Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 26 fev. 2016.

Na fala do caramujo, o substantivo medo, objeto direto do verbo ter, rege vários complementos nominais, que com ele se relacionam através da combinação da (preposição de + artigo a). Veja a estrutura sintática.

A ligação do substantivo medo com seus complementos nominais (isto é, a regência nominal) é feita por meio da preposição de.

Tenho muitos medos nessa vida... medo da culpa, da ignorância, da solidão [...]”



substantivo (OD) termo regente: medo

complementos nominais termos regidos: culpa, ignorância, solidão
Página 249

A regência de alguns nomes



As preposições que fazem a ligação entre substantivos, adjetivos e determinados advérbios e seus complementos variam. Por esse motivo, é importante conhecer a regência de alguns nomes e, assim, saber quais preposições podem ser utilizadas para vinculá-los a seus complementos. Conheceremos, a seguir, a regência de alguns substantivos, adjetivos e advérbios da língua.

Regência de alguns substantivos

admiração

a, por

aversão

a, para, por

capacidade

de, para

certeza

de

conciliação

entre

concordância

a, com, de, entre

dúvida

acerca de, em, sobre

discordância

com, de, entre

facilidade

de, em, para

obediência

a

permissão

de, para

receio

de

relação

a, com, de, entre, para com

respeito

a, com, para com, por

Regência de alguns adjetivos

absolvido

de, por

acessível

a

ansioso

de, para

apto

a, para

benéfico

a

capaz

de, para

certo

de

compatível

com

contrário

a

cuidadoso

com

curioso

de, por

descontente

com

digno

de

entendido

em

equivalente

a

essencial

para

familiarizado

com

favorável

a

hábil

em

habituado

a

incompatível

com

indeciso

em

indiferente

a

justo

com, em, para com

leal

a

necessário

a

nivelado

a, com, por

nocivo

a

obcecado

em, por

passível

de

preferível

a

prejudicial

a

propício

a

próximo

a, de

relacionado

com

relativo

a

responsável

por

satisfeito

com, de, em, por

subjacente

a

submetido

a, por

submisso

a, de

tolerante

com, para com

útil

a, para

vantajoso

a, para

Página 250



Regência de advérbios

Advérbios com sufixo -mente, originados de radicais de adjetivos, seguem a mesma regência dos adjetivos de que foram formados.

Observe.



As ações dos políticos deveriam ser compatíveis com as ideias que defendem em campanha.

compatíveis: adjetivo

Os políticos deveriam conduzir suas ações compativelmente com as ideias que defendem em campanha.

compativelmente: advérbio

O documento analisado pelos assessores era relativo ao ano de 1990.

relativo: adjetivo

Relativamente ao documento analisado, os assessores foram reticentes em suas conclusões.

Relativamente: advérbio

Você poderá observar, a partir da comparação com a regência verbal, de que trataremos a seguir, que muitos dos nomes apresentados têm exatamente a mesma regência dos verbos dos quais são derivados. Nesses casos, quando você aprender a regência do verbo, estará automaticamente aprendendo a regência do nome cognato, ou seja, que tem a mesma raiz do verbo.



Regência verbal

Quando analisamos a relação de subordinação que se estabelece entre determinados verbos e os complementos (objetos diretos e indiretos), estamos tratando da regência verbal.



Tome nota

Regência verbal é a denominação que se dá à relação particular que se estabelece entre verbos e seus respectivos complementos (objetos diretos e indiretos). Essa relação vem sempre marcada por uma preposição, no caso dos objetos indiretos. O verbo é considerado o termo regente e seu complemento, o termo regido.

O foco da regência verbal, portanto, está na relação estabelecida entre os verbos e os complementos que lhes integram o sentido. Por esse motivo, é importante lembrar da noção de transitividade verbal, já estudada no Capítulo 23 do volume do 2º ano.

Quando tratamos da transitividade verbal, aprendemos que há verbos intransitivos, transitivos diretos, transitivos indiretos e bitransitivos. É essa transitividade que determina o tipo de vínculo estabelecido entre um verbo e seu complemento. Quando ela é direta, os complementos (objetos diretos) ligam-se ao verbo sem auxílio de preposição. No caso da transitividade indireta, os complementos verbais (objetos indiretos) ligam-se ao verbo por meio de uma preposição.

A regência de alguns verbos

Muitos verbos, no português, admitem mais de uma regência, mas ao mudar de regência mudam também de significado. Há alguns outros verbos que, embora admitam duas regências, não têm seu significado alterado. É o caso de meditar, que, sempre com o mesmo sentido, tanto pode ter a regência marcada pela preposição em como pela preposição sobre.

Apresentaremos, a seguir, a regência de alguns verbos, para que você adquira o hábito de refletir a respeito da questão da regência verbal. Destacaremos os objetos diretos em azul-claro e os indiretos em violeta, para facilitar a observação da relação entre os verbos e seus complementos. As preposições serão sempre destacadas em verde-escuro.


Página 251

Assistir

É transitivo indireto no sentido de presenciar, estar presente.

Os amigos voltaram mais cedo para assistir ao novo episódio de Game of Thrones.

É também transitivo indireto no sentido de caber razão a alguém.



Não podemos negar que este é um direito que assiste a todos os réus: o direito de defesa. Este é um direito que lhe assiste.

É usado indiferentemente como transitivo direto ou indireto quando empregado no sentido de ajudar, prestar assistência, socorrer.



Os membros da defesa civil procuravam assistir pela enchente.

os desabrigados

aos desabrigados

Esquecer

Quando significa sair da lembrança, olvidar, este verbo pode ser transitivo direto. Veja a tira.

HAGAR


CHRIS BROWNE

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© 2016 KING FEATURES/IPRESS

BROWNE, Chris. Hagar. Folha de S.Paulo. São Paulo, 1º set. 2000.

Na frase “Espero que Helga tenha esquecido aquela discussão”, o verbo esquecer é transitivo direto e, como tal, pede um objeto direto como complemento, não exigindo preposição.

Porém, se esse verbo aparecer em sua forma pronominal, deverá ter seu objeto precedido pela preposição de:

Quase me esquecia do compromisso que assumi com você!

Há uma outra construção, de uso quase exclusivamente literário, com o verbo esquecer-se, pronominal. Trata-se de uma construção em que os termos que costumam funcionar como complemento (objeto direto ou indireto) desse verbo passam a funcionar como seu sujeito, o que atesta a concordância no plural. Veja o exemplo.



Esqueceram-me todas as desavenças e passei a gostar de Ricardo.

todas as desavenças funciona, aqui, como sujeito do verbo pronominal, em uma construção que deriva de esqueci-me de todas as desavenças.

Aspirar

Este verbo é transitivo direto quando significa respirar, sorver.

No alto das montanhas, aspiramos o perfume das flores silvestres.

É transitivo indireto quando significa pretender, desejar.



Todos aspiramos a uma vida livre e plena de realizações.
Página 252

De olho na fala

Uma construção muito frequente com o verbo esquecer, em contextos informais, é o resultado da combinação das suas duas regências. Em lugar de dizerem “Esqueci os compromissos” ou “Esqueci-me dos compromissos”, as pessoas dizem “Esqueci dos compromissos”. Embora seja aceitável em um uso coloquial, deve ser evitado em contextos formais.

Implicar

É transitivo direto, quando usado no sentido de acarretar, ter como consequência. É esse o sentido que tem o verbo no segundo quadrinho da tira a seguir.

PIRATAS DO TIETÊ

LAERTE


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© LAERTE


LAERTE. Piratas do Tietê. Folha de S.Paulo. São Paulo, 20 dez. 2001.

“Combater a fome todo mundo quer — desde que não implique nenhum sacrifício!”



De olho na fala

Já se tornou uso corrente no português oral a forma implicar em. Raras são as pessoas que observam a regência desse verbo em situação informal de fala. Porém, tanto na fala quanto na escrita, em contextos mais formais, deve-se observar a regência do verbo, que é transitivo direto e, portanto, liga-se a seu complemento sem o auxílio de preposição.

Preferir

É usado como transitivo direto no sentido de dar preferência a.



Prefiro livros de ficção científica.

É transitivo direto e indireto no sentido de escolher uma dentre duas coisas.



Prefiro Chico Buarque a Caetano Veloso.

Visar

É transitivo direto nas acepções de mirar e pôr visto em documento.

Os atiradores de elite visaram o alvo do alto de um edifício.

O funcionário da imigração recusou-se a visar o passaporte.

É transitivo indireto na acepção de pretender, ter em vista.



Viso a grandes lucros com meus investimentos na nova empresa.

Dequeísmo”: um caso de hipercorreção

Você certamente já ouviu enunciados como: Eu penso de que o Brasil é um país destinado a crescer muito… Antecipo de que a votação na Câmara será apertada… Nessas construções, observa-se um fenômeno que alguns gramáticos chamam de dequeísmo. Trata-se do uso da preposição de com verbos transitivos diretos (pensar, dizer, achar, falar).

Quando produzem enunciados como esses, os falantes, preocupados em não errar a regência verbal, acabam utilizando uma preposição em um contexto em que ela não é necessária para introduzir o complemento do verbo. Esse é um caso de hipercorreção, ou seja, de uma correção “exagerada”.


Página 253

ATIVIDADES

Leia os enunciados apresentados abaixo para responder à questão 1.

I. Luís certamente está apto (com/para) a função que exercerá.

II. Clara mostrou-se muito condescendente (por/com) todos que estão sob seu comando.

III. Quando Fábio começa a falar, fica evidente que ele é procedente (em/de) Pernambuco.

IV. Nutria grande simpatia (por/com) todos que ali estavam.

1. Escolha a preposição adequada para ligar o termo regido ao termo regente em cada enunciado.

> Os enunciados transcritos trazem casos de regência nominal ou verbal? Justifique sua resposta.

Leia a tira abaixo para responder às questões 2 e 3.

NÍQUEL NÁUSEA

FERNANDO GONSALES

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© FERNANDO GONSALES

GONSALES, Fernando. Disponível em:


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