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PERGUNTA: Infelizmente ainda não nos integramos tão conscientemente nessa concepção de "trabalho". A nossa, ten­dência inata é "vencer o trabalho" o mais breve possível. Esfor­çamo-nos, continuamente, para um breve repouso, cujo objeti­vo é conseguir mais rápida libertação das contingências econô­micas.

RAMATIS: O marciano compreende que é tão valioso, perante o Criador, o ser que esgaravata os esgotos da cidade, para manter sadia a população com o seu "trabalho", como o administrador público que idealiza os planos de alimentação ou de educação coletiva. O critério que lhes dirige o pensamen­to é o de fazer o seu trabalho o mais bem feito possível, porque o caso é todo pessoal: desenvolver as suas próprias energias criadoras.

O industrial que dirige portentosa empresa de responsabili­dade coletiva é um projeto de "futuro-anjo", em trabalho de crescimento nos mundos planetários, assim como o servente, no fundo da vala, juntando pedras e argamassa de cimento, também edifica em si mesmo o arcabouço valioso de outra alma angélica. O trabalho, em qualquer situação, por mais rude e humilhante, exaustivo e compulsório, aquece as energias divinas que jazem latentes no fundo de toda alma humana, apressando a concretização das figuras de novos satélites cria­dores, a serviço do Pai.



PERGUNTA: Contudo, em nosso mundo, já se fazem certos esforços para que o trabalho terrestre se torne mais agradável. Em muitas fábricas e indústrias, já se manifesta a tendência de decorá-las especialmente, atendendo à razão da permanência do operário, e, também, a de proporcionar-lhe música, agre­miação esportiva e tertúlias de caráter social. Esta orientação está certa?

RAMATIS: Os chefes industriais que assim procedem são almas já aprimoradas, algumas vezes espíritos de Marte e de outros orbes mais evolvidos, que descem ao vosso mundo para ajustar os setores de trabalho a um nível superior. Edificam indústrias, mourejam dia e noite para o progresso econômico, desenvolvem continuamente novos ângulos de serviço e labor coletivo, mas, em todos os seus atos, deixam a marca inconfun­dível do "servidor cristão", que, a par de progresso e lucros, sente, também, as emoções e as ansiedades dos subalternos. Esses, Deus os premia com maravilhosas situações em mundos melhores, porque souberam sentir a dor e a necessidade do próximo. Tornam o trabalho humano agradável, ameno e dese­jável; eliminam a concepção de atividade escrava, própria das almas egocêntricas, interesseiras e avaras, que passam pelo vosso mundo como aves de rapina, acumulando excessos de riqueza e recusando oportunidades de crescimento espiritual aos seus cooperadores.

PERGUNTA: Como poderíamos desenvolver um conceito mais nobre do trabalho, em nosso mundo, a fim de que dimi­nua essa proverbial aversão a um esforço da obrigação hu­mana?

RAMATIS: Só o conhecimento dos objetivos sagrados, que dirigem a alma para a sua futura configuração angélica, pode tornar o terrícola tão devotado ao trabalho como já é o marcia­no. Este, em face da convicção absoluta de que está burilando, em si mesmo, a imagem do anjo eterno, cooperador futuro do Senhor na criação dos mundos e das coisas, busca o trabalho

com a máxima avidez, assim como o aluno acadêmico esgota-se na ansiedade de obter as prerrogativas da profissão liberal.



O desejo ardente com que a flor procura beber o raio de sol, para desabrochar, em fascinante taça floral de perfume exta­siante; o mistério insondável, que conduz o regato a percorrer milhares de quilômetros ao encontro do oceano; a força criado­ra que dirige a semente, no fundo do lodo, para desabrochar em lírio saturado de perfume, movem, também, na consciência do homem marciano, os elementos que o tornam consagrável ao trabalho, sensível ao labor, puro e entusiasta nesse prazer, qual virtuose que se extasia ao dedilhar o seu instrumento.

PERGUNTA: Qual uma idéia aproximada, para nosso en­tendimento, que nos defina mais ou menos o sistema de susten­to econômico de Marte?

RAMATIS: Dispensando-nos de ditar um tratado doutriná­rio, ao modo terrícola, envidaremos o possível para resumir­mos esse sistema numa feição comum: Considerai a humanida­de marciana uma sociedade anônima, industrial, regida por uma diretoria chamada Governo, com as suas comissões e con­selhos de controle, na feição dos demais departamentos subor­dinados ao órgão central. Os dividendos dessa sociedade são distribuídos, milimetricamente, às responsabilidades de "horas-de-trabalho" de cada cidadão. Há que distinguir, no entanto, que a "hora-operário" é menos valiosa que a "hora- engenheiro", em face dos justos direitos no setor das responsa- bilidades. Entretanto, qualquer operário pode candidatar-se a provemos de "horas-superiores", quer seja empreendendo cur­sos especializados na esfera de oficialização pública, quer exer­cendo tarefas de maior sacrifício, competência e responsabilida­de. E estes fatores ditam o valor intrínseco dessas horas de tra­balho, como estímulos para que os menos credenciados procu­rem ensejos compatíveis com estados espirituais mais elevados. É necessário, no entanto, compreenderdes que tudo é feito sob a mais afetuosa espontaneidade, não existindo, em Marte, nenhuma instituição corretiva, fiscalizadora, no sentido de ajuste laborioso ou exigente de obrigações compulsórias. Já vos dissemos que o marciano poderá transitar por toda a existência física, absolutamente ocioso, sem assumir qualquer responsabi­lidade; e o Estado, quanto às necessidades fundamentais ou imprescindíveis que a vida exige ou impõe, não deixará de ampará-lo nas mesmas condições e direitos dispensados aos mais laboriosos.

PERGUNTA: E não acontece, então, que alguns cidadãos resolvam viver exclusivamente à custa do Estado?

RAMATIS: Às vezes, efetivamente, alguns resolvem liber­tar-se dos encargos exigíveis pela comunidade, preferindo a vida nômade e aproveitando todos os recursos do "direito de berço", como é comumente definida a obrigação estatal para com o cidadão. No entanto, geralmente, tempos depois, vem o reajuste, a reflexão, por tratar-se de almas honestas; e, então, tais ociosos, reconsiderando que sua atitude está em desacordo com o sistema normal de vida, resolvem compensar a coletivi­dade entregando-se afanosamente a tarefas de sacrifício a fim de repararem e cobrirem o "tempo perdido".

O espírito integralmente marciano, isto é, provindo de reen­carnações do mesmo orbe, não mais vacila na sua postura moral e consciente de dar-se em benefício do próximo. As manifestações de recusa ao trabalho contínuo, que alguns reve­lam, são casos excepcionais e, como afirmamos, provêm mais de almas imigradas de outros mundos, onde a função de traba­lho rude é considerada algo desairosa a certas mentalidades, conforme ocorre muitas vezes em vosso orbe.



PERGUNTA: Quando o irmão se referiu ao "direito de berço", queria nos informar que esse direito é, incondicional­mente, de todos, mesmo dos que se neguem ao trabalho comum?

RAMATIS: É mister que compreendais, bem claro, que à medida que o espírito ascende para estados mais elevados, aumenta sempre a sua capacidade de amor e de renúncia. Só no vosso mundo, onde a idéia egocêntrica de que "dar traz pobreza", é que se fazem exigências absolutas e se çriam obri­gações compulsórias. A humanidade marciana, mais próxima da realidade espiritual, é, também, mais pródiga no "servir e amar", instituindo deveres na comunidade, mas deixando a decisão espontânea de os cumprirem. Há, pois, o "direito de berço", como incondicional obrigação do Estado para prover aquele que nasce em seu orbe, do alimento, do vestuário, do lar e de todas as necessidades comuns aos demais. Embora todo o "direito de berço" institua, também, a "obrigação de berço", ou seja, o compromisso tácito de contribuir com um número de

"horas-serviço" para a comunidade, tal obrigação fica adstrita à vontade do cidadão.



PERGUNTA: E o que não cumpre a "obrigação de berço" pode obter em serviços especiais as aludidas "horas-superio­res", que lhe permitirão fazer aquisições de coisas suplementa­res?

RAMATIS: Supondo que a "obrigação de berço" exija do cidadão uma contribuição de 60.000 "horas-serviço", comuns, é necessário ter realizado um mínimo de 10.000 horas, a fim de poder obter "horas-superiores". Estas horas são permitidas, numa taxa proporcional de 20% sobre cada 10.000 horas-comuns efetivadas. Sob tal sistema de labor, os ociosos e refra­tários às obrigações de berço ficam circunscritos aos bens comuns do orbe, deixando de usufruir as maravilhosas oportu­nidades turísticas e artísticas que são facultadas aos que cum­prem integralmente o seu dever para com a comunidade.

PERGUNTA: Os que fogem ao trabalho comum, não podem gozar de condescendências especiais de parentes ou amigos?

RAMATIS: Dentro dos princípios maravilhosos da vida espiritual, em que "se deve fazer aos outros aquilo que quere­mos que nos façam", princípio cósmico em Marte, cada um também é livre de agir conforme ditar o seu sentimento, desde que não produza transtornos à coletividade. Não se permite fazer doação de horas de serviço comum e de obrigação pes­soal, como favorecimento alheio, mas é facultado transferir os direitos de "horas-superiores", obtidas em serviços excepcio­nais, porque se trata de um bem que não se refere à primeira necessidade. Conseqüentemente, inspirados em conceitos aná­logos ao Evangelho de Jesus, em vosso mundo, os marcianos também operam no sentido crístico de "servir e amar", inde­pendente de interesses, considerações ou direitos alheios. O seu sentido de vida, já equilibrado e sintonizando com as emana­ções internas do Cristo planetário, pode levá-los à mais com­pleta renúncia por alguém, com o júbilo e a naturalidade com que vós saboreais os mais deliciosos confeitos. É um gesto natural, espontâneo, uma pulsação rítmica que é parte inte­grante de seu organismo espiritual. Não carecem de auto-esfor­ço de "caridade", sob programa determinado ou apelos vee­mentes; agem em direção ao maior bem alheio, expõem-se a favor do próximo, incondicional e ardentemente. Desenvolvem, na miniatura espiritual de suas organizações no mun­do de formas, a tessitura de Luz Crística que banha toda a vida cósmica do seu planeta, que lhes significa a escola planetária da eterna felicidade.

PERGUNTA: Contudo, permita-nos conjeturar: admitindo que certos espíritos, mais negligentes, aproveitando-se dos favorecimentos gratuitos do Governo, permanecessem na ocio­sidade durante toda sua existência física, que medidas seriam tomadas para com esses "infratores" ou displicentes?

RAMATIS: "A cada um conforme as suas obras" é preceito de vida cósmica. Os espíritos que permanecessem irredutíveis no "dolce farniente", na vida física marciana, embora sustenta­dos quanto o mais laborioso cidadão, ao desencarnar seriam dissociados para outras humanidades compatíveis com o seu psiquismo indolente.

PERGUNTA: Houve fatos assim, em Marte?

RAMATIS: Inúmeras vezes ocorreram fatos semelhantes, e cremos que ainda hão de suceder, em face das correntes migra­tórias que são continuamente intercambiadas de mundo para mundo. De cada grupo de almas que emigram doutros orbes menos evolvidos para Marte, há sempre uma percentagem que não se adapta, integralmente, ao ritmo equilibrado do conjunto. Após viverem numa existência, e, por vezes, graças à compai­xão de mentores tolerantes, repetirem mais duas ou três reen­carnações sem se ajustarem à disciplina e responsabilidade da vida marciana, são endereçados a planetas "aquém de Marte", onde se recompõem no seio de outra humanidade irredutível nas suas exigências laboriosas.

PERGUNTA: Podemos considerar, na Terra, alguns espíri­tos marcianos aqui reencarnados, para o reajuste laborioso da vida de Marte?

RAMATIS: Inúmeros deles perambulam pelo vosso mundo em várias tarefas de reajuste, revelando acentuada diferença do espírito comum da Terra. Espécie de "pequenos anjos decaí­dos", trabalham afanosamente para adquirirem as prerrogati­vas perdidas no ambiente superior. Guardando no subcons­ciente a lembrança da harmonia e da beleza marciana, sentindo no coração a cruel diferença entre uma coletividade que é amor desinteressado e a terrícola, cujo afeto, quase sempre, é cortina de negócios egocêntricos, vós os podeis conhecer na figura des­

ses homens aflitos pela libertação espiritual, angustiados para melhorar o seu orbe, prejudicados na vida prática, pelo excesso de transcendentalismo, desapegando-se continuamente do mundo material, avessos ao superficialismo dos valores transi­tórios. Embora desajustáveis em Marte, no vosso mundo são delicadas filigranas de "amor espiritual", capazes de sacrifícios imprevistos, dados à renúncia comum, aguardando favores no "fim da fila", de sorriso contínuo nos lábios de olhar afetivo, interessando-se pela dor do próximo e pela desdita alheia. Às vezes vão ao extremo dos esforços destituídos de lucros ou considerações pessoais; comumente não se ofendem, para não terem ocasião de "perdoar". Há certa simplicidade e despreo­cupação no seu trajar, e, quando ostentam diplomas do vosso academismo, então melhor reconhecereis a sua índole marcia­na, em virtude do abandono dos preconceitos e convenções tão ao gosto do terrícola diplomado. Estão espalhados por todo o vosso orbe, não apenas recompondo posições perdidas em mundos semelhantes a Marte, como também, na lei de corres­pondência vibratória do amor cósmico, são aproveitados para melhorar o padrão "antifraterno" do vosso mundo.



PERGUNTA: Embora de um planeta diferente da Terra, no qual cremos que houve outro legislador parecido a Jesus de Nazaré, mas não o mesmo, esses "ex-trabalhadores degreda­dos" de Marte se adaptam ao ensinamento exato desse Sublime Rabi que veio à Terra?

RAMATIS: Os preceitos evangélicos de Jesus, que para o vosso mundo, infelizmente, ainda são "excepcionais", em Marte são conceitos de vida comum. Conseqüentemente, onde mais identificareis esses "ex-marcianos" é na sua ardente submissão aos valores enunciados por Jesus.

PERGUNTA: Retornando ao assunto "trabalho", em Marte, recordamos que o irmão citou, em resposta anterior, que o tra­balho marciano não se processa sob o regime anual de produ­ção. Poderíamos conhecer alguns detalhes do sistema adotado pelos marcianos?

RAMATIS: Todo o mecanismo de labor, economia e inter­câmbio artístico ou necessidade educativa, em Marte, é consti­tuído sob a mais inteligente e segura planificação, que prevê os mínimos detalhes na consecução prática. Sob um plano gradual e desdobrativo, o Estado fabrica e confecciona todas as “ primeiras necessidades" num ritmo definitivo. Assim, a comarca responsável pelos vestuários de "todo o planeta" procura entregá-los, no menor prazo possível, às demais comarcas re­querentes no plano-anual. Desobrigada do compromisso anual, essa comarca que é responsável pelo feitio da veste para todo o orbe, dispensa a atividade dos seus trabalhadores, ficando o restante do ano disponível para o cultivo artístico, ou para a proverbial atividade turística que é fértil entre os marcianos. O trabalhador específico de vestuários poderá, então, acumular as "cautelas-serviços" em outras tarefas diferentes, aceitando ser­viços excepcionais e concorrendo para a melhoria da coletivi­dade enquanto também melhora as suas condições de habilida­de e recursos de ordem emotiva e artística.

PERGUNTA: Há lucro definido no conjunto industrial res­ponsável por determinado compromisso com o Estado?

RAMATIS: Há o lucro simbólico de cada conjunto de traba­lho, apenas para, efeito de capacidade produtiva e, para se conhecerem os recursos internos na concepção dos futuros pla­nos de responsabilidade para com o corpo.

PERGUNTA: Qual é o fator que predispõe o trabalhador marciano a exercer a sua tarefa, com entusiasmo idêntico ao do "virtuose" que interpreta uma página artística?

RAMATIS: Efetivamente, o trabalhador marciano realiza o seu labor com a mesma disposição jubilosa do artista executan­do uma bela composição. Não lhe interessa a obra apenas como elemento na troca dos proventos de que necessita; mas a ela se dedica com amor e honestidade, dentro do tácito princípio de que deve fazer o melhor possível o seu trabalho. Assume ver­dadeiro compromisso moral para com a coletividade e sentir-se-ia indigno de participar dela, se obtivesse mais do que cons­cienciosamente deve receber em troca do que produz.

Outro fundamento é a tranqüilidade do trabalhador, que está absolutamente protegido na esfera do lar, com vestes e ali­mento, mesmo que resolvesse adotar absoluta ociosidade para o restante da existência. Tendo solucionado todos os problemas de ordem econômica, e, também, integrado na aura de Paz e Fraternidade que predomina no orbe, entrega-se ao seu labor com energia, perseverança e amor, na consciência exata de que o seu "bem pessoal" deve ser estendido ao "bem coletivo". Acresce, ainda, que a simples idéia de que o seu trabalho é es-



pontâneo, torna-o suave, na sensação eufórica de liberdade sob o comando de sua própria vontade. Essa sensação de liberdade íntima, a convicção de poder agir a seu "bel-prazer", criam sempre ótima disposição de trabalho, pois é grande a diferença entre aquele que voluntariamente se encarcera numa gruta, como anacoreta fugido à civilização, e o que é obrigado a per­manecer dias dentro de acanhado cubículo.

PERGUNTA: Como é essa disciplina de produção específi­ca, de cada comarca?

RAMATIS: Marte é um mundo onde não existem essas fronteiras tristes que fomentam a separatividade terrena; não se compõe de nações com símbolos, idéias, doutrinas e concep­ções políticas à parte. Essas pressupostas nacões são denomina­das comarcas, ou seja departamentos do Governo Central, que é o cérebro regulador de toda a atividade do orbe. Cada comar­ca, na feição de uma seção cooperadora e controladora do con­junto total, é um órgão que assume certa responsabilidade para manter em equilíbrio o cérebro que dirige e alimenta tcdo o organismo. O corpo humano em suas múltiplas funções hetero­gêneas, mas necessárias à harmonia do conjunto, sob a direção inteligente e coordenadora do cérebro que é o controlador e acionador do espírito, oferece um maravilhoso padrão do modo de vida em Marte. Em conseqüência, cada comarca pro­duz, com exclusividade, as necessidades primárias ou secundá­rias para todo o conjunto, conforme a sua disposição geográfi­ca, situação industrial, conhecimento psicológico do assunto ou favorecimento na matéria-prima. Dentro do plano-total, traça­do comumente para um ano, em face do sentido muito rápido da evolução marciana, o que interessa ao Estado é o cumpri­mento exato, na quantidade e qualidade do que foi assumido. Tal disposição governamental predispõe a uma identidade de pensamento entre as indústrias e seus trabalhadores, que, espontânea e criteriosamente, resolvem despender todos os esforços para o término mais breve do compromisso assumido, a fim de gozarem maior quota de tempo para a execução de seus ideais e planos de obtenção de "horas-superiores". Lem­bramos-vos, ainda, que essas "horas-superiores" são concedi­das tão-somente após o cumprimento integral das horas de ser­viço comum de responsabilidade para com o Estado.

PERGUNTA: Poderia nos dar uma idéia mais prática da produção de uma comarca e a sua conseqüente entrega em prazo menor do que o previsto?

RAMATIS: A indústria coletiva de tecidos responsável pelo vestuário em todo o orbe, que é o fundamento de trabalho e ati­vidade de uma importante comarca marciana, deve atender à média de 6 a 7 trajes, anuais, para cada pessoa. Pressupondo 1 bilhão de criaturas compondo o conjunto da humanidade mar­ciana, serão necessários 7 bilhões de trajes, para compromisso do ano, dentro do plano assumido perante o Estado. Aten­dendo, também, à reserva de 5 a 10 por cento, para as eventua­lidades, essa comarca entrega 7.500.000 trajes, mais ou menos, num prazo previsto de meio ano marciano. Desde que o con­junto industrial desses tecidos resolva redobrar suas horas de trabalho ou abdicar do justo descanso dos dias tradicionais, tal­vez consiga terminar a produção em apenas 3 meses marcia­nos. O espaço de tempo restante os trabalhadores da indústria de tecidos podem usá-lo do modo que melhor lhes convier, enriquecendo suas possibilidades artísticas, exercendo funções excepcionais com o acúmulo de "horas-superiores", que lhes permite melhoria residencial ou aquisição de aparelhamentos de utilidade prazenteira.

PERGUNTA: Cada comarca fará uma só especialidade, durante o ano?

RAMATIS: Cada comarca fica responsável por tantos pro­dutos quantos puder produzir, assumindo essa responsabilida­de específica porque não podem ficar a cargo de outros depar­tamentos ou comarcas. Variam,. no entanto, as disposições dessa produção, pois há artigos e aparelhamentos que devem ser fabricados no princípio do ano, outros no meio e alguns apenas no final. Cada conjunto industrial, dentro de uma comarca, tem seu quadro específico de trabalhadores, que devem atingir o número de horas de obrigação individual para com o Estado. É permitido, também, que operários e coopera-dores de uma indústria, na mesma comarca ou transferidos para outra, possam trabalhar em setores diferentes dos de suas especialidades, e essas horas, então, são consideradas "horas-excepcionais", desde que hajam completado as "horas-comuns" devidas ao Estado.

PERGUNTA: Qual a norma diretiva a que obedece esse sis­tema de cada comarca produzir com exclusividade produtos especializados?

RAMATIS: É um senso natural e que condiz com o estado evolutivo dos marcianos, assim como será condizente convosco no futuro. Apreciando sempre o metabolismo admirável do corpo humano, eles terminaram por compreender que nesse maquinismo maravilhoso está sintetizada a norma de ação e a mensagem criadora para todas as iniciativas e realizações humanas. É de senso comum que o pavilhão auricular humano corresponde perfeitamente aos detalhes exigíveis para a produ­ção de som nos ambientes materiais; a técnica fotográfica tem sua correspondência na estrutura do olho humano; inúmeras outras funções do organismo físico estão perfeitamente repro­duzidas na série de concretizações científicas, técnicas e normas de trabalho no mundo. Na complexidade das funções diversas e até contraditórias, o corpo do homem obedece a um plano inteligente e coeso, onde cada órgão é maravilhoso laboratório químico atendendo às necessidades do conjunto. Nesse meta­bolismo heterogêneo e que a medicina ainda não logrou atin­gir, apreendendo o fundamento dos planos que regulam o seu curso evolutivo, está o segredo sublime da harmonia e equilí­brio de toda vida humana. Baseados nas funções organogêni­cas, os marcianos foram traçando um modo de ação que lem­brasse a harmonia com que se processam as trocas e a nutrição do homem. Verificaram, atentamente, que a natureza de cada órgão corresponde especificamente a uma função e responsabi­lidade, sem a intervenção indébita na função de outro, e que a sabedoria diretora do mecanismo corporal dispensa duplicida­de de funções. Além do perfeito entendimento entre o coman­do cerebral e as atividades dispersas nos vários setores orgâni­cos do corpo, há rigoroso sentido de economia e perfeita reser­va capaz de nutrir os casos de carência de combustível.

Não há intervenção do fígado nas funções do coração, nem este decide modificar a composição da bile produzida na vesí­cula; o baço purifica o "quantum" sangüíneo, os rins drenam as substâncias tóxicas, o pâncreas produz os fermentos de praxe; cada órgão, disciplinado em seu labor, entrega a sua quota de obrigação assumida no todo orgânico. Os pulmões desempe­nham as funções vitais da absorção e transmutação do oxigênio, sem "pretender discutir", intervir ou duplicar o trabalho só cabível ao intestino; o estômago atua sem a exigência de lhe ser facultada a composição de suco pancreático, assim como as glândulas salivares não pretendem desempenhar funções ati­nentes à tireóide ou à hipófise. Cada "plexus" em sua região familiar, distribui os estímulos nervosos à zona de sua obriga­ção, sem influenciar ou modificar os demais campos de ação dos seus "irmãos" ganglionários. O mínimo deslize, a mais sutil negligência, podem gerar transtornos perigosos ao equilí­brio e à harmonia do cosmos celular, que é o conjunto de mani­festação física do espírito descido à matéria.

A humanidade marciana, deixando-se inspirar pela sabedo­ria divina que soube criar conjuntos tão perfeitos, no mundo de formas, delineou, também, compor um organismo à semelhan­ça desse maravilhoso organismo físico, constituindo um centro diretor cuja vontade maior é a soma de todas as vontades menores, representando o seu Governo o comando diretor de todas as funções disseminadas pelo orbe. Os menores estímu­los de vida social, econômica ou moral, são da alçada do co­mando central, devendo passar pela sua visão coordenadora e disciplinadora. Não há um só movimento, por mais sutil que seja, que deva ficar sob o desconhecimento diretor; não há intervenção indébita de uma comarca sobre outra, ou mesmo qualquer sugestão influenciadora aceitável antes do benepláci­to superior. À semelhança de um corpo humano em estado hípico, o organismo social, econômico e físico de Marte funcio­na em perfeito ritmo de paz e progresso espiritual.


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