Sam bourne o código dos justos



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Mão de pista. Gates.
Ele apertou o botão "Detalhes", mas o telefone não mostrou nada. Sobre o número, apareceu: "sem identificação". Quanto ao horário da mensagem, mostrava inutilmente a hora, o minuto e o segundo que Will havia ligado o telefone. Não tinha a menor idéia de quem nem quando a enviara. Uma vez que a mensagem não fazia qualquer sentido para ele, deixava-o sem nenhuma pista do que se tratava.

A essa altura TC levantara-se, surgindo de seu miniquarto de dormir com um conjunto de malha. Mesmo de calção de boxe e uma camiseta de alças finas, ela estava maravilhosa. O piercing no umbigo agora estava totalmente à mostra. Will sentiu uma agitação na altura da virilha, segui­da por uma pontada de culpa. Desejar a ex-namorada era apavorante em quaisquer circunstâncias. Fazer isso quando sua mulher era uma refém que temia pela própria vida era desprezível. Deu a TC apenas o mais sim­ples dos cumprimentos, voltou a olhar para o celular e, num ato reflexo, colocou-o no bolso — como que para estancar o fluxo de sangue que amea­çava causar uma ereção antes que passasse do ponto sem retorno.

Para seu alívio, TC guardava algumas roupas sobressalentes junto à divisória e agora tinha ido vesti-las. Quando surgiu, ele lhe entregou seu telefone.

— Agora veja isto — disse.

TC olhou em volta à procura dos óculos; era cedo demais para lentes.

— Huumm — ela disse, vendo as palavras. Will resumiu as primeiras linhas.



  • Suponho que deva ser deles, dos hassídicos. É óbvio que pega­ram o número do meu telefone quando estavam com a minha bolsa.

  • Não, não teriam feito isso. Viola o Shabat. E não mandariam uma mensagem de texto pelo mesmo motivo. As duas coisas violam o Shabat.

  • Bem, e afogar um homem inocente em água gelada, tudo bem?

  • Tecnicamente, sim. Eles não usam eletricidade, fogo. Não escre­vem nada, não usam máquina alguma.

  • Então tudo o que fizeram comigo foi perfeitamente Kosher.

  • Escute, Will, não force a barra comigo. Não sou eu quem cria essas coisas. Digo apenas que eles só quebrariam o Shabat se não houvesse alternativa. Até agora evitaram isso.

  • Mas e o pikuach nefesh, você sabe, essa coisa de salvar uma alma?

  • Tem razão. Se tivessem justificativa, eles fariam. Tudo bem, en­tão poderiam ser eles... O que significa isso?

  • Quem dera que eu soubesse. Mas eu me perguntava se talvez "mão" seria "semestre" ou "meio do ano". Você me disse que Rosh Hashaná significa literalmente "cabeça do ano", então talvez "mão" seja o meio dele.

Will sorriu esperançoso, como um pupilo esperando elogio. TC não sorriu.

  • E "pista"?

  • Talvez algo sobre qual direção tomar, você sabe, "seguir em fren­te", "mão inglesa" ou "rua sem saída". E a coisa de Gates é apenas uma assinatura aleatória. Poderia ser Bill Gates ou Mickey Mouse.

TC não reagiu. Apenas levou o telefone até o sofá, sentou-se e exa­minou-o.

— Pode me passar o bloco? E uma caneta.

Sentado a seu lado, Will observava o que ela fazia. Havia ficado constrangido assim que se sentara; suas pernas muito perto das dela. TC escrevia uma mensagem:

NBP EF QJTUB

— Tudo bem, então essa não funciona. Vamos tentar de outro modo.



LZNCDOHRSZ

  • Nem essa — ela disse, com uma expressão de desafio.

  • O que está fazendo?

— Usando aquele lance de código secreto de criança. Cada letra re­presenta a seguinte, logo F na verdade é G e O é P, ou, ao contrário, a anterior, logo F na verdade é E e O é N. Dessa maneira, MÃO é ou NBP ou LZN. O que significa que nenhum desses é o código. Vamos tentar outro.

TC começou a escrever o alfabeto o mais rápido que podia. Depois, fez o mesmo em ordem inversa, de modo que Z, Y, X, ficas­sem diretamente embaixo de A, B, C.


ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
— Agora vamos decodificar e ver o que conseguimos. Ela rastreou a linha com o dedo e começou a escrever.
NZL WVKRHGZ


  • Merda — sibilou Will. — Já estou ficando cheio dessas porras de jogos. Que diabos quer dizer isso?

  • Não estamos pensando logicamente. Poucas pessoas enviam mensagens de texto por telefone.

-— Os britânicos enviam.

  • É, mas a maioria dos americanos, não. E teria sido igualmente fácil mandar um e-mail. Mas eles não fizeram isso. Por que não?

  • Porque sabem que podemos rastrear a origem de seus e-mails. Devem saber que eu desvendei de onde veio o último que mandaram.

  • Claro, mas isso talvez não seja ruim do ponto de vista deles. Talvez queiram que saiba que foi uma mensagem deles. Não, suponho que escolheram um método diferente por alguma razão... Pode me pas­sar seu telefone?

Ela pegou o aparelho, sem paciência, e instantaneamente encontrou o modo de mensagens. Apertou "Criar mensagem" e começou a digitar. Will teve de se aproximar para ver o que ela fazia. Sentiu o perfume dos seus cabelos e foi obrigado a reprimir o desejo de não inspirar fun­do: num instante, o aroma levara-o de volta àquelas longas e quentes tardes juntos.

Isso, por sua vez, despertou outra lembrança sensual, o perfume de Beth, que ele gostava mais quando estava mais forte: quando ela se arru­mava para sair à noite. Podia estar muito bem vestida; ele sentia vontade de rasgar toda a roupa, possuí-la imediatamente. Mais tarde, na festa, localizava-a do outro lado da sala e via-se olhando para o relógio: queria levá-la logo para casa. De repente foi tomado por lembranças, de TC e de Beth, que começavam a deixá-lo excitado. Sentiu-se confuso.

TC digitava a palavra MÃO. Agora seus dedos buscavam a tecla; ela a apertou duas vezes, e um sorriso começou a formar-se em volta de seus lábios. A tela mudou, mostrando a palavra MÃO, depois OCO depois NAN, depois OAM, depois NÃO, antes de voltar à palavra MÃO. Ela escreveu a palavra NÃO.

Em seguida digitou DE PISTA, que apareceu na tela como DE PIQUA e por fim EFRIPUC, ED SHRUB, além de vários outros anagramas sem sentido. Depois de eliminar várias letras da combinação, che­gou a uma que a satisfez. Escreveu-a.

— Pronto — disse, satisfeita como uma aluna aplicada que acabou de concluir o dever de casa de álgebra em tempo recorde. A falta de sentido das palavras MÃO DE PISTA agora surgia como uma clara men­sagem de encorajamento.
NÃO DESISTA
Na verdade, não era sequer um código, pensou Will. Apenas alguém acostumado a usar a função de dicionário intuitivo da maioria dos celula­res: toda vez que se tentava digitar uma palavra, o telefone oferecia alter­nativas possíveis usando a mesma combinação de teclas. Apertava-se 6, 2, 6 para digitar "mão", mas podia-se digitar o número de vezes errado e formar outra palavra, por isso o aparelho oferecia outras opções. Quem quer que tivesse enviado a mensagem descobrira um novo uso para a função.

A satisfação do trabalho de dedução de TC foi breve. Era verdade que eles haviam decodificado a mensagem, mas dificilmente saberiam o que significava e continuavam sem a menor idéia de quem a enviara.



  • Então quem diabo é Gates?

  • Vamos dar uma olhada — disse TC, pegando mais uma vez o telefone. Ela digitou a palavra GATES. — E usando-se as teclas que com­põem essas letras, teríamos uma infinidade de combinações. Poderia ser HATER, IATDP, GCVFS...

  • Então que poderia significar? — interrompeu Will. — Nada faz sentido.

  • Ou então é um chapa — disse TC, de repente animada.

  • Chapa?

— Chapa, um amigo. Um haver. Haver é a palavra em hebraico para amigo. Gates é um amigo. Essa mensagem diz: "Não desista. Assinado: Um amigo." — Ela começou a andar em círculos, fitando o chão. —

Quem iria querer ajudá-lo agora? Quem acharia que havia uma chance de você desistir?



  • As únicas pessoas que sabem disso são você, meu pai, Tom e os próprios hassídicos.

  • Tem certeza de que não há mais ninguém? Ninguém que saiba o que está acontecendo?

Como uma punhalada, Will pensou em Harden e na redação: teria de acabar fazendo algo a respeito.

  • Não. Ninguém sabe. E como nem você, nem Tom, nem meu pai precisam entrar anonimamente em contato comigo, restam os hassí­dicos. Acho que talvez tenhamos uma espécie de dissidência.

  • Como assim?

Will gostou do fato de TC estar um passo atrás dele para variar. A política nunca fora o forte dela.

— Um racha. Uma divergência nas fileiras do inimigo. A única pes­soa que poderia ter enviado isso seria alguém que ouviu o rabino, quer dizer, o rabino com quem falei, que me disse para recuar. Devem querer que eu ignore esse conselho. Devem discordar do que o rabino tem feito. Essa pessoa não quer que eu pare. E acho que imagino quem seja.



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