. Acesso em: 9 mar. 2016.
Hibiscos: plantas ornamentais com flores grandes, de cores variadas, que permanecem abertas somente durante um dia.
Ísis: na mitologia egípcia, deusa associada à natureza e à magia.
Agamenon: Avenida Agamenon Magalhães, em Recife.
Levou ponto de corte (expressão usada na variedade de português falada em Pernambuco): não atingiu a nota mínima para ser aprovado em uma fase do vestibular; foi eliminado.
Ragatanga: coreografia baseada na música “Aserejé”, hit mundial da banda Las Ketchup no ano de 2002. No Brasil, a música recebeu o título de “Ragatanga”.
Todo dia ela faz tudo sempre igual, me levanta às 6 horas da manhã, me sorri um sorriso pontual: referência aos três primeiros versos da canção “Cotidiano” (“Todo dia ela faz tudo sempre igual / Me sacode às seis horas da manhã / Me sorri um sorriso pontual”), composta por Chico Buarque de Hollanda em 1971. A canção integrou seu LP Construção, desse mesmo ano.
Texto 2
31 de outubro de 2013
Fácil de calçar
Não sou vaidoso: não me visto bem, não aparo a barba de manhã, não decoro meu quarto e nem desamasso meu carro.
Meu pai, por exemplo, sempre me diz que é para eu comprar camisetas novas e trocar meu tênis. Que vergonha, Diego, andar assim — ele diz. Numa dessas, me comprou dois pares idênticos de tênis que permanecem como meus únicos calçados até hoje. Eu gosto deles, pois são confortáveis e fáceis de calçar — coisas que valorizo num calçado!
Tudo depende do que você dá valor. Tem gente que dá valor a tênis bonitos, tem gente que gosta dos tênis duráveis e tem outros, como eu, que gostam dos confortáveis.
Depende também do que os outros dão valor.
Para quem gosta de tênis bonitos, aqueles que gostam de tênis duráveis são mãos de vaca e aqueles que gostam de tênis confortáveis são mesmo é desleixados!
Para quem gosta de tênis duráveis, os que gostam de tênis bonitos são fúteis e os que gostam de tênis confortáveis são uns frescos!
Agora, para quem gosta de tênis confortáveis, como eu, aqueles que gostam de tênis duráveis ou bonitos estão sempre com os pés doendo — o que é uma pena.
Alguns tentam ter tênis bonitos, roupas bonitas, corpos bonitos, carros bonitos, casas bonitas, amores bonitos…
Outros tentam ter tênis duráveis, roupas duráveis, corpos duráveis, carros duráveis, casas duráveis, amores duráveis…
Eu gosto de tênis confortáveis, eles me fazem bem.
Tenho dois deles: um branco e um azul.
QUINTEIRO, Diego. DIEGOQUINTEIRO: pensamentos, ideias e bobagens. Disponível em: . Acesso em: 9 mar. 2016.
A informalidade característica dos textos postados em blogs incorpora elementos da oralidade que nem sempre são considerados adequados, segundo a gramática normativa. É o que ocorre, por exemplo, no primeiro parágrafo do texto 2: “[...] não decoro meu quarto e nem desamasso meu carro”.
Página 276
Texto 3
25 de julho de 2012
Explicar aos alunos que esta é uma foto, de 27 de julho de 1960, da escritora Clarice Lispector (1920-1977).
[por onde anda clarice? tá tão sumida essa menina]
FOLHA DO ACERVO UH/FOLHAPRESS
“tô em casa, bolando frases pro facebook de vocês”
[...]
(ingredientes para um delírio inesquecíver [sic]: lançamento de editora grande [...] e autora de internet. [...] segurem todos porque a freguesa anotou a receita direitinho e caprichou no bobó de alucinação)
freguesa: olá, quem é que vai lançar livro hoje?
(fregueses que olham a página de eventos da livraria na internet antes de pedir informações: amamos vocês)
livreiro: ah, é o benjamin moser. ele escreveu uma biografia da clarice lispector.
freguesa: e ela vem?
(discando emergência 190. discando emergência 190.)
livreiro: ela quem, senhora?
freguesa: a clarice, moço.
(chamando reforços. repetindo: chamando refor... esquece, livreiro já entrou em coma)
manual prático de bons modos em livrarias: recomendamos aos senhores fregueses o uso diário e sem moderação do site “quem morreu hoje”. sem mais,
PUONTO, Hillé. Manual prático de bons modos em livrarias. Disponível em: . Acesso em: 9 mar. 2016. (Fragmento adaptado).
Análise
1. Escreva, resumidamente, no caderno, qual é o assunto abordado em cada um dos textos.
2. A leitura dos três textos permite identificar alguma característica comum entre eles? Explique.
3. Releia o 3º parágrafo do texto 1. Que recurso a autora utiliza para caracterizar a rotina?
4. Ainda com relação à rotina, considere o que é dito no 4º e 5º parágrafos do texto 1 para responder às questões seguintes.
a) “Ah, a rotina desses seres maravilhosos”. Essa afirmação deve ser entendida de modo literal? Por quê?
b) “Abre, fecha, levanta, lava, enxuga, paga, deve, compra, deita e não sonha”. Explique por que essa enumeração de ações revela a visão negativa da autora sobre a rotina.
5. Depois de deixar claro que a rotina “não mora aqui em casa”, a autora cria um interessante efeito de sentido por meio da repetição de uma mesma estrutura. Por que podemos afirmar que essa repetição prepara o leitor para a última afirmação feita no texto 1 (“Por mim, enfim!”)?
6. Diego Quinteiro começa o texto 2 afirmando: “Não sou vaidoso”. Releia o 1º parágrafo e explique de que maneira esse autor convence o leitor de que sua afirmação inicial é verdadeira.
7. O título do texto 2 (“Fácil de calçar”) sugere ao leitor que o autor vai tratar de calçados. De que modo Diego Quinteiro faz uso dos exemplos de tênis para caracterizar três tipos de pessoa?
8. O texto 3 foi publicado em um blog intitulado “Manual prático de bons modos em livrarias”.
a) Que tipo de expectativa esse título cria no leitor do blog?
b) A leitura do texto confirma ou contradiz essa expectativa? Por quê?
9. O título e a legenda da foto revelam o caráter humorístico do texto. Justifique essa afirmação.
10. É possível identificar uma importante função associada ao uso de parênteses no texto 3. Que função é essa?
11. O primeiro trecho entre parênteses é fundamental para a compreensão do que será relatado e também para estabelecer o tom humorístico do texto. Por quê?
12. Há duas passagens no texto 3 que permitem associá-lo ao gênero manual de comportamento. Transcreva-as no caderno e explique qual é a relação entre elas e o texto de um manual.
Comentar com os alunos que a autora do blog faz uso da grafia equivocada do adjetivo inesquecível como um comentário irônico a respeito do episódio que será relatado por ela.
Página 277
Os textos escritos pelos internautas sobre os posts dos blogs exemplificam ocorrências do gênero discursivo comentário, que designa, na oralidade ou na escrita, uma nota ou observação sobre um assunto qualquer.
Blog: definição e usos
Os três textos que acabamos de ler têm uma característica muito importante em comum: todos eles foram publicados em blogs da internet.
Tome nota
O blog é uma página pessoal, criada em uma plataforma específica, que permite ao seu dono, o blogueiro, compartilhar textos com todos os internautas que se interessarem pelos assuntos ali abordados. Os leitores de blogs podem deixar registrada sua opinião sobre o que leram sob a forma de comentários. Os textos publicados nos blogs são datados e organizados em ordem cronológica reversa, ou seja, do mais recente para o mais antigo.
Os textos publicados nos blogs são chamados posts (postagens). Essa denominação se explica pelo fato de os primeiros blogs terem surgido nos Estados Unidos. Em inglês, o verbo to post é usado para indicar a publicação de algo na internet. O ato de publicar um texto em um blog passou a ser coloquialmente designado, em português, pelo verbo postar. Esse mesmo verbo é utilizado para fazer referência a comentários feitos nas redes sociais.
Os temas abordados variam de acordo com os interesses do blogueiro e também de acordo com o tipo de blog. Há blogs pessoais, humorísticos, culturais, esportivos, jornalísticos, de fotografias (chamados de fotologs ou flogs), de vídeos (videologs), etc.
Os textos postados nos blogs pessoais se caracterizam por apresentarem as observações de seu autor (o criador do blog) e costumam ser de natureza narrativa (crônicas, relatos, contos curtos). Há alguns blogs que, apesar de terem mais de um autor, mantêm as características de um diário virtual, pela natureza dos textos neles postados.
Ao contrário do que acontece nos blogs pessoais, nos blogs jornalísticos predominam textos de natureza expositiva ou argumentativa. Como se pode observar, a variedade de gêneros discursivos que circulam nos blogs é grande. Por essa razão, o blog pode ser considerado um suporte textual.
Tome nota
Suporte de um gênero é um local, físico (por exemplo: o jornal impresso) ou virtual (por exemplo: portal da internet), que apresenta um formato específico e tem como finalidade servir de ambiente para a publicação de textos de um ou mais gêneros.
Contexto de circulação
O espaço de circulação dos blogs é a internet. Tantos são os blogs existentes na atualidade que já se identifica uma comunidade de blogueiros e leitores de blogs, a blogosfera.
Quando os primeiros diários virtuais surgiram, seus autores não dispunham de muitos recursos para organizá-los. Tratava-se do início da década de 1990 e a própria internet ainda era um território pouco explorado. À medida que um maior número de usuários teve acesso à rede mundial de computadores, vários programas começaram a ser desenvolvidos para facilitar a publicação de textos em páginas pessoais.
O passo seguinte foi o surgimento de plataformas concebidas para a criação e manutenção de blogs. Hoje, plataformas como o WordPress e o Blogger (incorporado pelo Google) acolhem milhões de blogs.
O ano de 2004 trouxe grandes transformações no modo como as pessoas passaram a se relacionar umas com as outras no espaço virtual. Nesse ano, foram criadas duas importantes redes sociais: o Orkut e o Facebook. A possibilidade de criar, no interior de uma rede social, perfis pessoais fez com que muitas pessoas passassem a utilizar esse novo espaço de interação para expor sentimentos, opiniões e ideias, trazendo como consequência uma diminuição no número de blogs pessoais.
• Os leitores de blogs
Pesquisas nacionais e internacionais apontam para um fenômeno interessante: a blogosfera é um território dominado por jovens.
No Brasil, dados divulgados pela Boo-box (empresa dedicada à pesquisa dos perfis e padrões de consumo associados ao universo virtual), com base na análise do perfil de 80 milhões de leitores de blogs, indicam que 50% desse público é constituído por pessoas com idades entre 18 e 24 anos; 20% com idades entre 25 e 34 anos; 19% com idades entre 35 e 50 anos. Nos extremos, temos 7% com idades até 17 anos e 4% com idade superior a 50 anos.
Se considerarmos que os jovens de hoje são nativos digitais (ou seja, pessoas que nasceram depois do surgimento das novas tecnologias), faz sentido que sejam eles os principais “habitantes” do ciberespaço e, portanto, leitores de blogs.
Em termos de escolaridade, a maioria dos leitores de blogs tem educação superior (46%), mas uma parcela significativa, 36%, concluiu apenas o Ensino Médio.
Um aspecto importante com relação à interação estabelecida entre um blogueiro e seus leitores é a facilidade com que um leitor pode se manifestar sobre os textos postados pelo autor do blog. Por meio dos comentários, estabelece-se um diálogo direto não só entre blogueiro e leitor, mas também entre diferentes leitores do mesmo blog, que muitas vezes se manifestam sobre um comentário feito por outra pessoa.
Estrutura
Como vimos, o blog funciona como um suporte para textos de diferentes gêneros discursivos. Não seria possível apresentar aqui exemplos de todos os gêneros que costumam ser publicados nesses diários virtuais. Vários deles, como o relato, a crônica, o conto, a notícia e o artigo de opinião, são estudados em capítulos específicos desta obra.
Optamos, neste capítulo, por apresentar a estrutura de um blog pessoal, para que seja possível visualizar as seções características desse suporte textual.
De modo geral, os blogs apresentam as mesmas seções destacadas a seguir.
Página 278
REPRODUÇÃO/HTTP://MILCOMPASSOS.COM.BR/ ACESSO EM 9/03/2016
SYDOR, Adriana. “Navegação”. Mil compassos. Disponível em:
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