Português: contexto, interlocução e sentido



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. ACESSO EM: 18 DE MARÇO DE 2016

Página inicial do “interneETC.: uma espécie de diário”, blog da jornalista Cora Rónai, criado em 2001. Disponível em: . Acesso em: 7 mar. 2016.

Em relatório de 2013, o site Technorati apontou que 86% dos formadores de opinião têm um blog e que consideram essa plataforma a principal ferramenta de publicação on-line. Porém, é preciso reconhecer que o grande crescimento das redes sociais provocou uma diminuição no surgimento de novos blogs pessoais e nas atualizações de conteúdo, de fotografias e de vídeos dos já existentes.



Redes sociais: um mundo conectado

Em uma época em que o individualismo parece ser a tendência comportamental dominante, surgem as redes sociais: ferramentas que possibilitam o relacionamento entre pessoas de diferentes lugares do mundo, que se conhecem ou não, mas que compartilham algum tipo de afinidade. No Brasil, essas redes se tornaram muito populares.

Orkut: nascimento e morte de uma rede social

O engenheiro turco Orkut Büyükkökten foi o responsável pela criação da rede social que levava o seu nome, o Orkut.

Concebida como espaço de estabelecimento de novas amizades, reencontro de pessoas e participação em fóruns de discussão, a rede reunia, até 2012, mais de 33 milhões de usuários ativos.

Com a criação do Google+, que atraiu muitos dos usuários do Orkut, e também com a grande popularidade do Facebook, o Google decidiu encerrar o funcionamento do Orkut no dia 30 de setembro de 2014.



Perfil individual

Para participar do Orkut, o internauta precisava inicialmente receber um convite, enviado por alguém que já fazia parte dessa rede social.

A partir de outubro de 2006 o Orkut passou a permitir a criação de contas sem a necessidade de um convite. Uma vez registrado, o usuário deveria criar um perfil individual composto de três partes: social, profissional e pessoal.
Página 272

1997: John Barger, “dono” do site RobotWisdom.com, usa, pela primeira vez, o termo weblog, uma página da web na qual uma pessoa registra todas as outras páginas interessantes que encontrou na rede: o termo blog é uma versão abreviada de weblog.

1998: Dois estudantes de doutorado em Ciência da Computação de Stanford que haviam criado, em 1995, um sistema de busca chamado BackRub lançam o que se tornará o sistema de busca mais utilizado no mundo: o Google.

1999: O estudante Shawn Fanning inventa o Napster, um programa de computador que permitia a troca de músicas pela internet. O número de usuários da rede mundial de computadores chega a 150 milhões, com mais de 50% nos Estados Unidos.

2000: O vírus Love letter afeta milhões de computadores em todo o mundo, disseminando-se nas mensagens eletrônicas; o número de usuários da internet chega a 304 milhões.

2001: Cerca de 9,8 bilhões de mensagens eletrônicas são enviadas diariamente; criação da Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/), uma enciclopédia virtual escrita pelos próprios usuários da rede.

2003: Estima-se que sejam feitos ilegalmente 2,6 bilhões de downloads de músicas por mês; correntes de mensagens eletrônicas não solicitadas para divulgação de produtos, os spams, tornaram-se um problema mundial, pois, segundo estimativas, correspondem de 60% a 70% das mensagens que circulam na rede.

Quem decidia quantas e quais informações seriam oferecidas era o usuário, que também podia estabelecer diferentes graus de acesso a elas, a depender da classificação que fazia dos seus amigos de Orkut.



O acervo das comunidades do Orkut, extinto em 2014, encontra-se disponível em: https://orkut.google.com/ (acesso em: 4 fev. 2016).

O scrapbook

O gênero discursivo característico do Orkut era o scrap (“comentário”). Cada usuário tinha um scrapbook, no qual seus amigos, conhecidos e pessoas que desejavam conhecê-lo ou adicioná-lo como amigo “scrapeavam”, ou seja, escreviam mensagens curtas.

Essas mensagens se caracterizavam, na maior parte das vezes, pelo tom pessoal e por um uso bastante informal da linguagem: o “internetês”, ou seja, a linguagem característica dos programas de bate-papo (chats).

Facebook: a rede de um bilhão de amigos

Quando Mark Zuckerberg criou uma rede social para integrar alunos da universidade de Harvard (Cambridge, EUA), provavelmente não imaginava que, menos de dez anos mais tarde, o Facebook alcançaria a gigantesca marca de mais de um bilhão de usuários.

O apelo da rede parece estar associado às diversas formas de interação oferecidas: os usuários podem postar seus próprios textos, reagir ao que é divulgado por seus amigos, por meio de botões específicos, compartilhar fotos, notícias, músicas e vídeos. Todas as atividades das pessoas são organizadas em linhas do tempo (timelines) individuais, que permitem reconstruir a história da participação dos usuários nessa rede social, além de eventos e fatos marcantes da vida que cada um deles compartilha na rede.



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Mark Zuckerberg, em 24 de fevereiro de 2014.

DAVID RAMOS/GETTY IMAGES

Mural e feed de notícias: espaço de interação

No Facebook, os usuários dispõem de dois espaços preferenciais para circulação e leitura de textos: o mural e o feed de notícias. O mural aparece associado ao perfil individual e é ali que os participantes dessa rede social organizam suas postagens.



Post é a denominação que se dá ao gênero discursivo característico do Facebook. Assim que criam seus perfis e começam a fazer parte dessa rede, as pessoas deparam com perguntas. Este é o estímulo inicial para que se escreva algo a ser compartilhado com os amigos. O texto, geralmente curto, que nasce em resposta à pergunta “No que você está pensando?”, é considerado o status do usuário.

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REPRODUÇÃO

Caixa de postagem. Mar. 2016.
Página 273

2004: Em janeiro, o grupo Google Inc. lança o Orkut, uma rede social criada pelo turco Orkut Büyükkökten. Rapidamente virou uma febre entre os brasileiros, que se tornaram, junto aos indianos, os maiores usuários dessa rede. Em fevereiro de 2004, Mark Zuckerberg, um ex-estudante de Harvard, cria o Facebook para ser uma rede social dos estudantes daquela universidade. Dentro de dois meses, o uso do Facebook já havia sido expandido para as mais importantes universidades norte-americanas. Aberto, em setembro de 2006, para a participação de qualquer internauta maior de 13 anos, o Facebook alcançou, em outubro de 2012, a espantosa marca de 1 bilhão de usuários ativos. Em maio de 2012, já havia 46,3 milhões de brasileiros (23% da população do país) participando dessa rede social.

2005: Surgimento do site YouTube, em que os usuários tornam disponíveis vídeos para visualização gratuita por outros usuários.

2006: A rede mundial de computadores conta com mais de 92 milhões de websites. Os norte-americanos Jack Dorsey, Biz Stone e Evan Williams (fundador do site Blogger) criam o Twitter, um microblog para envio de mensagens (conhecidas como tweets, ou “pios”) com, no máximo, 140 caracteres. A limitação de caracteres se explica pela intenção de facilitar o envio de tweets a partir de telefones celulares e de smartphones. Embora não se tenham dados precisos sobre o número de usuários do Twitter, um levantamento feito em outubro de 2014 indicava cerca de 301 milhões de contas ativas nessa plataforma.

O grau de formalidade da linguagem utilizada nos posts varia de acordo com o perfil dos amigos com quem as pessoas interagem. De modo geral, predomina um registro bastante informal, com uso frequente de gírias e recursos linguísticos associados à internet. Por outro lado, em páginas voltadas para a divulgação de marcas e produtos, observa-se uma preocupação maior em utilizar as variedades de prestígio da língua.



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© GUILHERME BANDEIRA/OBJETOS INANIMADOS CARTOONS

Cartum de Guilherme Bandeira. Frases de efeito, citações célebres e provérbios são tão frequentes nos murais do Facebook que já viraram motivo de humor.

É possível associar os posts a imagens (fotografias, tiras, cartuns, etc.), inserir links para vídeos ou textos disponíveis na internet, marcar o local onde se está ou de onde se escreve e registrar eventos cotidianos, como o início de um novo emprego, mudança, casamento, novo hobby, etc.

Além do mural, os usuários também podem visualizar o feed de notícias. Neste espaço são organizadas as postagens feitas por todos os amigos e páginas de interesse e é aí que cada membro dessa rede social tem a oportunidade de interagir de modo mais amplo, comentando os status que aparecem e são atualizados ao longo do dia.

Ao comentar um post de um amigo ou de uma página de interesse, as pessoas acabam entrando em contato com outras que não conhecem, mas têm em comum esse amigo ou o interesse pelo tema da página. Quando esse contato se torna mais frequente, cria-se uma interlocução que pode evoluir para uma nova amizade virtual.



A tecla curtir e os emoticons

Muitas vezes, em lugar de comentar um status, opta-se por simplesmente “curtir” o que foi postado. Essa opção acaba por adquirir diferentes sentidos: tanto pode indicar que quem curtiu leu o post do amigo como também que gostou do que leu.

Outras vezes, o comentário aparece na forma de um emoticon. O uso desses símbolos, aliás, tornou-se uma ferramenta importante para expressar, de modo rápido e claro, emoções e sentimentos no espaço das redes sociais.
Página 274

2010: Em outubro, o brasileiro Mike Krieger e o americano Kevin Systrom lançaram um aplicativo para smartphones chamado Instagram, desenvolvido para permitir o tratamento e compartilhamento de fotografias em diferentes redes sociais. O próprio aplicativo funciona como uma rede social que, em julho de 2012, chegou a 80 milhões de usuários em todo o mundo.

2011: No mês de julho, o Google lançou uma rede social – o Google+ – para agregar os serviços oferecidos pelo Google Contas, Google Buzz e Picasa Web. Visto por muitos como uma tentativa de deter o crescimento mundial do Facebook, o Google+ trouxe algumas características novas para o universo das redes sociais, como a possibilidade de reunir amigos e contatos em grupos organizados, os Círculos. No final de 2012, ultrapassou a barreira de 500 milhões de usuários no mundo.

2012: Em julho, o número de “celulares inteligentes” (smartphones) ultrapassou a barreira do bilhão em termos globais.

2014: No dia 30 de setembro, o Google encerrou o funcionamento do Orkut com a justificativa de que iria concentrar os recursos no Google+, YouTube e Blogger, suas plataformas mais populares.

Twitter: o microblog de 140 caracteres

A criação da plataforma Twitter fez surgir um novo gênero discursivo no espaço virtual: os microtextos.

Os tweets (ou “pios”) são textos compostos de, no máximo, 140 caracteres e apresentam aos usuários dessa plataforma o desafio de condensar as informações que desejam compartilhar em um número tão reduzido de caracteres.

Os usuários do Twitter criam contas que são “seguidas” por outros usuários. Quanto maior o número de seguidores, maior impacto terão os tweets gerados pelo dono da conta. A plataforma também oferece a possibilidade de replicação de um tweet, indicada pelas letras RT (retweets) precedendo a indicação da conta do usuário criador do tweet original.

No Twitter, a marcação do tópico que se está discutindo em tempo real é feita pelo uso de “hashtags” (palavras-chave ou marcadores), sempre precedidas pelo símbolo #.

O maior apelo dessa rede social parece ser o ritmo frenético com que os usuários trocam as micromensagens. Na página de abertura da plataforma, uma pergunta tentadora é feita: “O que você está fazendo?”. Os usuários respondem, reproduzindo no espaço virtual suas ações mais corriqueiras (acordar, tomar café, almoçar, ir ao cinema, etc.).

Uma grande utilidade do Twitter tem sido divulgar fatos importantes no exato instante do seu acontecimento. Por constituírem uma série de micronarrativas do cotidiano, os tweets tornam-se armas poderosas para denunciar, por exemplo, a violência cometida em estados totalitários.

Instagram: o nascimento de milhões de fotógrafos

O smartphone (celular que oferece recursos semelhantes aos de um computador e capacidade de fazer download de aplicativos) é um fenômeno global. Dentre os muitos aplicativos disponíveis, um conquistou a preferência de milhões de pessoas: o Instagram.

A ideia por trás desse aplicativo é simples: oferecer uma ferramenta de edição rápida de fotografias para melhorar a qualidade das imagens capturadas pelas câmeras dos celulares, geralmente de baixa definição. O segundo grande atrativo do programa é a facilidade para compartilhar as fotos, enviando-as para o próprio Instagram ou para outras redes sociais.

Enquanto os textos verbais predominam como linguagem de interação na maior parte das redes sociais, no Instagram o que estabelece a comunicação entre os usuários é a fotografia.



Uma rede social para os amantes da fotografia

Com o crescimento do número de usuários do aplicativo — 200 milhões em 2014 —, fortaleceu-se o funcionamento do Instagram como uma rede social voltada para fotógrafos amadores e profissionais.

A associação com outras redes sociais de maior alcance dá ao novo usuário a possibilidade de entrar para a comunidade do Instagram e imediatamente identificar vários amigos que também fazem uso do mesmo programa.

A ideia é que, como no Twitter, as pessoas sigam umas às outras e, assim, vejam as novas fotos dos amigos. A interação entre amigos ocorre por meio de “curtidas” e/ou comentários nas fotos.

Outra semelhança com o Twitter é a possibilidade do uso das hashtags. Esses marcadores identificam a categoria ou a especificidade de uma foto, permitindo que ela possa ser localizada por todas as pessoas interessadas por determinados temas.
Página 275

Capítulo 28 Blog

Leitura

Com o advento da internet, um grande número de pessoas passou a explorar os diversos recursos associados à rede mundial de computadores para compartilhar ideias, sentimentos e comentários em verdadeiros diários virtuais. Nasciam, assim, os blogs.

Texto 1

25 de fevereiro de 2014



Rotina Fail.

Todo dia as mesmas coisas diferentes acontecem.

– Hoje é terça. Terça, terça… o que é mesmo que eu tenho que fazer na terça?

Fosse eu um egípcio antigo, levantaria, tomaria meu chá de hibiscos da deusa Ísis, caminharia para o trabalho onde carregaria pedras para construir uma pirâmide (não, não foram os deuses). Se fosse uma samambaia, acordaria ao nascer do sol, tomaria uma aguinha fresca seguida de uma fotossíntese básica e voltaria à vida imóvel das plantas felizes (que não precisam passar 1h e 48 minutos na Agamenon para chegar ao trabalho). [...]

Ah, a rotina desses seres maravilhosos.

Abre, fecha, levanta, lava, enxuga, paga, deve, compra, deita e não sonha.

A rotina levou ponto de corte e foi eliminada na primeira fase da vida: logo depois que pedi demissão das aulinhas de inglês.

Dançar ragatanga na cara da rotina é, inclusive, meu esporte favorito.

Porque, se “todo dia ela faz tudo sempre igual, me levanta às 6 horas da manhã, me sorri um sorriso pontual”, ela, definitivamente, não mora aqui em casa.

Sou movida por ventos, não por despertadores.

Por vontades, não costumes.

Por escolhas, não hábito.

Por mim, enfim!

BARBOSA, Téta. Batida Salve Todos. Disponível em:


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