Reportagem no Manicômio Judiciário de Franco da Rocha



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Diretora do manicômio há oito anos, Odete tenta a todo custo manter-se como ponto de equilíbrio entre pacientes e familiares,
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advogados e promotores. Busca sempre a conciliação e o melhor para os internos de Franco da Rocha. Reclama apenas que luta sozinha com sua equipe contra a constante redução de verbas e a falta de recursos. A contradição entre a lei e a realidade da instituição salta aos olhos do primeiro corregedor que adentra suas portas. A Secretaria Nacional de Assistência à Saúde (SNAS) obriga o Estado a garantir aos hospitais psiquiátricos especializados um psicólogo para cada sessenta pacientes em seu quadro de funcionários. No manicômio são dois psicólogos para 614 pacientes Não há clínico geral, nutricionista e terapeuta ocupacional — profissionais também exigidos pela portaria da SNAS. Outra norma obriga a instituição a manter uma sala de jogos com no mínimo 40 m2 e uma sala de estar com televisão e música ambiente. A área de lazer deve ser igual ou superior à área construída — medidas risíveis para a atual realidade do manicômio.

— A casa de custódia não pode representar o máximo da desagregação social, mas o recomeço da história de vida do indivíduo — afirma Odete.


O Programa de Desinternação Progressiva é o ponto mais evidente dessa mudança do manicômio nos últimos anos, com a criação da “colônia de desinternação”. Trata-se de um método terapêutico que faz com que alguns doentes mentais criminosos ganhem gradativamente a liberdade, o que retirou do hospital o rótulo sombrio de “inferno onde quem entra só sai morto”, como dizia uma velha e descascada inscrição gravada por um louco numa de suas velhas e descascadas paredes.
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A porta da rua abriu-se para os pacientes no dia 13 de março de 1989. Dezesseis deles foram então selecionados como a primeira turma que, depois de rigorosa avaliação médica, psicológica e social, ganhou uma certa liberdade. Atualmente, os 56 hospitalizados dividem quinze dormitórios, cada um com quatro leitos, que permanecem abertos durante o dia. A colônia funciona, no jargão penitenciário, como uma espécie de regime semi-aberto, com os doentes só voltando à noite para dormir. É raro algum interno deixar de retornar ao hospital na hora marcada, e não há rígido controle de entrada. O objetivo é fazer com que aprendam, aos poucos, a viver em sociedade, proporcionando-lhes condições de ser colocados definitivamente em liberdade.

— É um momento transitório entre a hospitalização em regime totalmente fechado e a desinternação completa — explica a psicóloga Thelma Pascucci Ferrão, responsável pela colônia de desinternação. — Não se trata de desinternar de forma irresponsável. Há pessoas que dificilmente sairão um dia daqui, mas há outras que se recuperam.

Segundo estimativas recentes, 10% a 20% dos doentes mentais apresentam curso de cronificação irreversível; 15% a 25% apresentam melhora parcial, permitindo alguma readaptação social; e 50% a 70% apresentam prognóstico favorável, que, se acompanhado de um tratamento correto, possibilita a reinserção social, com ganhos na qualidade de vida. A Justiça ainda não despertou para o assunto. O tempo de internação do paciente do manicômio é determinado primeiramente pelo processo, depois por prorrogações anuais estabelecidas pelo juiz corregedor, baseadas na perícia
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psiquiátrica elaborada pela equipe técnica do hospital. A medida de segurança tem duração de um a três anos, prorrogáveis pelo mesmo período, o que pode tornar o manicômio uma prisão perpétua.
— Uma única entrevista com o preso depois de anos e anos de internação, na hora de ser avaliado, não é capaz de fornecer um diagnóstico preciso. Era por isso que, geralmente, quem entrava aqui só saía morto — afirma Thelma Ferrão.
A desinternação está, aos poucos, modificando esse quadro. Na colônia, os doentes têm acesso direto ao refeitório. São responsáveis pela manutenção de geladeira, fogão, pias, mesas de madeira e bancos. A maioria tem, pela primeira vez depois de anos, a oportunidade de fazer uma refeição com pratos e copos de vidro e talheres de alumínio. Uma evolução terapêutica incalculável para o paciente. Todos exercem algum tipo de atividade. Fazem a limpeza e a conservação do prédio, serviços de pedreiro e pintura, jardinagem, marcenaria, conserto técnico de aparelhos de tevê e utensílios domésticos, datilografia e controle do livro de caixa que administra o dinheiro dos internos. Uma parte consegue emprego nas empresas de Franco da Rocha vendendo doces, artesanatos, mapas ou cachorros-quentes.
Figura. Na desinternação progressiva, os pacientes cultivam a terra e comercializam a produção.
(Inicio da descrição)

A figura mostra pessoas cultivando a terra.

(Fim da descrição)
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O esquizofrênico G. B. T., 26 anos, internado por esfaquear o primo durante uma crise convulsiva, não desanimou, depois de procurar serviço por uma semana, em vão.

— Quem emprega quem saiu do Manicômio Judiciário? E se não tem emprego nem para os sadios, vai ter para nós? — resigna-se.


A atividade mais corriqueira na “nova colônia”, como foi apelidada pelos doentes, é o cultivo da terra. Os enfermos agricultores recebem mensalmente um saco de fumo equivalente a R$ 0,50. A produção de verduras, como alface, agrião e almeirão, é comercializada na região. A maior parte do dinheiro arrecadado é reinvestida na compra de sementes, adubos e maquinário. Outra parte serve para cobrir as despesas de festas e passeios dos pacientes. Todo final de semana há animadas idas a pesqueiros e reservas ecológicas nas cidades vizinhas de Mairiporã e Francisco Morato — realizadas sempre com a guarda dos agentes de segurança.

O sucesso do Programa de Desinternação Progressiva é comprovado pelos números. Em onze anos de funcionamento, 478 pessoas, entre psicopatas, epilépticos e paranóicos, que um dia cometeram crime porque foram traídos por um surto de doença mental, estão na rua trabalhando e sustentando família. Dos quinhentos que já passaram pela colônia, três reincidiram e 132 fugiram. Detalhe: 90% dos fujões voltaram naturalmente ao manicômio. Uns porque não foram aceitos pela família e outros simplesmente por descargo de consciência. Como o carioca R. 5., que procurou um dos funcionários, arrependido por ter abandonado o tratamento. Era próximo do réveilion de 1999, e ele dizia que o remorso o incomodava dia e noite.


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— Não conseguiria virar o ano com essa acusação na cabeça. Precisava pagar pelo que fiz, senão nunca iria mudar — penitenciou-se.
Nas noites de terça-feira, uma reunião geral avalia a conduta dos integrantes da desinternação. As faltas são toleradas exclusiva- mente em caso de doença. As tarefas de cada um são cobradas, e as infrações ao regulamento interno, repreendidas. Quando há uma ocorrência grave, como voltar diversas vezes à noite embriagado, agredir outro colega ou negar-se a tomar remédio, o doente é mandado de volta para o regime fechado.
— Ficar jogado sozinho lá dentro [no pavilhão fechado] é a morte. Ver os médicos, poder ir ao hospital e poder sair põem a vida do lado da gente — diz N. Z., há quatro meses na colônia.
A transferência para o hospital de desinternação marca uma nova fase para os doentes. Muitos chegam a arrumar namorada fora do manicômio. As psicólogas, como verdadeiras mães corujas, fazem questão de entrevistar cautelosamente cada candidata e aconselhar o rompimento ou não da relação. O psicótico P. Q., 32 anos, entregou-se aos encantos de B. V., uma mineira de 27 anos, vendedora de bijuterias no centro de Franco da Rocha. Apesar de mal se conhecer, o casal estava disposto a levar o romance às últimas conseqüências. Havia, porém, um problema: depois de três meses de namoro, a moça ainda não sabia que P. Q. era paciente do manicômio. Numa sexta-feira quente, o rapaz, temeroso da reação de B. V., decidiu convidá-la para um passeio no circo. Acreditava que os palhaços e os animais poderiam acalmá-la, se ocorresse uma recusa violenta. No meio do espetáculo, P. Q. gaguejou:
— B. V., preciso te contar uma coisa.
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— Pode falar, querido — respondeu a moça, sem entender direito a intenção do namorado.

— Eu menti. Não te contei um segredo sobre a minha vida.


— O que foi, P. Q.? Já sei. Você é casado? Tem filhos?
—Não, B.V.!
— Não vai me dizer que você é bichaN
— Não, B. V.! Sou paciente do Manicômio Judiciário.
P. Q. conta que o bramido dos leões parecia ter silenciado no picadeiro. A platéia aguardava a chicotada do adestrador para que as feras passassem pelo arco de fogo. Sua mente girava mais que a atração anterior das motos no globo-da-morte. B. V. segurou firme nas mãos do parceiro antes de dizer:

— Ah, que bobagem, P. Q.! Eu não ligo, não. Quem não é doido neste mundo?



E continuaram os dois abraçados, boquiabertos com o salto dos leões.
Alegria de quem vai, tristeza de quem fica
O atual manicômio mostrou o acerto da coragem dos profis L,J’ sionais de saúde para os quais a vida não está na assepsia dos dogmas, teorias e gabinetes psiquiátricos e, sim, nos pátio5 conversando diariamente com os pacientes. Significou a os5ibi idade de tratamento e o caminho da recuperação para centenas de doentes mentais. J. R. P., o Pernambuco, 40 anos, é uma das maiores provas do êxito dessa nova concepção de trabalho adotada em Franco da Rocha.
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Ele acordou cedo no dia 16 de outubro de 1998: o momento da tão sonhada liberdade havia chegado. Recorda-se de cada detalhe da memorável data como se tivesse ocorrido havia algumas horas. O sorriso comprido e os olhos escuros do ex-paciente brilham como a feição de um dos filhos que o ouve contar sua saga. O menino de 11 anos orgulha-se do pai. Pernambuco tinha recebido a notícia da aprovação de seu parecer de desinternação na noite anterior. Na madrugada, estranhamente, não teve os costumeiros pesadelos. Sonhava sempre com a mãe a cavoucar a terra seca de Lagoa do Gato, município pobre do sertão nordestino onde nasceu e passou a infância. Casada duas vezes e mãe de cinco filhos, a mulher, analfabeta, tinha as mãos calejadas pelo labor da roça. Seu último marido, pai de Pernambuco, era um lavrador de temperamento passivo, O casal morreu idoso num apertado casebre de Lagoa do Gato.
A história da família do ex-interno do manicômio inquietava os psiquiatras. Não havia registros de enfermidade mental nas últimas gerações. A única tragédia tinha ocorrido com o irmão caçula, que se embriagara e morrera atropelado. Os outros irmãos eram casados, trabalhavam e levavam vida considerada normal. Pernambuco sempre foi um caso atípico em Franco da Rocha. Ao levantar da cama no dia de sua liberdade, parou por instantes na porta do quarto em que dormia com mais três doentes mentais. Todos roncavam tranqüilamente, sem incomodá-lo, O sol já tinha nascido. Recolheu, num saco plástico, alguns documentos guardados numa caixa de papelão perto da cama. Um homem sem documento não pode ser aceito pela sociedade.
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No meio dos papéis, encontrou um bilhete antigo escrito pelo filho (o mesmo que hoje sente orgulho do pai), pedindo que voltasse logo para casa. Como explicar, naquele tempo, que não tinha vontade própria? O rapaz era inteligente, esforçado, frequentava a escola assiduamente, mas não entenderia as leis que ditam o mundo do doente mental prisioneiro. Nem Pernambuco compreendia direito como as coisas funcionavam. Não era simplesmente porque tinha cursado apenas o primeiro grau, mas parecia não ter vontade de entender. O que entendia era que estava prestes a voltar para casa. Tinha convicção de que encontraria o filho, pensativo, debruçado sobre livros e cadernos. Quase um doutor. Mesmo ausente, cobrava pelas cartas a dedicação do garoto aos estudos. Lutava por um futuro diferente do seu para o menino. A começar pelo conhecimento.

Pernambuco foi obrigado a abandonar a escola devido à estiagem que devastou o plantio de feijão em Lagoa do Gato. Partiu para a área urbana do vilarejo e ganhou algum dinheiro como faxineiro no único hotel dali. Ele, porém, queria a cidade grande. Sonhava com os prédios enormes, os carros em trânsito, as ruas


Figura. Para alguns pacientes, o manicômio continua como um “pesadelo onde quem entra só sai morto”.
(Inicio da descrição)

A figura mostra uma pessoa idosa em uma cama.

(Fim da descrição)
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lotadas. A multidão passando de um lado para outro, num infinito vaivém. Seu destino estava traçado. Aos 17 anos, contra a vontade dos pais, embarcou para São Paulo num ônibus expresso da Viação Itapemirim. Com seus documentos, encontrou o bilhete amarelado da passagem. Esse pedaço de papel não era digno de acompanhálo na nova jornada. Foi para a cesta de lixo. Tinha sido o passaporte para a seqüência de tragédias que o confinou no manicômio.
Pernambuco tentou ganhar a vida na metrópole com diversos bicos de ajudante de pedreiro. O retirante enfrentou todos os tipos de necessidade: comida, dinheiro, amigos, amor. Dois anos depois de aportar na capital, teve sua primeira relação sexual num prostíbulo do centro velho de São Paulo. Péssima experiência. Queria formar uma família, como eram seus pais em Lagoa do Gato. Após anos de solidão, arrumou uma namorada e se casou no período de nove meses. Tudo parecia perfeito. Conseguiu estabilizar-se no emprego como prensista e ganhou um filho. Em menos de dez anos, porém, duas tristezas modificaram sua vida. A primeira foi a morte da mãe, em 1986, que lhe causou, por muito tempo, crises de choro e nervosismo. A segunda, em 1993, a perda da esposa, que contraíra doença venérea e a atribuía a uma traição do marido. Irredutível, ela exigiu o divórcio.

Tudo, porém, naquele instante, não passava de lembrança. Recolhendo os documentos, estava prestes a voltar para casa. Levantou-se em silêncio para se desfazer da caixa de papelão — um dos poucos bens adquiridos nos anos de cárcere. Olhou para fora e avistou os passarinhos que voavam de uma árvore para outra do pátio da nova colônia. Sentia saudades da época em que cuidava dos bichos da família em Lagoa do Gato.


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Suas raízes, no entanto, permaneceram por algum tempo. Com a separação da mulher, passou a morar numa casa ampla em Francisco Morato, cheia de cães, gatos e outros bichos de estimação. Até que, na manhã de 31 de janeiro de 1994, por volta das 10h, sua vida sofreu nova reviravolta. Ele voltava de São Paulo num dos últimos vagões do trem SJ-UA da Companhia Brasileira deTrens Urbanos (CBTU), próximo à estação de Caieiras, quando sentiu a vista escurecer. Nunca havia tido dor semelhante. O barulho do trem, a risada dos passageiros, as árvores e montanhas passavam velozmente pelas janelas. Avoz desconhecida de uma criança, a mesma que o levara a adquirir, semanas antes, um revólver calibre 38, mandou-o matar. Atirou três vezes no funcionário público Valdnei dos Santos Costa, que estava sentado no assento do fundo da composição. Ao voltar a si, Pernambuco correu, sabendo que algo ruim acontecera, para ser detido por policiais militares que faziam patrulhamento na estação. Depois de um ano e oito meses na delegacia de Franco da Rocha, foi mandado para o Manicômio Judiciário, acusado de assassinar outro detento em meio a uma crise epiléptica. Foi hospitalizado no dia 29 de setembro de 1995.
O primeiro dia de cadeia é a cena mais nítida na memória de Pernambuco. Tão nítida como a imagem do prédio fechado que tem da janela do seu quarto na colônia de desinternação. Os colegas já estavam em pé preparando-se para o batente. Sua primeira avaliação psiquiátrica diagnosticou “quadro de deficiência mental leve sujeito a episódios alucinatórios”. Ele sofre de psicose esquizofreniforme — transtorno psicótico agudo caracterizado por distúrbios do pensamento. A doença pode ser controlada com base
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em constante medicação. Sua evolução no período de internação foi excepcional, com os delírios controlados por antipsicóticos. No tempo em que permaneceu no prédio fechado teve bom comportamento, sendo logo autorizado a integrar o Programa de Desinternação Progressiva. Durante o meio ano em que morou na nova colônia não teve uma infração sequer. A diretoria da instituição sempre o apresentava como paciente-modelo.

Nos primeiros meses, iniciou a reaproximação com a ex- mulher e o filho, que estavam morando em sua casa, em Francisco Morato. Para lá iria assim que cruzasse o portão do manicômio. A saudade lhe apertava o peito. Ao arrumar a mala — uma pequena bolsa de couro com cinco peças de roupa no máximo—, Pernambuco lembrou que nem tudo seria felicidade. Era hora de encarar o preconceito da sociedade. Já havia superado momentos difíceis de discriminação com a ajuda das psicólogas, mas elas não estariam sempre com ele. Precisava aprender a caminhar com as próprias pernas.

Tentou, mas a tarefa era espinhosa. Certo dia, ao procurar serviço, entrou num bar de Franco da Rocha para tomar guaraná. Três ou quatro adolescentes arregalaram os olhos ao ver o então preso. O crachá da desinternação, pendurado do lado de fora da calça, identificava-o como paciente do Manicômio Judiciário. Um dos garotos cochichou no ouvido dos outros, que deixaram o guaraná pela metade e saíram correndo, gritando:

— O cara é louco! Vai matar a gente. Corre, corre!


O dono do bar olhou desconfiado. Deu alguns passos para trás no balcão e perguntou se desejava mais alguma coisa. Pernambuco não disse nada. Deixou o dinheiro sobre a mesa e saiu em
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silêncio. Sentia-se um monstro. Não quis procurar emprego durante várias semanas, até ser incentivado pelos funcionários da colônia. Começou a vender doces na porta de escolas — sempre com o cuidado de esconder bem o crachá de identificação. Logo, com o sucesso das vendas, decidiu montar seu próprio negócio. Juntou o que ganhou em quatro meses e comprou uma barraca de pastel. O comércio foi crescendo; ele adquiriu uma máquina para fazer caldo de cana. Já tinha dinheiro para comprar roupas e passear nos finais de semana na cidade. Seu futuro ao lado do filho estava preparado. Sentia-se um novo homem. Era assim que caminhava, passo a passo, rumo ao portão de saída do manicômio. A luz do sol parecia intensa. Brilhava como nunca. O pesadelo tinha chegado ao fim. Abraçou alguns funcionários e desejou boa sorte aos colegas, que gritavam:

— Vá com Deus, Pernambuco! Seja feliz!


Enquanto andava lentamente, diversos pacientes observavam, das portas das celas, os passos a caminho definitivo da rua. Alguns acenavam sorridentes, outros deixavam escapar um choro discreto. Pareciam perguntar a si mesmos quando chegaria o seu dia.
O momento da liberdade é cheio de comoção em Franco da Rocha. A cada desinternação, a alegria e a tristeza se confrontam pelos corredores do hospital. A alegria de quem sai, a tristeza de quem fica. Pernambuco estava saindo. Dizia-se pronto para recomeçar a vida. No bolso da mala, uma porção de cápsulas de Neozine. O tratamento não pode parar. Hoje sua barraca de pastel funciona na porta do Juqueri; ele mora num pequeno comodo nos fundos do comércio.
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Quando chegou do manicômio em casa, na sua segunda atitude foi abraçar e beijar o filho. Antes disso, correu para o quintal e soltou seus três companheiros de cárcere: o par de canários e o bem-te-vi, que manteve engaiolados por dez anos. Era justo que, a partir daquele dia, não houvesse mais cela para ninguém.
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