Revisão e Editoração Eletrônica João Carlos de Pinho



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Pode parecer loucura, mas tenho comigo que preciso ver seu ros­to de qualquer maneira. Que só assim ela vai aparecer de verdade em mi­nha vida e poderemos ser felizes.

Lídia sorriu alegre e respondeu:

— Que romantismo! Não acha que está alimentando uma ilusão perigosa?

— Por quê?

— Ela aparece de costas em seus sonhos, o que quer dizer que não está disponível para você. Ou melhor, que não quer ser encontrada.

— Será? Nunca pensei nisso. De fato, sempre acordo com uma sensação de perda. Isso é que me impressiona. Tenho certeza de que é a mulher de minha vida, que ainda irei encontrá-la e ficaremos juntos para sempre.

— Fale com Josefa. Tenho certeza de que poderá ajudá-lo. Não acho bom alimentar essa ilusão. Ela pode nunca aparecer, sua vida passar e quando acordar terá deixado escapar todas as chances de felicidade que a vida lhe ofereceu.

— Lídia tem razão. Você deve deixar esses sonhos de lado. Se são lembranças de outras vidas, nunca se repetirão. Aliás foi isso que o espí­rito de Norma disse-me certa vez. As emoções aparecem, mas o fato já acabou, passou e nunca se repetirá. Portanto dar importância a isso é per­der tempo.

— Talvez por isso não consiga amar ninguém — tornou Lídia. — Olhe em volta, experimente as oportunidades que a vida lhe oferece. Pode se surpreender.

— É. Acho que vou fazer isso mesmo. Ainda se Laura estivesse aqui! Ela é boa companheira.

— Nunca pensei que vocês pudessem ser tão amigos — disse Daniel.

— Temos algumas afinidades. Isso conta.

Lanira e Gabriel se aproximaram avisando que os noivos estavam fugindo pelos fundos. Os três levantaram-se e correram para o bota-fora.


Naquela noite, Daniel remexeu-se na cama sem conseguir dormir. Aquele tormento precisava acabar. Pensou em falar abertamente com Lí­dia, saber se ela sentia alguma coisa por Marcelo. Hesitava. E se isso des­pertasse os sentimentos dela? Poderia deixar-se influenciar pelo passado e acabar abandonando-o para ficar com Marcelo.

Sua cabeça doía e ele não conseguia relaxar. Quando o dia estava ama­nhecendo foi que conseguiu adormecer. Acordou tarde, mal-humorado. Iria ligar para tia Josefa e pedir orientação, mas lembrou-se que à noite es­taria em sua casa para uma sessão e resolveu esperar.

Quando entrou com Lídia em casa da tia e notou que Marcelo já es­tava lá, teve vontade de ir embora. Josefa abraçou-o com carinho, dizen­do baixinho:

— Não se atormente, que tudo vai ficar bem.

Ele a olhou admirado. Ela sorriu e ele se sentiu um pouco melhor. Mar­celo aproximou-se e cumprimentou-os com alegria. Sentaram-se ao redor da mesa junto com os freqüentadores costumeiros e Josefa proferiu como­vida prece, pedindo proteção e esclarecimento a todos.

Abriu um livro e leu uma mensagem espiritual de otimismo e con­fiança. Depois apagou a luz, ficando acesa apenas pequena lâmpada azul. O silêncio era absoluto. Daniel sentiu um torpor que foi tomando conta de seu corpo e de repente viu-se em um jardim muito bonito onde o ver­de dos gramados fazia sobressair os canteiros cobertos de flores de vários matizes.

Ao contemplar essa paisagem, sentiu o coração bater forte e uma enorme expectativa apossou-se dele. Sentia que algo importante estava para acontecer. Tinha que alcançar a casa que via mais adiante.

Rapidamente foi até lá, abriu a porta e entrou. Seu coração batia for­te. Na sala não havia ninguém. Foi até o quarto, abriu a porta e deparou com Lídia, linda, sorrindo e estendendo os braços para ele.

Emocionado, atirou-se neles abraçando-a forte, beijando seus lábios com amor, sentindo grande alegria. Quando se acalmou, olhou-a nos olhos e disse:

— Finalmente nos encontramos. Parece mentira que a tenho de novo nos braços. Diga que me perdoou, que ainda me ama e que nunca mais nos separaremos.

— Eu amo você. Sempre amei.

— Quando você rolou da escada, quase enlouqueci. Senti-me cul­pado. Se tivesse sido mais flexível, nada disso teria acontecido.

— Não se culpe. Todos nós erramos. Eu não compreendi seu ciúme, nem a paixão de nosso filho. Achava que você estava sendo duro demais. Ele era um menino que estava confundindo seus sentimentos. Mas você o expulsou e ele o odiou.

— Você o via como um filho, mas ele a via como mulher. Ele a ama­va. Arrependi-me de tê-lo levado para nossa casa. De tratá-lo como filho.

— Isso já passou. Todos sofremos e aprendemos.

Daniel abraçou-a de novo e beijou-a nos lábios com ternura e pediu:

— Diga que ainda me ama, que agora ficaremos juntos para sempre.

— Eu amo você, sempre amarei. Para que possamos ficar juntos da­qui para a frente, precisamos da permissão de nossos superiores.

— Porquê?

— Devemos comparecer a uma reunião com eles. Alberto também estará lá.

— Não sei se estou preparado para vê-lo. Ele me denunciou à polí­cia, abriu um processo contra mim, acusou-me de assassino afirmando que eu a empurrara daquela escada, causando sua morte.

— Mas você era inocente, conseguiu ser absolvido. Fui avisada que, se quisermos ficar juntos de novo, teremos que passar por alguns testes.

— Que testes?

— Não sei. Saberemos na reunião.

Na mesma hora Daniel viu-se em outra sala de estar sentado em um sofá junto com Lídia. Havia outras pessoas nas demais poltronas. Em uma delas reconheceu Alberto.

Um senhor de meia-idade, rosto simpático que pareceu muito fami­liar a Daniel, estava falando:

— Para conquistar a felicidade precisamos deixar o passado ir em­bora. E o passado só vai embora quando conseguimos resolver todos os relacionamentos inacabados, em que nos envolvemos em mútuos com­promissos que nos amarram a pensamentos negativos e impedem nos­so progresso.

— Conservar rancor, idéias de injustiça, insatisfação, culpa, frustra­ção demonstra que a pessoa não tem condições de poder desfrutar de uma vida feliz e serena.

— Por isso é preciso limpar essas energias, e isso só se dá quando per­cebemos que somos responsáveis por tudo quanto nos acontece, quando deixarmos de culpar os outros por nossa infelicidade. Essa descoberta faz com que todos os sentimentos negativos criados por um enfoque errado de ver a vida desapareçam.

— É o que está acontecendo com vocês. Estão ligados por laços que construíram com o correr dos anos e que precisam desatar para que pos­sam limpar suas vidas e desfrutar da felicidade a que têm direito.

— Pensem em tudo que lhes aconteceu. No sofrimento que passa­ram, observem as feridas que ainda estão sangrando e machucando vocês. Ninguém pode conquistar a felicidade escondendo as feridas do coração, mascarando o medo, carregando o peso da culpa.

— Vamos nos retirar agora e vocês três ficarão sozinhos para conver­sar. Dessa conversa decidiremos quais providências precisam ser tomadas daqui para a frente.

Daniel viu-se frente a frente com Alberto, que o olhava triste. Re­parou que em seus olhos não havia mais o brilho do rancor. Lídia foi a pri­meira a falar:

— Eu gosto de vocês dois. Daniel é o amor de minha vida. Alber­to, o filho de meu coração. Essa é a minha forma de querer. Gostaria muito que fôssemos uma família espiritual, já que isso não foi possível na­quele tempo.

Alberto olhou-os triste e respondeu:

— Quero pedir-lhe perdão. Fui ingrato, infiel, joguei fora todo o bem que a vida me deu quando perdi tudo e vocês me agasalharam como um filho querido. Eu estava louco. Hoje sei que me deixei subjugar pela vaidade, pela competição, pelo ciúme. Eu queria a atenção de Lídia só para mim. Fui o causador da tragédia que envolveu nossas vidas. Estou arrepen­dido, Daniel. Se me perdoar, gostaria de ter a chance de recomeçar.

Surpreendido, Daniel percebeu que os olhos dele brilhavam since­ros e as lágrimas desceram pelo seu rosto. Olharam-se nos olhos e abraça­ram-se emocionados.

— Tenho sofrido muito — continuou Alberto. — Deixei nossa casa, fiz tudo aquilo levado pelo ódio, vivi muitos anos amargurado e infeliz. Mas o pior ainda estava por vir. Quando cheguei aqui, fiquei vagando sem rumo, ouvindo as vozes gritando, me chamando de assassino, escarnecen­do e dizendo que seu assassino, Lídia, era eu. Eu a vitimara com minha ob­sessão. Arrependi-me, reconheci que vocês haviam me dado tudo, que eu fora maldoso, e pedi perdão a Deus, supliquei que me ajudassem. Então fui auxiliado por um espírito bondoso que me conduziu a um lugar de re­cuperação. Desde então, tenho pedido a Deus esta reunião para que me perdoem. Eu estava errado.

— Continuo amando você como um filho querido. Nada me faz mais feliz do que podermos ser amigos outra vez — disse Lídia com voz emocionada.

— Bom, tudo passou — disse Daniel. — Reconheço que fui intran­sigente e duro. Gostaria de esquecer o passado.

Na mesma hora as pessoas que se haviam retirado da sala voltaram e Daniel reconheceu o Dr. Camargo entre eles. Desta vez foi Norma quem tomou a palavra:

— Sabemos que se reconciliaram e estamos felizes. Já podemos pre­parar a próxima encarnação dos três. Daniel terá chance de se casar com Lídia novamente. Alberto reencarnará como neto do Dr. Camargo, que terá em sua família alguns elementos que foram atraídos em suas vidas e sabemos que irão causar-lhes problemas. Mas se souberem agir no bem, tudo dará certo. Devo avisar que Alberto, por não haver valorizado o que possuía, será órfão e será privado da convivência da família. Afirmo que todos terão muita ajuda espiritual e que estaremos torcendo para que consigam eliminar todos os obstáculos e possam finalmente conquistar a felicidade.

Alberto levantou-se dizendo:

— Gostaria de fazer um pedido.

— Faça.

— Sei que não valorizei a família, serei órfão, mas hoje eu mudei. O que mais quero é ter uma companheira, um lar, ser feliz. Sei o quanto vale um afeto sincero e uma boa companheira.



Norma sorriu e tornou:

— Tem certeza de que ela deseja ir?

— Nós nos amamos. Deixá-la aqui e seguir sozinho vai ser muito di­fícil para mim. Sei que a vida t justa e tudo faz para que eu aprenda o me­lhor, mas se eu conseguir ficar no bem, fazer as coisas de maneira justa, pos­so contar com ela a meu lado?

— Então ela irá a seu encontro — garantiu Norma.

Nesse momento Daniel viu uma moça loura e muito bonita entrar e abraçar Alberto, que a olhou apaixonadamente. Foi nesse momento que todo sentimento de angústia desapareceu de seu peito e Daniel suspirou fundo dizendo:

— Finalmente estou livre. Somos livres!

Abriu os olhos assustado. A luz havia se acendido, ele falara em voz alta e as pessoas o olhavam curiosas. Ele respirou fundo. Lídia segurou sua mão com carinho e ele a olhou emocionado.

Josefa deu-lhe um copo com água para beber e depois ele se levan­tou e procurou Marcelo com os olhos. Localizando-o, levantou-se sem di­zer nada e foi até ele, abraçando-o forte.

Marcelo sentiu-se emocionado, embora não soubesse o porquê. Da­niel pediu a Marcelo que o esperasse, porque precisavam conversar.

Quando todos se foram, sentaram-se na sala, e Daniel, com voz que a emoção fazia vibrar, disse:

— Nesta noite finalmente entendi o porquê de tudo quanto nos tem acontecido. Todos nós estivemos juntos em outras vidas, nós três princi­palmente. Machucamo-nos, iludimo-nos, criamos sofrimento. Nesta noi­te descobri que tudo isso acabou. O passado está morto e nós felizmente estamos vivos e podemos aspirar a felicidade.

— Sinto que algo muito importante ocorreu aqui hoje. Estive o tem­po todo emocionado, várias vezes pareceu-me ver a moça com a qual te­nho sonhado. Houve um momento em que finalmente ela estava de fren­te e me sorria.

— Eu a vi — confirmou Daniel. — Ela é linda. Loura, esbelta, ros­to oval suave, olhos verdes.

Marcelo levantou-se admirado:

— Isso mesmo. Você também a viu? Daniel sorriu alegre e respondeu:

— Vi. E pelo que sei, ela está guardada para você e logo vai apare­cer em sua vida.

Ele suspirou alegre:

— Então nunca mais estarei sozinho. Daniel abraçou Lídia e respondeu:

— Sim, Marcelo. Nós dois nunca mais estaremos sozinhos.

E Josefa sorriu, percebendo que vários espíritos estavam ali come­morando a vitória. O Dr. Camargo, Cláudio e Carolina abraçando Mar­celo; Norma e vários outros amigos estavam envolvendo a todos com energias luminosas.



Diante desse quadro, Josefa não se conteve. Fechou os olhos e si­lenciosamente começou a orar, agradecendo a Deus por toda a ajuda que receberam. E os outros três, percebendo o que ela estava fazendo, guar­daram respeitoso silêncio. Em seus corações também brilhava a alegria da gratidão.
Fim
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