leitura
Por que conseguimos lavar toda a louça?
Sem uma inabalável confiança em nosso potencial de florescimento, a compaixão fica limitada
KEVIN VAN DER LEEK PHOTOGRAPHY/GETTY IMAGES
Dos antigos tratados filosóficos sobre a natureza humana às recentes pesquisas de antropologia e psicologia comportamental, sempre perguntamos se somos inerentemente bons e generosos ou maus e egoístas. Mesmo se houvesse consenso, uma resposta teórica não faria nem cócegas, não alteraria nossa experiência interna do mundo vivido, que é o que importa.
Se ouvimos biólogos (perspectiva em terceira pessoa) e psicanalistas (segunda pessoa), deveríamos ouvir também os inúmeros cientistas contemplativos que dedicaram 20, 30, 50 anos de investigação empírica com métodos precisos em primeira pessoa, usando a mente para pesquisar a mente. O que eles descobriram é revolucionário: todas as maldades são artificiais, construídas, e até mesmo o mais violento dos seres humanos pode, sim, erradicar completamente aflições e confusões, até se tornar veículo de inteligências benéficas. Todos os seres têm igual acesso a essa capacidade de florescer internamente — e há treinamentos para isso.
No entanto, como não reconhecemos em nós mesmos esse potencial de transformação, facilmente compramos visões por trás de programas de TV: há pessoas boas e há pessoas essencialmente más. Compramos também a ilusão de que o ciúme, a raiva, o orgulho, a inveja, o preconceito são humanos e não podem ser superados pela raiz, apenas reduzidos. Porque aceitamos que nosso ápice é apenas um sonho melhor, sequer desconfiamos da possibilidade de acordar.
Gosto de me relacionar com pessoas em sofrimento do mesmo modo que converso com alguém fixado em um videogame: sigo convicto de que num estalar de dedos a pessoa pode levantar os olhos e fazer outra coisa.
Quanto mais vivemos a partir dessa condição natural de liberdade, mais nos relacionamos com a pureza, a bondade do outro, mesmo nos casos em que ela está bem encoberta por estruturas e jogos aflitivos. Tal sabedoria é pré-requisito da compaixão. Apenas empatia simplesmente não basta, é preciso algum nível de percepção direta da natureza mais profunda do outro. Sem isso, é como olhar a sujeira incrustada na louça e não conseguir imaginar aquilo tudo limpo.
Podemos nos aproximar de nossas aflições, de situações complicadas ou de uma pessoa supostamente irrecuperável, com a mesma confiança inabalável que brota ao encararmos uma pia cheia de pratos imundos. Por mais vermelhas que estejam as taças de vinho, a sujeira nunca chega a se mesclar com o cristal. Nada realmente gruda em nós.
GITTI, Gustavo. “Quarta pessoa”. Vida Simples. São Paulo: Abril, ano 11, ed. 137, n. 11, p. 67, nov. 2013.
Compaixão: aspiração genuína de que o outro se libere do sofrimento.
Inerentemente: intrinsecamente.
Empírica: baseada na experiência e na observação.
Erradicar: eliminar.
Ápice: extremo da perfeição.
Empatia: capacidade de se colocar no lugar do outro, de sentir o que ele sente.
Incrustada: grudada como uma crosta.
Análise
1. Que expectativa é criada no leitor sobre o conteúdo do texto a partir da leitura do título?
> Ao concluir a leitura do texto, mantém-se a interpretação inicial do título? Explique.
2. Essa expectativa é confirmada pela leitura do subtítulo? Por quê?
a) Qual é a função do subtítulo?
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b) Ele é suficiente para o leitor ter conhecimento do assunto abordado no texto? Justifique.
3. Há uma passagem, no 1º parágrafo, que anuncia para o leitor qual será a questão central abordada no texto. Transcreva no caderno essa passagem.
4. Releia o 2º parágrafo.
a) Por que a perspectiva dos biólogos é identificada como sendo de 3ª pessoa e a dos psicanalistas, de 2ª pessoa?
b) Qual é a descoberta apontada como revolucionária nesse parágrafo?
c) O que haveria de revolucionário em tal descoberta?
5. O 3º parágrafo faz uma afirmação generalizante sobre o comportamento das pessoas diante de visões apresentadas em programas de TV. Que generalização é essa?
> Qual é, na visão do autor, a consequência de se aceitar essa generalização?
6. O 5º parágrafo se inicia com uma referência à “condição natural de liberdade” dos seres humanos. Como o autor representa, no texto, essa condição de liberdade?
> Dessa condição de liberdade depende o nosso olhar para o outro. Explique.
7. No final do 5º parágrafo o autor introduz uma imagem. Que imagem é essa?
> Qual a função dessa imagem na apresentação do ponto de vista defendido no texto?
8. O parágrafo final retoma a imagem introduzida no parágrafo anterior. Que função específica ela cumpre nessa passagem?
> Há alguma alteração no seu sentido?
9. Você concorda com a afirmação que encerra o último parágrafo: “Nada realmente gruda em nós”? Por quê?
10. Com base na análise feita, como você identificaria a natureza predominante do texto: expositiva, narrativa ou argumentativa? Justifique sua resposta.
Caminhos da leitura
Compreender o sentido de um texto escrito significa muito mais do que interpretar literalmente o sentido de cada um dos enunciados que o compõem. Os exercícios propostos na abertura deste capítulo foram pensados para explicitar esse importante aspecto da atividade de leitura.
O título Por que conseguimos lavar toda a louça? tem um sentido literal, se for considerado isoladamente. Após a leitura do texto, porém, observa-se que a intenção do autor foi levar seus leitores a interpretarem esse título a partir da associação estabelecida com a imagem da sujeira incrustada na louça.
Essa metáfora foi escolhida para representar nossa tendência de considerar intrinsecamente más algumas pessoas.
O caminho percorrido pelas questões revela que, no momento de ler um texto, precisamos ter uma postura ativa: devemos interagir com o que está sendo dito, buscar informações essenciais apresentadas, reconhecer relações estabelecidas entre diferentes passagens do texto (no caso do texto da abertura, entre o título e o 4º e 5º parágrafos, por exemplo).
Além dessa interação, a leitura de um texto também exige que o leitor disponha de uma série de conhecimentos prévios. Esses conhecimentos dizem respeito ao contexto discursivo associado aos textos (condições de produção, contexto de circulação, perfil de leitor, etc.), à estrutura do gênero e a informações sobre a realidade.
A relação entre o contexto discursivo, os gêneros e o sentido dos textos
Quando apresentamos o conceito de gênero discursivo no capítulo anterior, fizemos referência “a certos padrões de composição de texto determinados pelo contexto em que são produzidos, pelo público a que eles se destinam, por sua finalidade, por seu contexto de circulação, etc.”.
Assim como a produção de textos em diferentes gêneros pressupõe organizá-los de acordo com a estrutura e demais características de cada gênero, a leitura de textos representativos de gêneros diversos pressupõe a adoção de procedimentos compatíveis com o reconhecimento dessas estruturas e características. Em outras palavras, ler um editorial é diferente de ler uma notícia.
Vamos, a seguir, ilustrar de que modo a leitura de textos de diferentes gêneros exige que o leitor adote diferentes procedimentos de leitura.
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1º exercício de leitura: a notícia
Quando procura uma notícia sobre um acontecimento específico, o leitor deseja obter informações sobre tal acontecimento. Espera, portanto, encontrar um texto no qual os aspectos mais relevantes associados a um determinado fato sejam apresentados.
Vejamos o texto da notícia reproduzida a seguir. Destacamos, em verde, os trechos informativos.
Ativistas libertam cães usados em pesquisas em laboratório de São Roque
Empresa é acusada de maltratar animais em testes de produtos cosméticos e farmacêuticos
Por iG São Paulo
EDSON TEMOTEO/FUTURA PRESS
Manifestante mascarado sai do local com um animal no colo.
Um grupo formado por dezenas de ativistas em defesa dos animais arrombou os portões e invadiu na madrugada desta sexta-feira (18) o Instituto Royal, em São Roque, região de Sorocaba, para libertar cerca de 150 cães da raça beagle usados em testes de medicamentos.
Os ativistas percorreram os três andares do prédio e recolheram os animais, levando-os para fora do local. Segundo eles, havia pelo menos um cachorro morto e outros estavam com os pelos raspados. Parte das instalações foi depredada durante a invasão.
A ação foi iniciada à 1h30 por manifestantes que há vários dias estavam acampados na frente do prédio — alguns chegaram a se acorrentar no portão. A Polícia Militar impediu que o grupo deixasse o local, mas muitos ativistas já tinham saído do estabelecimento levando animais em seus veículos.
A direção do instituto classificou a invasão como “ato de terrorismo” e informou que suas atividades são acompanhadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Várias campanhas contra as atividades da empresa são feitas há alguns meses em redes sociais. O Instituto Royal é investigado pelo Ministério Público pelo uso de cães em testes para a indústria farmacêutica.
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