Português: contexto, interlocução e sentido



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. Acesso em: 29 mar. 2016.

O pensamento do caramujo Caramelo, no segundo quadrinho, é composto por duas orações coordenadas (período com dois verbos). Essas orações são relacionadas por meio de uma conjunção.

Era escravo daquelas paredes... ehavia uma saída...”

Oração coordenada assindética: “Era escravo daquelas paredes...


Oração coordenada sindética aditiva: ehavia uma saída...”

As conjunções coordenativas aditivas que tipicamente explicitam a relação sequencial entre as coordenadas são e (para as sequências afirmativas) e nem (para as sequências negativas).



De olho na fala

O uso da conjunção coordenativa aditiva nem para articular orações coordenadas merece atenção. Nem, como se sabe, tem sentido negativo (significa e não). Não é necessário, portanto, dizer ou escrever algo como: Paulo não veio e nem telefonou. Nesses casos, basta usar o nem: Paulo não veio, nem telefonou.

Existem na língua determinadas estruturas, denominadas séries aditivas enfáticas, que, quando utilizadas, permitem destacar o conteúdo da segunda oração. A correlação estabelecida entre as orações do período é marcada, nesses casos, por não só... mas (também),não apenas... como. Veja.
Página 189

A.C.


Johnny Hart

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© 2016 CREATORS SYNDICATE/IPRESS

Hart, Johnny. A. C.

No segundo quadrinho, a resposta dada à pergunta feita no primeiro apresenta uma série aditiva enfática.

Orações coordenadas sindéticas adversativas

Quando, entre as orações coordenadas de um mesmo período, o conteúdo da segunda oração opõe-se àquilo que se declara na primeira, estabelecendo-se uma ideia de contraste ou compensação, diz-se que a estrutura é do tipo adversativo. Veja os exemplos abaixo.

O político era desonesto, mas foi eleito.

Oração coordenada assindética: O político era desonesto,


Oração coordenada sindética adversativa: mas foi eleito.

O investimento no projeto foi enorme, porém o retorno financeiro foi insignificante. (oposição)

O professor é extremamente rigoroso com os alunos, entretanto é justo na atribuição das notas. (compensação)

A conjunção coordenativa adversativa típica é mas. Esse tipo de relação pode também ser expresso pelas conjunções e locuções coordenativas adversativas porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto, não obstante.



Lembrar aos alunos que o valor das conjunções é determinado pelo contexto. Como exemplo, destacar o valor aditivo da conjunção mas, associada a também, em: “Ela [a carne de avestruz] não só é gostosa, mas também dá pra fazer um belo estilingue com o osso da sorte”, e o valor adversativo dessa mesma conjunção em “O político era desonesto, mas foi eleito”.

Orações coordenadas sindéticas alternativas

Quando, entre as orações coordenadas, estabelece-se uma relação de sentido em que o conteúdo de uma das coordenadas exclui o conteúdo da outra, diz-se que a coordenação é do tipo alternativo. Veja.

Mutts


Patrick McDonnell

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© 2016 KING FEATURES SYNDICATE/IPRESS

McDONNELL, Patrick. Mutts: os vira-latas. São Paulo: Devir, 2008. p. 8.
Página 190

No segundo e terceiro quadrinhos, as perguntas referentes ao comportamento do cachorro Duque ilustram a típica relação de sentido estabelecida entre as orações coordenadas sindéticas alternativas.

Atender ao chamado da natureza...? ... ou [atender] ao chamado do abridor de latas?”

Oração coordenada assindética : “Atender ao chamado da natureza...?


Oração coordenada sindética alternativa: ... ou [atender] ao chamado do abridor de latas?”

A conjunção coordenativa alternativa típica é ou (que pode ocorrer isoladamente ou introduzindo cada uma das orações entre as quais se estabelece a relação alternativa). Podem também marcar a mesma relação os pares quer...quer, já...já, ora...ora.

Orações coordenadas sindéticas conclusivas

Quando, dada uma sequência de orações coordenadas, verifica-se que a segunda expressa uma conclusão ou consequência lógica baseada no conteúdo da primeira, tem-se uma coordenação do tipo conclusivo.

Observe a fala de Hagar, no primeiro quadrinho da tira abaixo.

Hagar


Chris Browne

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BROWNE, Chris. Hagar. Folha de S.Paulo. São Paulo, 6 mar. 1999.

© 2016 KING FEATURES SYNDICATE/IPRESS

O raciocínio de Hagar expressa uma clara relação conclusiva. Primeiro ele se dá conta de que é uma quinta-feira. Provavelmente se lembra de que o cardápio da casa é organizado associando alguns pratos a determinados dias.

Conclui, portanto, que é dia de comer fígado frito.

“Hoje é quinta-feira, entãosei que comeremos fígado frito.”

Oração coordenada assindética : Hoje é quinta-feira
Oração que funciona como objeto direto do verbo saber
então
sei que comeremos fígado frito.: Oração coordenada sindética conclusiva

O humor da tira está no fato de Helga ter decidido que, como frituras não fazem bem ao marido, substituirá fígado frito por fígado cozido. Hagar, que havia ficado contente ao supor que o fígado seria substituído por outro prato, tem suas esperanças destruídas pela observação final da esposa.

As conjunções coordenativas que mais comumente introduzem as orações coordenadas sindéticas conclusivas são: logo, portanto e pois (quando posposta ao verbo). Também são usadas as conjunções e locuções conjuntivas conclusivas: assim, então, por isso, por conseguinte, de modo que, de forma que, em vista disso.

Orações coordenadas sindéticas explicativas

Quando uma oração coordenada fornece uma explicação para aquilo que se afirma em uma oração anterior, diz-se que a coordenação é do tipo explicativo. Observe os exemplos.

Deve ter ventado bastante durante a noite, porque muitas folhas e galhos nas ruas.

Oração coordenada inicial (assindética): Deve ter ventado bastante durante a noite,


Oração coordenada sindética explicativa: porque muitas folhas e galhos nas ruas.
Página 191

Cristina já deve estar em casa, porque a correspondência não está na portaria.

Paulo não se interessou pela proposta, pois não me telefonou.

Não insista, Mônica, que eu não farei o que você quer!

As conjunções coordenativas explicativas típicas são porque, que, pois(quando precede o verbo).



Relações coesivas

Depois de conhecer as relações de sentido que podem ser estabelecidas entre as orações coordenadas, fica evidente a importância das conjunções na explicitação desses vínculos semânticos e, portanto, o seu papel coesivo na articulação dos textos. A partir da escolha de diferentes conjunções coordenativas, o sentido de um período composto pelas mesmas duas orações modifica-se consideravelmente. Observe.

Sentido aditivo: Os carros importados custam muito caro e têm um desempenho excelente.

Sentido adversativo (ideia de compensação): Os carros importados custam muito caro, mas têm um desempenho excelente.

Sentido conclusivo: Os carros importados custam muito caro, logo têm um desempenho excelente.

Sentido explicativo: Os carros importados custam muito caro, pois têm um desempenho excelente.

Algumas das combinações parecem fazer mais sentido do que outras. Embora aceitável do ponto de vista sintático, uma afirmação como Os carros importados custam muito caro, logo têm um desempenho excelente provoca estranhamento do ponto de vista do sentido do que é dito. A segunda oração — coordenada sindética conclusiva — introduz uma conclusão a que se chega a partir do que é afirmado na primeira oração: carros importados custam muito caro. Será que disso se pode concluir que seu desempenho seja excelente? Não, porque não se pode dizer que uma coisa implique a outra. A escolha de uma conjunção coordenativa conclusiva é, portanto, inadequada para coordenar as duas orações, dado o seu conteúdo.

Essas considerações devem levar à conclusão de que o estudo das conjunções é fundamental para a compreensão das relações semânticas que são estabelecidas entre as orações. Só assim conseguiremos utilizá-las adequadamente como importantes elementos coesivos na elaboração dos nossos textos.



ATIVIDADES

Leia com atenção a tira a seguir para responder às questões 1 e 2.

Guilber


Gilmar

0191_001.jpg

© GILMAR


GiLMAR. Guilber. Disponível em:
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