O método da reação da Lei resolve o caso. Ela diz: o ser fica livre de violar a Lei à vontade e de afastar-se do S. Mas com isso ele se afasta da felicidade e cai no sofrimento, perde em positividade e vida e aprofunda-se cada vez mais na negatividade da morte. Então, se o ser não quer anular-se, tem de voltar para trás e evoluir para sair com o seu esforço do inferno que gerou para si. Esta é a encruzilhada em que ele se encontra: ou ter que sofrer sempre mais, se quiser continuar satisfazendo o seu desejo de revolta, ou arrepender-se e mudar a sua trajetória, se quiser libertar-se do inferno e reconquistar o paraíso perdido. São os próprios resultados da sua revolta que o obrigara a revoltar-se contra ela, cujos frutos são amargos dentais para ele os aceitar.
É o que nos confirmam os fatos que nos oferece a vida. Os seres estão-se disputando os fragmentários sobejos da grande vida que possuíam no S. Aprofundados no AS, não é possível viver senão em trechos entrelaçados com períodos que negam a vida, sempre abraçados à morte, devorando-se uns aos outros numa luta contínua. A existência tem de ser ganha a todo o momento com o próprio esforço, o que significa necessidade de evoluir, experimentando, aprendendo e assim desenvolvendo a inteligência e acordando o espírito. Da grande vida no S não ficou senão esse pobre resto, uma vida fechada no tempo e a cada momento despedaçada pela morte, que está sempre à espera, espiando-a para destruí-la. Quem pode aceitar isto para sempre? Eis então o que gera o impulso irresistível para a libertação dessa condenação e com isso a necessidade de fazer o esforço de evoluir. Eis em que consiste o livre constrangimento com o qual a Lei obriga o ser a atingir a sua salvação, voltando aos- Até então a nossa vida, insegura, com medo em cada instante de perdê-la, terá de ser defendida com o nosso esforço de toda hora. E muito teremos de lutar e sofrer, para poder subir todo o caminho da volta e atingir no s o ponto final de chegada.
Os problemas estão conexos e interdependentes uns com os outros. Resolvendo agora o do constrangimento, nos aproximamos dum problema paralelo: o do aniquilamento da substância que constitui o ser, no caso de ele querer definitivamente persistir na sua revolta. lá tocamos neste ponto em nossos dois livros: Deus e Universo e O Sistema. Será útil para o leitor encontrar aqui o assunto rapidamente resumido, ao mesmo tempo que apresentado em forma diferente, em relação aos outros problemas de que estamos tratando, assim eles, também, ficarão mais esclarecidos.
Tratando há pouco do assunto do constrangimento, vimos que a Lei só indiretamente impulsiona o ser à sua salvação, ficando sempre na posição dum absoluto respeito para com a sua liberdade. surge então o problema: esse respeito da Lei para com a liberdade do ser chega até ao ponto de ter que aceitar uma sua definitiva revolta? se o ser quiser usar da sua liberdade até ao caso limite, teoricamente possível, de nunca querer voltar para trás evoluindo até à salvação, então a Lei pode permitir que o ser a viole até ao ponto de aniquilar os seus efeitos? Esse respeito para com a liberdade chegará ao ponto de deixar que o ser, com a sua revolta, vença definitivamente a Lei, construindo um AS não temporário e sanável, mas eterno e definitivo, o que representaria o fracasso da obra de Deus? Como a sua sabedoria resolve esse outro conflito entre duas exigências opostas?
Temos aqui dois princípios contrários: o da liberdade do ser, que não pode ser destruída; e o da supremacia da Lei, que tem de atingir as suas finalidades.