Sam bourne o código dos justos



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Sem essa, você sabe que tenho um amigo advogado no centro da cidade.

  • Exatamente. E eu sou o Sr. Novato, o efeminado do New York Times...

  • Não foi o que vi alguns minutos atrás. — Ela ergueu as sobran­celhas.

  • Posso terminar?

  • Desculpe.

    Ela voltou ao cheesecake, não o beliscando como a maioria das mulheres que Will via em Nova York, mas devorando-o em grandes e suculentos nacos.

    • De qualquer modo, ficou bastante óbvio que ele ia ficar por den­tro das pistas certas e eu não. Então andei pensando que talvez deves­se começar a arranjar alguns contatos sérios na polícia.

    • Tipo beber com o tenente O'Rourke até cair debaixo da mesa? Seja como for, não consigo imaginar. Além disso, você não vai ficar nessa batida por muito tempo. Quando o tal Carl não-sei-das-quantas ainda estiver escrevendo sobre o tráfico em Staten Island, você vai estar co­brindo... sei lá... a Casa Branca, Paris, ou alguma coisa realmente im­portante.

    Will sorriu.

    • Sua fé em mim é tocante.

    • Não estou brincando, Will. Sei que pode parecer isso porque estou com o rosto sujo de cheesecake. Mas falo sério. Acredito em você. — Will segurou a mão dela. — Sabe que música escutei hoje no traba­lho? É estranho, porque a gente nunca ouve esse tipo de música no rá­dio, mas é tão linda...

    • Qual?

    • Uma do John Lennon, não me lembro do título. Mas fala de to­das as coisas em que as pessoas acreditam, e ele diz: "Eu não acredito em Jesus, não acredito na Bíblia, não acredito em Buda", e todas essas outras coisas, você sabe, Hitler, Élvis... e depois diz: "Não acredito nos Beatles. Só acredito em mim, em Yoko e em mim." E isso me fez parar, e eu estava bem na área de espera no hospital. Porque... você vai achar isso muito sentimental... mas acho que foi porque é nisso que eu acre­dito também.

    • Em Yoko Ono?

    • Não, Will. Não em Yoko Ono. Acredito em nós, em você e em mim. É nisso que eu acredito.

    O instinto de Will mandava-o evitar momentos como esse. Ele era inglês demais para demonstrações tão francas de sentimento. Tinha tão pouca experiência nesse campo que mal sabia o que fazer quando isso acontecia. Mas ali, naquele momento, resistiu à vontade de sair com uma piada ou mudar de assunto.

    Calaram-se, ouvindo o ruído que ela fazia raspando o garfo no prato.

    • Aconteceu alguma coisa no trabalho hoje para fazer você...

    • Sabe aquele garoto que eu venho tratando?

    — A criança X?

    Will estava provocando. Beth seguia à risca as regras da confiden­cialidade médico-paciente e só muito raramente, e nos mais codifica­dos termos, discutia seus casos fora do hospital. Ele entendia, até respeitava, mas isso fazia com que fosse meio difícil apoiar a carreira de Beth com a mesma energia com que ela apoiava a dele. Quando a política empresarial no hospital ficara desagradável, ele passara a conhecer todas as personalidades-chave, oferecendo conselhos sobre quais colegas deviam ser cultivados como aliados, quais deviam ser evitados. Em seus primeiros meses juntos, ele imaginara longas noites conver­sando com ela sobre os casos difíceis, Beth pedindo-lhe conselho sobre um enigmático "cliente" que se recusava a abrir-se ou um sonho que se negava a ser interpretado. Via-se massageando os ombros da mu­lher, apresentando a idéia inovadora que acabaria por convencer uma criança calada a falar.

    Mas Beth não era exatamente assim. Primeiro, parecia precisar menos disso que Will. Para ele, um fato não acontecia até que conver­sasse a respeito com Beth. Ela parecia conseguir resolver tudo sozinha, arrastar sua própria cruz.

    — Sim, tudo bem. A criança X. Sabe por que ele foi se tratar comi­go, não? É acusado... na verdade, ele é definitivamente culpado de... uma série de ataques incendiários. À escola, à casa do vizinho. Botou fogo num playground.

    "Venho conversando com ele há meses e acho que não demonstrou nenhum sinal de remorso. Nem sequer oscilou um pouquinho. Tive de descer direto ao básico, tentando fazê-lo reconhecer a idéia de certo e errado. E agora, sabe o que ele fez hoje?

    Beth então desviou o olhar, para uma mesa onde dois garçons co­miam sua ceia tardia.

    — Lembra-se de Marie, a recepcionista? Ela perdeu o marido mês passado; ficou desesperada, todos temos comentado. De algum modo esse garoto... a criança X... deve ter percebido alguma coisa, porque adi­vinha o que ele fez hoje? Entrou com uma flor e entregou-a a Marie. Uma deslumbrante rosa fúcsia de talo longo. Não pode ter simplesmen­te arrancado de algum jardim; deve ter comprado. Mesmo que tenha apenas pego, não importa. Entregou a rosa a Marie e disse: "É para você se lembrar do seu marido."

    "Bem, Marie ficou totalmente desarmada. Pegou a rosa, balbuciou um obrigada e simplesmente saiu correndo para o banheiro chorando. E todo mundo que viu... as enfermeiras, os funcionários... todos fica­ram em lágrimas. Eu saí da minha sala e encontrei a equipe toda desse jeito. E ali, no meio de todos, está aquele menininho... de repente é o que ele parece, um menininho... que não sabe bem o que fez. E é isso que me convence que é verdadeiro. Ele não parece feliz consigo mesmo, como alguém que calculou: 'Oba, vai ser uma forma de ganhar algum crédito extra.' Só parece meio desorientado.

    "Até aquele momento eu tinha visto esse menino como um delinqüente. Eu sei, eu sei... logo eu que tinha de ter ultrapassado 'estereó­tipos' e tudo mais.

    Ela fez aspas com as mãos na palavra "estereótipos", não deixan­do dúvida alguma de que parodiava as pessoas que faziam aquele gesto.

    — Mas, pra ser honesta, eu o via como uma criança má. Não gosta­va nada dele. E então ele faz esse gesto que é simplesmente tão bom. Entende o que quero dizer? Apenas um ato simples e bom.

    Ela se calou. Will não quis dizer nada, para o caso dela querer dizer mais alguma coisa. Ela acabou quebrando o silêncio.

    — Não sei — disse numa voz de "em todo caso", como para avisar que o episódio terminara.

    Conversaram mais um pouco, ora sobre o dia dele, ora sobre o dela. Will curvou-se várias vezes para beijá-la, esperando receber um beijo como o que recebera antes. Mas Beth sempre negava. Quando ela se estendeu para a frente, ele viu a parte inferior de suas costas e apenas uma sugestão da calcinha visível entre a pele e o jeans. Adorava vê-la nua, mas a visão dela só de calcinha sempre o enlouquecia.

    — A conta, por favor! — pediu, ansioso para levá-la para casa.

    Quando os dois saíram, ele enfiou a mão sob a camiseta dela, acari­ciando a pele macia de suas costas, deslizando a mão para dentro da calça. Ela não o deteve. Ele não sabia que ia pensar nessa sensação mi­lhares de vezes antes de terminar a semana.



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