Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 30 mar. 2016 (Fragmento).

Orlanda Amarílis (1924-2014): nasceu em Assomada, Cabo Verde (África).
Invólucro: revestimento, cobertura.
Tíbias: ossos das pernas.
Metatarsos: ossos dos pés.
Omoplatas: ossos triangulares que, com a clavícula e o úmero, compõem a articulação dos ombros.
Apófises: saliências na superfície de um osso.
Assente: firme, sólida.

Teolinda Gersão e o fluxo de palavras

O silêncio

Mas as crianças nascem de duas vozes que se encontram, e não só de dois corpos, Afonso, as crianças futuras que serão os arquitectos de outras cidades e inventarão o espaço e a luz e o céu e o mar e o amor e o corpo, porque uma força interior amadurece lentamente e de súbito irrompe e é uma força de mudança, então no tecido social abrem-se buracos demasiado numerosos, as casas desmoronam-se, as cidades de medo e agressão e silêncio começam a rasgar-se, e por todos os rasgões vai entrando o sol e cabeças de crianças assomam,

[...]

GERSÃO, Teolinda. In: MEDINA, Cremilda de Araújo. Viagem à Literatura Portuguesa Contemporânea. Rio de Janeiro: Nórdica, 1983. p. 457. (Fragmento).


Página 105

Vilma Arêas: humor e sensibilidade

Sobrenatural

Desde muito cedo me dei conta do meu talento para ressuscitar os mortos. Mortos são seres imprevistos que precisam de toda a nossa atenção para continuarem mortos. Se nos distraímos eles se sentam no caixão e começam a trincar a vela mais próxima como se fosse uma cenoura.

A primeira vez Nélia tentou me arrastar em direção à porta.

Ergui a tampa e espiei: um negro estava ali deitado, taciturno.

No entanto, quando desviei por instantes os olhos, ele coçou os cachinhos de lã e sorriu, mexendo os dedos dos pés.

Não o toquei. Mas em vezes futuras tomei a temperatura da testa como a um ferro em brasa: o gelo me queima e passo a limpo todas as lembranças. Estendo depois esses lençóis quebrados para secar em qualquer canto.

[...]

ARÊAS, Vilma. A terceira perna. São Paulo: Brasiliense, 1992. p. 77. (Fragmento).



Pare e pense

Leia o seguinte trecho do livro Um teto todo seu, da romancista inglesa Virginia Woolf, publicado em 1929.

[...] De mais a mais, toda a formação literária que uma mulher recebia no início do século XIX era concentrada na observação do caráter, na análise da emoção. Sua sensibilidade fora cultivada durante séculos pelas influências da sala de estar. Os sentimentos das pessoas estavam impressos nela; as relações pessoais estavam sempre diante de seus olhos. Por conseguinte, quando a mulher da classe média dedicou-se a escrever, naturalmente escreveu romances [...]. Se Jane Austen foi prejudicada em algum aspecto de sua situação, deve ter sido na estreiteza da vida que lhe foi imposta. Era impossível a uma mulher andar sozinha. Ela nunca viajou; nunca rodou por Londres num ônibus ou almoçou sozinha num restaurante. [...]

[...] Supõe-se que as mulheres sejam geralmente muito calmas, mas as mulheres sentem exatamente como os homens — elas precisam de exercício para suas faculdades e de um campo para seus esforços, tanto quanto seus irmãos; elas sofrem de uma contenção rígida demais, de uma estagnação absoluta demais, precisamente como sofreriam os homens [...].

WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Círculo do Livro, s.d. p. 84-86. (Fragmento).

Analise o que Virginia Woolf fala a respeito da literatura produzida por mulheres, exemplificada pela obra de Jane Austen, escritora inglesa que viveu no século XIX. A situação das mulheres permanece igual àquela retratada por ela? Por quê?

Em seguida, discuta com seus colegas: você acha que existem diferenças entre a literatura feita por homens e por mulheres? Use os textos desta seção para sustentar o seu ponto de vista.

A atividade propõe a análise e a interpretação de um trecho do livro Um teto todo seu, uma compilação de palestras da escritora inglesa Virginia Woolf, uma das primeiras mulheres a pensar sobre o papel do gênero na produção literária. Segundo ela, a formação literária das mulheres, associada à estreiteza de sua vida cotidiana, levou-as a se deterem mais na análise das relações e dos comportamentos sociais. Porém, como destaca o último parágrafo, as mulheres sentem exatamente como os homens. Os alunos devem então responder se acham que a situação das mulheres mudou. Muitas respostas são possíveis, mas espera-se que eles percebam que, embora hoje as mulheres trabalhem e façam basicamente as mesmas coisas que os homens fazem, ainda há um conjunto de estereótipos sobre o feminino que atravessam a fala sobre as mulheres: são mais sensíveis, mais frágeis, mais intuitivas, etc. Nesse sentido, o debate pode ser conduzido a partir de algumas questões: será que esses estereótipos influenciam a produção literária das mulheres? É possível ver, nos trechos lidos, alguma característica feminina? O debate é livre e não há respostas certas ou erradas, uma vez que esse é um tema bastante controverso até mesmo na crítica especializada. Sugere-se apenas que sejam apontados possíveis preconceitos que possam surgir na fala dos alunos.
Página 106

Capítulo 7 - A prosa pós-moderna

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FRANÇA, H. Casulo Perequê. 2013. Madeira ipê, 245 x 320 x 160 cm, 430 kg. A escolha de pedaços de árvore como matéria-prima é uma tentativa do artista de encontrar uma linguagem que provoque reflexões a respeito da relação entre o ser humano e a natureza.

ANDRÉ GODOY

Leitura da imagem

Sugerimos que todas as questões sejam respondidas oralmente para que os alunos possam trocar impressões e ideias.

1. Observe a escultura Casulo Perequê, do designer brasileiro Hugo França (1954-), que usa como matéria-prima o que chama de resíduo florestal: restos de árvores da Mata Atlântica. Considerando o formato da escultura, que parte da árvore foi transformada por Hugo França?

> É possível afirmar que a criação dessa escultura resultou de um processo bastante trabalhoso com a matéria-prima. Por quê?

2. Leia as duas definições abaixo.

Casulo Derivação: sentido figurado. Abrigo, proteção, casca.

Perequê Uso: informal. Situação de alvoroço, confusa, em que há barulho e briga.

HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 420 e 1.472. (Fragmentos).


Página 107

No blog do museu de Inhotim, há um breve vídeo sobre a obra e o processo de criação de Hugo França. Seria interessante apresentar esse vídeo aos alunos, para que eles possam conhecer a visão e o trabalho desse artista. O link para o vídeo é o seguinte:
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