Cada grupo que aqui chegou tinha suas respectivas crenças e costumes religiosos. Alguns eram muito mais cultos do que os colonizadores que se tornavam seus proprietários.
Cada grupo que aqui chegou tinha suas respectivas crenças e costumes religiosos. Alguns eram muito mais cultos do que os colonizadores que se tornavam seus proprietários.
Os sudaneses, que desembarcaram e permaneceram em Salvador (BA), provinham de tribos que na África, haviam sido convertidas ao Islamismo. Alguns deles eram profundos conhecedores do Alcorão, além de lê-lo corretamente, conheciam-no de memória.
Para o Brasil foram trazidos muitos homens e mulheres do Senegal, Gâmbia, Angola, Zaire, Moçambique e da Ilha de Madagascar.
A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO
A RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO
Enquanto existiu escravidão, existiu também a resistência contra o cativeiro, apesar dos esforços dos senhores e das autoridades coloniais no sentido de detê-la.
Existiam diversos quilombos, o maior deles foi o de Palmares, cujo principal líder foi Zumbi. Esse quilombo desenvolveu-se no interior de Alagoas, durante o século XVII. Chegou a ter cerca de 20.000 habitantes.
Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares em 20 de novembro de 1695, depois de traído por um homem de sua confiança, foi torturado e morto pelos homens liderados por Domingos Jorge Velho.
Zumbi, o líder do Quilombo de Palmares em 20 de novembro de 1695, depois de traído por um homem de sua confiança, foi torturado e morto pelos homens liderados por Domingos Jorge Velho.
Em 1978, o dia 20 de novembro passou a ser o Dia Nacional da Consciência Negra. E Zumbi foi transformado em símbolo de luta contra o racismo e toda forma de escravidão e discriminação não só de negros, mas de todas as pessoas vítimas da exclusão social.
Assim, Zumbi continua vivo através das lutas que muitos cidadãos brasileiros organizam no sentido de superar os preconceitos, vencer toda forma de opressão e fazer valer a justiça e igualdade de direitos para todos.
As tradições religiosas afro-brasileiras abrangem os vários grupos religiosos nascidos das tradições culturais e religiosas trazidas da África, e que aqui se mesclaram entre si, dando origem a diversos grupos ou denominações:
- Candomblé: presente na Bahia e em outros Estados;
- Umbanda: presente praticamente em todos os Estados brasileiros;
- Xangô: no Recife;
- Xambá e Catimbó: nos Estados do Nordeste;
- Tambor de Mina: no Amazonas e Maranhão;
- Omolocô: no Rio de Janeiro.
- Batuque: no Rio Grande do Sul.
RITUAIS E CRENÇAS
RITUAIS E CRENÇAS
Nas cerimônias religiosas ou rituais há música e dança ao ritmo de instrumentos de percussão, três tambores, os atabaques.
Os três atabaques são chamados de "rum", "rumpi" e “lé".
O rum, o maior de todos, possui o som grave; o do meio, rumpi, som médio; o lé, o menor, possui o som agudo.
O trio de atabaques executa, ao longo do xirê, uma série de toques de acordo com os orixás que vão sendo evocados.
Orixás são forças da natureza personificadas e ancestrais divinizados.
Cada Orixá tem seu símbolo, seu dia da semana, suas vestimentas, cores, elemento da natureza, personalidade, sacrifício e oferendas de comida.
Como os seres humanos, os Orixás são temperamentais, podem ser calmos, maternais, pacientes, atrevidos, bondosos, valentes, ciumentos, vingativos, etc.
Yemanjá - chamada também de Janaína, Princesa de Atucá, Ianaê é a Orixá feminina das águas salgadas. É a mais amada e cultuada. Protetora do mar, da família e da vida.
Yemanjá - chamada também de Janaína, Princesa de Atucá, Ianaê é a Orixá feminina das águas salgadas. É a mais amada e cultuada. Protetora do mar, da família e da vida.
Oxóssi – Orixá caçador, protetor das matas e dos animais. Não permite a violência e a destruição da natureza.
Oxóssi – Orixá caçador, protetor das matas e dos animais. Não permite a violência e a destruição da natureza.
É o grande patrono do Candomblé brasileiro.
Elemento: florestas.
Personalidade: intuitivo e emotivo.
Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi.
Dia da semana: quinta-feira.
Colar: azul claro.
Roupa: azul, amarelo ou verde claro.
Sacrifício: galo e bode avermelhados e porco.
Oferendas: milho, peixe de escamas, arroz, feijão e abóbora.
Exú - De temperamento instável e ciumento. Intermediário entre os Orixás e os adeptos. guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Se não for acalmado e mimado com oferendas não permite que os outros Orixás se comuniquem.
Exú - De temperamento instável e ciumento. Intermediário entre os Orixás e os adeptos. guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Se não for acalmado e mimado com oferendas não permite que os outros Orixás se comuniquem.
Elemento: fogo.
Personalidade: atrevido e agressivo.
Símbolo: ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios).
Dia da semana: segunda-feira.
Colar: vermelho e preto.
Roupa: vermelha e preta.
Sacrifício: bode e galo preto.
Oferendas: farofa com dendê, feijão, inhame, água, mel e aguardente.
EXEMPLO DE UM MITO DA CRIAÇÃO
EXEMPLO DE UM MITO DA CRIAÇÃO
Olorum era uma massa infinita de ar. Um dia, como por encanto, lentamente, começou a respirar, e uma parte dessa massa de ar transformou-se em água, dando origem a Orixalá. O ar e a água continuavam a se mover, como uma dança; e eles mesmos foram se misturando, se misturando e uma parte deles, juntos e misturados, deu origem à lama. Dessa lama surgiu uma bolha avermelhada. Olorum maravilhou-se com essa bolha e soprou sobre ela o seu hálito Emi e deu-lhe vida. Essa forma, em permanente expansão e movimento, foi a primeira dotada de existência individual. Era um rochedo avermelhado de laterita: Exú. Assim a existência de todas as coisas é inaugurada pelo sopro do hálito Emi ou ar divino Ofurufú, produzindo a vida nos planos visíveis e invisíveis.
VIDA E COMPORTAMENTO ÉTICO
A maneira de encarar a vida se funde na convicção prática de que a pessoa humana é “centro de relações”, ponto de passagem do invisível para o visível, em direção aos demais seres, humanos ou não. Não fica sem retorno uma ofensa feita a divindade, ao próximo ou à natureza. ”Tudo está em tudo”, a religiosidade se funde com a cultura e política. Vida, trabalho, religião, amor ou afeto são formas de prestar culto a Deus. Daí a obrigação da comunhão para que o grupo sobreviva.
ASPECTOS ESSENCIAIS DA CULTURA E TRADIÇÃO
ASPECTOS ESSENCIAIS DA CULTURA E TRADIÇÃO
AFRICANA
A oralidade;
O símbolo;
O diálogo.
Através do diálogo os membros da comunidade têm ao seu dispor o conhecimento dos mitos e das alegorias na biblioteca da oralidade.
O especialista do diálogo é mestre da palavra, é o ancião – chamado de pai ou mãe de santo.
O ancião ou anciã é o ponto de referência vital para o grupo.
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO/CONSELHO PLENO/DF - RESOLUÇÃO N.º 1, DE 17 DE JUNHO DE 2004. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO – FONAPER. Ensino Religioso – Capacitação para um novo milênio – O fenômeno religioso nas tradições religiosas de matriz africana, caderno N.º 7, s/d.
GONÇALVES DA SILVA, Vagner.Intolerância Religiosa – Impactos do neopentecostalismo no campo religioso afro-brasileiro, São Paulo: Edusp, 2008.
SILVA, Matta. A Umbanda de todos nós – 12ª Edição, Ícone Editora, São Paulo, 2007.
http://www.jornaldelondrina.com.br/brasil/conteudo.phtml?ema=1&id=821773 - Acesso em 5/09/11.