. Acesso em: 11 fev. 2016. (Fragmento adaptado).
Análise
1. Qual é a finalidade do texto 1? Justifique.
> E a do texto 2?
2. Qual é a principal diferença entre o texto 2 e o texto 1? Explique.
3. O texto 2 apresenta uma série de tópicos numerados. Eles poderiam ser ordenados de modo diferente? Por quê?
4. Os textos 1 e 2 pressupõem um leitor específico? Explique a sua resposta.
5. Releia.
1. Embaralhe as cartas
2. Coloque heróis em jogo e ajuste os níveis iniciais de ameaça
3. Organize o banco de fichas
4. Determine o jogador inicial
5. Compre sua mão de preparação
6. Organize as cartas de missão
7. Siga a instrução de preparação de cenário
a) Os verbos destacados acima foram todos flexionados no mesmo modo. Que modo verbal é esse?
b) Qual é a importância da opção por esse modo verbal para o texto 2? Explique.
Texto instrucional: definição e usos
Como jogar um card game que cria um universo ficcional específico? Como instalar um novo aparelho eletrodoméstico? Que passos seguir para criar uma planilha eletrônica? O que fazer em caso de incêndio em um hotel no qual se está hospedado? Essas perguntas fazem referência a situações completamente diferentes, mas a resposta para cada uma delas será encontrada em textos instrucionais.
Tome nota
Os textos instrucionais compreendem gêneros discursivos que se caracterizam pela apresentação de uma série de procedimentos a serem seguidos em uma determinada circunstância. Por esse motivo, estabelecem sempre uma interlocução direta com o leitor. São gêneros que exemplificam essa estrutura: receitas, manuais, regras de jogo, guias de uso, etc.
A principal característica dos textos instrucionais é, portanto, nos levar a agir de uma certa maneira, seguindo passos previamente estabelecidos, para resolver situações específicas.
Os gêneros discursivos que levam à ação e circulam em contextos específicos são considerados injuntivos.
Tome nota
A injunção é o ato de ordenar expressamente, de mandar executar alguma coisa. Textos injuntivos, portanto, são aqueles cujo objetivo é levar as pessoas a agirem de determinada maneira, como forma de alcançarem um resultado específico: instalar ou configurar um aparelho, preparar uma refeição, tratar uma doença, etc.
Todos os textos instrucionais são injuntivos, porque apresentam procedimentos a serem seguidos.
Contexto de circulação
Os textos instrucionais circulam em contextos diferentes, a depender do gênero discursivo que for considerado. Um manual que ensine um consumidor a instalar um novo aparelho, por exemplo, terá uma circulação muito restrita, porque estará disponível somente às pessoas que adquirirem tal aparelho.
Um livro de receitas culinárias, entretanto, pode ter uma grande circulação, porque muitas pessoas procuram obras como essas para se orientarem no preparo de refeições.
• Os leitores dos textos instrucionais
Os leitores de textos instrucionais têm uma característica em comum: buscam tais textos porque necessitam de informações específicas a respeito de como proceder para alcançar um objetivo também específico.
Por esse motivo, é muito difícil traçar um perfil único que represente todas as pessoas que leem um texto instrucional. A diversidade de contextos em que circulam os gêneros injuntivos aumenta ainda mais essa dificuldade.
O perfil dos leitores de manuais de jogos, por exemplo, é muito diferente do perfil das pessoas que se interessam por culinária. Nos dois casos, porém, os leitores têm em comum o fato de procurarem uma orientação precisa sobre como agir para construir uma personagem ou para preparar um prato específico.
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Estrutura
A variedade de gêneros discursivos que exemplificam os textos instrucionais também dificulta a definição de uma estrutura precisa. É possível, porém, identificar alguns elementos estruturais comuns à maioria deles.
Um exemplo interessante são os textos que exploram, de modo humorístico, as sequências de instruções características de alguns desses gêneros. É o caso do guia de Priscilla Ann Goslin, que, embora escrito para entreter e não instruir, se apropria da estrutura dos textos instrucionais. É bom lembrar que o perfil de leitor de uma obra como essa não é o mesmo dos leitores que, em geral, se interessam por guias de viagem.
A autora nasceu em uma pequena cidade dos Estados Unidos. Depois de viver mais de duas décadas no Rio de Janeiro, resolveu escrever um “guia” para ensinar os turistas estrangeiros a se comportarem como verdadeiros cariocas, nas mais variadas situações. Observe, a seguir, as divertidas instruções para quem deseja dar um mergulho no mar.
Modo correto de entrar n’água (mulheres)
1. Caminhe devagar até a água, ajustando continuamente a parte de trás de sua tanga.
2. Teste a temperatura da água com a ponta dos pés.
3. Entre uma onda e outra, caminhe até os joelhos e se agache, molhando-se até a bundinha.
4. Reajuste a sua tanga.
5. Quando a próxima onda chegar, prenda o nariz com os dedos e mergulhe, voltando correndo para a beira antes da nova onda.
6. Reajuste sua tanga.
7. Incline o tronco e balance a cabeça para frente e para trás três vezes, para tirar o excesso de água.
8. Reajuste sua tanga ao voltar lentamente para seu lugar.
Modo correto de dar um mergulho (homens)
1. Corra para a água e mergulhe (ou dê uma cambalhota), entrando no mar sem parar para considerar a temperatura ou ligar para as ondas.
2. Nade ou pegue jacaré por vinte minutos.
3. Saia da água e ajuste sua sunga. Balance a cabeça para secar os cabelos. (Evitando assim a semelhança com uma foca.)
4. Corra de volta para o seu lugar.
5. Apesar de estar molhado, resista à tentação de sentar na cadeira de praia. Um carioca verdadeiro fica em pé observando o movimento.
GOSLIN, Priscilla Ann. Rau tchu bi a carioca* (*How to be a carioca): o guia alternativo para o turista no Rio. Tradução de Carlos Araujo. 7. ed. Rio de Janeiro: TwoCan, 2000. p. 88. (Fragmento).
A primeira característica estrutural dos textos instrucionais recriada nesse bem-humorado “guia” é a apresentação de uma série de procedimentos (ou passos) necessários para se alcançar um objetivo específico (no caso, mergulhar no mar).
A segunda característica é o fato de os procedimentos serem ordenados em uma sequência que deve ser respeitada. Só se pode eliminar o excesso de água do cabelo, por exemplo, depois de ter mergulhado.
Se voltarmos ao texto reproduzido na abertura deste capítulo, reconheceremos uma organização semelhante àquela das instruções apresentadas a quem deseje criar uma personagem de RPG: primeiro ela deve conversar com o Mestre para saber qual será o cenário em que a aventura será desenvolvida para, depois, começar a construir sua personagem. Caso o primeiro passo não seja respeitado, o jogador corre o risco de construir uma personagem que não pode participar do cenário definido pelo Mestre.
Linguagem
Do ponto de vista da linguagem, a característica mais evidente dos textos instrucionais é o uso de verbos flexionados no modo Imperativo. Observe as orientações para preparo de um sorvete de chocolate.
Sorvete de chocolate
Ingredientes
• 3 gemas
• 3 colheres de açúcar
• 70 g de chocolate em barra meio amargo
• 3 claras em neve
• 200 g de creme de leite fresco
A primeira seção das receitas culinárias apresenta dois tipos de informação: os ingredientes necessários para preparar um determinado prato e a quantidade em que cada ingrediente deverá ser utilizado.
Modo de fazer
Derreta as gemas, o açúcar e o chocolate em banho-maria, misturando bem. Deixe esfriar. Junte ao creme de leite levemente batido. Coloque em uma fôrma, bata uma vez durante o congelamento. Quando estiver quase firme, junte as claras em neve, volte à fôrma até ficar bem firme, desenforme e sirva.
HORTA, Nina. Não é sopa: crônicas e receitas de comida. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p. 322.
Como vimos, os textos instrucionais são injuntivos, ou seja, apresentam comandos a serem seguidos por seus leitores. Dentre os modos verbais, o Imperativo é aquele utilizado para expressar ordem, comando, exortação ou conselho. Por esse motivo, é o modo verbal mais frequente nos textos instrucionais.
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De olho no livro
Histórias de cozinheira
Cozinheira experiente, Nina Horta apresenta receitas que podem ser seguidas com facilidade pelas pessoas comuns. O principal ingrediente desse livro, porém, são as saborosas crônicas em que a autora fala sobre as implicâncias culinárias de cada um, os desastres do café da manhã, as comidas perversas e os pratos que consolam a alma, entre muitos outros assuntos ligados ao tema.
Procurou-se criar um contexto um pouco mais divertido para a produção de textos instrucionais. O importante é garantir que os alunos reconheçam as características estruturais e de linguagem desses textos, para a eventualidade de precisarem, algum dia, escrever instruções ou orientar procedimentos. No momento de avaliar as instruções escritas pelos alunos, deve-se observar se eles foram capazes de respeitar as características estruturais e de linguagem definidoras dos textos instrucionais. Deve-se, ainda, avaliar se os alunos seguiram a orientação da proposta de elaborar regras bem-humoradas, que resgatem comportamentos típicos dos adolescentes brasileiros e que possam ser vistos como diferentes por jovens estrangeiros.
Ensinar a fazer: produção de texto instrucional
1. Pesquisa e análise de dados
Agora que você conhece a estrutura característica dos textos instrucionais, pode, inspirado pelo exemplo da escritora norte-americana Priscilla Ann Goslin, autora de Rau tchu bi a carioca, criar regras bem-humoradas para ensinar jovens de outros países que visitam o Brasil em programas de intercâmbio a se comportarem como adolescentes brasileiros típicos. Veja alguns dos aspectos que podem ser orientados por meio de textos instrucionais.
>> Como se vestir como um adolescente
>> Como falar como um adolescente
>> Como se alimentar como um adolescente
>> Como assistir às aulas como um adolescente
>> Como frequentar um shopping como um adolescente
Converse com seus colegas e identifique outros comportamentos típicos dos adolescentes que poderiam fazer parte dessa lista.
Escolha um dos comportamentos identificados e redija o texto instrucional para orientar, de maneira cômica, os jovens estrangeiros que desejem aprender a agir de acordo com o comportamento escolhido.
Redija um breve parágrafo introdutório para contextualizar as situações em que o comportamento apresentado deve ser adotado.
Quando todos os textos estiverem prontos, a turma pode montar o “guia” Como ser um adolescente brasileiro.
2. Elaboração
>> Antes de elaborar as instruções, identifique cada um dos procedimentos associados ao comportamento escolhido.
>> Lembre-se de que você deve criar regras bem-humoradas. Releia o trecho do livro de Priscilla Ann Goslin e veja de que modo a autora apresentou um olhar inesperado para definir como um verdadeiro carioca mergulha no mar.
>> Analise suas anotações e verifique se os procedimentos devem seguir uma sequência específica.
>> Em que contextos o comportamento a ser apresentado costuma ser adotado?
>> Atenção ao uso dos verbos. Certifique-se de que os comandos são expressos por formas do modo Imperativo.
3. Reescrita do texto
Troque suas instruções com um colega. Peça a ele que verifique se todos os procedimentos necessários para definir o comportamento escolhido por você foram apresentados. E, no caso de haver uma sequência específica, peça que verifique se ela foi estabelecida corretamente. Utilize os mesmos critérios para avaliar o texto de seu colega.
Caso haja críticas ou sugestões pertinentes, o texto deve ser reescrito.
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PRODUÇÃO DE TEXTO
UNIDADE 10 Argumentação
A argumentação vem sempre associada a um desafio: convencer alguém de alguma coisa, demonstrar a validade de uma tese, defender um ponto de vista. O gênero apresentado nesta unidade vai ilustrar a importância de sabermos como selecionar e organizar argumentos de natureza diferente para alcançar objetivos como demonstrar, persuadir e convencer.
Capítulo
32. Editorial, 300
• Editorial: definição e usos
Página 300
Capítulo 32 Editorial
Leitura
Além dos artigos assinados em que um articulista apresenta sua opinião sobre acontecimentos contemporâneos, os jornais e revistas também são o espaço de circulação de um importante gênero argumentativo, encarregado de explicitar a posição do próprio veículo de comunicação: o editorial. O texto apresentado a seguir exemplifica esse gênero discursivo.
Faces do futuro
Se há um choque de princípios que marcará a sociedade nos próximos anos é aquele entre a comodidade e a segurança, de um lado, e a privacidade, de outro.
Como mostrou reportagem do jornal “The New York Times” reproduzida por esta Folha, avanços no campo do reconhecimento de faces por computador lançam novos dilemas. Empresas podem reter dados faciais de seus clientes? Devem obter autorização para fazê-lo? E o que dizer do governo?
Hoje em dia, algumas companhias conseguem, usando bancos de dados gigantescos e algoritmos relativamente simples, rastrear os hábitos dos consumidores a ponto de conhecer sua intimidade. Uma rede de varejo norte-americana, por exemplo, desenvolveu um método para detectar a gravidez de suas clientes. Com a informação vieram ofertas irresistíveis.
Investidas como essas se sobrepõem a outros avanços tecnológicos, como câmeras de vigilância mais potentes e chips de cartões bancários capazes de revelar quanto o cidadão gastou e onde ele esteve. A isso se somam os drones, que localizam, e eventualmente liquidam, até quem se esconde nas áreas mais remotas do planeta.
Agências governamentais não hesitam em usar tais métodos para a bisbilhotice em massa.
Reconheça-se, porém, que a maioria das pessoas se entrega voluntariamente a essa hipervigilância — para nada dizer da superexposição vista nas redes sociais.
Cadastros na internet podem trazer, como contrapartida, ofertas personalizadas por e-mail, que representam inegável conforto. A utilização da tecnologia de ponta pelas polícias, por sua vez, aumenta a capacidade de prevenir e resolver crimes, ampliando a sensação de segurança da população.
Para que o cruzamento de ferramentas como grandes bancos de dados, reconhecimento facial, câmeras de vigilância e drones não se aproxime demais da distopia de George Orwell em 1984, é crucial que sejam criados limites.
Um bom começo seria determinar que dispositivos dessa natureza só sejam usados com a ciência do cidadão, a quem cabe decidir se quer fazer parte da trama.
Folha de S.Paulo, 12 jun. 2014. Opinião. Disponível em:
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